Anula Eu!: Partido que pariu!

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Para quem não lembra, Anula Eu! é a coluna para falar sobre eleições aqui no Desfavor. Ela vai ficar BEM mais ativa ano que vem, mas não custa nada tirar as teias dela agora… Até porque recentemente passou na Câmara o projeto para fechar o cerco sobre a farra dos partidos. Mesmo sabendo que isso está sendo feito com motivos escusos (barrar o novo partido da crente ecochata para 2014), já passava da hora de botar limites no ridículo sistema partidário tupiniquim. Repetindo: Mesmo sendo um golpe sujo do governo. Há males…

Quer dizer, se é que isso vai acontecer… Já tem senador entrando no STF para evitar que o projeto sequer seja discutido em sua “casa”. Como na verdade não passa de manobra política, evidente que partidos que acabariam enfraquecidos não aceitariam isso da melhor forma.

De forma simplificada, o projeto diminui BASTANTE o tempo de TV dos partidos nanicos durantes as campanhas eleitorais, e ainda por cima mexe onde mais dói na política nacional: Nos bolsos dos partidos através da cota de participação no Fundo Partidário.

Vejam bem: Eu sei que a ideia por trás de deixar o país tão livre para criar e manter partidos políticos foi nobre. O Brasil foi “reescrito” por gatos escaldados da ditadura militar, o que explica várias das leis e regras consideradas “suaves” demais pelos mais conservadores. Preferiram pecar pelo excesso de zelo com a democracia. Razoável, compreensível.

Em tese. Porque na prática convivemos com um sistema partidário que INCENTIVA o abandono de qualquer ideologia em prol de dinheiro e influência. Existem vários partidos com ideias de fundação muito parecidas entre si, existe um PC do B e um PCB! Um PSDB e um PSD! Existem partidos dos trabalhadores, partidos trabalhistas… Porra, tem até um partido cristão! Dois partidos com basicamente a mesma ideologia podem acabar separados por situação e oposição.

Pelo medo de enfraquecer a democracia, as regras para os partidos brasileiros acabaram criando legendas cujos interesses são tudo menos democráticos. Partido é negócio, e negócio dos bons até mesmo se for mal administrado, partido nanico faz dinheiro que nem água, aquelas campanhas toscas na TV não são falta de dinheiro, são falta de canalização de verba para o objetivo teórico do partido: Eleger representantes.

Muito se engana quem acha que os partidos nanicos entram em depressão por não conquistar muitos cargos eletivos, estar no poder exige uma série de responsabilidades que nem todos acham lucrativo acumular. Moleza mesmo é “vender” seu espaço no horário eleitoral com coligações em troca de valiosos e discretos cargos de confiança.

Exceção feita aos partidos nanicos comunistas radicais. Eles são malucos daquele jeito mesmo, incorrigíveis e muitas vezes incorruptíveis. Não comungo dos ideais deles, mas pelo menos eles tem uma ideologia e uma função social (mesmo que seja pentelhar todo mundo). Ainda acho que são muitas siglas para pouca variação, mas só de fazer o básico do que um partido deveria fazer, já saem na frente. E sim, doeu escrever algo de bom sobre comunistas.

No Brasil caberiam no máximo uns quatro ou cinco partidos se fôssemos dividir por ideologias e função social: Liberais, Conservadores, Trabalhistas, Socialistas e um partido “joke option” tipo o Verde (ou o Pirata, adoro o Partido Pirata onde quer que ele exista…). Para quem está mais antenado em política internacional, a maioria dos países de “primeiro mundo” se divide basicamente nessas categorias. Sério, o que mais tem de diferença entre os ideais deles? A divisão praticamente aleatória só serve para confundir a população e esvaziar completamente a discussão sobre os rumos do país. E exigir fidelidade partidária num sistema desses realmente não faz muito sentido. O político vai ser fiel a quê?

Do jeito que é, com legenda pequena utilizada como moeda de troca pelas maiores, evidente que o sistema descamba para o fisiologismo. Os representantes eleitos não só não querem defender os anseios e necessidades de seus eleitores como mal saberiam como começar se fossem obrigados a isso. Deputados, senadores, prefeitos, governadores, presidentes… Ninguém tem “linha” para seguir. No Brasil a esquerda é contra privatizações, a direita é a favor. O resto? O resto é resto.

Ninguém nos diretórios dos partidos sequer se envergonha de planejar estratégias que os façam ganhar poder sem a menor previsão de aplicar seus ideais na administração do Estado. Políticos, funcionários públicos e jornalistas falam abertamente de acordos para consolidar poder e minar adversários sem sequer se preocupar em dizer o porquê.

Presume-se que é natural que ninguém tenha um objetivo político, e parecem malucos os comunistas fanáticos que ao menos querem fazer algo diferente do que se faz. Não parecem malucos pelos métodos que pretendem utilizar, como deveriam… parecem malucos simplesmente por se posicionar.

Parece que o normal para partido é não ter função além de se perpetuar! Não é. Não pode ser… É até inútil que eles existam se for esse o caso. Coloca logo uma coroa na cabeça do Lula e deixa a gente fugir para outro país.

Pessoalmente eu fico incomodado por torcer pela vitória do bandido nesse braço de ferro entre situação e oposição, já que ambos os lados só querem garantir o próprio financiamento e influência nos anos vindouros. O governo “escreveu” o projeto se cagando de medo de um bloco do PSB com a (planejada) Rede da Sustentabilidade roubando votos da Dilma e deixando o PSDB e Cia. com mais chances de ganhar na cagada.

E não é segredo que é essa a articulação que move a oposição de tucanos e outras aves menos cotadas a ir contra o projeto. Todo mundo sabe que eles cagam para a ideia de democracia. Triste que tudo o que reste para o cidadão mais interessado em política seja torcer por melhorias no sistema como colaterais de uma guerra de interesse.

Essa festa já tem gente demais, tem que sair gente. Mas se já der para fechar a porta para mais furões, melhor. TEM que ser agora, senão o interesse da situação vai enfraquecer, acordos serão tramados e a reforma política brasileira vai voltar pra onde estava presa há décadas: Nos porões da inconveniência para conseguir maioria nas votações do legislativo.

Está começando a ficar realmente complicado votar nas próximas eleições. Já não vou votar na situação, por motivos óbvios e lulantes, não vou votar na oposição, que queimaria o país para poder ser a rainha das cinzas, e nem posso mais votar nos partidos nanicos comicamente comunistas, porque não quero mais valorizar a existência deles (com dor no coração…).

Começo a entender porque tanta gente não se importa com o voto…

Para dizer que eu só postei esta coluna porque ela é mais curta, para dizer que temos que criar o PIB (Partido Impopular Brasileiro) enquanto dá tempo, ou mesmo para sugerir uma opção válida nessa merda de eleição de 2014: somir@desfavor.com

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Comments (22)

  • Olha… não tenho muito o que comentar! Penso que enquanto não houver uma boa reforma ou “ditadura do/para o bem”, o país não melhora! Sou meio pessimista nesse sentido…

  • Já disse aqui e repito: enquanto o pais for gigante não há possibilidade de alteração nesse quadro podre.
    Existem instancias demais, poderes demais, gente demais pra mandar e Brasilia ‘e longe demais.
    Se cada estado fosse um pais seria possivel exigir algo, teria menos burocracia, não teria que passar pelos dedos de Brasilia e a gente teria mais poder de exigir e ate mesmo maiores possibilidades de ameaçar os governantes com violencia fisica (desculpa, ‘e so assim que resolve) toda vez que colocassem em pratica algum absurdo.
    Mas eu sou so uma sonhadora mesmo.

        • Sally e Ge
          vou responder aqui pq ‘e onde meu maravilhoso celular permite.
          5 ‘e pouco, tinha que dividir em 30. podia manter a regra de repasse orcamentario por uns 20anos, pros pobrezinhos terem dinheiro pra se estabelecer, mas ito estaria condicionado a submissão a administradores competentes e estrangeiros, tipo alemães e japoneses, PQ NÃO, seus coroneis não sabem administrarr.
          E a floresta, da concessão pras farmaceuticas bilionarias explorarem com a contrapartida de que cuidem dos indios e paguem taxas de 40% sobre lucros e remessas. Serio, vai ter empresa se estapeando pra pegar.
          e não me venham com essa merda de proteger o meio ambiente, do jeito que ta agora não esta protegido merda nenhuma, so estao enchendo de entraves que acabam favorecendo os mesmos parasitas oportunistas de sempre e o povo continua na merda como sempre.

          • Pois é, o povo fica todo nervosinho quando se fala da floresta “deles”, como se brasileiro cuidasse muito bem das suas florestas…

            Eu gostei da sugestão, mas se você falar isso na rua talvez apanhe.

            • verdade
              essa gentalha bovina foi muito bem adestrada pra ser brasileiro e não desistir nunca, por mais na merda que esteja.

          • (…) submissão a administradores competentes e estrangeiros, tipo alemães (…)

            (…) E a floresta, da concessão pras farmaceuticas bilionarias (…)

            Principalmente !

            Nossa, faz tempo que li mas sempre concordei…

            *suspiro*

  • Quanto abrir ou fechar as portas para a criação de novos partidos penso que é melhor deixar as portas abertas, pois tenho a sensação de que no Brasil existe qualquer outra coisa menos a tão aclamada democracia. Independente da sigla que ganhe, tudo fica na mesma. Nada muda. Nem sei se posso opinar quanto a isso, não voto faz alguns anos simplesmente por não entender esse tal “processo democrático”. AFF! Vamos falar de algo que vai mudar o destino da humanidade, o Barça perdeu de 4X0.

  • Na minha simploria opiniao, o item que faria mais diferenca na reforma politica é o voto facultativo. Tudo bem que na pratica o voto nao é obrigatorio, mas isso persiste como lenda. Acho que essa mudanca acabaria com o voto de curral, que é a base da eleicao de boa parte dos politicos atuais…

  • Teve um tempo que eu acreditei na Marina. Sabe, acreditei MESMO nela. Talvez uma liderança nova pudesse mudar o Brasil. E eu não estava sozinho, muita gente acreditou como eu.

    Estou pensando seriamente em deixar de votar esse ano. O comprovante de voto já é um papel inútil para mim, sem serventia futura nenhuma. Sei que não ajudo o Brasil, mais realmente estou saturado disso tudo, e nem chegaram as eleições ainda…

  • Sério mesmo, não sei se tal reforma vai avançar, até porque se o objetivo com isso é puxar o tapete da Marina, isso não faz sentido porque ela já se derruba sozinha e já está em posição “declinante” em relação ao resultado de 2010. Creio eu que caso ela se candidate as eleições do ano que vem, ela deve ficar abaixo dos 10% dos válidos (trabalho com um indice de 6 a 8% na medida em que a falta de pé na realidade e o rabo sujo da Marina ficar exposto).

    Aécio tem potencial para crescer, mas não creio que passe de 20 ou 25%. Quanto ao Eduardo Campos, não creio que seja candidato dada a questão da “verticalização” forçada que temos no campo político e mesmo que o seja, não chega sequer a 10%.

    Neste cenário e com a Copa do Mundo como mote principal, a Dilma deve ser reeleita já no primeiro turno. Se há algum fator X que pode causar sérios problemas são políticos na linha do Feliciano ou do Bolsonaro pois com esses, a turma na coalizão fisiológica não tem muita habilidade em lidar, a ponto de dependendo da situação, eles poderem ter ótimas condições de darem o “abraço de urso”.

  • Eu passei a não me importar, ou me desmotivar tem tempo. Politica pra mim é que nem injeção: tem que aguentar.

    Aqui no Df minha única opção é o Reguffe. E olha que nem confio. Tenho medo dele daqui uns anos, por não saber se manterá a conduta atual.

  • Rorschach, El Pistolero

    Num mundo ideal, o TSE criaria uma banca para fiscalizar a ação dos políticos e partidos de acordo com a filosofia política que adotam. Gente que age de maneira oposta ao que prega, seria suspensa do processo eleitoral brasileiro.

    Nas últimas eleições pra Presidente (em 2010), a coligação da Dilma era composta por, entre outros: PMDB, PDT (partidos democratas) e PRB, PR (partidos republicanos). Também tinha o PC do B (comunista) e o PTC e PSC (partidos cristãos). Isso sem falar que metade da coligação é de esquerda e a outra metade é de direita. Ou a Dilma é um espetáculo em termos de negociação e consegue unir opostos ou neguinho não tá nem aí pra essa história de “legenda partidária”.

    Existiu uma época em que o PT ligava pra esses “detalhes” e foi justamente a época em que o Lula apanhava em todas as eleições. Agora, eles perceberam que quem ganha eleição é quem tem mais tempo na TV e não quem é melhor. É por isso que o PT corre pra fazer acordos com qualquer partido interessado nisso. Na última eleição, a Dilma teve quase 11 minutos de horário eleitoral, contra 7 do Serra e 1 e pouco da Marina e do Plínio. 10 minutos de (boa) propaganda política se mostraram mais úteis do que qualquer outra coisa que o PT podia pedir.

    • Por detrás do extremamente fragmentado quadro político brasileiro, se tem uma série de fatores, se destacando os seguintes:
      – O alto nível de individualismo do brasileiro.
      – O autoritarismo daqueles que encabeçam grupos econômicos e políticos no país.
      – A falta de compromisso com uma agenda política propriamente dita.
      – As relações fisiológicas com base no “toma lá, dá cá” dentro do jogo político.
      – O déficit de confiança nas lideranças preponderantes.
      – A dificuldade de cultivar relações políticas profílicas no interior dos grupos partidários.
      – O sectarismo alimentado por desavenças entre grupos políticos em um desconfortável clima de discórdia.
      – Uma política enfocada principalmente nos eventuais interesses da base eleitoral, sem qualquer preocupação de pensar no país como um todo.
      – A possibilidade de ter melhores resultados optando por caminhos pouco ortodoxos.
      – A fidelização partidária e a verticalização sendo forçadas a todo custo.

      Cada um dos fatores tem o seu peso e a combinação de todos eles dá no escabroso quadro político que temos hoje.

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