Passa de meia noite e Madame não responde às minhas tentativas de contato. Minha parte do Desfavor da Semana foi devidamente enviada e nada acontece. O que isso significa? SIAAAAAGO TOMIIIIIR!
Lembrando sempre que Siago Tomir é um ex namorado meu, nascido e residente na Suíça. (cof! cof!)

Hoje vou contar uma história que deu início a uma lenda boba, mas que diverte a gente de montão.
Siago Tomir é um ser humano desligado. Ele é desatento por natureza. Eu não ligo (a menos quando ele provoca um incêndio, daí eu solto um monte de palavrões – e já aconteceu três vezes). Mas, normalmente, as pessoas se importam muito com isso. A ira que isso desperta ficou clara em um episódio memorável ocorrido durante uma visita de Siago Tomir à minha cidade. Vale a pena narrar este episódio. E se ele disser que não foi bem assim, não acreditem, ele estava bêbado.

Siago Tomir é, na maior parte do tempo, uma pessoa amável e tranqüila. Mas ele tem uns rompantes raros e quando eles acontecem, o melhor a se fazer é deixar Siago Tomir quieto. Pois bem, nesta visita, não sei porque, Siago Tomir estava em um desses seus rompantes de TPM. Nós já tínhamos um jantar na casa de um casal de amigos meus agendado. Eu sugeri desmarcar, mas Siago Tomir se negou. Insistir com ele nessas condições é problema na certa, então, fomos ao jantar.

O casal anfitrião é formado por um grande amigo meu e sua noiva, que acabou virando amiga por afinidade. Também foram convidados para o jantar a prima da noiva e seu namorado, pessoas que eu conhecia de vista. O jantar transcorria bem, até que o assunto religião surgiu e Siago Tomir expressou sua opinião impopular, que desagradou profundamente meu amigo. Climão. Mas isso era só uma gota de água perto do oceano de vexames daquela noite.
Após o jantar, estávamos conversando sobre uma amiga nossa que estava tentando tirar o Green Card para morar nos EUA. Assunto vai, assunto vem, a conversa foi parar naquelas pessoas que casam para conseguir o visto. A noiva do meu amigo comentou que é muito fácil de fazer isso e enganar o Governo e eu disse que nem tanto, porque ele fazem testes e perguntas aos casais que muito casal casado não saberia responder. Começou um semi-bate-boca sobre ser fácil ou difícil responder às perguntas do teste feito para liberação do Green Card, até que algum infeliz teve a idéia de baixar o teste na internet e submeter o grupo a aquelas perguntas. É preciso dizer que, a esta altura, todos (menos eu que não bebo) haviam tomado generosas doses de bebidas alcoólicas.
Cada um pegou uma folha de papel e as perguntas eram lidas em voz alta. Todos anotavam as respostas, que depois seriam comparadas. Eram perguntas muito pessoais e muito difíceis de responder. Algumas medem mais a memória da pessoa do que o conhecimento sobre a personalidade do seu parceiro. Na hora de colher as respostas, a baixaria começou.
Para começo de conversa, o anfitrião, meu grande amigo, foi para a cozinha pegar mais bebida (como se precisasse, tava todo mundo bêbado). Ato contínuo, a prima da noiva do anfitrião foi à cozinha também pegar água. Siago Tomir decidiu ir à cozinha também, pegar gelo. No que ele entra na cozinha, flagra o meu amigo se agarrando com a prima de sua noiva e volta pálido para a sala, fazendo gestos tentando me contar o que aconteceu. Claro que eu não entendi porra nenhuma (minto, achei que ele queria me dizer que minha calcinha estava aparecendo e passei a noite toda puxando a calça para cima, achando que estava pagando cofrinho). Nesse clima de harmonia começou a leitura dos resultados.
Antes de partir para a apuração, quero fazer uma breve exposição. Eu nunca medi o que um homem sente por mim com cobrança de datas ou de informações a meu respeito. Eu não demando que ele perceba quando eu cortei o cabelo ou qual é a nossa música. Então, quando você não cobra esse tipo de coisa, seu homem não fica adestrado a fazê-lo (sim, ele só fazem quando precisa, para evitar DR). Por isso, e pelo fato de ser desatento, Siago Tomir não sabia e não sabe porra nenhuma a respeito de alguns gostos e preferências minhas, o que não quer dizer que ele não gostasse de mim.
Enfim, Siago Tomir foi errando as respostas sucessivamente. Errando perguntas fáceis como “qual é o seriado de TV favorito dela e a que horas passa?” ou “que tipo de comida ela gosta e que tipo ela não gosta?”. As mulheres me olhavam com cara de pena e os homens comemoravam mentalmente porque afinal, não seriam eles a sair dali com o título de Pior Namorado da Noite. Eu nem ligava. Mas Siago Tomir começou a se irritar com os comentários, e como já estava de TPM e tinha bebido, começou a devolver. Quando Siago Tomir teve que responder de qual animal eu tinha mais medo e errou, meu amigo disse “Vocês namoram mesmo?” e riu.
Siago Tomir não engoliu. Em uma pergunta sobre qual era a obra de arte preferida da pessoa (imagina, Siago Tomir não sabe nem a dele, vai saber a minha?), antes do meu amigo responder, Siago Tomir berrou “Aposto que a dele é uma obra PRIMA!”. Ficou todo mundo olhando em silêncio. Eu achei que fosse coisa de bêbado, mas era algo muito mais profundo. Estava estabelecida a guerra fria.
Perguntados sobre a cor da roupa íntima de cada um, Siago Tomir berrou “Tá vendo! Tinha que ter feito sexo no carro! Ai eu saberia responder!” e ficou climão mais uma vez. Eu sei que ele não estava brincando, mas espero que as pessoas tenham levado na brincadeira. As perguntas continuaram. Quando Siago Tomir disse que meu sanduíche favortio era Big Mac, meu amigo gritou “PUTA QUE PARIU, ELA NEM GOSTA DE BIG MAC, ELA ACHA ENJOATIVO!”. Siago Tomir se aborreceu. A prima vadia perguntou mais uma vez em tom de brincadeira “Vocês tem certeza que vocês namoram MESMO?” e depois soltou um risinho A La Lindamar: hihihihi. Vi um dos olhos de Siago Tomir latejando.

Perguntando sobre qual seria a estação do ano favorita de cada um, Siago Tomir levantou (é sério, ele levantou) e berrou, apontando para o meu amigo: “A SUA EU SEI! A SUA EU SEI! É PRIMAAAAAAA… PRIMAAAAAA. (olhando para a prima vadia) PRIMAAAAAA VERA!”. Foi aí que eu percebi que estava acontecendo alguma coisa, porque a cara da prima vadia de desespero eu conheço muito bem.
Puxei Siago Tomir para um canto a pretexto de pegar mais bebida e ele me explicou o que viu na cozinha. Ele viu sem ser visto. Disse a ele que eu não me importava com nada daquilo que estavam falando, que não ligava para ele não saber porra nenhuma sobre mim e que não havia necessidade dele atacar as pessoas. Ele fez um longo discurso sobre como carioca é cheio de marra.
Voltamos para continuar as perguntas e respostas. A hostilidade estava no ar. Siago Tomir sorria debochadamente. Siago Tomir continuou errando tudo: meu filme favorito, minha cor favorita, o perfume que eu usava, etc. Quando ele errou a minha música favorita (e devo dizer que ele erra com classe, ele berra a resposta errada com uma certeza de fazer inveja) meu amigo falou “Caralho, eu te conheço melhor do que ele!”. Eu não vi grandes problemas nessa frase, não sei se foi porque eu estava sóbria ou porque eu sou mulher, mas aquilo causou um grande transtorno na mente de Siago Tomir. Eu vi que ele estava prestes a explodir então fiz uma brincadeira para aliviar a tensão: “É, Fulano, na verdade a gente não namora não, ele está fingindo ter uma relação comigo para conseguir um Green Card para entrar na Argentina”. Risos. O foco da conversa foi para denegrir os argentinos. Alívio temporário.
A merda explodiu quando Siago Tomir errou meu signo e o namorado da prima vadia também se sentiu no direito de sacanear: “O que é isso, Fera? Até eu sei o signo dela! É só olhar que a gente vê que é de leão! Hahaha”. Siago Tomir, cheio de álcool na mente, respondeu “E o seu é TOURO, né?”. Climão Master.

Nisso eu fazia sinais para meu amigo, mandando ele calar a boca com medo de Siago Tomir dedurar ele. Meu amigo não entendeu que eu estava querendo salvar o pescoço dele e achou que eu estava dando uma de mamãe, querendo proteger Siago Tomir e se achou no direito de gritar “Siago, tua mulé ta brigando comigo, não pode mais mexer com você não!” e Siago respondeu “Comigo pode, o que não pode é MEXER COM A MU-LHER DOS OUTROS, NÉ? OU PODE?”. Climão Master Plus.
Eu tinha que tirar Siago Tomir de lá. A situação estava ficando insustentável. Eu queria alertar o meu amigo, mas estava com medo de deixar Siago Tomir sozinho na sala e dele falar merda. Então, peguei meu celular, fiz parecer que lia uma mensagem recebida quando na verdade mandava um torpedo para meu amigo: “CALA A BOCA, ele te viu beijando a Fulana”. O celular dele apitou acusando o recebimento de uma mensagem e a noiva dele disse “Amor, chegou uma mensagem para você!” e pegou o celular para olhar. Siago Tomir, que viu o que eu estava fazendo, começou a rir e imitar o Silvio Santos dizendo “OEEEEEEE! MAH OEEEEEEEE! AH AH EEEEEE” e rir (sim, ele faz uma imitação péssima do Silvio Santos, principalmente quando bebe). Me joguei em cima da noiva do meu amigo, tomei o telefone da mão dela ao som de mais “OEEEEEEE! VEM PRA CÁ! OEEEEEEEE!” e disse “Desculpa, é minha para ele, é particular”. O namorado da prima vadia olhou para Somir e disse “Cuidado, hein Merrrrmão… tua mulé mandando mensagem secreta pro Fulano, sei não…” e Siago Tomir respondeu “Minha MU-LHER não teria um caso com Fulano, e a sua? Teria? Teria?” olhando para a prima vadia.
Enquanto isso, meu amigo lia a mensagem e sua noiva me olhava com cara de fúria. Falei no ouvido dela “só pedi para ele parar de sacanear meu namorado, estou com pena dele, entende? ele é paulista, sabe como é…” e ela pareceu mais calma. Meu amigo estava branco, suando frio. O namorado da prima vadia estava encarando Siago Tomir, prestes a partir para a porrada. Foi quando a prima vadia vomitou, o que impediu uma desgraça.
Claro que o efeito colateral “vômito solidário” se fez presente. Ela vomitou do meu lado, e eu, por conseqüência, vomitei junto. Era o motivo que eu precisava para ir embora dali. Sabe, existem pessoas que vomitam certo e pessoas que vomitam errado. Eu sou uma pessoa que vomita errado. Vomitar certo = na privada, na pia, no chão, na janela do carro. Vomitar errado = na própria cama, nas próprias roupas, no próprio cabelo, etc. Lá estava eu, toda “vomitada em mim mesma”, com cara de sofrimento, quase chorando, quando Siago Tomir se aproximou.
“Quero ir embora” eu disse em voz baixa. “Eu sei, eu sei, você vai ter um colapso estético” ele respondeu. “Isso mesmo, um colapso estético, me leva daqui” eu respondi quase chorando. Saímos de fininho, dando um tchauzinho de longe para os presentes, comigo resmungando “você nunca mais vai conseguir me beijar depois de me ver vomitar!” e ele respondendo “relaxa, você já me viu mijando na pia”. Sim, eramos um casal estranho.
Para me dizer que Somir me conhece mais do que eu imagino, para me dizer que medo de não ser beijada por causa de um vômito é contraditório para quem alardeia que vai beber água do vaso sanitário e para me dizer que sem o Somir a formatação fica uma merda: sally@desfavor.com

Eu não queria mudar a rotina do blog. Para mim estava tudo ótimo, cada um com seus dias, os leitores já sabiam o que esperar (ou seja, sexta feira é dia de ler o kibe loco). Mas Madame quis mudar. Disse que a rotina estava tornando o blog muito previsível.

“Pense, Sally, não ter limites, poder escrever sobre o que quiser, quando quiser! O texto sai melhor quando a gente escreve sobre o que tem vontade”

Ok, Somir. Você venceu. A partir de hoje só vou escrever sobre o que tenho vontade. Já que tenho total liberdade criativa, com vocês… mais um SIAAAAAGO TOMIIIIIIR!

SIAGO TOMIR NÃO USA SUNGA – Eu sei que para muitos de vocês sunga é uma visão do inferno, mas aqui no Rio de Janeiro, é quase que obrigatório ir à praia de sunga. Você não vê homens usando qualquer outro traje de banho que não seja uma sunga. Em Roma, faça como os romanos. Quando eu visitava Madame lá na putaquepariudofimdomundo, seguia os conselhos dele: “Sally, não saia com esse vestido aqui, todo mundo vai ficar olhando”, “Sally, isso que você chama de short, a gente chama de calcinha”. Quando Madame vinha para cá, queria levar a mesma vida que leva no rancho fundo. Da primeira vez que fomos à praia, o que já foi um parto por si só, porque Madame odeio calor, praia, areia e cia, Madame me apareceu com um bermudão abaixo do joelho. Falando sério aqui, parecia o Chaves. Não quis ficar cutucando, até porque no calor os loucos costumam ficar agressivos, então falei com jeito: “Tomir, aqui ninguém usa essas bermudas, se você quiser ir assim tudo bem, só estou avisando que você vai ser o único a estar assim, só quero evitar um possível constrangimento e…” Não deu tempo de concluir a frase. Um comentário malcriado sobre os cariocas foi cuspido. Fiquei na minha e fomos à praia. Chegando lá, evidente que todos os homens estavam de sunga. Madame continuou destilando seu veneno com comentários de baixíssimo nível dos quais vou poupá-los. Estava visivelmente incomodado. Ficamos no máximo uns 40 minutos e fomos embora, porque segundo Siago Tomir, o cérebro dele estava derretendo (qual cérebro?). Quando eu ia visitá-lo (não é nem o cu do mundo aquilo lá, é a hemorróida do mundo) e ficava morrendo de frio, Madame debochava de mim com uma camiseta de manga curta enquanto eu me tremia debaixo de um sobretudo e botas. Me chamava de “faixa-branca”. Quando comecei a debochar dele no calor e chamá-lo de faixa branca, ele não gostou. Tivemos que ir embora, porque o calor dos trópicos faz mal à cútis de Madame (e ao humor, quase arrumou briga na praia com usuários de sunga). Durante a tarde, fomos almoçar e depois fomos a um shopping. Eu fique insistindo para ele comprar uma sunga e ele dizendo que não compraria nem morto. Então, eu insisti para que ele ao menos experimente, porque, quem sabe? Poderia nem ficar tão ruim assim, só por curiosidade. Madame continuou se negando. No final, ele se negava até a falar no assunto e me proibiu de pronunciar a palavra “sunga”. Foi quando surgiu uma coisa de seu interesse que demandaria um pouco de boa vontade da minha parte. Disse a ele que não estava merecendo porque ele era intransigente comigo e eu seria de volta com ele. Foi então que ele se vendeu. Topou, muito contrariado, experimentar UMA sunga em UMA loja e depois disso eu atenderia ao pedido dele. Gostei da idéia, estava curiosa para ver ele de sunga. Fomos a uma loja, escolhi uma sunga para ele e ele foi experimentar. Fingi que falava ao telefone quando ele saiu da cabine (na verdade estava tirando fotos do momento inesquecível com meu celular). Eu gostei, mas Madame disse que não usaria aquilo “nem fodendo, está me ouvindo?”. O mais engraçado veio no final, quando um casal de paulistas saiu de uma cabine ao lado e ele comentou, alto o suficiente para a gente ouvir “Não disse? Esses cariocas são tudo viado! Olha a sunguinha do cara!”. Eu achei que o Somir ia me matar. Juro que achei que ia apanhar, lá mesmo. Ficou puto, as veias do pescoço saltando. Bateu a porta da cabine falando um palavrão e me chamando de maluca. Ainda tenho as fotos.

SILENT HILL – É um jogo de PS (Silent Hill IV– The Room), para quem nunca ouviu falar. Um jogo que me deixa apavorada, mas que eu gosto de jogar mesmo assim. Estava eu na casa de Siago Tomir jogando Silent Hill, aos berros. Siago Tomir rindo da minha cara. Eis que Madame resolve se levantar para tomar um banho. Implorei para ele ficar, porque estava apavorada com o jogo, em um momento crucial. Ele riu e me mandou “parar de besteira” e foi tomar o banho mesmo assim, dizendo para que eu deixe o jogo no pause e só volte a jogar quando ele sair do banho. Deixei o jogo no pause. Madame foi tomar seu banho. Ocorre que os banhos de Madame são demorados. Eu estava entediada e me bateu um surto de pseudo-macheza e decidi jogar sem ele. Estava eu jogando o jogo, apavorada, em uma cena de suspense, em pânico, quando Madame, percebendo que eu tinha voltado a jogar, tem a brilhante idéia de me dar um susto. Sim, Madame faz essas brincadeiras sem graça, ele é Joselito. Saiu do banheiro sorrateiramente com uma toalha nas mãos e se aproveitando do meu momento de concentração jogou a toalha em mim berrando. Eu, que estava de costas, em um momento de suspense, só senti uma coisa caindo em mim e tampando minha visão seguido de gritos. Desmaiei na hora. Segundo relatos de Madame “Caiu feito uma jaca podre no chão” (muito sensível como sempre). Quando acordei e abri os olhos, já fui recebida com esporro “Puta merda, Sally! Que susto! Achei que você estivesse morta!”. Desculpa, ta, Madame, se meu desmaio lhe foi inconveniente. Eu não tenho educação, saio desmaiando na casa dos outros… aff

MAMÃE TÔ NA GLOBO – Faz pouco tempo, correram diversos vídeos na internet e na TV, de torcedores do Corinthians que promoveram um quebra-quebra durante a venda de ingressos para a final do Campeonato Paulista. Adivinha quem eu vejo no meio da baderna dando porrada? Sim, Madame. Ele jura que não começou confusão nenhuma e que só estava se defendendo. Me mata de vergonha…

Para me perguntar o que Siago Tomir queria em troca de vestir uma sunga, para me perguntar se depois dessa postagem vai ter aquele DRAMA todo que ele fez depois que eu postei Siago Tomir II e para me pedir para começar a escrever o Siago Tomir IV: sally@desfavor.com