Rebelde, você...Ser do contra é uma arte muito difundida, mas pouco praticada. Por mais que as pessoas reclamassem de praticamente qualquer coisa desde que o mundo é mundo, foi com o advento da internet que os ranzinzas finalmente alcançaram o estrelato.

E era de se esperar: Reclamar é uma excelente e arriscada forma de chamar a atenção. A internet forneceu o ambiente ideal para reduzir esses riscos, seja por anonimato ou distanciamento, e essa fórmula se tornou prática para milhões de pessoas ao redor do globo.

Sim, eu vou reclamar de quem reclama de tudo. Quero ver ganhar dessa, manés!

Puxei o assunto pela internet porque tenho mais “contato” com esses semelhantes pelo meio virtual do que pelo real. Em situações sociais reais, as pessoas estão mais inclinadas a deixar seu mau-humor de lado e fazer aquele esforço extra para agradar. Quando se encontra outro (ou num golpe de sorte ainda maior, outra) ranzinza “natural”, o momento se torna divertido o suficiente para sublimar várias das asneiras cotidianas que criticamos.

Mas na rede mundial de computadores, é pancada para tudo quanto é lado. É blog, twitter, vídeos no Youtube… é gente achando “virtualmente” qualquer coisa uma merda para quem quer que esteja acompanhando. Não vou tirar o meu (ou, o nosso) da reta: O desfavor se baseia em reclamações, sim. Mas a grande maioria delas tem uma profundidade que eu não consigo enxergar na “indústria do mau humor virtual”.

Crítica generalizada sem argumento é desabafo. Esse povaréu que cismou que adicionar “eu odeio” na frente de qualquer coisa significa um ato de rebeldia contra a sociedade esvazia a importância da discussão. Agora todo mundo “odeia” um monte de coisas no seu perfil de internet!

Eu odeio quando alguma coisa que eu faço/sou entra na moda (ha!). Primeiro com a nerdice (ÓCULOS SEM LENTE NÃO TE FAZ PARECER INTELIGENTE! PESSOAS INTELIGENTES NUNCA USARIAM UM ÓCULOS SEM LENTE! *momento por que eu sempre tenho crise de gastrite quando vou a algum show de banda que gosto*) e agora com os ranzinzas? Mas que merda!

Ahem… Estava criticando as pessoas que reclamam por bobagem, certo?

Talvez seja coisa da idade, mas eu finalmente parei de odiar os ídolos adolescentes. Acho até válido quando você está na idade onde as garotas esperam que você seja parecido com um deles, mas depois de uma certo momento da sua vida, fica claro que é uma bobagem esquentar a cabeça por causa de um moleque afeminado genérico. É com muito orgulho que do alto do meu elitismo musical e ojeriza por metrossexuais, posso dizer que não estou nem aí para o Justin Bieber, e pior: Que acho muito vergonhoso dizer que o odeia.

Digo isso porque o clássico dos “ácidos” da internet é bater em quem está na moda! Atualmente é o tal de Justin Biba (piada é sagrado, até mesmo as ruins e batidas) que todo mundo “odeia”. Neguinho faz site, comunidade e até vídeo xingando o garoto da voz de garota! Que papelão! E esse ódio é baseado em argumentos profundos como “ele é gay” e “tem música melhor no mundo”.

Sinto muito, mas vocês não descobriram a América. Quando eu era um pré-adolescente, eu dizia as mesmas coisas para as meninas que eram fãs de Hanson. É uma crítica vazia, tão repetitiva quanto a indústria que produz esses astros instantâneos ano após ano. Faz “parte do show” que muita gente reclame sem nenhum conteúdo para fazer as “princesinhas” se sentirem rebeldes pela primeira vez na vida.

Aliás… Meu momento de revelação troll foi relacionado ao Hanson. Estava pentelhando uma garota da escola por causa de seu fichário feito de colagens com a banda. O papo de sempre. As respostas dela, também (“eles não são bichas, eles são lindos!” *momento Sally ainda argumenta assim às vezes*). Estava levando um coro, afinal, se o provocador não provoca…

Foi quando veio a luz: “Bom, a menina até que é bonita…”. Ela fez cara de dúvida… “Ué, essa aqui…” *apontando para aquele moleque que parecia mesmo menina*.

Foi glorioso, caros desfavores. O rosto dela ficou vermelho, o olhar assassino, a voz saiu com uma potência ímpar: “ELE É MENIIIINOOOO!”. A sensação de achar a brecha na apatia alheia e arrancar aquela reação desmedida desencadeou um vício.

Vício que se aproveitou de outro desses moleques “cantores”. Na época que eu ainda usava o Orkut, aquele tal de Felipe Dylon estava no auge de seu pífio sucesso. Duas comunidades gigantescas se formaram: Uma que o amava, outra que o odiava. Testei as duas e descobri o impensável… O pessoal da comunidade que o odiava era muito mais trollável. O povo era cabeça-oca dos dois lados, mas quem queria fazer pose (vítimas ideais) estava só na que odiava.

O jovem Somir, aquele que pentelhava a pobre fã de Hanson, já tinha se tocado de algo que eles ainda não: A crítica vazia te faz parecer um otário.

E o que me incomoda nos reclamões genéricos é essa tendência de se fazer de otário dando importância para o que não tem importância.

É sempre hilário quando alguma pessoa que se sente sacaneada pelo desfavor aparece aqui para xingar e reclamar. É mesmo ridículo vir aqui e perder tempo falando mal de quem está rindo da sua cara. As críticas sem objeto soam como desabafos. E vir desabafar suas frustrações contra os textos de um blog montado por dois trolls é de uma inocência (para não dizer burrice) incrível.

A impressão que esse povo vem aqui pedir atenção não é equivocada. Essa leva de ranzinzas sem objetivo está buscando justamente isso. No desfavor, na internet e na vida real.

“Ei, olhem para mim. Eu tenho a CORAGEM de dizer que não gosto de uma coisa!”.

Mas cérebro para dizer o porquê são outros quinhentos, não? A pose “do contra” virou um acessório na roupa social de muita gente. Um diferencial postiço que vira “mas tenho um bom coração” assim que precisa angariar simpatia. Exemplo comum:

Quantas pessoas você já ouviu reclamar que não gostam de estranhos falando com elas nas ruas? Quando dizem isso, é quase como se fosse uma confissão de antissociabilidade crônica. Só que todo mundo concorda. Momento de catarse coletiva! Os narizes empinam e começa aquele papinho que só falta questionar o DIREITO de pessoas não-atraentes começaram uma conversa com eles (principalmente elas…). Imagine só, a impáfia!

Eu SEMPRE puxo esses momentos, eu SEMPRE me arrependo. Quando eu tento dizer que o que eu realmente abomino é o teor da conversa (não consigo me concentrar em “conversa fiada”, o cérebro desliga), o assunto já descambou para um festival de auto-importância nojento.

São nesses momentos onde se separa o chato comprometido com a chatice, como eu, dos que só querem usar a imagem de ranzinza para combinar com seus cabelos meticulosamente desarrumados. E tem tudo a ver com a auto-crítica.

Vejam bem, o problema de ser uma pessoa excessivamente crítica é que isso vai voltar para te morder a bunda uma hora ou outra. Duvide de quem não se sacaneie ao mesmo tempo que sacaneia os outros. Somos todos ridículos, e a maior piada de todas é que tem gente não percebe isso.

A maioria dos rebeldes virtuais cai nessa categoria.

E é essa gente que não se toca que reclamar de tudo É um problema acaba condicionando todo mundo a tratar o ranzinza do mesmo jeito: Como alguém que só aponta os defeitos alheios para esconder os próprios. E nesse mar de antas desesperadas por atenção que se dilui o objeto pertinente de uma reclamação.

A “cultura da enveja” surgiu muito por causa dos falsos ranzinzas. Os otários aqui (bem vinda ao barco, Sally) escrevem páginas e mais páginas de textos destrinchando a lógica por detrás de suas afirmações e acabam sendo tratados como meros donos de uma comunidade “eu odeio” em alguma rede social…

Eu não gosto desses revoltadinhos genéricos. Grandes merdas se milhares de pessoas dizem que funk carioca é um lixo se o máximo que eles vão chegar a fazer é recomendar sua banda de rock predileta como alternativa! Grandes merdas se algum panaca vai ficar famoso no Youtube falando mal da mídia de massa só para conseguir um programa na porra da MTV! Grandessíssimas merdas dizer que o povo é alienado e recomendar o socialismo como solução! A lista vai longe…

Ainda tem a porra do maldito do “humor ácido” que virou mania: Não é sutileza, não é deboche, não é escracho; é alfinetada viadinha de quem não tem bolas de fazer a piada. Eu odeio humor ácido… (ha!)

Crítica sem auto-crítica, crítica sem objeto. Obrigado por caricaturizar o “movimento”, cretinos!

E sim, eu me senti muito especial por escrever este texto. Aliás, antes que alguém tenha um nó no cérebro pelo tanto de reviravoltas sem sentido que eu entulho no que escrevo, uma explicação: O verdadeiro ranzinza nem acha tão bacana assim ser como é. É mais questão de escolher o caminho menos pior; ao invés de aceitar algumas convenções sociais cretinas, vira o cretino ele mesmo. Como tudo na vida, é divertido algumas vezes, outras não. Esse papinho de ter muito orgulho de ser do contra é balela.

P.S.: A minha auto-crítica é golpista.

Para dizer que eu tenho problema com críticas, para confessar só disse isso por não ter prestado atenção no texto, ou mesmo para dizer que depois disso resolveu ler com calma e mantém a primeira afirmação: somir@desfavor.com

Vocês estão me ouvindo? SIIIM! Mentira!Jesus e Hitler são duas figuras constantes na nossa cultura popular. Virtualmente todo mundo já usou uma das duas figuras em alguma argumentação. E como personagens “pop”, ambos expressam conceitos diametralmente opostos: Enquanto o hippie judeu representa o bem, o anti-judeu faz o papel de grande vilão universal.

(Muito embora um deles tenha sido apenas um ditador cretino com péssimo senso estratégico e o outro provavelmente nem tenha existido, trato aqui das personagens que ficaram para a história…)

Ambos são incrivelmente famosos, mas só um deles é realmente popular: JC. É socialmente aceitável dizer que segue os ensinamentos de Jesus, o mesmo não pode ser dito de Hitler. Popularidade, neste contexto, se mede pela aceitação de uma pessoa ou idéia. E não se pode negar que nesse aspecto o “filho do hômi” ganha de lavada em qualquer disputa com o déspota alemão.

Porém, e este não é um “Flertando com o Desastre” à toa, Hitler tem muito mais influencia como personagem no dia-a-dia. Popularidade é uma vala comum onde a relevância encontra o seu descanso final.

Mas, não nos percamos ainda; falava sobre a maior influência de Hitler na vida do cidadão comum. O impacto de se comparar alguém com o vilão é maior de que a exigência de equiparação com o herói. Ou, em termos mais simples: Chame alguém de nazista por estar fazendo alguma coisa e você VAI conseguir uma reação. Diga que alguém não está sendo cristão em determinada situação e fale com as paredes…

Pessoas e idéias populares se apóiam em visões tão variadas que é inevitável a relativização dos conceitos. Se quase todo mundo define algo como bom, pode ter certeza que dificilmente é pelo mesmo motivo. Se quase todo mundo julga algo como negativo, pode apostar que as explicações vão combinar.

Faz parte da “alma” humana: Gostamos de muitas coisas diferentes, não gostamos basicamente de sentir medo.

É muito mais direto apelar para a repulsa pelos conceitos representados por Hitler do que esperar algum padrão de compreensão dos representados por Cristo (“é bom esse tal de próximo ser parecido comigo!”). E não estou fazendo juízo de valor; não é uma coisa necessariamente boa ou ruim, é uma constatação sobre eficiência.

Constatação que já foi feita por incontáveis outros antes de mim, constatação que dirige nossa mídia ontem, hoje e sempre. Popularizar é sinônimo de descaracterizar. Quanto mais vazia uma mensagem, mais significados podem ser inventados por aqueles que a recebem. Podemos inventar mais desculpas para entender as coisas do jeito que nos é mais confortável assim.

Não é à toa que a mídia de massa se baseia em conteúdo pobre e limitado, não é à toa que estar na moda não significa absolutamente NADA. Relevância e popularidade são inimigas naturais. Se busca-se uma, jamais encontra-se a outra.

Mas ambas podem te levar à fama. Voltando aos exemplos do começo do texto, temos o fato mais curioso: Hitler buscava a popularidade, Jesus buscava a relevância. E foi justamente a fama que inverteu esses papéis… Ambos se tornaram versões unidimensionais do que representaram, caricaturas exploráveis. E como apenas uma dessas imagens venderia algum produto (no caso, sua salvação), apenas uma delas se tornou popular.

E temos vários outros exemplos da vida cotidiana que demonstram como a popularização é o holocausto do pensamento crítico.

Eu venho falando disso há tempos, mas não custa relembrar: A qualidade da televisão brasileira DESABOU assim que o público ganhou voz ativa no conteúdo. Qualquer traço de relevância se diluiu na praga da popularidade. Acabei de ver a notícia de que um Zé Ruela qualquer ganhou o prêmio final naquela merda de reality show rural da Record.

Não acompanhei quase nada sobre o show, mas só de ler quem estava participando também, tive certeza que aconteceu mais um daqueles casos onde o povão elimina qualquer participante com um traço de personalidade em favor de quem não ameaça em nada o “status quo” de que pensar dói.

Como é que num show onde participam um bando de figuras como Sergio Mallandro, Viola, Monique Evans e a porra da Nany People as pessoas PREFEREM premiar alguém tão bovino quanto os animais no curral?

Tudo bem que o mundo seria um lugar melhor se uma bomba caísse em cima da fazenda e matasse todo mundo, mas é terrível saber que o povo está empurrando a praga da popularidade na primeira oportunidade que tem.

(E o “Prêmio Enrolada para Falar de Assunto de Burro e Pobre” do ano de 2010 vai para… Tiaaaaaago Soooooomiiiirrrr! *palmas*)

Estamos vivendo numa era onde não gerar polêmica vale mais do que ter algo a dizer. E não é papo furado de quem ignora o passado: Isso SIM mudou muito nos últimos anos. Popularidade palpável com a “diminuição” do mundo parece uma droga que está nos viciando de forma irreversível.

E a internet serve também como termômetro. Luciano Huck tem dois milhões e meio de seguidores no seu twitter. Agora, me respondam: O QUE CARALHOS ESSE BOSTINHA TEM PARA DIZER? Que roubaram seu rolex? Lógica “bíblica”… Luciano Huck tem muitos seguidores porque Luciano Huck é popular e tem muitos seguidores. (Lógica bíblica original: A bíblia está certa porque está escrito na bíblia que a bíblia está certa…)

Resposta genérica: Sim, é tudo inveja. TUDO.

Sempre foi uma escolha ser popular ou ser relevante, não é esse o problema. O problema é que cada vez menos se lembra que relevância é uma opção. Relevância é buscar a discórdia. A boa discórdia.

Sally uma vez me disse que para fazer uma pessoa te achar inteligente bastava concordar com ela, concordei na hora. Brilhante! Gentinha que busca concordância só quer uma boa desculpa para continuar exatamente no mesmo lugar. Digamos que é a famosa busca humana pela “zona de conforto”. Promova a conformidade vazia e seja recompensado com popularidade.

Não se pode ser relevante dizendo apenas o que as pessoas querem ouvir, afinal, se está apenas repetindo algum discurso aceitável, poderia ser você ou um papagaio treinado. (Eu tenho minhas políticas com atividades repetíveis por animais treinados…)

Relevância não é sinônimo de racionalidade ou de idéias evoluídas, tenham em vista o exemplo citado neste texto. Mas até mesmo um mau-exemplo é uma informação aproveitável. Se te traz uma novidade em termos de idéias, é uma vantagem.

“Toda popularidade é irrelevante.” – Somir.

Se eu me tornar popular, a frase acima vai ser interpretada de uma forma completamente diferente. Provavelmente seria citada em algum discursinho sobre humildade (coisa que eu abomino…). Se eu me tornar relevante, alguém vai corrigir a anta que fizer essa associação. A popularidade não precisa de consistência, ela é uma amálgama de idéias pré-formatadas (e frequentemente estúpidas) na mente das pessoas.

Querem um exemplo? Vejam esse Deleta Eu! especial e confiram quem a anta evangélica em questão cita no final do seu texto. Vejam se nos comentários não caem matando em cima disso… Relevância! Ah, que inveja!

Não que a popularidade não tenha seus bônus, mas perder a voz e se rebaixar ao menor denominador comum é um ônus que nem todos estão dispostos a aceitar. Eu acho o fim da diversão. Nem a Sally, ególatra que é, aceita.

Eu andava precisando de uma injeção de motivação (“ha! injeção, né? viado, né? ha!”) e um comentário de ontem foi exatamente o que eu precisava! Ao ler que tem gente que preferia que eu não postasse mais aqui, eu me lembrei de como é bom ser impopular. Escrevi este texto todo com um sorriso no rosto. (“ha! sorriso, né? por causa da injeção, né? viado, né? ha!”)

Seja lá a histérica que escreveu aquele comentário: Obrigado. Foi muito relevante.

Para dizer que achou o texto irrelevante, para dizer que vai esperar a reação popular, ou mesmo para dizer que ser do contra é ser manipulável por vias inversas (ha! vias inversas, né? viaaa…): somir@desfavor.com

Abaixem as orelhas!O brasileiro é um povo que escreve errado. Disso a gente já sabe, vide os comentários teratológicos que deixam aqui (KKKKK GRIPE SUÍNA), e das consultas bizarras feitas ao Google que acabam trazendo as pessoas ao desfavor (“como fasis as mais ficar feliz cor a filia” ). Como aqui lidamos mais com o escrito do que com o falado, acabamos deixando de lado outro aspecto fascinante do nosso povo: os erros de pronúncia. Sim, também é um povo que FALA fala errado, e nesta tecla quase ninguém bate. É sobre isso que venho falar hoje. E não pretendo tripudiar daqueles que não tem recursos, quero falar sobre pessoas que tiveram opotunidade e subsidios para falar de forma correta e ainda assim falam ridiculamente errado.

Tudo bem que o português é um idioma difícil e o ensino público do país é vergonhoso, sem contar outros fatores que não cabem (literalmente, malditas quatro páginas!) citar aqui. Sim, existem pessoas que falam errado porque não tiveram subsídios para construir um vocabulário ou uma pronúncia correta, e quanto a estes, sou solidária e acho que não cabe qualquer tipo de cobrança ou recriminação. MAS, também acho que existe um grande grupo que erra por preguiça, por acomodação, por não querer se esforçar ou até mesmo por amor ao erro. E é nestes que eu quero meter o pau hoje. Um grupo que comete uma série de “incoerências ortográficas” no que tange à pronúncia das palavras (porque se for falar da escrita, precisaria de 40 páginas) e que parece gostar de ser medíocre. Gente que não faz questão de falar direito, talvez porque não mensure a importância da linguaghem na sua vida pessoal e profissional.

Como estrangeira alfabetizada em outro idioma, acho que tive o distanciamento necessário para entender a dificuldade do português e de seu aprendizado. Fui criada por pais que não sabiam falar português, ao menos não um português correto. O português que aprendi, aprendi na rua, apenas quando tive idade para começar a frequentar a rua. Se eu consegui, apesar de uma escorregada ou outra, quem nasceu e cresceu com o português como primeiro idioma e teve condições e estudo de qualidade também tem o dever de conseguir. Mas as pessoas parece que não pensam antes de falar, a impressão que me dá é que vomitam palavras sem se preocupar com o que vai sair.

Para começar, quero tentar entender o que é esse problema maldito que brasileiro tem com encontros consonantais. Porque, tudo bem, é difícil pronunciar encontros consonantais, mas o que vejo na prática é uma dificuldade seletiva. Exemplo: P+R. Muitas pessoas tem dificuldade em pronunciar o encontro consonantal P+R e acabam soltando pérolas como PLoblema. Ok, até aí tudo bem. O que me intriga é que estas mesmas pessoas incapazes de pronunciar P+R em palavras que o requerem, são perfeitamente capazes de pronunciar o P+R em palavras onde NÃO existe este encontro consonantal: não conseguem dizer PROblema, acabam falando PLoblema, entretanto, na hora de falar PLAnta, soltam um PRanta. Isso quando não vem um PRAnta de PRAstico. Que porra é essa? Amor ao erro? Quando é P+R usam P+L e quando é P+L usam P+R? Ora, se são capazes de ambas as pronúncias, encaixem cada uma nas respectivas palavras! Só pode ser preguiça.

Porque da mesma forma que as pessoas escrevem sem pensar, e os comentários do Desfavor me deram a plena certeza de que existem muitas pessoas que fazem isso, existem pessoas que também falam sem tomar o cuidado necessário de pensar no que vão dizer. É uma versão oral daquelas pessoas KKKKKK GRIPE SUÍNA que começam a escrever, se perdem no meio do caminho e criam um texto completamente sem sentido. Eu sempre me condicionei a pensar bem nas palavras que vou usar, justamente por esta dificuldade com o idioma, que não é minha língua materna, não é o meu natural (penso e sonho em outro idioma, por exemplo) e garanto que ninguém morre ou fica estressado por pensar um pouquinho antes de falar. Muito pelo contrário, em pouco tempo isso se torna automático e não representa mais qualquer esforço.

Voltando ao encontro consonantal, ele é tão emblemático que eu costumo brincar que você pode mensurar o grau de instrução e preocupação de uma pessoa com o idioma e com a própria imagem pedindo que ela pronuncie uma única palavra: ESTUPRO. Se a pessoa pronunciar ES-TU-PRO, é Prêmio Nobel. Se falar ES-TRU-PO, tá na média geral da população, mas se ela fala ES-TLU-PLRO ou coisa pior, corra como se não houvesse amanhã. E pode apostar que boa parte das pessoas que falam ESTRUPO, são perfeitamente capazes de repetir este encontro consonantal P+R ou o PRO em outras palavras, desde que ele seja incorreto no caso concreto. É o amor ao erro.

O mesmo ocorre com a ausência preguiçosa de plural. Poucas são as pessoas que desconhecem que um S no final da palavra significa plural. Mas muitas são as pessoas que comem esse S no substantivo, achando que basta inserir o S no artigo que o precede para caracterizar o plural. Daí vemos aberrações como aS estrelA, oS cachorrO e similares. Se são capazes de pronunciar o S no artigo e de ter a noção de que, por se tratar de um plural, deve haver um S no artigo, porra, mas que caralho, custa inserir um S no substantivo também? É amor ao erro, só pode! Porque pronunciar um mísero S nem sequer dá trabalho ou exige muito da sua dicção!

Outro erro que me atormenta e nem ao menos encontro consonantal é, diz respeito à pronúncia de certas letras em determinadas palavras. A letra G pode ser muito problemática em algumas palavras, como por exemplo na palavra REGISTRO. Porque, Gezuiz Amado, porque alguns seres humanos simplesmente se sentem no direito de pronunciar reZIstro, como se fosse a coisa mais normal do mundo? Soltam um reZIstro e ficam olhando com aquele olhar bovino, como se nada. Gente, reZistro desce arranhando, dóóóói, ok? Estas mesmas pessoas não tem qualquer problema em pronunciar palavras como GIrino, GInecologista, ou Luciana GImenez! Nunca vi ninguém dizendo Zirino ou Luciana Zimenez. Qual é o problema com a porra do REGISTRO? Com certeza não é incapacidade de efetuar esta pronúncia em particular. Talvez seja mais cômodo e mais fácil no calor da frase soltar um “rezistro”, mas porra, a pessoa tem que ter a consciência (sobretudo se for advogada) que pega mal pra caralho, que é atestado de ignorante soltar uma porra dessa. Se policie, fale correto. O único prejudicado pelo reZIstro é você!

Fui tirar algumas dúvidas com uma professora de português, que em um primeiro momento, tentou me mostrar a dificuldade de algumas pronúncias, em especial de encontros consonantais onde exista a letra R. Parece que o R é meio problemático, os maiores erros ocorrem quando tem um R no meio das palavras. Daí surge uma pergunta na minha mente: se o R gera tanta dificuldade, porque merda as pessoas inserem um R deliberadamente onde não existe? laRgartixa, ioRgurte (ou a derivação ainda mais popular: ioRgute) e outras palavras são um exemplo deste amor ao erro que alguns brasileiros ostentam. Porque errar em uma pronúncia difícil, oriunda de um encontro consonantal que existe já é ruim, mas CRIAR um encontro consonantal que sequer existia, criando um erro por inserir uma consoante no meio da palavra simplesmente não me entra na cabeça. Estão dificultando a pronúncia da palavra voluntariamente! Devem ter a maior saStisfação em fazer isso!

Nessa mesma vibe de inserir consoante onde não existe, vem a Máfia do N, que insere N indiscriminadamente no meio das palavras: mendiNgo, mortaNdela e cia. Não venham me dizer que fica mais fácil pronunciar uma palavra com mais letras no meio, porque não fica. É vício, é erro repetido por gerações e gerações e copiado por pessoas que não apresentam qualquer capacidade de questionamento. Será que quando eles assistem Bonner Simpson todas as noites (porque ler nem pensar, eu nem cogito) não conseguem perceber a discrepância entre o que eles falarm e o que Bonner fala? MEN-DI-GO x MEN-DIN-GO. São surdos? É isso? Vai ver são apenas iNdiotas.

E quando as pessoas simplesmente invertem as letras sem um motivo aparente? A inmpressão que me passa é a de que um dia, uma pessoa apressada, falando rápido, se confundiu como quem troca “bife a milanesa” por “bife ali na mesa” e as pessoas à sua volta, tal qual símios, começaram a repetir e propagar o erro. Macaquinhos de imitação que não se mancam que estão falando errado. Quer um exemplo? O remédio GARDENAL. Eu disse GAR-DE-NAL, que algumas pessoas insistem em chamar de GA-DER-NAL. Porque? Não há diferenças no grau de dificuldade na pronúncia. Custa ler na caixa o nome correto? Custa escutar o nome do remédio da boca do médico? Não, nem pensar! Prestar atenção dá trabalho. Solta um GADERNAL mesmo, afinal, Fulaninha e Sicraninha também falam, deve estar certo.

Pior do que trocar uma letra, só trocar mais de uma letra ou até mesmo uma sílaba toda: CO-CRE-TI. Custa falar CROQUETE? E quando insere uma sílaba inteiramente nova na palavra? asterisTIco. Caraleoooouuu! É ASTERICO. TOPPER em vez de Top e por aí vai. Porque? Tão fácil e simples dizer “top”. Topper é efetivamente mais difícil!

Hoje em dia não faltam recursos práticos para descobrir a grafia correta das palavras. Tá com dúvida? Nem precisa se dar ao trabalho de consultar o dicionário, abre o computador e digita a palavra no Google, ele mesmo vai te corrigir com um “você quis dizer…” e te dar a grafia correta da palavra. Basta prestar atenção na forma com a qual pessoas confiáveis pronunciam as palavras. Basta prestar atenção e querer se aprimorar. Ou quem sabe até mesmo ler um livro. Não custa tentar.

Vejam bem, eu não estou aqui falando de erros sutis com “despercebido” x “desapercebido”. São erros gritantes, que num mero pronunciar de palavras ficam explícitos. Mas as pessoas não fazem a menor questão de falar direito. Pra que, né? Se você pode ser Prisidentchi da Rebúbrica sem falá direitu! Bra-siu-iu-iu! E olha que eu tenho a política de não corrigir as pessoas em público, porque acho que ofende. Mesmo assim, quando digo, em abstrato, que acho um absurdo quem fala errado, sempre vem alguém desmerecer meu discurso: “Ahhh, você entendeu o que a pessoa quis dizer, vai, se dá para entender tá tudo bem”. Não acho. Eu correia de um advogado que fala que o documento vai a reZIstro. Mina a credibilidade.

Palavras bobas tipo sobrancelhas viram SOMbrancelhas, ou salsicha, que vira SALCHICHA . E não vou nem começar a discorrer sobre as pronúncias que pessoas “cometem” contra a palavra cabeleireiro. As pessoas sabem (ou teriam condições de saber caso tivessem o capricho de se esforçar para falar certo) que estas palavras são erradas. Mas a permissividade social faz com que continuem errando impunemente. Se houvesse uma reprovação social tenho certeza que tomariam mais cuidado antes de falar. Infelizmente o único motivador para falar correto é a reprovação social. Medíocre.

Esta falta de cuidado com algo tão básico passam uma idéia de acomodação, de quem não faz a menor questão de passar uma boa imagem, de quem não se preocupa em não passar vergonha. Porque tem esse tipo de pessoa, que sai na rua com calça furada nos fundilhos e henê pelúcia no cabelo com saco de supermercado amarrado cagando para o vexame que está protagonizando, muitas vezes resmungando “ninguém paga as minhas contas!”. Então tá, então cultive uma opinião social negativa, só tome cuidado, você nunca sabe quem está te vendo.

Fico pensando se as pessoas que tem essa falta de cuidado com o idioma tem igual falta de cuidado com outras áreas da vida. Será que a higiene é tratada com o mesmo cuidado? Se for, não devem nem limpar a bunda depois de cagar. E a casa dessas pessoas, tem o mesmo cuidado que elas tem com o idioma? Se for, deve ser uma pilha de lixo com baratas. E no trabalho? E com os filhos? E com os relacionamentos?

Falar certo não é luxo, não é frescura, não é preciosismo. É OBRIGAÇÃO, principalmente quando se vive em um mercado de trabalho tão competitivo como o nosso. É o mínimo que se exige de quem teve condições e oportunidade de aprender. Falar errado tendo oportunidade de falar certo é atestado de acomodação, falta de ambição e falta de vergonha na cara.

Para dizer que eu estou exagerando porque é possível até ser Presidente da República falando errado, para dizer que não vê o menor pobrema de falar do seu jeitinho e para dizer que eu sou um pau no cu: sally@desfavor.com

Grandes merdas...Mesmo quem não acompanha muito o futebol deve ter ouvido falar do polêmico pênalti favorecendo o Corinthians nos últimos minutos do jogo contra o Cruzeiro. O gol oriundo da marcação manteve o time paulista com grandes chances de título, ao mesmo tempo que tornou o sonho mineiro muito mais difícil.

Em qualquer jogo com um pênalti polêmico há muita reclamação posterior, mas no caso específico, começou mais uma batalha da eterna guerra feudal das regiões brasileiras. Nas entrevistas pós-jogo, o presidente do clube mineiro falou cobras e lagartos de todos os envolvidos na arbitragem, garantindo que existia um esquema pré-determinado para ajudar o clube paulista. Palavras repetidas pelo técnico-bi-chororô Cuca, embora com bem menos veemência.

Como eu sou corinthiano, sei muito bem que os torcedores de times rivais sempre dizem que TUDO o que o clube do Parque São Jorge ganha é roubado. Muito por causa de uma grande conspiração da mídia. Tanto que o Corinthians é o time que mais ganhou campeonatos brasileiros e libertadores até hoje! (Peraí…) Torcedor é passional, vá lá…

Mas quando a coisa começa a descambar para rivalidade passional entre estados, a história começa a ficar bem mais escrota. Até 2009, todos os outros estados tinham CERTEZA que havia um complô no futebol nacional que ajudava os times paulistas. Quando o Flamengo foi campeão, o complô passou a beneficiar os times do eixo Rio – São Paulo. (Política do café-com-droga?)

Cultura da desonestidade. Essa é a forma como os corruptos se mantém no poder. Quando o povo deixa de acreditar em mérito e atribui qualquer vantagem à desonestidade, os corruptos ganham a atribuição de elementos de um sistema MAIS corrupto. Nosso povo tem TANTA certeza que é tudo roubado e armado nesse país que as pessoas nas posições de poder perdoam o desonesto como uma vítima do sistema. Esse é o golpe. Toda vez que um safado diz “Se eu estivesse no poder faria o mesmo!”, eles ganham. O sistema é feito por pessoas. Quanto mais corruptos, mesmo que potenciais, melhor!

O presidente do Cruzeiro já esteve envolvido em tudo quanto é tipo de tramóia, por isso encheu a boca para garantir o esquema. Quanto mais as pessoas acharem que isso é verdade, mais margem de segurança ele vai ter para aprontar e não sofrer as consequências. Vão achar que ele foi “obrigado”. Não que o presidente do Corinthians seja menos bandido (Gaviões do PCC), mas tinha sido “beneficiado”. Se fosse o contrário os comportamentos seriam invertidos.

Afinal, ganhar um campeonato SIGNIFICA OBRIGATORIAMENTE ter sido ajudado pela arbitragem e pela mídia. Todos os outros times do país são muito melhores que os que estão nos dois estados e só não ganham por que são prejudicados por uma espécie de liga do mal capitaneada pela Rede Globo. Claro…

Não estou simplesmente debochando, tem muita gente que pensa MESMO assim. Essa forma de concatenação de idéias pra lá de bi-dimensional é tradicional de gente com baixo desenvolvimento intelectual, mas quando surge um “inimigo comum” no imaginário popular, esse tipo de idéia cretina se espalha feito um vírus por todas as camadas sociais.

As pessoas que moram num diferente local do mesmo país que você magicamente se organizam para te prejudicar. Claro… Você é importante ASSIM! Mas apontar o absurdo de um pensamento normalmente só coloca seu interlocutor em posição de defesa. (É bom para irritar, mas não muito para argumentar…)

Vou então oferecer o ponto de vista de um vilão nacional: O paulista. Ser paulista no Brasil é mais ou menos como ser americano no mundo. Existe uma idéia generalizada que você está tentando ferrar com a vida de todos os outros, mesmo aqueles que você nem sabe que existe. Claro que as acusações não são completamente infundadas, o histórico do seu local de moradia não é muito favorável e a concentração de poder ao seu redor te faz entender um pouco dos motivos.

Mas, na prática do dia-a-dia você não faz nada de muito diferente do resto das pessoas.

“Paulista quer mesmo é atrasar a vida de todos os outros estados!”

“Quero?”

Uma coisa é atribuir algumas características caricaturais a povos de diferentes locais deste imenso país, outra completamente diferente é criar estados vilões e estados coitadinhos. Dizer que os paulistas estão perseguindo e prejudicando os outros estados é até meio vergonhoso. Sabe ficar ligando seguidas vezes para aquela mulher que não está interessada em você? Depois eu digo que o manipulador está na mente do manipulado e não acreditam…

Não existe essa mente coletiva de um povo baseada em linhas imaginárias traçadas no mapa. O paulista médio é só um Zé Ruela vivendo a própria vida. Tem seus defeitos e qualidades como qualquer um.

Babacas existem em todos os lugares, sem distinção. Foi uma massa de paulistas burros que aprontaram o ataque contra os nordestinos no Twitter. Os babacas nordestinos DERAM CORDA e transformaram tudo numa guerrinha ridícula para ver quem assumia mais crédito pelo o que não fez!

É a história do inimigo comum. É o que o Hitler conseguiu fazer na Alemanha Nazista, por exemplo. Se a massa (nivelada por baixo) for levada a acreditar que tal grupo de pessoas é responsável pelos seus problemas, elas se unem e lutam bravamente (estupidamente).

Quando as ANTAS paulistas saíram reclamando dos nordestinos que elegeram a Dilma (Não foi culpa da MULA do Serra… Claro…), as ANTAS nordestinas alimentaram o troll e fizeram o animal aqui ficar com vergonha do país em que insiste em acreditar. (Este parágrafo está protegido pelo Ibama!)

E eu mencionava a parte sobre assumir crédito pelo que não fez. É um dos elementos mais ridículos desse orgulho regional. A pessoa descreve feitos de outras pessoas que CALHARAM de nascer em locais próximos de onde ela vive como se fossem motivo de orgulho personalíssimo. O caso mais recente tem a ver com os nordestinos, mas como tudo nessa vida, passa LONGE de ser exclusividade de um grupo definido pela geografia.

Em qualquer sociedade existem heróis populares, mártires, guerreiros, intelectuais, artistas… Comparar quem tem mais é uma bobagem. Em locais mais violentos teremos mais líderes militares; em locais mais pobres teremos mais exemplos de superação; em locais com melhores condições de vida teremos mais escritores, inventores… Não é a porcaria da latitude e da longitude que gerou essas pessoas notáveis, é um misto de esforço pessoal e condições ideais.

E acalmem-se, não estou dizendo que os símbolos regionais devem ser ignorados (embora tenha uma querela com o folclore tupiniquim…). É louvável que o povo de uma região mantenha os exemplos e as obras de pessoas admiráveis para o futuro. É assim que se constrói a história do conhecimento humano.

Agora, o problema é quando a pessoa… eu odeio a humanidade… usa essas pessoas notáveis para CONTAR VANTAGEM em relação a outro grupo de pessoas. Elas se apoderam dos feitos e sacrifícios de outros como se fossem seus pessoais. E é CLARO que essa é a regra na relação entre os diferentes estados por aqui…

Se o General Chimarrão enfrentou bravamente o exército inimigo, todos os gaúchos são guerreiros de alma incorruptível! Se Graciliano Tapioca escreveu um livro espetacular, todos os alagoanos são iluminados com um lirismo ímpar! Se Antônio Ermírio de Umchopps é um dos maiores empresários do Brasil, todos os paulistas são trabalhadores incansáveis e destinados ao sucesso!

Claro… Em bom português: Isso se chama gozar com o pau alheio.

Vamos ser sinceros: Você (o bairrista) não teve participação NENHUMA, direta ou indireta, no sucesso dessas pessoas que cita para ganhar moral. E eu aposto que se algum desses feitos dependesse de você, não teriam acontecido.

E nada melhor do que manter isso em casa… Paulistas tem a mania de dizer que são eles que sustentam esse país. O cidadão trabalha oito horas por dia num emprego que não gosta, passa o resto do tempo enchendo a cara e vendo futebol… E carrega o país nas costas? Vai ser presunçoso assim lá na puta que o pariu! A economia deste estado é a mais poderosa do país por uma série de fatores que não tem PORRA NENHUMA a ver com a índole do paulista… Localização, clima, imigrantes italianos… café.

Essas grandes características dos povos do nosso país não são nada que não se repita sistematicamente em outras regiões de poder aquisitivo, clima e localização estratégica parecida. SPOILER: Todo mundo se acha único e especial. Inclusive eu e você.

Mérito é uma coisa muito trabalhosa, é mais fácil assumir os feitos alheios de forma genérica. E naquela linha de “orgulho de nada”, quem vive nas regiões mais pobres, INDEPENDENTEMENTE da própria condição social, resolve dizer que é mais sofrido. A guerra da humildade é travada também nas linhas imaginárias que separam os estados. A classe média passa de vilã a exemplo de superação na fronteira entre sudeste e nordeste (Ignorando o fato que a classe média é uma merda uniforme do Oiapoque ao Chuí…).

E digo mais: Tenho horror daquela história de sair dizendo que o povo de tal localidade é muito honesto e trabalhador. Até porque isso é condescendência explícita de gente golpista ao lidar com camadas mais pobres da população. O pior é que esses tapinhas nas costas, além de não significarem nada, ainda reforçam a idéia de que as pessoas vivem em feudos dentro de um país. A pessoa, normalmente humilde, começa a desconfiar se o resto do povo que não está enfiado na mesma merda que ela faz algo diferente…

Talvez sendo menos honestos e trabalhadores?

O bairrismo não é só uma bobagem de gente que gosta de se vangloriar pelo o que não fez, é uma ferramenta de controle. Quanto maior a tensão entre as bordas dos estados, maior a tendência de escrotos usarem isso para criar inimigos comuns e perpetuarem a cultura da desonestidade.

“O problema da sua vida é que as pessoas de outro estado no seu país estão armando para cima de você! Não olhe para os seus líderes e governantes…”

Se o Sudeste, principalmente São Paulo, parece o inimigo comum da nação, por essas bandas nos fazem acreditar que é o resto do país que nos atrasa. Todo mundo é feito de otário. Quer mais igualdade do que isso?

Informação importante: O começo do texto é uma informação relacionada para começar a argumentação, não o assunto discutido. Quem comentar sobre os times é mulher do José Mayer de sunga!

Para dizer que a única coisa boa do bairrismo são as piadas, para se dizer perseguido por pessoas que nem sabem que você existe, ou mesmo para dizer que tem muito orgulho de algo que não escolheu ser: somir@desfavor.com

FFFFFUUUUUUUUUUUUU-Acabo de ler que Omega, mais conhecido como o chimpanzé fumante do Líbano, vai ser transferido aqui para o Brasil para ter melhores condições de vida. Além de demonstrar que o Líbano REALMENTE está na merda, a notícia ainda me fez pensar numa questão intrigante:

Se Omega não fosse fumante, a comoção seria tão grande? Tudo bem que o bicho vivia numa cela apertada, era sedentário e foi batizado com um nome horrível (qualquer macho preferiria ser Alfa), mas foram as imagens dele fumando que arrepiaram os ecochatos pelo mundo. Não era mais um caso de pobres maltratando animais, era uma afronta!

Omega vem para o Brasil para ter mais espaço, algumas árvores para trepar (se bem que cigarro causa impotência; eu nunca compro desses, mas duvido que o chimpanzé pode se dar ao luxo de escolher…) e principalmente um ambiente onde será forçado a largar o vício! Como colega fumante, posso garantir que a abstinência será uma forma de tortura ainda pior do que as condições de vida que levava no Líbano…

Se os “tratadores” libaneses dessem doces para o macaco, seriam taxados de irresponsáveis. Como deram cigarros, viraram MONSTROS! Não podemos esquecer também de outro caso, o daquele moleque feio pra diabo que fumava feito uma chaminé que fez sucesso na mídia recentemente. O mundo também se indignou com as pessoas HORRÍVEIS que permitiram o vício do pequeno tabagista.

Muito se engana quem pensa que esse texto é sobre o direito à doce nicotina de Omega ou do pirralho feioso. Comecei a pensar na proporção que a fúria popular toma atualmente com qualquer assunto relacionado aos cigarros… E tem algo aí que não encaixa. Parece muito fogo para pouca fumaça.

Sei na pele o que é a indignação exagerada dos chatos anti-cigarro. Basta acender um perto deles que suas expressões se alteram: Parece que levaram uma trolha de trinta centímetros no rabo… Eu consigo notar o prazer quase sexual que antecede a famosa frase “Vai fumar aquiiiii?”.

Normalmente eu respondo baforando a fumaça na cara da pessoa. Sou civilizado e não fumo em locais onde não é permitido. Tenho a segurança que estou irritando uma pessoa chata, e isso me diverte muito. Mas boa parte dos outros companheiros e companheiras de vício não tem essa tara pela provocação e acabam passando por situações mais desagradáveis.

E vejam bem, não é nem questão de apontar uma perseguição. Estão me julgando por algo que eu escolhi fazer e que REALMENTE é uma babaquice. E para ser honesto, fumaça de cigarro pra mim é que nem peido. Só a minha é encarável… Até que entendo a confrontação. O que sempre me deixa confuso é a intensidade desmedida. O tabagismo alheio deve ser algo terrível para elas…

Só que… não é. Aposto que as pessoas que ficam pentelhando a fumaça alheia não passam suas horas livres em casa alimentando o ódio anti-tabagista em suas mentes. Não é como se elas realmente tivessem em si toda essa indignação.

Mas na hora de abrir o bico em público, o sangue ferve e o cidadão (ou cidadã) que costuma ser educado com todo mundo acha natural ser extremamente deselegante (eufemismo para cretino) com alguém baseado apenas no fato de que essa pessoa fuma.

E da onde vem toda essa passionalidade? Ah, agora sim chegamos no ponto deste texto: Os chatos anti-cigarro agem de forma raivosa porque tem a liberação social para odiar! Num mundo tão engessado com regras de conduta social hipocritamente aceitáveis, sobra pouco espaço para uma necessidade BÁSICA do ser humano: Extravasar sua fúria diária.

É triste que tenhamos chegado ao ponto de poder odiar apenas o que nos permitem odiar, mas é o nosso ponto atual. Uma pessoa saudável como eu (excluindo os pulmões) queima boa parte do stress diário sendo ranzinza e reclamando das outras pessoas. Não vou negar que fecha algumas (muitas) portas, mas tudo o que mantiver minha gastrite como gastrite ao invés de úlcera é bem vindo.

O cidadão que se esforça para ser aceito pela maioria acaba engolindo muitos sapos. A vida irrita. Boa parte das pessoas ao seu redor fazem coisas que te deixam fulo, mas para manter todos os discursinhos politicamente corretos em dia, é necessária uma dose cavalar de silêncio forçado. Você odeia alguém ou algum grupo definido pelas escolhas que fazem, mas não pode externar por uma série de convenções sociais sobre que grupos devem permanecer intocados pelas críticas.

E pode ter certeza que muita gente acaba se protegendo de críticas por suas escolhas atrás de um escudo de características pessoais que não escolheram. (Para bom entendedor, uma frase complexa basta.)

A pessoa fica com toda aquela raiva acumulada, presa atrás de uma máscara de docilidade (falsa pra caralho), consumindo-a por dentro. Ela só precisa de UMA oportunidade.

*acendendo um cigarro*

“VAI FUMAR AQUIIII? SE VOCÊ É IMBECIL DE QUERER SE MATAR, EU NÃO SOU! TÍPICO DE FUMANTE NÃO SE IMPORTAR COM MAIS NINGUÉM, VOCÊ SABIA QUE A FUMAÇA DO SEU CIGARRO PODE CAUSAR DOENÇAS NOS OUTROS? TOMARA QUE VOCÊ TENHA UM CÂNCER DO TAMANHO DE UMA JACA!”

Imagino que a pessoa deve ficar muito mais leve depois de soltar uma dessas. Melhor que me deseje um câncer que saia atirando por aí, mas… Temos um problema nessa história: A fúria está muito mal direcionada. O fumante médio está cagando e andando para esses papinhos. Não vai fazer ninguém parar e o chiliquento sabe disso.

Enquanto isso, as outras pessoas que ajudaram a montar essa raiva saem impunes. Imagine só se o playboyzinho babaca SEMPRE fosse perseguido e ameaçado quando desse uma fechada no trânsito? Imagine só se aquela vadia burra do trabalho fosse confrontada sobre seu plano de carreira no sofá? Imagine só se aquela merda de igreja evangélica da esquina fosse processada por excesso de barulho? Imagine só se mais mulheres ouvissem a verdade sobre sua carência sufocante? Imagine só se mais homens soubessem que o clitóris não é decoração?

Imagine!

Um pouco mais de honestidade agressiva faria bem para todos nós. Enquanto tivermos poucas pessoas dispostas a falar umas verdades na cara umas das outras, vamos ter poucas chances de evolução pessoal. Só que ainda ficamos esperando oportunidades para atacar alvos “permitidos”.

É aquela porcaria de mentalidade do sacrifício. Alguém tem que sofrer pelos pecados alheios. E quanto mais gente concordar com a descrição da bruxa da vez, melhor. A válvula de escape fica mais fácil de ser utilizada.

Evidente que os fumantes são apenas um exemplo light. Pode se perceber o mesmo tipo de raiva mal direcionada em várias outras situações onde o prazer de apontar o dedo e criticar é tão grande que passa por cima de qualquer medida de merecimento. A fúria acumulada por uma vida NORMAL, sufocada, vai toda em direção ao que se permite ser odiado. Histeria punitiva (sabe aquele povo que quer linchar qualquer ladrão de galinha?) se constrói assim. A pessoa mal sabe porque está batendo no bandido, mas se disseram que é bandido, tá valendo!

E esse tipo de concentração de desaprovação é usado indiscriminadamente como “viseira” para o povão, que não vai enxergar nada além do que é conveniente para que está o guiando. Definir vilões específicos para os problemas gerais de uma população funciona que é uma beleza para conquistar e manter o poder.

Escuto muito esse papinho de que precisamos ser mais tolerantes e bondosos para resolver os nossos problemas. Embora exista uma verdade aí, ela é usada para contar uma mentira: O que se quer é que sejamos tolerantes e bondosos com os grupos que representam o poder, mas sejamos absolutamente cruéis com quem é pintado como alvo.

Se todos nós ficarmos mais azedos e reagirmos mais rápido ao que nos ofende, essa armadilha de controle cai por terra. É só prestar atenção ao que se torna cada vez mais popular: Todo mundo é humilde e politicamente correto. Demonstrações saudáveis de revolta e indignação acabam taxadas como algo negativo.

Negativo mesmo é levar um milhão de trolhas quietinho e resolver se indignar por tudo quando um Zé Ruela qualquer acende um cigarro.

Se a sua raiva está condicionada à aceitação popular, você vai continuar sendo uma confortável e maleável estatística. O mundo precisa de mais ódio honesto e bem direcionado.

O pior é que eu aposto que vai aparecer alguém nos comentários fazendo pregação anti-tabagismo. Não vai deixar de ser uma confirmação…

Para dizer que faz sua parte odiando a humanidade como um todo, para reclamar e me deixar orgulhoso, ou mesmo para dizer que este sim foi um texto pentelho: somir@desfavor.com