FAQ Desfavor – Guerra 3

Por que Rússia e Ucrânia não chegam a um acordo de paz?

Por não conseguirem chegar a um consenso do que cada um tem que fazer para acabar com essa guerra. Por qual motivo não chegaram a um consenso? Vamos a um rápido resumo.

O que a Rússia quer: 1) Que a Ucrânia mude sua Constituição se comprometendo a nunca entrar nem para a OTAN nem para qualquer outro grupo ou bloco (União Europeia ou qualquer grupo de apareça); 2) Que a Ucrânia ceda (“reconheça a independência”) os dois territórios ucranianos que a Rússia declarou como independentes (na região de Donbass) para que eles sejam anexados pela Rússia; 3) Que a Ucrânia reconheça que a Criméia é território Russo e 4) Cessar de toda e qualquer atividade militar na Ucrânia.

O que a Rússia exige é basicamente “isole-se do mundo todo, nos dê os seus territórios mais valiosos para que nós fiquemos com tudo que eles produzem e não tenham armas para se defender”. Obviamente, não foi aceito.

Para começo de conversa, é muito difícil aceitar se desarmar perante quem está te batendo e quem já bateu muito nos seus vizinhos. Todos os países daquela região têm medo da Rússia, justamente por saberem do desejo declarado do Putin de criar um grande Império Soviético de volta, sem perguntar se os vizinhos concordam com isso.

É questão de tempo para a Rússia voltar e tentar tomar na mão grande novos territórios da Ucrânia. Diante dessa realidade, vocês realmente acham que o país tem que colaborar e se desarmar? Por isso, a Ucrânia disse que topa ser neutra, não entrar para OTAN ou outros grupos, mas não quer ceder nenhum território nem se desarmar.

E aqui vou usar um argumento que não vi mais ninguém usando: o principal motivo alegado para a invasão da Rússia não era o fato da Ucrânia nazista estar maltratando os russos? Se fosse essa a real preocupação da Rússia, o primeiro item do acordo seria “cessar as agressões contra russos e combater o nazismo” ou algo do tipo. Não há qualquer menção a isso.

Fica escancarado que o discurso “ucranianos malvados nazistas” é cortina de fumaça para as reais intenções do Putin: reerguer o glorioso império soviético. Não que o Putin esconda isso, ele fala abertamente. O problema é se ver ao lado de um lunático que acha que pode te bater até você ser anexado a ele e concordar com isso. Quem concordaria?

Já faz alguns meses que o Putin vem repetindo frases nas quais afirma que a Ucrânia não existe, como se não fosse um país independente e sim parte da Rússia. Ele chegou a dizer que a “Ucrânia nunca existiu”, que é parte da Rússia. Isso está documentado. É muito grave que um dia um Chefe de Estado acorde, olhe pro vizinho, um país democrático, soberano e independente e diga “não, não, você não existe, você é parte de mim”.

Então, não é um acordo, é intimidação, é pisotear o outro país, é destruí-lo por escrito. Por isso não há qualquer perspectiva de que, nesses termos, se chegue a um consenso. O que a Rússia fez é muito feio e a forma como ela está conduzindo essa invasão também.

“Tá, mas e a OTAN? Você gostaria que a OTAN fique te ameaçando? E a OTAN? E A OTAN? E A OTAAAAAAN”. Se eu ganhasse um real por cada comentário que contêm “e a OTAN” eu ficaria rica. Falamos da OTAN na próxima pergunta.


Mas e a OTAN?

A gente já falou sobre isso, então, vou fazer apenas um parágrafo de lembrete, para depois entrar no mérito da questão: não me importa o que a OTAN faça, matar inocentes, civis, bombardear maternidade, hospital, orfanato, atirar em criança, jogar bomba em corredor humanitário e tudo que estamos vendo é inadmissível, foda-se o que a OTAN ou qualquer outro grupo fez. Se a pessoa justifica morte de inocentes, tortura e crime de guerra com qualquer ato, seu cérebro já está apodrecido e eu não tenho interesse em dialogar com alguém assim.

Dito isso, entro no mérito por consideração ao leitor do Desfavor: sim, havia um compromisso da OTAN de não expandir em direção à Rússia. Sim, a OTAN aceitou a Polônia, a grande reclamação russa (ninguém se importa com Hungria e República Tcheca ), que significou expandir para cima da Rússia. Mas, se a pessoa vai usar essa carta, vamos contar a história por inteiro, em vez de ficar em looping “E a OTAN? E a OTAN?”.

Um dia o então presidente da Polônia Lech Wałęsa foi jantar com o então presidente russo, Mikhail Gorbachev, determinado a conseguir sua autorização para que a Polônia entre na OTAN. O que realmente aconteceu só os dois podem dizer, mas ele saiu desse encontro com a autorização e Polônia entrou para a OTAN com a concordância de todo mundo.

A versão que predomina é que Lech Wałęsa era malandro toda a vida e um bom bebedor, tinha muita resistência à bebida e sabia (todo mundo sabia) que o presidente russo tinha um histórico de fazer muitas besteiras bêbado.

Lech Wałęsa incentivou a bebedeira, até Gorbachev ficar absurdamente bêbado e então o convenceu a aceitar a entrada da Polônia da OTAN. Diz a lenda que quando Gorbachev aceitava seus assessores gritavam que não, mas a autorização foi dada. Por sinal, muitas cagadas soviéticas e russas aconteceram por bebedeira, quem sabe até façamos um texto sobre isso.

Então, queridões, se você autorizou, não pode reclamar depois. E se o argumento que a Rússia usa é ser intimidada pela OTAN, vale para a Polônia também, pois os soviéticos frequentemente paravam suas tropas na portinha da Polônia e ameaçavam entrar. O mesmo medo que os Russos alegam hoje, moveu a Polônia a entrar na OTAN.

E mesmo depois desse episódio lamentável da bebedeira, a Rússia deu mais sinais de estar de acordo. Durante uma visita à Polônia em agosto de 1993, o então presidente russo Boris Yeltsin disse ao presidente polonês Lech Wałęsa que “a Rússia não se opõe à adesão da Polônia à OTAN e não vê sua adesão como uma ameaça à Rússia” de forma pública e documentada.

Em maio de 1997, não ficou só na palavra, desta vez, Yeltsin assinou um acordo com a OTAN que incluía um texto permitindo o alargamento. Estava bêbado quando o fez? Todos dizem que sim, mas foi assinado. É, eu definitivamente vou fazer um texto sobre todas as cagadas do povo soviético por causa da bebida…

O que o Putin diz sobre isso? “Não valeu”. Ele não gostou, portanto não valeu o que os presidentes anteriores disseram ou assinaram. É como se você estivesse jogando futebol, uma pessoa do seu time faz gol contra e o treinador vai lá, tira o gol do placar e diz que não valeu pois ele não concorda com isso. E depois enfia a porrada no time adversário e no árbitro.

Então, que tal parar de repetir feito um papagaio tupiniquim esse discurso vergonhoso de “Ain mas a OTAN”? Países livres, democráticos, devem ser capazes de tomar suas decisões e de entrar ou sair de qualquer bloco ou aliança que desejarem, por mais que desagrade seu vizinho.


Tá morrendo muita gente, tão destruindo o país e o presidente da Ucrânia se recusa a assinar paz. Ele não está sendo movido por um orgulho bobo?

Existem basicamente três motivos para que países entrem em guerra: medo, honra e/ou interesses. Neste conflito específico, temos os três fatores: Rússia tem medo da OTAN, Rússia tem sua honra ferida por não ser mais a Grande Mãe Soviética potência mundialmente respeitada e, por fim, existem muitos recursos naturais e estratégicos que poderiam ser explorados no território que eles almejam.

Isso, somado à história dos dois países e aos planos declarados de Putin, leva especialistas em política internacional a acreditar que não é um problema pontual, isso vai explodir, hoje ou em alguns anos. Não há paz possível com estes fatores presentes, há apenas a possibilidade de adiar um pouco mais essa guerra.

Não adianta a Ucrânia ceder agora, é questão de tempo para que mais tarde a Rússia volte reivindicando mais e mais, não só dela como dos vizinhos. Putin já deixou muito clara sua intenção de reunir a Grande República Soviética e vem se comportando assim, fazendo atos com esta intenção, por décadas. O plano é claro e declarado, bem como sua disposição em executá-lo. Assinar paz não vai frear isso.

Então, um acordo de paz não vai garantir paz, vai garantir que todo mundo que está à volta da Rússia, cedo ou tarde, acabe sendo “reunido” à “grande potência soviética” contra a sua vontade, pois Putin verá que sua estratégia de descer o cacete do coleguinha ao lado para obrigá-lo a ser seu amigo funciona.

Além disso, como dissemos na primeira pergunta, os termos para um acordo de paz são ultrajantes para a Ucrânia. E não estamos falando de honra ou orgulho, estamos falando de termos que tornam inviável a continuidade e subsistência do país como nação soberana, livre e independente.

A parte que a Rússia quer pegar para si é basicamente a parte mais industrializada da Ucrânia. Imagine tirar o Sul e o Sudeste do Brasil, por exemplo. Se a Ucrânia perder suas regiões industrializadas ela vira basicamente um país plantador de trigo.

Isso tornaria a sobrevivência da Ucrânia como país independente quase que inviável. Colocaria o país em um estado de pobreza absoluta e ele se veria obrigado a pedir ajuda/socorro para a Rússia, uma vez que faz parte do acordo de paz que a Ucrânia não se junte a nenhum grupo ou bloco. Assinar esse acordo é assinar sua dependência da Rússia.

Além disso se abre um precedente grotesco: quem a Rússia declara independente, tem que se render e se juntar à Grande Mãe Russa, se não vai apanhar até não aguentar mais. Essa não foi a primeira vez que a Rússia fez isso, e não será a última. Dar à Rússia o que ela quer é dizer “pode fazer isso novamente, dá certo pegar o país dos outros na mão grande”.

Não é razoável que um país se meta na soberania de outro país democrático, independente e soberano, declarando a quem pertence seu território. Não é assim que a banda toca. Tio Putin tá preso na década de 80 e eu acho muito saudável que o mundo não permita que essa estratégia funcione.

Infelizmente, vidas serão perdidas de qualquer forma, pois mesmo com um suposto “acordo de paz” os Russos vão matar todo aquele que não aceitar ser subjugado por outro país. Eu sinceramente acredito que a coisa digna a fazer é a Ucrânia resistir e não me parece que a recusa a esse acordo seja um sinal do presidente ser mimado ou teimoso.


O resto do mundo não deveria estar fazendo força pela paz?

Na real, quem está pedindo paz na turma do “deixa disso” é a China, aliada da Rússia, pois sabe que o “deixa disso” favorece a Rússia. Quem entende o que está acontecendo não acha que tem que ter paz a qualquer preço não. Quem entende o que está acontecendo, sabe que esse tem já partiu: não vai ter paz, mesmo que se assine qualquer papel dizendo isso.

Existem várias formas de contar essa história, mas, basicamente, o que vemos é um país democrático, independente e soberano sendo invadido e destruído por não querer ceder parte de seus territórios a outro país.

Vamos jogar isso para a nossa realidade, para que todos entendam: como você se sentiria se a Argentina falasse “o Sul do Brasil não é brasileiro, é argentino, eles se identificam mais conosco do que com vocês e vocês não os tratam como nós achamos que deveriam”. Ato contínuo, a Argentina envia tanques, bombas e soldados para “libertar” Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina.

O comentário mais leve seria “vocês estão malucos? Não pode fazer isso, somos um país soberano!”. Você realmente acharia razoável se uma quebra democrática como essa fosse encarada pelo mundo como “para com isso, estão morrendo civis, libera aí esses três estados para a Argentina, o que que custa?”. Não pode. Um ato assim não pode ser tolerado, pois se for, mais países vão se valer desse recurso.

“Mas tal país fez isso não sei onde”. Foda-se. Dois certos não fazem um errado. Tem 13 anos de Desfavor para você ler e ver que sempre que um país independente, democrático, e soberano foi invadido por outro em uma ofensiva militar sem ter executado qualquer ataque físico contra ele nós nos posicionamos de forma contrária. Isso que está acontecendo é grave, é sem precedentes (nessas proporções) e não pode ser recompensado.

O desfecho deste conflito vai mandar um recado a todos os demais que estão pensando em fazer o mesmo. Se Putin for bem-sucedido, isso será encorajado. Se Putin sangrar, sofrer, acabar desmoralizado e deixar o país pior do que estava, isso será desencorajado. A coisa escalou, não é mais sobre esse conflito específico, não é sobre ser contra ou a favor da guerra, é sobre a mensagem que o mundo quer passar e em qual dinâmica mundial se quer viver.

“Quer dizer que para passar uma mensagem você é a favor da guerra?”. QUEM INVADIU E BOMBARDEOU FOI A RÚSSIA, criatura! Quem é a favor da guerra é a Rússia. A Ucrânia não agrediu a Rússia de nenhuma forma, nem mesmo entrou para a OTAN.

Você aceitaria qualquer exigência injusta de terceiros para não apanhar? Não, pois você sabe que não resolve: quem percebe que ameaçando te bater consegue o que quer de você, fatalmente vai voltar várias outras vezes fazendo novas exigência. É uma forma de extorsão: me dá o que eu quero, se não, eu te bato. Se você aceita isso, vira escravo da pessoa.

Não dá para viver em um mundo que aceita que, do dia para a noite, um país diga que outro país democrático, independente e soberano não existe, que ele pertence à Rússia e vai pegar na mão grande, jogando exército para cima, matando inclusive civis inocentes. Não há argumento que justifique isso.

Não pode ser permitido que um país democrático seja tomado dessa forma, na violência. Isso não cabe no mundo atual, isso não é compatível com a realidade atual. Isso tem que ser repelido. Se não for, isso vai virar o modo de operar de alguns países e vamos ter um grande problema.

A Rússia quer ser grande, quer expandir, quer reunificar países? Nada contra. Mas adeque-se aos tempos. Faça como a União Europeia, crie um bloco atraente, com estabilidade econômica, ao qual os países tenham vontade de se juntar. Querer unificar na porrada não pode ser tolerado. Quem quiser se juntar, se junta. Quem não quiser, não se junta.

Vocês têm noção do quanto as fronteiras mundiais mudaram desde o começo da civilização até hoje? Imagina se um território que já foi de outro país fosse reivindicado por esse país hoje e retomado na porrada? O mundo todo estaria em guerra. Uma democracia pode se juntar ao seu país se ela quiser, querer anexá-la debaixo de porrada é injustificável e não pode ser tolerado.

Então, não, o resto do mundo deveria estar fazendo força para que quem violou a soberania de um país democrático sofra sérias consequências, de modo a desencorajar outros países a fazer o mesmo. Paz, não teremos, nem de um jeito, nem de outro. Mas, se desencorajarmos esse tipo de brutalidade, teremos menos guerras no futuro.

Para dizer que eu estou fazendo apologia à guerra, para dizer que “é complexo” ou ainda para dizer que só no Brasil anti-comunista defende a Rússia: sally@desfavor.com

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Comments (14)

  • Excelente! Excelente!

    Eu juro que não entendo esse argumento de “Ai mas a OTAN fez isso”. Se é errado quando a OTAN faz, certamente não vai deixar de ser errado quando seu amiguinho copiar. Essas pessoas precisam dizer logo que só acham errado quando o lado que elas não gostam faz, seria muito mais honesto e coerente.

    Com o conflito no Donbass, a Ucrânia pré invasão não cumpria um requisito básico para aderir à OTAN e não estava nem perto de conseguir. Anos atrás, os próprios países integrantes disseram que a organização tinha pouco ou nenhum propósito para existir. Putin garantiu que conseguisse um por pelo menos mais 30 anos, fez a Rússia voltar a ser vista como ameaça… não tem mais como evitar ou estancar um conflito violento. E quanto mais tentarem adiar (às custas da dignidade ucraniana), pior vai ser.

  • “Por sinal, muitas cagadas soviéticas e russas aconteceram por bebedeira, quem sabe até façamos um texto sobre isso”.

    Após a morte de Stalin em 1953, o Chanceler da Alemanha, Konrad Adenauer, começou a negociar com a URSS a libertação dos últimos dez mil prisioneiros de guerra da Segunda Guerra em campos na Sibéria (dentre eles, algumas mulheres), dentre eles alguns condenados a penas até os anos 80 (como se fossem aguentar até lá).

    O sucesso das negociações culminou com uma visita de Adenauer a Moscou em 1955. Porém, de início, as negociações emperraram, pois muitos ainda queriam que o desejo de Stalin de jamais libertar alguém fosse cumprido.

    Assim, os alemães decidiram topar o ritmo de bebedeira dos soviéticos para quebrar o gelo. Tendo em vista o fato de Adenauer já ter, ao chegar em Moscou, 78 anos (e estar um tanto decrépito como Biden hoje), os assessores alemães bolaram várias maneiras do Chanceler seguir o ritmo dos russos sem cair morto na URSS. Dentre as maneiras, tomar litros e litros de azeite (trazidos com a comitiva da Alemanha) para segurar o fígado contra quantidades cavalares de vodka dia (e noite) adentro.

    Por muitos anos, muitos assessores soviéticos relataram terem ficado impressionados com a capacidade de beber do alemão, dada sua idade avançada.

    No fim, Adenauer conseguiu trazer de volta todos os 10 mil prisioneiros restantes até 1956, em troca de reconhecimento diplomático da URSS. E seu fígado durou ainda mais uns onze anos.

    • Caramba, Suellen… Dessa eu não sabia. O que era do meu conhecimento era apenas que os últimos prisioneiros alemães da Segunda Guerra ainda em poder dos russos só foram mesmo libertos na data que você mencionou. Só a título de curiosidade: no filme alemão “Das Wunder Von Bern” (“O Milagre de Berna”), sobre a vitória da seleção teutônica sobre a até então imbatível Hungria na final da Copa do Mundo de 1954 e que conta fatos históricos reais com toques de ficcionalização, o pai do menino protagonista é um desses prisioneiros. Sofrendo de estresse pós-traumático e ainda tendo consigo alguns dogmas algo nazistas (“meninos alemães não choram!”), esse homem endurecido pelo sofrimento esteve por mais de uma década nas mãos dos captores soviéticos e só conheceu esse menino, seu filho caçula, já com quase 12 anos, pois partira para o front com a esposa ainda grávida e não recebera cartas na prisão.

      Ah, e esses “causos” de bastidores podem, muitas vezes, ajudar a explicar grandes momentos da história melhor do que as versões oficiais. Ou, no mínimo, nos dar um ponto de vista mais puxado para o pitoresco de acontecimentos que, nos livros sempre são densos, sérios, graves, pesados e tratados com solenidade acadêmica.

        • Tinha um tio que lutou na guerra (japonês) e ficou uns anos esquecido no Pacífico (não trinta anos como o Hiroo Onoda, mas ainda assim)…voltou um caco, andava bêbado e com uma arma o tempo todo no bolso. É como ouvi de um militar uma vez: gosta de guerra quem nunca lutou em uma…

          • Quando eu era criança, havia no bairro um rapaz já com cerca de 20 anos cujo avô lutara na Segunda Guerra Mundial, chegando a abater aviões nazistas. Segundo relatos desse vizinho, seu avô, reconhecido como herói por parentes e conhecidos, às vezes tinha pesadelos em que revivia os combates na Itália.

            • “tinha pesadelos em que revivia os combates na Itália”. Me lembrou do pessoal que foi lacrar (ops, “ajudar”) na Ucrânia. Por menos que isso as pessoas ficam traumatizadas pro resto da vida. Imagina como fica o psicológico do cidadão. Já conversei com pessoas que tiveram traumas, elas veem as coisas em plena luz do dia. Não tem como controlar isso. Outros falaram que viam durante a noite, porque não conseguiam dormir (incluindo pesadelos). E aí vem esse povinho querer se meter numa guerra, achando que é brincadeira, um jogo de vídeo game…

  • Se ceder agora às exigências descabidas do Putin, não só a Ucrânia praticamente deixaria de existir como país como também surgiria um precedente muito perigoso para que líderes de outros países, igualmente ávidos por poder, se sintam à vontade para seguir o – mau – exemplo do atual mandatário da Rússia e mandar tropas para invadir nações vizinhas a fim de tomar territórios à força.

  • Por que agora vcs escolhem um tema e ficam nele direto? Era doença, agora guerra e só desgraceira. Vcs nunca pensaram em fazer uma semana temática só com notícia boa pra variar? Até as notícias de sábado e as 10 de domingo teriam que ser boas, seria um bom desafio. Topam?

    • Falamos do que julgamos importante para o leitor. Tanto uma pandemia como uma guerra são coisas grandes, importantes e com potencial de afetar a todos os seres humanos do planeta, por isso, estamos focando nestes assuntos. Me pareceria desconectado da realidade o mundo abalado por pandemia e guerra e a gente se obrigando a falar de “coisas boas”. Por sinal, o nome do blog é DESFAVOR justamente por isso: desde o berço a proposta aqui foi apontar os desfavores.

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