watVocê tem dificuldade em se concentrar? Você sente que tem que fazer um esforço enorme para desempenhar atividades simples que o resto das pessoas faz com facilidade? Você esquece de coisas que são consideradas importantes e é recriminado por isso? Você tem dificuldade para organizar seu tempo e suas tarefas? Você tem dificuldade para se concentrar e que quanto mais você tenta pior fica? Você tem vários projetos mas tem dificuldade em tirá-los do papel ou concluí-los? Você tem baixa tolerância a frustrações? Tem problemas em se fazer entender ou explicar seus pontos de vista? Se sente incompreendido, inadequado e injustiçado? Tem episódios de descuidos ou adiamento de tarefas recorrentes em sua vida?

Você pode ter o chamdo Distubio de Déficit de Atenção ou Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. Nada grave, muitos nem mesmo classificam como “doença” e sim como um jeito diferente de funcionar. O objetivo destas linhas leigas que escrevo não é estimular ninguém a tomar remédio ou a se tratar, é apenas tirar o peso das costas de muitas pessoas que não entendem porque são assim e se sentem fracassadas, sem força de vontade e burras. A frase que resume a intenção da postagem de hoje é: NÃO É CULPA SUA, você não podia fazer diferente, independente de força de vontade.

O Distúrbio de Déficit de Atenção tem como característica principal a dificuldade em se concentrar em uma atividade por muito tempo quando esta atividade não desperta o interesse da pessoa. Porém, quando a atividade cativa, acontece justamente o contrário, vemos um “hiperfoco” onde se chega a perder a noção de tempo. Um exemplo: uma pessoa com DDA vai ter muita dificuldade (ou até total incapacidade) de sentar para estudar uma matéria que considere chata por horas. Porém, se gostar de jogar video-game, pode ficar jogando por horas e horas, perdento totalmente a noção do tempo. Não é falta de força de vontade de estudar, é uma difunção bioquímica em seu cérebro. Não é vagabundagem, é uma disfunção neurológica no córtex pré-frontal.

Pessoas com DDA tem muita dificuldade em se organizar, seja fisicamente (ambiente de trabalho e quarto bagunçado, por exemplo) seja internamente (frequentemente tem a noção equivocada que vai dar tempo de fazer tal coisa e acaba que não dá, gerando atrasos, estresse e desgaste). Infelizmente poucas pessoas tem conhecimento profundo o suficiente para saber que não é vagabundagem, não é descaso nem sacanagem. A pessoa genuinamente erra no cálculo, por mais evidente que seja que o atraso ocorreria, ela acredita sinceramente que vai dar tempo. Além de se atrasar, esquecimentos também trazem problemas aos DDAs. Não raro eles esquecem coisas importantes, como ir buscar alguém em algum lugar e coisas que inclusive são de seu interesse. Os esquecidos se sentem menosprezados e desvalorizados, mas não se trata disso. Alguns esquecem até mesmo nomes!

Não dá para falar do assunto com a profundidade que ele exige, meu limite de quatro páginas só me permite dar uma pincelada. Sugiro que quem tiver interesse em um diagnóstico faça um dos muitos testes disponíveis no Tio Google para verificar se vale a pena procurar um médico ou não. Não tomem o que está escrito aqui como diagnóstico ou verdade absoluta, pois além de não ser médica, não dá para falar do assunto em quatro páginas a menos que se faça uma generalização grosseira. Sim, este texto é uma generalização grosseira. A intenção é apenas chamar a atenção para a possibilidade, caso em que a pessoa deve procurar um neurologista especializado para tentar fazer o diagnóstico. Não existem exames que comprovem o DDA, o diagnóstico é feito com base em uma boa conversa, perguntas e respostas e até mesmo através de uma conversa com os pais.

Todas as pessoas com DDA tem dificuldade de concentração, porém existem três características que podem predominar , juntas ou separadas, no DDA: 1) Desatenção, 2) Impulsividade (ou ansiedade) e/ou 3) Hiperatividade. Estes três fatores podem coexistir ou um deles pode predominar. O tipo Desatento puro é o mais difícil de diagnosticar (e é mais comum em meninas), pois a criança é calminha quietinha, ninguém sequer imagina as dificuldades que ela sente diariamente para tentar acompanhar uma aula ou fazer um dever de casa. São pessoas sonhadoras, que vivem “no mundo da lua”, perdidas em seus penamentos, divagando. Sofrem caladas em uma luta diária para conseguir prestar atenção quando isto lhes é exigido. O Impulsivo (ou ansioso) costuma responder as perguntas antes que o interlocutor termine a frase, tem dificuldade em esperar a sua vez em filas e outras situações similares e vive interrompendo os outros. É comum vermos pessoas assim fazendo escolhas importantes de forma impensada e até mesmo se colocando em risco. O tipo Hiperativo é aquele que tem dificuldade de ficar muito tempo parado ou sentado no mesmo lugar (se balança na cadeira, sacode as pernas, batuca) ou até mesmo levantando e saindo quando se espera que fiquem parados naquele lugar. Também falam em excesso, estão sempre ativos, passando a impressão de que enfiaram uma Duracell no fiofó da pessoa.

O DDA se manifesta ainda na infância e pode acompanhar a pessoa para o resto da vida. Claro que com o passar dos anos, de tanto levar esporro e se ferrar, a pessoa acaba desenvolvendo mecanismos para atenuar ou disfarçar os sintomas, então existem grandes chances de que chegue na vida adulta demonstrando menos do que demonstrava na infância, o que não quer dizer que os sintomas tenham diminuído. O resultado desta desatenção crônica somada e eventual ansiedade, impulsividade ou hiperatividade podem ser problemas sociais, conflitos familiares, baixa auto-estima e desorganização interna. Os pais frequentemente não percebem que o filho não lhes dá o retorno esperado não por preguiça, falta de vergonha na cara ou acomodação, e sim porque é INCAPAZ de fazê-lo. Com isso, cobram cada vez mais, sendo cada vez mais severos no modo de repreender. A criança, por sua vez, não costuma admitir que não consegue dar o que lhe é pedido porque ninguém acredita e fica cada vez mais magoada e revoltada com o esporro injusto, sem contar com a frustração de não conseguir agradar ou ser aceita. Algumas vezes até faz parecer que é assim “de propósito”, para sair por cima.

Cobrar concentração, atenção e comportamento “padrão” de um DDA é como cobrar de uma criança paraplégica que ela corra. A diferença é que a limitação da criança paraplégica é bem evidente, então, as pessoas sentem compaixão e não cobram o que a criança não pode dar. Infelizmente as dificuldades de uma criança com DDA estão ocultas e ela aparenta ser uma criança padrão, então, os pais não tem como saber destas dificuldades e frequentemente cobram o impossível de seus filhos. As crianças, por sua vez, tendem a camuflar essa incapacidade como rebeldia ou outra coisa que faça parecer que elas são assim “porque querem” e não por uma incapacidade, talvez por vergonha ou medo de decepcionar os pais. Com isso os pais pensam que o filho é um vagabundo sem vergonha na cara e o massacram em críticas, cobranças ou punições.

Vejam bem, nem toda criança que não fazem suas tarefas ou são agitadas tem DDA. Vejo um excesso ultimamente, pais medicando filhos travessos para ter um pouco de paz. Não se trata disso. Só quero levantar a lebre de que, EM ALGUNS CASOS, PODE SER Distúrbio de Déficit de Atenção. Em caso de dúvida, vale a pena uma consulta a um médico especializado, ou até mesmo a mais de um, leitura de livros sobre o assunto, maior atenção a determinados comportamentos e uma conversa franca com a pessoa que supostamente teria DDA. Mas é preciso ter em mente que também pode ser qualquer outra coisa que não DDA, inclusive pode ser nada.

Muitas vezes, mesmo diagnosticado o DDA, não é necessário tomar remédios. Em minha leiga opinião, acredito que o maior ganho que a pessoa tenha seja tirar o peso da “incompetência” das costas e poder pensar NÃO ERA CULPA MINHA, eu nunca consegui me concentrar para estudar, para fazer tarefas, ser pontual, ser organizado, ser atento, ser detalhista ou o que quer que seja, mas NÃO ERA CULPA MINHA, não era falta de força de vontade, não era burrice, não era corpo mole. Era a falta de uma substância no meu cérebro e não importa o quanto eu tentasse, aquilo não era viável para mim. Tirado este peso das costas, a pessoa com DDA, ciente de suas limitações, pode aprender a criar mecanismos para viver do seu jeito, com as suas particularidades, explicando aos outros o que pode dar e o que não pode. Nem sempre é necessário uma medicação, vai depender do quanto o DDA atrapalha a vida da pessoa.

Normalmente pessoas com DDA escolhem instintivamente trabalhos que não impliquem em prazos, atividades que demandem concentração ou monotonia. Por exemplo, seria um tanto quanto insensato uma pessoa que tem dificuldade de ficar muito tempo sentada, dificuldade de concentração, dificuldade com pontualidade, querer ser um advogado, profissão onde a perda de um prazo pode acabar com os direitos do cliente e onde se exige alto poder de concentração. Costumam se dar muito bem em profissões onde possam fazer seus próprios horários e trabalhar quando lhes bate inspiração e onde criatividade seja mais valorizada do que prazos.

Pessoas com DDA costumam ser mais criativas que o resto de nós, tem pensamentos muito originais e inovadores e uma forma de ver o mundo diferente. Também podem ser muito mais afetivos e intuitivos. Apesar de apresentarem dificuldade para o aprendizado padrão na escola, fora dela tem uma capacidade de aprender muito superior à do resto das pessoas, desde que não sejam obrigados a apender por métodos rígidos. Não raro aprendem a tocar instrumentos musicais sozinhos ou a mexer de forma quase que profissional em computadores apenas usando tentativa e erro.

É muito importante que a pessoa que convive com um DDA também estude o assunto e aprenda como é este jeito diferente de funcionar, para que não lhe cobre coisas que ele simplesmente não pode dar e gere uma rotina de ressentimentos e mágoas. Sobretudo as mulheres, que tendem a medir o amor de um homem pela atenção que este dá ao detalhes. Não, ele não vai reparar se você mudar o cabelo de loiro para moreno (ou vice-versa), não vai lembrar a data de aniversário de namoro (talvez nem lembre do seu aniversário) e não vai prestar muita atenção no que você fala se você não criar mecanismos para prender a atenção dele e exercitar seu poder de síntese. Mas isso não quer dizer que ele não te ame, quer dizer que o cérebro dele funciona de forma diferente . Não é culpa dele, ok? Aceite-o como ele é ou procure alguém que tenha o perfil que você deseja.

Ao diagnosticar o DDA (e ele existe em vários graus) você deve ZERAR na sua cabeça todos os padrões e conceitos sociais e estudar o assunto para entender o que aquela pessoa, seja ela pai, filho ou marido pode te dar. Você deve reconstruir suas expectativas e aprender como lidar com esta pessoa tão diferente de você. Não se trata de ter pena ou de bondade com uma “deficiência”, pois não há deficiência alguma, há apenas um jeito diferente de funcionar, limitações. Não é incapacitante, apenas requer adaptações.

Através da estimulação correta e dos mecanismos corretos, uma pessoa com DDA leva uma vida feliz e normal, mesmo sem tomar medicação. Relógios com timer para alertar a hora de iniciar uma tarefa qualquer, um quadro branco onde se escrevem lembretes das tarefas do dia, horas do dia onde se mantem total silêncio na casa para que a pessoa consiga estudar… cada família descobre seus próprios mecanismos, com muita conversa, tentativa e erro. O importante é não alimentar raiva e revolta (porque sim, DDAs podem ser muito irritantes às vezes), respirar fundo e pensar que a pessoa não é assim por birra, porque é egoísta ou porque é babaca, na verdade, algumas vezes ela não tem escolha.

Descobrir o DDA também pode ser libertador para os pais, que frequentemente se perguntam onde foi que erraram na criação do filho para que ele seja tão “irresponsável”, “descuidado”, “acomodado”, “desleixado” e outros adjetivos pejorativos. NÃO É CULPA DE NINGUÉM, é um jeito diferente de funcionar. Os pais não erraram, porém temem que seus filhos não tenham sucesso na vida e não sejam capazes de desenvolver seus talentos (ou até mesmo de se sustentar) em função de sua desatenção e demais sintomas. Não há erro na criação do filho, o que há é uma estrutura cerebral que não trabalha “conforme o esperado”.

Eu sei que ainda existe muita gente TOSCA no mundo que vai achar que isso é balela, é desculpa para passar a mão na cabeça de vagabundo ou que isso é tudo invenção dessde médicos modernos, e me bate um desespero em pensar nos seus filhos com DDA, sendo cobrados de forma massacrante e nas consequencias disto a longo prazo, então, Desfavor mata a cobra e mostra o pau, para ver se estas pessoas aceitam de uma vez por todas que DDA não é modismo, não é invenção e que não há qualquer controvérsia sobre sua existência.

Vejamos as fotos abaixo.

A primeira foto é a de um cérebro padrão. A segunda foto mostra o cérebro de uma pessoa com DDA em descanso e a terceira foto mostra o cérebro de uma pessoa com DDA tentando se concentrar. Os “buraquinhos” na imagem do cérebro com DDA mostram as áreas onde há menor metabolismo de glicose, ou seja, onde ocorre a chamada “hipofunção”. Esta hipofunção significa que há uma grande quantidade de neurônios que pulsam mais devagar que o esperado. Assim, quando um DDA tenta se concentrar, sua atividade cerebral DIMINUI em vez de aumentar, daí a sensação tão comum de “quanto mais eu tento, pior fica”. Simplesmente não é viável obrigar um DDA a sentar e estudar ou praticar qualquer atividade que demande concentração por longo período de tempo forçado, ele é neurologicamente incapaz de fazê-lo. Isto não o torna burro, muito pelo contrário, costumam ser mais inteligentes do que a média, isto apenas faz necessário que ele seja estimulado de uma forma diferenciada.

O cérebro funciona através de descargas elétricas, que são a “forma” de comunicação de um neurônio para o outro. Então, como foi dito, o DDA gera um “excesso de atividade de ondas lentas” no córtex pré-frontal, o que gera uma diminuição das funções desta área. E quais são as funções do córtex pré-frontal? O córtex pré-frontal é responsável funções de controle voluntário da atenção, planejamento, julgamento e tomada de decisões, auto-controle, sensibilidade a conseqüências de longo prazo e controle motor fino. Isso explica muita coisa, inclusive porque muitos DDAs tem uma letra horrenda dos infernos. Quando o pré-frontal apresenta hipofunção, com excesso de ondas lentas, ele não envia os sinais necessários para que outras áreas do cérebro possam funcionar adequadamente e estas funções desempenhadas pelo córtex pré-frontal podem ficar comprometidas. Após esta descoberta, vem sendo desenvolvido um tratamento não invasivo e não medicamentoso chamado “Neurofeedback”, sobre o qual eu adoraria discorrer, mas o limite mesquinho de quatro páginas me impede.

Alguns remédios podem aumentar a capacidade de concentração da pessoa e minimizar outros sintomas desagradáveis. O remédio mais conhecido é a Ritalina, mas não é o único. Muitas vezes, entendendo seu padrão de funcionamento, a própria pessoa pode se condicionar e amenizar alguns comportamentos sem remédio algum. Tudo vai depender do quanto o DDA está atrapalhando ou prejudicando a pessoa. Além de eventual tratamento médico, acredito que se estiver ao alcance da pessoa, poderia ser benéfico um acompanhamento psicológico, principalmente daquelas que descobriram o DDA na vida adulta. As cobranças, brigas, frustrações e sensação de inadequação podem atrapalhar a vida e quem passou por isso.

A mensagem que fica é: se você descobriu que tem DDA, se perdoe e se ame, todos os erros relacionados às funções do seu córtex pré-frontal não foram resultado de falta de força de vontade nem de burrice. Não é culpa sua, não é culpa de quem te criou. Aceite-se, ame-se e crie mecanismos para conviver em paz consigo mesmo e com os outros diante da sua nova realidade. Estude, entenda-se e recomece sua vida, desta vez com conhecimento real do que esperar de você mesmo.

FAQs

“Mas Sally, no começo do nosso namoro meu namorado com DDA prestava atenção em mim e em tudo que eu falava, mas agora não presta mais atenção. Isso quer dizer que ele tem a capacidade de prestar atenção em mim, e agora simplesmente está me tratando com desleixo, será que ele não gosta mais de mim?” – NÃO! Como eu expliquei, atividades novas e empolgantes podem desencadear um hiperfoco no DDA e fazer com que ele fique preso a aquela atividade por horas concentrado nela. No começo de namoro tudo é novidade, tudo é excitante. Não que você não continue sendo interessante para ele, mas simplesmente não é aquela febre do começo – e nem seria normal se fosse. Não meça o amor dele pela atenção, meça pelos atos. DDAs podem ser muito mais generosos e dedicados do que pessoa tidas como “normais”.

“Sally, meu filho é DDA mas também é burro. Pegunto para ele se ele fez a lição de casa e ele simplesmente mente dizendo que fez e horas depois eu constato que não fez porra nenhuma! Como pode ser tão burro de mentir em uma coisa que sabe que vai ser descoberto?” – Não, ele não é burro. Ele tem traços de impulsividade, ansiedade e hiperatividade. Ele não mede consequencias e tem dificuldade de visualizar a consequencia dos seus atos a longo prazo. Pense com a cabeça dele: uma criança que chega da escola louca para brincar, quando a mãe pergunta se fez o dever. A ansiedade e inquietude para brincar é tanta que ele dispara um “sim” sem pensar em mais nada, porque quer brincar a qualquer custo, ele não teve a capacidade de prever as consequencias dos seus atos. Alguns DDAs se comportam de formas quase que suicida quando querem muito uma coisa, não medem as consequencias e não conseguem ler as placas de “Pare”, ficam momentaneamente cegos. Não é burrice, é impulsividade.

“Sally, meu filho DDA não gosta de ir para a escola. É um transtorno acordá-lo, convencê-lo a ir para a aula e fazer os deveres e estudar. Ele é um vagabundo, preguiçoso, acomodado que vai ser um fracassado na vida?”. Imagine um lugar que seja seu pior pesadelo, onde você tivesse que enfrentar todos os seus medos e te expusesse a um desconforto enorme. Este lugar costuma ser a escola para um DDA. Além de ser obrigado a ficar horas sentado e quieto, ainda é obrigado a ficar tentando se concentrar para entender as aulas e fazer as tarefas, na maior parte das vezes sem sucesso. É frustrante, é cansativo, é desesperador. Seu filho não é um vagabundo, seu filho está sofrendo por estar em um ambiente quase que incompatível com seu funcionamento cerebral. Estimule seu filho de formas diferentes, criativas, divertidas e sem pressão e você verá retorno. Muitas vezes a própria escola promove algumas alterações na dinâmica da aula que resolvem o problema.

“Convivo com um DDA e sei que pode parecer implicância minha, mas eu tenho a clara impressão de que ele está sempre procurando conflitos. Ele abre a boca e fala um monte de coisas que evidentemente vão causar brigas, qual é o problema dele? Falta de noção? Ou ele gosta de brigar?” – DDAs com traço de impulsividade falam sem pensar, o que muitas vezes acaba por lhe trazer problemas. Falam e não entendem porque a pessoa se exaltou tanto reagindo ao que foi dito. Além deste agravante, DDAs podem mesmo buscar conflitos de forma inconsciente, não porque sejam encrenqueiros, mas porque o conflito estimula seu córtex pré-frontal. Eles não planejam bucar conflito, eles não sabem que buscam conflito e se você perguntar eles negarão que o fazem, mas muitas vezes fazem sim. Provocar conflito ou confusão é uma forma de estimular, de “ligar” a parte do cérebro na qual eles tem uma disfunção. É como turbinar um carro lerdo. Se elas conseguem que seus pais ou cônjuges tornem-se agitados ou gritem com elas, isso pode aumentar a atividade de seus lobos frontais e ajudá-las a sentirem-se mais sintonizadas. A busca pela estimulação desta parte do cérebro é tanta que DDAs se utilizam de outros mecanismos inconscientes para tal, como por exemplo, remoer problemas. O tumulto emocional gerado pela preocupação ou por estar aborrecido produz agentes químicos de estresse, que mantêm o cérebro ativo. O que fazer? Não dê ao DDA o que ele procura. Não arrume confusão, não brigue. Isto vai desencorajar sua busca por conflito, pois não vai ter a “droga natural” que seu cérebro precisa: estresse, gritaria, confusão. É difícil, principalmente quando se trata de uma criança, eu sei, mas é o melhor, pois o uso crônico do estresse para auto-estimulação cerebral a longo prazo ferra com o sistema imunológico da pessoa e traz outras consequências graves. Não alimente o troll.

“Sou DDA e algumas coisas ajudam a aumentar minha concentração, como café, açúcar, Coca-Cola e cigarro. Acabei de tornando dependente delas e tenho medo de me tornar dependente de coisas mais pesadas, meu medo procede?”! – Sim, DDAs tem propensão ao vício não apenas para amenizar os sintomas de déficit de atenção como também em função de diversos outros fatores físicos, emocionais e sociais. O vício pode ser em drogas, em alcóol ou até mesmo em comida. São apenas muletas, o ideal é que você consiga viver bem sem depender disso.

Para saber mais sobre o assunto, recomendo alguns livros. Para um primeiro contato, um livro bem simples e didático é o “Mentes Inquietas” de Ana Beatriz Barbosa Silva. Para quem quer se aprofundar tem um livro muito bom de Russell Barkley e outro bem interessante (sobretudo quando o foco são crianças) de Thomas W. Phelan. E tem também o e-mail da Tia Sally.

Para dizer que eu tenho que conhecer meu público alvo e não fazer uma postagem imensa direcionada a quem tem problemas com atenção, para dizer que tudo isso se resolve com uma boa surra na criança ou ainda para dizer que tem medo de tomar Ritalina e ir parar em um show do Phil Collins como aconteceu com o Cartman: sally@desfavor.com

MÃOS AO ALTO!Cadê o seu Deus + Não Disse = HAHAHAHAHA

Kaká e sua esposa romperam com a Igreja Renascer em agosto deste ano, porém a notícia só veio a público na última semana. Os motivos? Kaká prefere não falar. No lugar dele eu também não falaria, porque não é bacana passar atestado de otário e admitir que é um imbecil que perdeu anos do seu tempo e uma soma considerável de dinheiro nas mãos de dois criminosos que exploram a boa fé das pessoas. Pior: admitir que fez propaganda para bandido, levando mais gente para este lugar de merda, uma vez que no Brasil, jogador de futebol que erra concordância é formador de opinião.

Eu poderia fazer desta postagem um “Não Disse?”, porque avisamos várias vezes quão otário Kaká estava sendo. Mas não teria graça, porque não tem mérito algum perceber que a Bisca Sônia é uma criminosa estelionatária. Então me resta perguntar ao Kaká: CADÊ O SEU DEUS?

Deve ser muito chato ser um colaborador generoso e constatar, após inúmeros desabamentos de tetos em Igrejas (CADÊ O SEU DEUS para todos os que morreram ou perderam entes queridos nesses desabamentos, by the way), que os templos eram construídos com material e mão de obra de segunda. Cai teto na Mooca, cai teto em Cambuci… até o mais idiota dos idiotas começa a desconfiar. Daí o mais idiota dos idiotas consulta um perito que lhe informa que o teto não caiu por obra de Deus e sim por negligência. Deve ser uma sensação ruim, algo como duas orelhas de burro na cabeça. Para completar, sua esposa ainda barraqueia com a filha do dono da Igreja e… pronto. Aquilo que você sabia que tinha que fazer por questões éticas você acaba fazendo porque sua mulher te enche o saco para fazer porque está de picuinha com outra mulher.

Cá entre nós, bandidos eles sempre foram. Tem até condenação judicial. São bandidos declarados por sentença, condenados a quatro anos de reclusão. Se depois dessa Kaká não viu a verdade, não seria agora que veria. O motivo determinante não foi a consulta ao perito e a constatação que eles embolsam dinheiro na construção dos templos em detrimento da segurança dos fiéis. O motivo foi o desentendimento de sua esposa, Caroline Celico, com a filha do casal-bandido, Fernanda Hernandes. Você, Amigo Cueca, que já viu sua namorada brigar com outra mulher, me diz se tem condição de continuar frequentando o mesmo lugar onde a desafeta vai? NÃO TEM, mulher quando briga é muito pau no cu e fica paunocuzando todos à sua volta quando tem que conviver com a outra.

Kaká, CADÊ O SEU DEUS que te deixou ANOS doando FORTUNAS para dois estelionatários condenados pela justiça? CADÊ O SEU DEUS? Eu não deixaria nem um conhecido passar por esta vergonha, quanto mais um fiel que dedica sua vida a mim! Deus provavelmente estava rindo com a mão na barriga, em uma vibe meio Chaves, apondando e dizendo “Que burro!”

Para piorar, na hora de falar bem, Kaká fez uma puta publicidade desses delinquentes durante anos, mas na hora em que constatou que são bandidos, mentirosos, criminosos que causaram a morte de várias pessoas, preferiu de omitir. BONITO, MUITO BONITO. Conivência com assassinato, viu Kaká. Como você põe a cabeça no travesseiro e dorme à noite? Diga às pessoas tudo que você descobriu, para que elas não sejam exploradas como você foi. Você pode evitar o sofrimento de muita gente, mas não, prefere se omitir, para ficar bonito na fita, para sair de fino, que não se mete em confusão. COVARDE.

Kaká, você pagava um dízimo anual à Renascer de DOIS MILHÕES DE REAIS para que eles colem as paredes das igrejas com cuspe e tudo desabe na cabeça dos otários que perdem seu tempo indo até lá. CADÊ O SEU DEUS que deixou você ser roubado por anos e anos sem te dar ao menos um sinal de que aquele não era o caminho?

CADÊ O SEU DEUS que te deixou tantos anos vinculado a essa quadrilha que é a Renascer a ponto de você nunca mais poder desvencilhar sua imagem à deles? O que vai mudar é o título, mas o vínculo continua: de O Otário que Doa Dois Milhões por Ano para O Otário que Passou Anos Doando Dois Milhões por Ano. PALHAÇO, PATETA. Saindo pela porta dos fundos em vez de advertir quem fica e continua sendo explorado. CAGÃO. Sorte sua que brasileiro é um bando de ovelha sem memória, se não nunca mais na vida você era chamado para uma publicidade.

Aliás, CADÊ O SEU DEUS para todo o mundo. Que Deus é esse de vocês que deixa que uma quantia absurda como DOIS BILHÕES seja dado todo ano para bandidos que tentam sair do páis com dinheiro escondido em uma Bíblia? EM UMA FUCKIN BÍBLIA, podia ser mais caricato e mais deprimente? CADÊ O SEU DEUS que não agiu para que este dinheiro fosse encaminhado para crianças que MORRERAM DE FOME mas não teriam morrido se tivessem este “patrocínio”? CADÊ O SEU DEUS que não se mexeu para dar uma destinação justa para estas somas anuais?

CADÊ O SEU DEUS que premia bandidos que usam a fé para explorar os outros com gordas contribuições anuais por anos e mais anos? CADÊ O SEU DEUS que nunca te ajuda a ganhar na Mega-Sena mas enriquece dois bandidos que saem do país com dinheiro enfiado em uma Bíblia, falando em nome Dele? Acordem para a vida, ou estamos sozinhos e não existe Deus porra nenhuma ou então o Deus que existe é bem sádico e está se divertindo horrores com a nossa burrice, sem manifestar a menor intenção de nos ajudar.

Para dizer que o desabamento do teto sim foi coisa de Deus, para dizer que vai abrir uma igreja só para ver se consegue Kaká como um seguidor ou ainda para dizer que eu esqueci de perguntar “Cadê o seu Deus que te deixou casar virgem?” para o Kaká: sally@desfavor.com

TROLOLOLOLOLOLOLendo as reclamações das histéricas que acharam o texto de ontem chato, não tive dúvidas… Era a hora deste texto! Let’s roll, bitches!

Uma das minhas maiores preocupações neste texto é vencer os preconceitos que pairam sobre o jogo. Ok, é mesmo uma nerdice, mas quem disse que isso necessariamente significa atividade enfadonha para pessoas escapistas? Há pouco tempo atrás, ficar o dia todo em redes sociais na internet era visto da mesma forma… (SPOILER: Ainda é ridículo, mas não se pentelha mais quem o faz.)

HISTÓRIA

Interpretar papéis é uma constante na história da humanidade. Temos essa capacidade incrível de conseguir nos imaginar no lugar de outros seres em realidades completamente diferentes das nossas. O desenvolvimento do cérebro humano e sua capacidade de abstração passou, e muito, pelo treinamento dessa habilidade pelas expressões artísticas.

Teste de Resistência contra o Sono: Falha crítica.

Tá, tá… O RPG está intimamente ligado ao teatro (além de nerd é viado? putz…) e a ficção em geral. Já existiam relatos de atividades bem parecidas com o RPG na Europa do Século XVI, onde grupos de artistas nômades faziam teatro de improviso para ganhar a vida. Eles tinham personagens e cenários pré-definidos, mas a história e os diálogos se desenvolviam na hora da apresentação.

Ao mesmo tempo que o teatro de improviso se desenvolvia de um lado, os jogos de tabuleiro baseados em dados, cartas e quaisquer outros elementos de aleatoriedade iam se popularizando. Se você já jogou Detetive, War ou até mesmo Monopólio, já participou de formas simplificadas do RPG.

O que faltava era juntar as duas coisas de vez.

E é aí que entram dois dos maiores ídolos nerds da história: Dave Arneson e Gary Gigax. Nos anos 60, os dois se uniram para escrever a primeira edição de Dungeons & Dragons, a marca mais conhecida no mundo dos RPGs até hoje. Eles se basearam na época medieval porque suas referências eram jogos de guerra (neguinho se vestia de cavaleiro medieval e saia brincando de lutinha… a mulherada ia à loucura!) que eles e outros nerds jogavam na época.

Arneson e Gigax achavam que estavam criando mais um joguinho para algumas outras “almas gêmeas” espalhadas pelo país, mas não demorou muito para que se percebesse o TAMANHO da classe nerd espalhada pelo mundo. Dungeons & Dragons se tornou um sucesso muito além do imaginado depois de ser publicado em 1974.

E como isso funcionava?

ELEMENTOS

Funcionava basicamente do mesmo jeito que funciona até hoje: Um cenário, regras, personagens, mestre, jogadores, aleatoriedade e muita merda na cabeça.

Cenário: Não estamos falando apenas do plano de fundo de uma cena, estamos considerando a realidade na qual os jogadores vão ter que “acreditar” enquanto estão jogando. Passado, presente e futuro: Tem cenário para todo tipo de nerd. Dungeons & Dragons ficou famoso trabalhando com uma época medieval onde magia e monstros dividem espaço com os humanos (A Elfa vai ver sua beleza interior…) Já Vampiros (outro RPG famoso) resolveu colocar suas personagens na época atual, mas com 100% mais viadagens góticas (pleonasmo!).

Regras: Nem todo mundo sabe brincar. Se deixar uma pessoa como a Sally, por exemplo, jogar um jogo desses sem nenhuma regra, ela vai dizer que explodiu o mundo com uma bomba atômica na primeira chance e ir fazer outra coisa da vida. As regras são o que efetivamente transforma o RPG num jogo. Para simular a realidade naquele cenário, precisa-se saber quando algo funcionou ou não. Alguns RPGs preferem regras simples demais (“role um dado para saber se seu anão tetraplégico venceu a corrida contra Usain Boltomir”), outros gostam mesmo é de complicar (“role dezesseis dados para saber a consistência do que você acabou de cagar”).

Personagens: Povoando o cenário, várias categorias de seres que deveriam se adaptar a virtualmente qualquer gosto dos jogadores. Claro que por ser um jogo de forte apelo nerd, só nessa podemos ter várias subcategorias de personagens possíveis. Variando por raça (Orcs são mais fortes e menos inteligentes? Racistas!), sexo (Mulheres diferentes de homens de alguma forma? Machistas!), profissão (Talentos iguais para todos os que trabalham numa mesma profissão? Comunistas!) e por aí vai… E sim, homem que joga interpretando mulher costuma ser viado.

Mestre: O mestre de uma sessão de RPG é quem define o resultado de tudo o que não se baseia em aleatoriedade. Também chamado de narrador, porque é efetivamente quem tem o papel de fazer a história avançar, o mestre quase sempre cria a “aventura” em questão (afinal, seria meio chato se todo mundo soubesse o que vai acontecer antes de jogar…). Não é tarefa para qualquer um, pode ser bem chato para quem não tem tara por controle e manipulação (Oi!).

Jogadores: O jogo pode variar completamente de acordo com a personalidade e “nerdice” dos jogadores envolvidos. Enquanto jogadores mais sérios (losers) rendem histórias mais profundas, rivalizando com bons livros de ficção, são mesmo os palhaços e os malucos que tornam o jogo em si divertido. Apelando para o público mais “normal”: Você vai querer se enforcar de tédio e frustração se jogar com um grupo de pessoas que tratam RPG como uma coisa séria, mas vai entender a graça do jogo se “perder o cabaço nerd” com um grupo de pessoas bem humoradas e criativas. Eu sei porque já joguei com grupos dos dois extremos e achei os sérios um enorme pé-no-saco. E olha que de normal eu não tenho quase nada…

Aleatoriedade: Tem dado em casa? A maioria dos RPGs são baseados nos resultados dos dados. Mas não se preocupe, a quantidade de contas não exige matemática avançada… A não ser que você tenha dificuldades em definir se seis é maior que cinco, os dados vão ser apenas um elemento de suspense (e risadas, se der tudo errado) na jogatina. Na prática você narra o que pretende fazer dada a situação e os dados te dizem se isso funcionou ou não. Os sistemas costumam ser baseados em escalas: Digamos que você quer que seu elfo drogado jogue um garfo no inimigo. Um acerto perfeito faria você acertar o garfo na jugular dele, matando-o na hora. Um acerto comum pegaria em qualquer parte desprotegida dele, ao critério do mestre. Um erro comum te faria jogar o garfo longe. Um erro crítico te deixaria preso dentro de um elevador ameaçando se matar… É tudo criado na hora, de acordo com os resultados das jogadas e a imaginação de mestre e jogadores.

Merda na cabeça: E aqui, o principal… Se você vai jogar RPG para fazer pose de fodão, está OBVIAMENTE no lugar errado. São as idéias cretinas e a imaginação doentia que fazem uma história ser única. E é um trabalho conjunto: Se o mestre não viaja na maionese, o jogo fica previsível e repetitivo. Se os jogadores não perderem a linha, o mesmo. Nada como um maluco cismando que vai xingar aquele Ogro de três metros de altura para adicionar um pouco de surpresa no jogo. E por incrível que pareça, ninguém ganha o jogo. O jogador que está preocupado com isso não vai entender lhufas e ainda vai atrapalhar os outros. O único objetivo é se divertir. (RPG bêbado é quase tão bom quanto Poker bêbado…)

TIPOS

Existem variações nos sistemas, mas a base de um RPG é que você toma decisões não-aleatórias para resolver situações aleatórias. (Foi mal, Dawkins…)

Atualmente, temos três grandes grupos de modalidades de RPG:

Mesa: É o mais famoso no imaginário popular. Um grupo de pessoas se reúne numa mesa, munido de livros, papéis, dados e foras dados por mulheres que convidaram para sair no dia.

Exemplo de sessão:

Mestre: Vocês encontraram um dragão.

Jogador: Dentro do esgoto?

Mestre: Anh… Um dragão do esgoto.

Jogador: Tem certeza que não é um rato?

Mestre: O Dragão do Esgoto acabou de te contaminar com Leptospirose!

LARP: Sigla para Live Action Role Playing, a versão mais hardcore (e por hardcore eu quero dizer nerd) do RPG. Quem joga assim veste o personagem… literalmente. Ao invés de narrar suas ações, eles realmente as executam.

Exemplo de sessão:

Jogador: Ah é? Basta eu dar um salto mortal e eu salvo a donzela!

*outros jogadores se entreolham*

Jogador: Minha armadura é muito pesada e… eu só… vou… andar até ali.

Virtual: Desde os japoneses (onde todos os homens parecem mulheres e todas as mulheres parecem crianças) até os ocidentais (onde todos os homens são musculosos e todas as mulheres peitudas), temos um mercado de games de RPG que só aumenta a cada ano. Na média são baseados em extenuantes tarefas repetitivas que geram resultados minúsculos. Crack virtual. (Farmville = RPG)

Exemplo de sessão:

*click* *click* *click* *click* *click*
*subindo de nível*
*click* *click* *click* *click* *click*
*subindo de nível*
*click* *click* *click* *click* *click*
*virando o Rafael Pilha*

ELISTISMO

É compreensível que tanta gente ache que jogar RPG é algo chato e relegado apenas aos seres ignorados pela sociedade em geral, afinal, acham chato qualquer coisa que exija algo a mais do que “estar ali” para apreciar. Ir para uma balada e encher a cara é sinônimo de status. Jogar um jogo que exige cultura, criatividade e bom humor é coisa de otário.

Eu tenho uma regra, personalíssima: Se dada atividade pode ser feita DA MESMA FORMA por um chimpanzé treinado, não é motivo de orgulho. Mas ei… eu sou eu. Nerd.

Jogadores de RPG podem ser completos babacas sem vida, jogadores de RPG podem ser pessoas divertidas e bem humoradas. A ironia é que as pessoas que tem preconceito com RPG são justamente aquelas que definem uma pessoa por causa de um joguinho…

Para apontar e rir, para dizer que eu consegui ser mais preconceituoso do que quem não gosta, ou mesmo para dizer que achou o assunto chato e uh-uh-ah-ah-AAAHHH!: somir@desfavor.com

Fax Modem e Dana ScannerBuscando conhecimento, os donos deste blog discutem sobre a possibilidade de alienígenas realmente visitarem o planeta Terra. Enquanto ela acha perfeitamente razoável que visitantes extraterrestres já passeiem por nossas bandas, ele aplica o seu habitual ceticismo na análise.

Tema de hoje: Eles estão entre nós?

SOMIR

Correndo o risco de estar falando uma bobagem: Não, nunca tivemos uma visita de alienígenas ao planeta Terra. Por mais que seja confortável usar a eterna escapatória de “não duvido de nada”, eu prefiro contar com a lógica e com os conhecimentos adquiridos até hoje.

Já tinha falado “por cima” sobre o assunto em outras vezes, mas nunca é demais reforçar: Por questões estatísticas, é praticamente impossível que a Terra seja o único planeta a abrigar vida. Não duvido de vida extraterrestre, até mesmo considerando seres inteligentes.

Mas não é só porque a vida fora de nosso planeta é provável que isso quer dizer que todos os ENORMES obstáculos para a viagem interestelar (na melhor das hipóteses) já tenham sido vencidos.

Vivemos num universo onde as distâncias são gigantescas e o limite de velocidade é cruel. Quanto mais rápido se vai, mais energia é necessária para continuar acelerando… Para acelerar um simples átomo à velocidade da luz precisaríamos de energia infinita. Não é só questão de construir uma nave muito rápida.

E olha que a velocidade da luz nem é tão rápida assim se considerarmos a escala do universo. O telescópio Hubble já capturou fótons que precisaram viajar por mais de 14 bilhões de anos para chegar até aqui… Uma viagem curtinha nessa escala seria de alguns milhares de anos.

Antes que eu descambe para a nerdice (mais ainda): Estou dizendo que os alienígenas também teriam que resolver problemas para lá de cabeludos para fazer suas visitinhas. Eu sei que existem teorias para contornar os limites do universo, mas não há nenhuma garantia que essas coisas são possíveis.

Seria necessária uma civilização MUITO, MAS MUITO mais avançada do que a nossa para que essa tecnologia seja ao menos uma hipótese. A nossa demorou mais ou menos um milhão de anos pós-macacos para mandar um de nós à Lua. E aqui temos a questão do “funil”.

A civilização humana é resultado de um afunilamento de possibilidades tão incrível que começa a rivalizar com as generosas probabilidades de vida fora da Terra. Da mesma forma como é fácil que tenhamos vida em outros planetas, a chance de alguma dessas formas de vida ter evoluído para seres pensantes com sanha de conquista espacial equilibra as coisas. E ainda temos a probabilidade de alguma dessas civilizações ter florescido com um cérebro ainda mais tosco que o nosso.

Por mais que não seja um absurdo pensar em civilizações avançadas (bem mais que a nossa), fica difícil dizer que elas são tão numerosas a ponto de termos várias logo aqui por perto. (Por causa das limitações de viagens espaciais, é mais razoável considerar vizinhos próximos…)

E o funil fica ainda mais apertado: Quantas vezes não passamos perto de jogar fora toda nossa evolução social em guerras e chiliques religiosos? Quantas doenças e desastres naturais não praticamente venceram a humanidade em tempos passados? Evolução tecnológica consistente a ponto de permitir grandes deslocamentos dessa espécie necessita de milênios de paz e bonança. Você realmente acredita que alguma espécie inteligente consegue manter esse ritmo por tanto tempo?

A nossa às vezes parece que não vai conseguir. E não podemos esquecer que o universo é um lugar aleatório e extremamente perigoso. Temos uma sorte INCRÍVEL de ainda não termos sido cozinhados em potência máxima por uma (comum) erupção de raios gama. Sem contar o risco sempre presente de levar um meteoro nos cornos e acabar como os dinossauros.

Civilizações acabam.

O que eu quero dizer aqui é: É DIFÍCIL, DIFÍCIL PRA CARALHO. A equação de Drake é bacana, mas vira um baita de um chute no escuro quando considera civilizações com capacidade de comunicação.

“Nhé, mas não é impossível…”

Ok, não é impossível. Assim como não é impossível que seu cachorro comece a falar amanhã. Ele tem cordas vocais, não?

Mas vamos seguir em frente. Temos inúmeros relatos e “provas” das visitas alienígenas na Terra. NENHUMA PROVOU NADA ATÉ HOJE. Conspiração? Será que o governo não quer você saiba a verdade? *música de suspense*

O problema de passar décadas e décadas tentando provar algo e ser desmascarado vez após vez é que isso mina a sua credibilidade. As fraudes e enganos óbvios e ridículos ultrapassam os casos inexplicados numa proporção tão avassaladora que não é simplesmente chatice continuar com o pé atrás com a ufologia. Tem gente que jura que viu ET e disco voador, tem gente que jura que viu Deus, tem gente que jura que viu o saci-pererê… Isso não quer dizer nada no final das contas.

Esse povinho faz questão de dizer que “sabe o que viu”, no que eu sempre respondo: Sabe o seu rabo! Como é que um ser humano sabe que viu algo oriundo de outro planeta/civilização? Nasceu por lá e veio de disco-voador pra cá, gênio? Existem tantas outras possibilidades tão mais reais, mas como a imaginação pinta o quadro mais bonito (“vou ser alguém importante… finalmente!”) fica-se com a fantasia.

E, porra… Será que só eu me toco de QUÃO avançada seria uma civilização que consegue trazer naves para um planeta muito distante? (Se estivessem por perto, saberíamos…) Os alienígenas do imaginário humano são uns babacas: Aparecem para algumas pessoas (quase sempre a escória da escória intelectual) e ficam brincando de esconde-esconde com a grande população. Seres fantasiosos são assim: Pensam e agem EXATAMENTE como as pessoas que os imaginaram pensam e agem. (Oi Deus!)

Se eu, macaco pelado, consigo perceber como o comportamento deles é retardado, pode ter certeza que eles perceberiam também. Se estão nos estudando e não querem ser detectados, são incompetentes. Se estão tentando nos ajudar com algum problema global, são ainda mais incompetentes, porque só se comunicam com gente sem credibilidade. Se estão preparando uma invasão… Gezuiz… eu tenho até pena deles.

Resumão: Mesmo considerando a ridiculamente improvável possibilidade de UMA civilização sequer vencer os obstáculos da viagem espacial, o comportamento de seres tão avançados assim seria completamente diferente, estamos falando de milênios e milênios de evolução a mais que a nossa.

Espero estar errado. Mas duvido que esteja.

Para dizer que tem FÉ nos contatos imediatos com alienígenas, para me avisar que o sindicato dos nerds vai me expulsar, ou mesmo para dizer que eu devo estar a serviço deles: somir@desfavor.com

SALLY

Eu acredito que extraterrestres visitam a Terra? SIM. Eu acredito que todos os relatos que existem de visitas de extraterrestres à Terra são verdade? NÃO. Dizer que existe não é sinônimo de acreditar incondicionalmente. Quem tem senso crítico pode filtrar, dentro de um mesmo gênero, quais são os casos concretos verossímeis.

Eu sei que existem muitas pessoas carentes que querem chamar a atenção e acabam se convencendo (e convencendo terceiros) de que viram alienígenas, espíritos, santos ou qualquer outro nome que se queira dar à fantasia que torna estas pessoas “especiais” como forma de suprir suas carências. Também sei que existe quem explore o imaginário coletivo de forma estelionatária (Urandir? Oi?) ganhando dinheiro com supostos ETs que nunca viu. Mas isso não quer dizer que no meio de 99% de mentiras não possa existir ao menos uma verdade.

É muita arrogância da Madame aqui de cima achar que tem ciência de TODOS os casos relatados no mundo e que desautoriza TODOS os relatos e até mesmo documentos já produzidos sobre visitas de alienígenas à Terra, dizendo que não acredita que eles vem aqui enquanto ELE, SOMIR, não constatar por seus próprios olhos. Eu nunca vi (e espero morrer sem ver, porque me pelo de medo), mas acredito. Não sou Silvio Santos, que só acredita vendo. Um conjunto de evidências me fazem crer.

Além do bom senso e do juízo crítico, conheço pessoas de minha inteira confiança, com a cabeça no lugar e extremamente céticas, que relatam terem tido contato com alienígenas. Eu acredito. Não posso provar, até porque não foi comigo, mas porra, eu acredito. Não são relatos sem noção, de ETs que mandaram “buscar conhecimento”, são apenas visões.

Sabem porque eu acredito? Porque não tenho a arrogância de achar que o que EU não vi não é verdade ou ainda de achar que se não há provas a presunção é de inexistência. Me recuso a acreditar que, dos milhões de relatos que pipocam em todos os países dos quatro cantos do mundo, ao menos UM não seja verdadeiro. Me recuso a acreditar que existem publicações científicas e revistas especializadas sobre algo que nunca existiu e não passa de uma mentira. Ninguém engana todo mundo ao mesmo tempo por muito tempo.

Eu tenho a capacidade de confiar nos relatos de pessoas próximas mesmo sem ter provas disso. Mais: eu confio no meu discernimento e bom senso a ponto de não precisar ficar me protegendo atrás do argumento “não tem provas” para me permitir acreditar em algo. Os dados, relatos e publicações a esse respeito me bastam para acreditar que sim, já aconteceu ao menos uma vez. Não sei quando, não sei onde, mas eu acredito que eles venham para esta porcaria de planeta. Não sei porque, não sei para que, mas que vem, vem.

Lembro que da única vez que conversei com a Madame aqui de cima sobre isso ele me disse que as aparições não faziam o menor sentido. Não fazer o menor sentido PARA ELE não quer dizer que não faça o menor sentido. Ou por acaso conhecemos a lógica, as vontades e os objetivos dos alienígenas? Dentro da nossa lógica pode não fazer o menor sentido, mas, pasmem, não somos os donos da razão nem o centro do universo. Dói, né? Mas é verdade. Por isso argumentos como “se eles viessem fariam (ou não fariam) tal coisa” ou outros na mesma linha de pensamento não são argumento, são apenas um atestado de arrogância.

E para aqueles que não acreditam em relatos humanos e acham que tem sempre uma explicação que leva o expectador a um equívoco, gostaria de lembrar que muitos documentos como fotos e vídeos foram desmentidos, mas alguns continuam sem explicação até hoje. Como lidar com estes documentos que não tem explicação? Olha, se me apresentam uma foto de um objeto voador não identificado (vulgo OVNI) e peritos, ciência e ufólogos não sabem me dizer o que é, para mim basta para presumir que existe alguma forma de vida que eu desconheço passando por aqui.

Eu sei que é tentador querer acreditar que sabemos tudo, que temos o controle de tudo e que aquilo que desconhecemos ou não explicamos é fruto de uma fraude ou mentira que tem sim uma explicação racional, mas a verdade é que às vezes não temos explicação para tudo. Fenômenos paranormais, extraterrestres e outros do mesmo gênero nos despertam presunção de fraude, mas em alguns (poucos) casos, nos deparamos com a verdade assustadora: aquilo não pode ter sido forjado por um ser humano. Logo, advém de outro ser vivo racional que desconhecemos. Não é uma constatação lógica?

Se você passa por uma rua onde tem destroços queimados de uma casa, ainda quentes, ainda saindo fumaça, cinzas espalhadas e bombeiros no local, presume o que? Que houve um incêndio. Pois bem, se o Somir passar por lá vai dizer: NÃO, não podemos afirmar que houve um incêndio porque EU não vi o fogo! Ceticismo em uma dose razoável nos protege, mas ceticismo em excesso nos cega e nos emburrece tanto quanto aqueles que acreditam em tudo sem questionar. É o outro lado da moeda da ignorância.

Acreditar que alienígenas visitam a Terra (ou que já visitaram, tanto faz) não implica em acreditar em teorias da conspiração ou em casos famosos. Eles podem nos visitar sem qualquer alarde, discretamente. Acreditar na visita de ETs não significa acreditar em todo o circo que montam em torno do assunto. E para quem quer uma “prova” palpável e conhecida, eu sugiro o seguinte exercício mental: pense na matemática. Pense na lei da probabilidade. Pense no número de relatos de contatos com ETs em todo o mundo nos últimos cem anos. Agora PENSE, qual é a probabilidade matemática de TUDO ser mentira?

E só para fechar com chave de ouro… Gostaria de lembrar que a Madame aqui de cima também se pela de medo de ETs, vide um Siago Tomir sobre o assunto. Estranho, não? Ter medo de algo que você tem a certeza de que não visita seu planeta. Sem mais, me despeço.

Para dizer com voz de criança e sotaque do interior a frase “busquem conhecimento”, para dizer que eu não preciso ter medo de ETs porque eu não sou tão especial a ponto deles viajarem galáxias só para me ver ou me abduzir ou ainda para dizer que lá no fundinho você acredita mas tem medo de fazer papel de bobo, por isso fica repetindo que não acredita: sally@desfavor.com

facepalmComo o desfavor já explicou anteriormente, por mais que a Wikileaks faça barulho com os seus vazamentos de informações privilegiadas, vira e mexe as coisas acabam girando ao redor de seu fundador: Julian Assange.

Nesta semana, ele se entregou à polícia inglesa para dar continuidade ao processo que responde na Suécia por dois estupros. Tudo isso enquanto grandes empresas tentam sufocar financeiramente sua entidade. Na falta de melhores opções, os governos “sacaneados” por Assange estão tentando se vingar.

Desfavor da semana.

SOMIR

Mantenho: Ainda acho que Assange e a Wikileaks estão agindo de forma errada no Cablegate. Não exatamente pela minha simpatia pela diplomacia americana, mas sim pelo conteúdo que glorifica fofocas e exposição sem critérios de informações. A Wikileaks está se tornando a caricatura de si mesma.

Além do que, se você tira a privacidade do governo, o governo retribui. Usando como desculpa razões de segurança nacional, é previsível que se aumente a vigilância e o combate ao anonimato virtual. Saber o que um diplomata pensa de um presidente qualquer não vale o preço de perder a espontaneidade num dos últimos meios de comunicação livres do mundo.

Mas como eu já disse antes: Liberdade de expressão REAL não deixa ninguém satisfeito. Por mais que não goste do que a Wikileaks está fazendo, o direito dela fazê-lo está num patamar superior.

E é esse direito que está sendo atacado neste momento. São duas linhas ofensivas (com trocadilho) claras: Destruir a imagem de Assange e esmagar a estrutura da entidade que gerencia.

Enquanto Assange está sendo acusado de forma absurda (leiam o texto de Sally), a Wikileaks vai apanhando de tudo quanto é lado no tange sua capacidade de exposição e sua entrada de recursos.

Tudo começou quando a Amazon deixou de prestar serviços de hospedagem para a Wikileaks, alegando que o conteúdo feria seus termos de serviço. Só nessa metade da capacidade de distribuição da Wikileaks foi para o espaço. Para quem não sabe, a Amazon não é mais só uma loja virtual, ela já atua em vários outras áreas, aproveitando sua monstruosa estrutura de servidores para hospedar alguns dos maiores sites do mundo. E não cobra barato por isso… Como é que uma empresa que presta um serviço caro e específico desses não sabia no que estava se metendo quando aceitou o dinheiro da Wikileaks?

Violação de termos de serviço o caralho! Deram para trás na primeira pressão que levaram do governo americano. Se podia hospedar antes, poderia continuar hospedando agora.

E como a Wikileaks podia pagar um dos maiores servidores do mundo? Com generosas e numerosas doações de simpatizantes do mundo todo. Qual foi o próximo passo? Visa, Mastercard e PayPal decidiram ao mesmo tempo que a Wikileaks era ilegal e bloquearam seus serviços para a entidade de Assange.

Sem servidor, sem dinheiro. E não adiantava mais depositar na conta de Assange: O banco suíço (só podia ser!) que gerenciava sua conta a congelou também. Alegando que as informações providenciadas para a abertura da conta eram falsas. Tudo convenientemente ao mesmo tempo…

Ridiculamente óbvio que foi um ataque coordenado. Todos batendo ao mesmo tempo na estrutura enquanto a Interpol tenta uma “à lá Capone” pegando Assange por algo não relacionado ao motivo da “ofensa”.

Só que bater com tanta força acabou gerando o resultado oposto: O povo que estava em cima do muro no caso acabou simpatizando com a vítima. Nos últimos dias a imprensa está abrindo o jogo e já há uma mobilização virtual intensa para defender os direitos da Wikileaks.

Mais notavelmente o grupo auto-intitulado “Anonymous”. Para quem não sabe, nada mais é do que a “mente coletiva” da 4chan e de mais alguns grandes sites americanos. Foi o mesmo grupo que atacou a Cientologia há algum tempo atrás.

As empresas que sacanearam a Wikileaks viraram alvos, os anônimos fizeram ataques e DDoS (sobrecarregaram os servidores) de gigantes como Visa e Mastercard para demonstrar sua revolta. Para ser honesto, é mais ou menos como soprar bolhas de sabão num tanque de guerra, mas a idéia era chamar atenção e aparecer na mídia.

Deu certo. Embora grande parte do público ache que participar do “Anonymous” é tarefa para hackers experientes, qualquer um que visita os sites de “organização” já está fazendo parte. Tem um grupo bem organizado por trás, mas na média é uma numerosa matilha de chacais alucinados. Serve para jogar merda no ventilador.

Mas já é alguma coisa.

O que não pode continuar acontecendo é todo mundo ser exposto às versões cagonas que a mídia internacional está dando sobre o assunto. Os governos de várias grandes nações mundiais (notoriamente a americana) estão fazendo um jogo muito sujo com Assange e a Wikileaks. Vingancinha barata para assustar quem mais tente algo parecido.

Eles falharam na proteção das informações que julgam tão valiosas e estão colocando toda a culpa em cima de quem é um produto do seu sistema. Não fique em cima do muro: É um golpe na liberdade de expressão e não pode passar barato!

Para dizer que se eu sou a favor de uma coisa, você vai ser contra só por segurança, para dizer que o verdadeiro crime de Assange é o seu cabelo, ou mesmo para dizer que visitou a 4chan e ficou traumatizado (newfag): somir@desfavor.com

SALLY

Mesmo naqueles casos de maior clamor popular, a imprensa sempre tenta se manter imparcial e ao noticiar um suposto autor de um crime o chama de “acusado”, “suspeito”ou similares. Curioso que isto não esteja acontecendo com Assange. Ele é O ESTUPRADOR de duas mulheres. Palavra forte, né? Desperta tamanha repulsa de cara que só cabeças muito pensantes e críticas tem sangue frio de parar e pensar: “Calma aí, não é porque está escrito que é verdade, a imprensa mente com frequencia”.

Curioso também que ninguém saiba dizer muito bem o teor da acusação. Essas coisas costumam vir à tona com detalhes sórdidos. Dizem apenas que ele estuprou. Quando a gente lê isso pensa logo naquele maníaco que arrasta uma mulher para uma rua escura com uma faca no pescoço e faz atrocidades contra a vontade da mulher. Só que a lei difere de país para país, e na Suécia o simples fato da pessoa fazer sexo sem camisinha é considerado estupro. Isso mesmo, a mulher pode te implorar para que você faça sexo com ela e ainda assim, se fizer sexo sem camisinha, pode ser acusado de estupro.

E é justamente esta acusação que estão jogando nas costas de Assange. Duas mulheres falam que foram “sexualmente molestadas”. Uma dela diz que ele ä segurou de modo sexual”e que “pressionou seu corpo contra ela de modo sexual”. A outra diz simplesmente que fizeram sexo desprotegifdo. Meio estranho. Vamos pesquisar em que contexto isso aconteceu?

A primeira mulher acusa de prática de sexo desprotegido. Como foi? Ela estava andando em uma praça escura no meio da noite e ele a arrastou para o mato? NÃO! Assange foi convidado pela mocinha, que era uma ativista, a participar de reuniões de sua ONG e inclusive a se HOSPEDAR na casa dela. Fizeram sexo CONSENSUAL COM CAMISINHA, PORÉM A CAMISINHA ESTOUROU. E agora ele responde por estupro.

No dia seguinte, realizaram a reunião da ONG, com esta mocinha como uma das palestrantes, no maior love com Assange. Na primeira fila, uma mocinha 2 dava o maior mole para ele. No final da reunião, um grupo onde estava Assange a a mocinha 2 sairam. A mocinha 2 se insinuou para Assange na frente de todos. Ambos foram ao cinam, onde mocinha 2 fez sexo oral nele. Passaram a noite juntos, fazendo sexo consensual e no dia seguinte fizeram mais sexo.

Por frequentarem o mesmo meio, mocinha 1 e 2 acabaram conversando dias depois e descobriram o que aconteceu. Ficaram irritadas. Foram juntas à polícia com estas maravilhosas acusações: mocinha 1 disse que achava que Assange tinha estourado a camisinha de propósito e Mocinha 2 disse que o sexo no primeiro dia foi consensual mas no segundo não. Wat. WAT. WAT PORRA! Você faz sexo em um local público, faz sexo a noite toda e quando acorda no dia seguinte é estuprada pela pessoa? E estourar camisinha de propósito?

O mais curioso é que quando a promotora responsável pelo caso leu os depoimentos, ela arquivou o caso na hora porque viu que não havia qualquer indício que justifique um processo. O caso permaneceu arquivado por 12h. Um telefonema e o caso foi reaberto, sem maiores explicações.

Para fechar o rol de absurdos, as próprias mulheres que o acusam informaram que em momento algum tinham a intenção de prestar qualquer tipo de queixa para que ele fosse preso, afinal, o sexo foi consensual. Só que estavam arrependidas de ter feito sexo sem camisinha e queriam que ele fizesse testes para saber se tinha alguma doença sexualmente transmissível. Nas palavras delas, o sexo teria sido “inicialmente consensual mas no correr da relação se tornou abusivo”. Se eu fosse homem eu ficaria muito preocupado, porque se essa moda pega, qualquer mulher do mundo com a qual você faça sexo vai poder alegar que foi estuprada.

Estas mulheres não teriam conseguido mais entrar em contato com Assange depois de fazer sexo com ele, já que ele está sempre em fuga, na clandestinidade (segundo uma delas, ele teria até desligado o telefone para não atendê-la, sentem o cheiro de rejeição?) e por isso recorreram à polícia, com a intenção de que ele se submeta a estes exames. Só. Depois que uma soube da outra, elas começaram a ficar mais chateadas. Li frases como “ele prometeu que ia me ligar e não me ligou”. Aloooou? Que mulher realmente vítima de um estupro quer que o estuprador lhe telefone dias depois? Taquipariu.

Vejam só, não á apenas um blog pequeno e raivoso que levanta suspeitas sobre esta acusação de estupro cruel (já que o estuprador não ligou no dia seguinte). Grandes jormais como The Guardian e Le Monde chamam o caso de “manipulação barata” para baixo. A verdade é que as leis suecas são as únicas que permitiriam a extradição de Assange para os EUA, que o acusa de espionagem pelo vazamento de mais de 250 mil documentos confidenciais. Armaram para ele e armaram de uma forma tosca. Mas as pessoas parecem não ter muito senso crítico e aceitam com calma que ele é um estuprador.

Outros fatos que não cabem nas minhas duas páginas de hoje levam a crer que tudo foi uma armação sem tamanho, como o congelamento da conta bancária de Assange na Suíça sob uma alegação imbecilóide sem pé nem cabeça. Curiosamente este dinheiro seria usado em sua defesa. Assange, CONTRATA EU, que eu te defendo de graça!

O grande desfavor nem seria a armação tosca que estão fazendo, porque se as pessoas tivessem cérebro, isto se voltaria contra quem armou. O grande desfavor é que as pessoas continuem engolindo o que sai “no jornal” sem procurar fontes secundárias, sem querer saber o que aconteceu, sem querer construir seu próprio juízo de valor. Notícia deve ser usada como FONTE para construir a sua opinião, e não como uma opinião pronta a ser repetida.

Para dizer que eu defendo estupradores e sou a favor do estupro e me xingar compulsivamente em letra maiúscula, para dizer que até acreditaria em Assange estuprando meninos, mas nunca meninas ou ainda para dizer que se o Desfavor crescer o mesmo vai acontecer com a gente se continuarmos vazando informações: sally@desfavor.com