Manual da Vida Adulta.

Jogo aqui uma ideia que serve tanto para pais como para empreendedores: jovens estão chegando com uma enorme defasagem na vida adulta, tem um gap de aprendizado não acadêmico enorme que precisa ser preenchido. Se você é pai/mãe tem obrigação de cuidar disso, se é empreendedor, pode ganhar dinheiro com isso.

O jovem está chegando à vida adulta completamente despreparado, sem saber executar coisas básicas como uma transação bancária, um reconhecimento de firma em cartório ou cozinhar uma refeição simples. E, não se engane, não são preciosismos, são necessidades para um adulto funcional.

“Mas Sally, tem uma moça no BBB que não sabe nem usar uma sanduicheira e ganha 5 milhões de patrocinador”. Sim, e tem distúrbios alimentares, crises de ansiedade e relacionamentos disfuncionais e abusivos. Não é só sobre dinheiro, um adulto que não chega funcional na vida adulta vai pagar por isso de alguma maneira – e muitas vezes é com sua saúde mental.

Não tem escapatória, um adulto precisa estar familiarizado com atividades básicas que fazem parte da rotina de um adulto e que o jovem parece não ter a menor ideia. Parece que o jovem se sente mais criança do que adulto. É realmente muito triste de ver e mais triste ainda são as consequências disso: uma geração panicada, faniquiteira, ansiosa, insone, desequilibrada e inapta para encarar a vida.

Essas atividades muitas vezes são tão óbvias e intuitivas para as gerações anteriores que nem se cogita ensiná-las. Mas é necessário. As gerações anteriores aprenderam observando ou ajudando os pais ou pessoas da casa, coisa que não acontece mais na atual geração. “Mas Sally, tem a internet, a internet ensina tudo”. Sim, desde que haja interesse. Zero estímulo dopaminégico em aprender sobre burocracia, por exemplo. Fora que, quando se aprende com a internet, há grandes chances de se aprender errado. Cabe aos pais ensinarem, ou a uma instituição confiável.

Talvez ninguém tenha te ensinado nada disso, talvez (provavelmente) você tenha aprendido sozinho sem maiores problemas. Mas o jovem atual não tem essa casca, essa raça e talvez nem ao menos essa capacidade. Vai por mim, por mais idiota que pareça, ensine atividades básicas da vida adulta para seu filho ou, se quiser empreender, monte um curso ou até um app com aulas ou dicas online e canal de comunicação para tirar dúvidas – você vai ganhar dinheiro.

Vou citar aqui apenas algumas coisas que precisam ser ensinadas, mas, que fique, claro, existe muito mais. Tudo vai depender da realidade do jovem em questão.

A primeira coisa deve ser ensinada é o manejo da atividade bancária. Pode soar ridículo para você, mas existem muitos jovens com mais de 20 anos que não entendem como se calcula o quanto você pode gastar no cartão de crédito, por exemplo. Não entendem que o crédito oficial que se tem não é o que ele tem disponível naquele mês se já existirem dívidas parceladas anteriores.

Vou além: não conhecem metade dos recursos da app de um banco ou simplesmente não entendem como funciona. Ficam nervosos quando precisam fazer algo mais avançado, que saia do trio Pix, consultar extrato e pagar fatura do cartão. Mexer em caixa eletrônico então, nem se fala. Não devem saber nem como enfiar o cartão. E se tiverem que fazer atendimento com um ser humano, provavelmente desmaiam.

Então, é importante que isso tudo seja não apenas ensinado, como também que esse aprendizado seja esquematizado e disponibilizado para consulta, já que dificilmente alguém é capaz de absorver tanta informação de uma única vez. Anote. Faça uma apostila. Salve as instruções que o próprio banco disponibiliza. Não apenas da questão bancária, mas de todo o resto.

Outra coisa que se deve ensinar ao jovem é uma noção mínima de como funciona a burocracia no país. O que faz um cartório, que tipo de trâmite exige firma reconhecida em cartório, as implicações de uma Carteira de Trabalho assinada e os direitos, FGTS, contribuição para aposentadoria (como contribuir se não estiver formalmente empregado), como abrir uma empresa e os custos que isso implica, declaração de imposto de renda e até mesmo como usar o transporte público e recarregar os créditos.

Higiene pessoal. A higiene pessoal de uma criança não é a mesma de um adulto. Criança, por exemplo, não usa desodorante. Criança não se depila. Criança não faz barba. Todo mundo ensina tudo para criança (ou deveria) mas ninguém ensina para o jovem, presumindo que ele sabe. Não sabe. Taí esse bando de gente que não sabe como lavar o sovaco nem como aplicar o desodorante da forma correta fedendo no busão para provar.

Quando e como usar condicionador, como usar desodorante, como depilar, como fazer a barba, como se lavar com sabonete da forma mais eficaz, de quanto em quanto tempo colocar para lavar cada tipo de roupa (roupa íntima, calça jeans, meia, etc.), como e com que frequência escovar os dentes e ir ao dentista para revisões e muitas outras informações do tipo.

Outro ensinamento importantíssimo: como estudar. Parece ridículo, mas não é. Cada pessoa tem aptidão para tipos de estudo diferentes. Alguns são mais visuais (lembram visualmente da página do livro ou do caderno na qual estava a informação na hora da prova) outros são mais auditivos (lembram do professor falando exatamente aquilo), outros aprendem melhor quando estão escrevendo… tem de tudo. Como criar rotinas eficientes de estudo. Como aprender e apreender conteúdo.

“Mas Sally, como saber qual é a aptidão do jovem que está sendo ensinado?”. Observando seu filho. Ou, se você estiver monetizando esta ideia, testando. Ofereça diferentes estímulos de aprendizado e deixe o jovem te dizer o que melhor funciona para ele. Essa geração que vem aí tem o foco de um peixinho dourado graças ao excesso de estímulos das redes sociais, é crucial para seu aprendizado que sejam estimulados da melhor forma possível.

Desenvolver a criatividade também é essencial, para que o jovem não trave ou entre em pânico quando algo sair do script. Criatividade não é um dom com o qual a pessoa nasce, ela pode e deve ser trabalhada, desenvolvida. Criatividade não é recurso para artistas e poetas, é solução de problemas, uma ferramenta essencial para todo ser humano. Como já temos texto sobre o assunto, não vou me estender mais.

Um mínimo, mas um mínimo mesmo de noção de cozinha. Não é para transformar o jovem em um Master Chef, é para que ele tenha noções básicas do preparo de um alimento e, se necessário, consiga prover uma refeição para si mesmo. Para que saiba como se lavam folhas de salada da forma correta antes de comer. Para que saiba como se conservam os alimentos da forma correta. Para que saiba que se tapar a panela a água ferve mais rápido.

Também é importante ensinar algo sobre nutrição, para que o jovem não se torne um débil mental que acredita em dietas da moda ou em “chá que derrete gordura”. O que é saudável, o que não é saudável e as consequências do que não é saudável para o organismo. O percentual de cada grupo de alimento que deve ter no prato para uma alimentação balanceada. Ele vai cumprir? Talvez não, mas se um dia quiser se cuidar um pouco mais, ele tem as ferramentas.

No mesmo patamar de superficialidade, um mínimo de primeiros socorros (temos uma série de textos só sobre o assunto). Saber o básico do básico, como por exemplo, como desinfectar um corte, quando cobrir uma ferida, quando deixar descoberta ou como tratar uma queimadura. Se puder aprofundar, seria ótimo, RCP e primeiros socorros avançados todo cidadão deveria saber.

Além disso, é necessário explicar o procedimento, ao menos burocrático, de se recorrer a um hospital em caso de emergência. Qual é o melhor hospital mais próximo que disponha de atendimento de emergência que possa atender? Quais documentos são necessários levar para ser atendido em um hospital? Podem cobrar caução? O que fazer se o hospital recusar atendimento? Quais informações são essenciais para o médico em caso de emergência (ex: quais medicamentos o paciente faz uso)? O jovem tem que estar pronto para saber socorrer a ele mesmo ou a terceiros em uma emergência.

E por falar em emergência, uma listinha de todos os contatos de emergência é fundamental para toda casa. Faça uma e obrigue o jovem a fotografar para levar sempre com ele no celular. Além dos mais óbvios, como polícia, bombeiro e SAMU (machucou na rua só SAMU te leva) também podem ser incluídos contatos personalizados como a ambulância do plano de saúde (que vai chegar mais rápido que o SAMU para emergências em casa), Disk Denúncia e outros.

Uma noção mínima de leis, não da legislação em si, mas dos principais direitos e deveres e do que fazer se eles forem desrespeitados. Como se registra uma ocorrência em uma delegacia (nunca se pisa sozinho em uma delegacia se você for o acusado, NUNCA, sempre com advogado), como se recorre à assistência gratuita da Defensoria Pública e outras coisas simples, para que saibam como agir caso seja necessário.

Métodos anticoncepcionais. Opções, como usar, percentual de efetividade. DST (ou seja lá qual nome estejam usando hoje em dia), não apenas como prevenir, mas também como e onde pesquisar sobre eventuais sintomas para descobrir se tem ou não (dificilmente o jovem vai perguntar a você, é melhor dar a ele um site de confiança no qual possa pesquisar sozinho). Se você for a favor de aborto, converse explicando que dá para fazer uma bela viagem à Argentina, fazer um aborto legalizado e comer a melhor carne do mundo.

Uma noção geral de medicamentos também é essencial. Somos os primeiros a criticar a automedicação, estamos falando de medicamentos de venda livre, ou seja, aqueles que podem ser vendidos sem prescrição médica. Ninguém marca uma consulta ou vai ao pronto-socorro para receber autorização para tomar remédio para gases ou para dor de cabeça. A pessoa sabe que Simeticona resolve os gases e Paracetamol (que não gera perigo caso a dor de cabeça seja causada por dengue, ao contrário do resto) resolve a dor de cabeça.

Um mínimo de educação financeira. Ensinar a poupar é muito importante, e nem é sobre juntar dinheiro, é a mecânica de como poupar: é preciso separar uma quantia, por menor que seja, assim que receber seu pagamento, pois se esperar sobrar dinheiro para guardar, jamais vai guardar nada. Mas, se for possível, também ensinar a de fato guardar dinheiro, ter algum dinheiro guardado para emergências é muito importante se a pessoa não for extremamente rica.

Redes sociais. Ensinar como usar de forma responsável e sem se colocar em risco. Ensinar cuidados para não ser sequestrado em encontro via app, para não levar golpe, para não evadir sua privacidade e isso voltar para morder na bunda depois e gerar uma demissão. Pode ser que o jovem não escute? Sim, é bem possível, pois o jovem se acha corajoso, ousado e destemido, quando todos sabemos que é, na verdade, titular de uma enorme burrice e inexperiência. Que erre, mas que não seja por falta de orientação.

Convívio em espaços públicos ou coletivos. O comportamento do jovem em espaços confinados, como voos de avião, por exemplo, é medonho. Não há qualquer noção do outro, não há civilidade, não há semancol. Para que coisas como caixinha de som na praia não se espalhem é preciso ensinar a não fazer e também ensinar o caminho correto, dentro da lei, para agir perante quem o faz.

Autoestima. Eu sei que autoestima é uma construção, não uma lição, mas tem algumas coisas que podem ser ensinadas para reforçar essa construção: o que é aceitável das pessoas que convivem com o jovem, o que não é, o que é manipulação. Um parceiro(a) que bate e depois volta dizendo que ama é um manipulador, não há negociação, não há diálogo e se isso for verbalizado desde cedo, é menos provável que a pessoa tolere. Existe um mínimo do que não deve ser tolerado que pode e deve ser balizado.

Como lidar com ansiedade. Existem muitas ferramentas que não implicam em medicamento ou gasto de dinheiro que podem ajudar demais a controlar a ansiedade e majorar o bem-estar (temos textos sobre isso também). O jovem anda muito ansioso e acredito que essa seja a raiz de muitos outros problemas. E tudo que ele sabe sobre é que tem que meditar, daí senta feito um bocó e fica de olhos fechados, não medita porra nenhuma pois gente ansiosa não consegue meditar e acaba se conformando que será sempre ansioso. Existem centenas de outras ferramentas, parem de valorizar meditação, gente ansiosa, enquanto não tratar a ansiedade, não vai conseguir meditar.

Higiene do sono. Como dormir bem. Como ter sono de qualidade. Como driblar a insônia. Como ter um sono reparador (também temos texto sobre isso). Aprender o que fazer para dormir bem melhora a saúde, a qualidade de vida e o aprendizado. Como mitigar uma noite de sono ruim. Como melhorar seu sono. Sono é um dos pilares da saúde de um ser humano.

Atividade física. Importância, modalidades mais adequadas para cada objetivo, o que não fazer, como se alimentar antes e depois, como ganhar massa muscular de forma natural, como majorar a perda de gordura, como se exercitar para melhorar a atenção, concentração, sono e cognição. Exercícios tem que fazer parte da rotina da vida de qualquer adulto – e da forma correta.

Morte. Não a parte existencial, a parte prática. O que fazer quando uma pessoa morre? Quem recolhe o corpo? Como se contrata um funeral ou cremação? Como se encerra a conta bancária da pessoa? Como se comunica a morte a todos os conhecidos? Quanto custa manter uma pessoa enterrada? Que trâmites são necessários para cremação? Como se cancela o serviço ou se muda o titular das contas de uma pessoa falecida?

Gente… quinta página. Para quem não sabe, meu limite são quatro. Eu faria mais dez textos falando sobre mais assuntos que o jovem precisa aprender (e se vocês quiserem, faço mais), mas meu limite de páginas esgotou.

Se você for pai, faça apostilas, arquivos ou compile estas informações de alguma forma digital e deixe disponível para o jovem, com um índice bem didático. É o que eu chamo de “Manual da Vida Adulta”. Inicialmente o jovem vai te ignorar e se mostrar o bastardinho ingrato que costuma ser, mas, acredite, em algum momento ele vai consultar e isso será de extrema utilidade.

Você não sabe quanto tempo mais estará ao lado dos seus filhos para orientar, deixe esse conforto para eles, caso sua presença seja precocemente retirada de suas vidas. Ter que lidar, além da dor do luto, com uma penca de coisas que você não sabe como fazer, é devastador.

Se você for empreendedor, pode lançar um livro chamado “Manual da Vida Adulta” ou um curso. Se for um curso, eu te sugiro fazer em módulos separados (Alimentação, Atividades Bancárias, Criatividade, etc.) que podem ser comprados individualmente ou o grande conjunto chamado “Manual da Vida Adulta” que dá direito a todas as aulas. É importante que comprar módulo separado seja muito mais caro do que comprar o pacote todo.

Pode confiar em mim: vai ter muita procura. Inclusive por adultos. Já temos uma geração de adultos que chegaram na adultez sem saber o básico do básico.

Sem exagero, eu seria capaz de criar ao menos cem módulos para esse curso e produzir conteúdo escrito e gráfico para todos eles. Se quiser me chamar para participar do projeto, estamos aí, desde que seja apenas para a parte teórica, por favor, não me coloque em contato com o jovem.

Para dizer que você compraria muitos desses módulos, para dizer que pagaria qualquer quantia para delegar estes ensinamentos aos seus filhos ou ainda para dizer que melhor deixar como está pois o jovem tem que acabar: comente.

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Comments (94)

  • Sugiro mais uma coisa, que à primeira vista parece só cretinice, mas, pelo que eu testemunhei hoje, também é necessária: como limpar os calçados depois de pisar em bosta de cachorro na rua. Hoje, indo trabalhar, vi no ônibus um “xófem”, com evidentes resquícios fecais caninos na parte branca de borracha das laterais de seus Vans. O infeliz, ou nem percebeu que pisou em merda – apesar do fedor flagrante – ou então não fazia a mais mínima ideia de como limpar direito e só esfregou a sola de qualquer jeito em alguma quina de sarjeta.

    • Nessa área, eu incluiria até limpar a bunda: muita gente passa papel higiênico e segue a vida.
      Se você pisa em cocô descalço, limpa seu pé com papel e pronto? Não, né? Usa água e sabão.
      O mesmo vale para a sola do sapato e para o fiofó.

      • Sally, a maioria das pessoas não lava direito sequer as mãos. Quando eu fazia musculação, reparei que a maioria das mulheres da academia ia ao banheiro e só jogava água nas mãos por alguns segundos antes de sair, nem sabonete usavam. Observei isso em umas duas academias de classe média de Curitiba e num clube caro de Minas Gerais, espero que as coisas tenham melhorado depois da pandemia.

        • “A maioria das mulheres da academia ia ao banheiro e só jogava água nas mãos por alguns segundos antes de sair, nem sabonete usavam”. Perdoem-me, mas eu tive que parar a leitura depois dessa frase, porque senti o estômago revirar… Ugh!

        • Aprender eh bom

          Como ensinar alguém a lavar as mãos:
          Pede pra fechar os olhos em frente da pia, risque com caneta de ponta grossa as mãos da pessoa (sem ela saber que está sendo riscada) abra a torneira e pede para lavar as mãos. Isso feito já pode abrir os olhos.
          Vai ser um susto bem grande.
          Poucas pessoas sabem lavar as mãos.

            • Aprender eh bom

              Bem simples: vai passando a ponta do dedo na mão da outra pessoa, intercala e usa a caneta.
              Vai alternando, ela sabe que algo mudou mas não sabe o que mudou, sequer vai imaginar que
              eh uma caneta e está com a mão riscada.
              Já vi fazer e sei que funciona.
              A pessoa se surpreende ao perceber que nao sabe lavar as mãos.
              Ela só pode abrir os olhos após terminar de lavar as mãos.

  • Continuando:
    Esse jovem adulto é faixa preta em artes marciais e fez muita natação, é um exímio nadador,
    já tendo a oportunidade e a coragem de, em férias, salvar pessoas se afogando em mar aberto.

  • Nem sempre a pessoa tem culpa da sua vida ter se tornado o que se tornou.
    Presenciei desde o nascimento o desenvolvimento de um rapaz, hoje adulto com seus 20 anos.
    Sinto uma amargura imensa pelo que vi nesse tempo, mesmo falando cara a cara com a mãe
    que fazia-se de surda continuando a balançar a cabeça em sinal de concordância porém não mudando seu comportamento em um único dia da vida desse filho.
    Criança maravilhosamente bela, chamava a atenção onde ia, irrequieto, não parava no lugar, estava sempre pulando, nao prestava atenção quando repreendido, chamava a mãe 4/5 vezes e era ignorado, a mãe só dava atenção a ele quando, cansado de chamar “mãe” ele a chamava pelo nome, ou fora de casa na presença de amigos.
    Esse menino odiava a escola que puxava muito para as matérias que ele detestava, os coleguinhas faziam bullying direto, ele não tinha um único amiguinho, fez aniversário e a mãe fez festa em casa, presenciei ele trocado e arrumadinho aguardando os coleguinhas chegarem, falava pelos cotovelos “meus amigos estao chegando”, dizia pulando e agarrando a barra da guarda da varanda olhando para a rua, doido quando um carro chegava. O dia passou, a tarde passou, cantaram parabéns e nenhum amiguinho compareceu (meus olhos e de outras pessoas marejaram de ver a decepção desse menino)
    Odiando a escola ele se recusava a fazer a lição de casa, sua mãe sentava junto dele e fazia todas as suas lições.
    Essa mãe nunca entendeu que ela não podia fazer isso, ela se recusava a deixar o filho ter nota baixa nas provas, nas lições de casa ele sempre ganhava A ou A+, nas provas conseguia quando muito nota 1.
    Aos 20 anos esse rapaz não sabe o que quer fazer na vida, faz uns 2 anos que sua mãe o inscreve em faculdades particulares e pagas, dia do vestibular ele sequer comparece pois não há interesse dele em seguir carreira nenhuma.
    Diagnosticado com TDAH aos 4 anos, (as tias da escola disseram para a mãe levá-lo ao médico), fazendo análise por 15 anos, foi cômodo usar a desculpa (tenho TDAH por isso sou assim)
    Diagnóstico errado a meu ver, era apenas uma criança saudável e cheia de energia que queria atividade fisica o tempo todo, queria brincar, correr e pular (quem lembra quando criança do fogo de acordar ao amanhecer e querer pular da cama e ir correr, balançar, chutar bola, fazer qualquer coisa que não fosse ficar parado? Os olhos dessas crianças até brilham de tanta energia transbordando pelos poros, querendo mais e mais brincadeiras)
    Receita: Ritalina, usada por 15 anos, não cresceu o quanto deveria e foi tendo seu cérebro fritado diariamente.
    A mãe aprendeu de novo todas as matérias que seu filho deveria saber, enquanto o filho se transformou em um rapaz quieto, reservado, preferiu concorrer a uma vaga de ajudante e fazer serviço braçal ao invés de escolher uma carreira de acordo com seu nível social e familiar.
    Não podemos condenar o jovem por ser como ele é, a mãe tem toda a responsabilidade pelo que fez e não fez com seu filho.
    Mãe burra, relapsa, ignorante. Exigiu notas A nas lições de casa sem se preocupar como seria o futuro desse filho.
    Essa mãe não percebeu o ridículo no que fazia, as tias da escola viam a diferença da letra das lições de casa e as lições feitas na escola, até a pressão do lápis no caderno é diferente quando comparadas com as de um adulto e de uma criança, a diferença dos desenhos, do uso do lápis de cor colorindo.
    Não foi falta de falar a respeito, a mãe se recusava a ouvir.
    Um pouco de sorte mesmo veio do exemplo dado pelo pai em ser honesto, um profissional competente
    e 100% esforçado, só por isso essa criança ainda pode dar certo.

    • Nesse caso, salvo que a mãe seja médica, eu não a culparia. Se ela medicou o filho foi por ter escutado de um especialista que o filho precisava de remédio. Que leigo vai contestar um médico? Você acha que alguma mãe em sã consciência vai preferir escutar você, um leigo, do que um médico?
      Eu culpo o médico.

  • Acabei de achar no YouTube: “Caillou aos 22”!, uma animação que parodia o clássico infantil “Caillou”, mostrando o protagonista já crescido, mas imaturo, mimado e sendo uma vergonha para os pais. Aqui, Caillou age como um crianção ridículo que faz birra, se recusa a crescer e a fazer coisas de adulto, como… Arranjar um emprego.

    Eis aí o link, para quem quiser dar umas rIsadas: https://www.youtube.com/watch?v=ancfV-rhAHU

    • Eu vi, Anônimo. E dei muita risada. Também gostei das “participações especiais” de vários outros personagens animados dos anos 90 (Johnny Bravo, Darla, Dexter) que, tal qual certos artistas de carne e osso do passado, hoje estariam esquecidos e decadentes.

  • Só para desanimar vocês mais um pouquinho… Trecho de um artigo de 2012 (!) publicado no site http://www.npr.org:

    “Michigan State University surveyed more than 700 employers seeking to hire recent college graduates. Nearly one-third said parents had submitted resumes on their child’s behalf, some without even informing the child. One-quarter reported hearing from parents urging the employer to hire their son or daughter for a position. Four percent of respondents reported that a parent actually showed up for the candidate’s job interview.”

    A tradução:
    “A Michigan State University entrevistou mais de 700 empregadores que buscavam contratar recém-formados. Quase um terço disse que os pais enviaram currículos em nome dos filhos, alguns sem sequer informá-los. Um quarto relatou ter ouvido pais instarem o empregador a contratar seu filho ou filha para um cargo. Quatro por cento dos entrevistados relataram que um dos pais realmente compareceu à entrevista de emprego do candidato.”

  • Estou criando uma nova definição de Síndrome baseada nesse texto e nas repercussões, o TDINA – Transtorno de Déficit Intelectual Não Assumido. Poderíamos chamar de burrice, mas enfim, temos que acompanhar as tendências.

    • Mas será que é burrice? Me parece mais uma falta de compreensão de como o mundo funciona.
      O burro, apesar de burro, sabe fazer gelo em forminha, sabe que tomada tem um buraco.

  • Já viram charges americanas no estilo “Do/Don’t”? São ilustrações humorísticas que explicam o jeito certo e o errado de se fazer as coisas, geralmente publicadas em pequenas séries e protagonizadas por dois personagens de posturas diametralmente opostas, com um sempre fazendo merda e o outro sempre agindo corretamente. É que eu me lembrei agora que certa vez vi uma charge nesse estilo, em que o rapaz que só fazia tudo errado era “defendido” pela mãe, que, por telefone, passava uma descompostura homérica no professor universitário que “teve a audácia” de atribuir nota baixa ao seu “pimpolinho” barbado; enquanto que o sujeito que fazia tudo certo podia até contestar, mas com respeito e assumindo a responsabilidade por seu desempenho acadêmico. Essa charge fazia piada com uma situação ridícula que, pelo visto, está ficando cada vez mais comum nas universidades dos EUA, mas eu não duvido nada que também esteja acontecendo nas do Brasil.

    • Já acontece e faz tempo! Há 15 anos atrás, mais ou menos, meu orientador de mestrado se queixava de pais que iam à direção da faculdade reclamar das notas recebidas por seus pimpolhos.

      • Pela madrugada! Também fiquei sabendo de pais lá nos EUA que mandam currículos para empresas em nome dos filhos (às vezes sem que os próprios saibam), ligam pedindo vaga e elogiando a “capacidade de liderança” das próprias crias e ainda se submetem a entrevistas de emprego no lugar de seus rebentos. É mesmo o fim da picada…

    • Putz! Essa é mesmo de lascar! E eu também vi algo assim acontecer quando chegou a minha vez de fazer o alistamento obrigatório. Parece piada, mas realmente tinha um acompanhado pela mãe, que ficou ao lado dele todo o tempo. Vocês precisavam ter visto a cara do sargento ao se deparar com aquela cena insólita…

    • Não querendo defender, mas… Pra muita gente, inskicive pra essa galera instável emocionalmente etc, o simples fato de ter que passar pelo alistamento é uma experiência assustadora, traumática.

      Fora que sempre tem casos de abuso e grosseria no dia em questão, e a coisa piora ainda se tu é gay, pq eles são homofóbicos pra caraio.

      Eu mesmo passei por isso e não tenho boa história pra contar, então… Em certo sentido, ter algum parente próximo lá talvez ajude a dar algum apoio moral.

      • O assunto é sutil, vou tentar abordar e nem sei se vou me fazer ser compreendido, mas tudo bem, vamos lá:

        Segue o fato de que ter o apoio moral de algum parente, seja a mãe, o pai, ou mesmo os irmãos, num momento difícil, ajuda a lidar melhor com uma situação difícil, vai…

        Sem contar que, imaginando hipoteticamente, no caso do alistamento, um caso extremo em que haja agressão até mesmo física (além da verbal e psicológica, que sempre há), quem estaria lá pra dar certo apoio, ou até mesmo tentar segurar a barra de alguma maneira, quem sabe até chamar a polícia? A mãe, ou talvez o pai, que seja, alguém que tivesse acompanhado!

        Aliás, esse tipo de questão desperta outras questões também, a saber: porque diachos hostilizar quem vai com a mãe num lugar desses? Estar acompanhado da mãe é visto como fraco, frágil? Isso alimenta mais ainda aquele estereótipo que tanto se tenta combater sobre a ideia de homem não chora, sempre tem que ser viril, macho, bravo, violento etc. Mais do que isso, o próprio exercito e instituições em geral, deveria mudar a forma de lidar com as pessoas, tratando-as com mais respeito e dignidade, sem precisar causar danos físicos, morais e psicológicos em cada sujeito que pisa lá. Mas isso talvez seja um sonho utópico demais, e nesse ponto, não é querer defender a nova geração não, mas eu realmente reparo que tem certas coisas – comportamentos, estereótipos sociais – que precisam ser mudados.

        • Sim, eu tenho certeza que a presença da mãe ajuda na parte do apoio emocional, mas não atrapalha no sentido de aumentar ainda mais o bullying que a pessoa vai sofrer???

  • Mais uma na aba de higiene e cuidados pessoais do curso: o que não fazer. Tipo, não começar a usar ácidos antirrugas sem aprender o tripé de limpeza, hidratação e protetor solar antes. Na verdade, não usar ácidos antirrugas sem acompanhamento profissional e muito menos antes de ser adulto.

    Tá tendo uma onda de adolescentes se queimando com retinol que parece sensacionalismo de filme hollywoodiano. Uma menina de 13 anos ficou cega, e eu ainda não consegui entender como redes sociais convenceram pessoas que mal começaram a se desenvolver que elas precisam combater o envelhecimento da pele assim. Até adultos precisam ter muito cuidado pra usar retinol!

      • Retificando: ela quase ficou cega, mas foi por sorte que ficou no quase. Apesar da menina ter só 13 anos, aparentemente tem pessoas ainda mais novas fazendo essas barbaridades e gravando tutorial:

        https://revistacrescer.globo.com/pre-adolescentes/seguranca/noticia/2024/01/menina-de-13-anos-quase-fica-cega-por-dica-de-beleza-que-viu-no-tiktok.ghtml

        Não uso TikTok, mas cada vez que procuro uma história sobre algo que começou lá a história é ainda pior contada inteira…
        Minha mãe me ensinou a usar protetor solar desde criança porque ela tinha tido câncer de pele e queria me poupar disso. Mas ela também dizia que eu não podia nem chegar perto dos cremes que ela usava, porque eu era muito jovem e eles iam me machucar. Espero que essa moda não se espalhe mais, realmente não dá para apostar no discernimento de adolescentes…

        • O que me chama a atenção é criança ter interesse em conteúdo adulto. Skincare não é algo divertido, muito pelo contrário, é chato de fazer mesmo quando a gente precisa. O que está acontecendo com essas crianças que estão interessadas em Skincare???

    • Nossa, acho curioso, pra não dizer engraçado, esse povo que já taca retinol na cara sem nem aplicar protetor solar, que é o mínimo do básico. Olha, eu até concordo que protetor tu tens que usar todo dia e pode começar desde cedo mesmo, até porque, tua pele agradece aos 40 e mesmo depois dos 30. Agora… Adolescente e pirralho usando coisa anti idade? Pelo amor, tá tudo errado mesmo!

  • Vergonha, né?

    Eu aprendi a lavar as minhas partes íntimas com uns 25 anos, por que estava namorando uma mulher 15 anos mais velha que resolveu me ensinar. Ninguém em casa havia pensado nisso.

    • Pois é, isso é muito comum: pais presumirem que o filho vai saber, que a escola vai ensinar, etc.
      Nunca presumam nada com seus filhos: ensinem tudo

  • Essa questão fez lembrar dois colegas que fizeram intercâmbio em escolas americanas.

    Basicamente, ambos disseram que não há tantas matérias no ensino médio quanto aqui. Um deles disse que tinha que optar entre história americana e história mundial, ao passo que o outro espantou os colegas e o professor de matemática por conseguir resolver questões de 2º grau (que fazia parte, no estado em que esse outro colega morou, de uma série de matérias em comum que o universitário fazia nos primeiros dois semestres para depois sim cursar a matéria escolhida).

    Isso ocorre porque, em boa parte da aula por lá, o jovem aprende a cozinhar, a costurar, a passar roupa, carpintaria, noções de eletricidade, mesmo aulas de direção, dentre outras atividades práticas (além do fato de atividades extracurriculares contarem bastante no currículo para passar em uma boa faculdade).

    O motivo disso é que o pessoal de lá disse a esses dois colegas que sairia muito caro para o cidadão médio de lá ter que pagar por todos esses serviços manuais.

    Aí pensei que, além de publicar livros, cursos práticos poderiam ser ministrados para crianças nas escolas nesse sentido. Apesar da percepção de que muitos pais certamente torceriam o nariz para ter que pagar para que seus Gaels, Enzos, Beatrizes e Valentinas aprendam na escola o que já é pago em casa para ser feito…

    (Por fim, a todas as boas sugestões lidas aqui acrescento cursos de como fazer entrevista de emprego e como se manter empregado. Levar pai/mãe para a entrevista ou ter uma visita surpresa dos pais quando o(a) filho(a) é demitido é o must…)

  • Imaginei a Sally escrevendo o roteiro de um filme ou série de comédia pastelão mostrando as trapalhadas dos alunos desse curso fictício ao tentar aprender e executar essas tarefas.

    Obs.: conheci um jogador de futebol em início de carreira que ficou felicíssimo ao receber o 13o. salário (atrasado) de um clube de futebol porque não sabia que tinha direito a isso. O público desse curso pode ser muito ampliado.

  • Eu fiquei chocada ao ver um jovem paralisado quando a internet deu problema. Os Millenials sabem um mínimo para tentar resolver (resetar o modem, reiniciar o computador, etc). Esta pessoa jovem ficou inerte, sem qualquer ideia do que fazer.

  • Turma com idade entre 15-18 anos: não sabiam os número de emergência SAMU e Bombeiros, ao menos o da polícia sabiam. E sim tive que explicar em que ocasiões ligar pra cada um.
    Meu outro emprego trabalho com um xóvem: bota som altíssimo (já estou cortando, pois não sou obrigada), atende o telefone da empresa com “alô”, passa metade do expediente no jogo do tigre e nos grupos de venda nas redes pq “faz rolos”. Já estou a ponto de matar o infeliz. Vale mencionar: o xovém em questão já tem um filho, adivinha quem cuida?

  • Da pra adicionar também nesse rol coisas de reparos em casa, o que pode e o que noa pode fazer, trocar um chuveiro, por exemplo, e quando é realmente necessário chamar o eletricista ou o encanador.

    Carro, como trocar um bendito de um pneu, que acho que essa geração também não sabe, além de verificar o óleo do motor, a água na refrigeração, enfim…

  • Quando eu leio isso sinceramente me sinto um deslocado e sinto horrorizado! Se a gente tem que ensinar o mínimo do básico da vida adulta, olha… É sinal de que o mundo regrediu mesmo! Pelamor…

  • Uma coisa que vejo frequentemente é gente (e consequentemente jovens) usando amoxicilina para quadros gripais. Quero dizer, essa porra é um antibiótico, e dos pauleiros.

    Pessoas claramente não sabem quando usar um antiinflamatório, analgésico ou um antibiótico…

    E como que conseguem comprar com tanta facilidade esses medicamentos??? Aqui pra comprar a mencionada amoxicilina preciso no mínimo de uma receita e o medicamento não é barato.

    • Usam e ainda param quando se sentem melhor, pois querem “poder voltar a beber”. É um antibiótico de uso prolongado e tratam como se fosse Azitromicina. Lá vem as bactérias resistentes…

      • Já chegaram. Hoje em dia, a venda da amoxicilina em teoria só se faz com retenção de receita justamente por conta do problema das “superbactérias”.

  • Sally, mais uma coisa para incluir nesse “Manual” e que só me ocorreu agora: procurar adquirir um mínimo de informação, cultura e conhecimentos gerais para não “pagar mico” ao conversar sobre assuntos mais elevados, como História e Filosofia. E também é uma questão de bom senso se preparar e fazer bem-feitinho o “dever de casa” antes, se for participar de um debate ou coisa parecida. Porque o que eu vejo por aí de “xófen” (obrigado, Gilco Colhos) falando umas merdas absurdas não tá escrito… E olha que há alguns desses “xófens” que são até podcasters…

      • Sim, Sally, sem dúvida. Concordo totalmente com você. “First things first”, claro. Mas o que eu quis dizer foi sobre “saber o básico do básico” também nesses temas, principalmente para os xófens (adorei essa grafia!) que atuam como jornalistas ou que têm seus próprios podcasts e passam vergonha fazendo perguntas cretinas por desconhecerem até mesmo os tópicos e fatos mais batidos. Afinal, um mínimo de conhecimentos gerais, para quem vive de entrevistar pessoas, é também importantíssimo para a sobrevivência. Para a sobrevivência profissional, bem entendido. E muitas vezes eu vi convidados se segurando para não bufarem de irritação com perguntas bestas…

  • Outra coisa que pode constar nesse “manual”, Sally: como se portar adequadamente no ambiente profissional, sobretudo ao lidar com o público/ clientes, como agir caso aconteça alguma cagada (só da própria pessoa ou da equipe toda) e quando o chefe der esporro. Porque várias vezes eu vi “adultinhos” ficarem completamente perdidos quando alguma coisa dá errado no trabalho. Chilicam e ficam sem saber como agir, transtornados e zanzando em círculos, igual ao Urso Fatso, da Turma do Pica-Pau: https://www.youtube.com/watch?v=TuBSoRRjLSw

    • W.O.J., isso é muito necessário. As pessoas não sabem lidar com feedback negativo, vejo pessoas da minha geração ou Millenials da década de 90 agindo como crianças em local de trabalho. Gente de 30+ se doendo porque nossa chefe disse que algo precisava ser corrigido. Sem grito, sem humilhação, gentilmente dizendo que estava errado e precisava ser corrigido.
      Fui superior de uma moça que fez um escândalo vergonhoso e quase me bateu quando comuniquei que o contrato dela não seria renovado. Isso depois dela gritar comigo várias vezes e não atender os critérios mínimos estabelecidos pela chefe da minha chefe para permanência. Mas adivinha só, me chamou de imatura por eu não sorrir e correr pra fazer o trabalho dela pra ela. Descobri depois que ela fez isso em mais um trabalho.

      • Infelizmente isso não é incomum. Já passei por várias situações desse tipo também. Zero noção de mercado de trabalho.

  • Não dá pra esperar nada de uma gente que olha a largura de uma prateleira alta na parede, vê a largura de uma caixa pesada, que é MAIS QUE O DOBRO que a da prateleira, e mesmo assim, ainda tem que levantá-la do chão com dificuldade e tentar colocar lá pra só então perceber que realmente não cabe.

  • Ótima ideia para montar um curso, Sally!

    Não sei se há pais aqui, mas algumas das minhas melhores memórias de infância são de ajudar meus pais e outros parentes a cozinhar. Claro que de forma segura de acordo com a idade, mas comecei ajudando a modelar massa de pão e já sabia fazer o básico no início da adolescência. Crianças no geral aprendem pelo exemplo e adoram fazer coisas sozinhas quando têm liberdade para isso. Uma tarefa simples e segura em casa pode ser melhor entretenimento do que telas, que são mais nocivas na infância e detonam a capacidade de concentração.
    Uma coisa que senti falta de ter aprendido em casa é gerenciamento emocional, aprendi depois de adulta e nem se falava sobre isso na época em que meus pais eram jovens (eles são boomers e eu sou Z). Acho que todo mundo deveria aprender, o mundo está cheio de “adultos” que nunca saíram da adolescência.

    • Hoje crianças e adolescentes estão isolados em seus quartos, assistindo streaming, em redes sociais ou jogando jogos online. Falta essa vivência do aprender a fazer. Que pudessem aprender isso em um ambiente controlado, como um curso, melhoraria a vida e a saúde mental de muita gente.

  • Sally, no módulo “Cozinha” desse “Manual da Vida Adulta” seria importante incluir pelo menos 3 coisas que tem a ver com segurança:
    1 – ensinar a não esquecer o óleo de fritura na boca acesa do fogão até fazer com que uma coluna de chamas emane da panela e o que fazer caso esse princípio de incêndio aconteça (nada de jogar água!).
    2 – ensinar como lidar com panela de pressão e com botijão de gás para evitar descuidos que podem ser fatais. Essas coisas explodem e não é brincadeira…
    3 – ensinar sobre o que se pode e o que não se pode colcoar no microondas para, de novo, evitar colocar fogo na casa.

  • Eu sou a favor de deixar o xófen se virar sozinho, ainda que à custa de muita bateção de cabeça e de passar muita vergonha diante de adultos realmente funcionais. Se o xófen sobreviver e “virar gente”, ótimo, mas não fez mais do que a obrigação. Se não, será só a natureza fazendo seu trabalho (a.k.a. “seleção natural”).

    • O problema é que pode sobreviver sem virar gente. Vira um profissional panicado, ansioso, nervoso, inseguro, que vai fazer merda por conta disso com muita gente.

  • Essa incapacidade dos jovens de hoje de lidar até com o básico do básico da vida adulta também explica, até certo ponto, o porquê de pessoas de gerações mais recentes saírem cada vez mais tarde da casa dos pais pra andarem com as prórias pernas pelo mundo real lá fora, não?

    • Em alguns casos sim, mas em outros não. Tá tudo muito caro no Brasil. O custo de vida é caro e quem quer um mínimo de conforto ou segurança precisa pagar do seu bolso por todos os serviços que o Estado deveria prestar e não presta (carro, plano de saúde, escola particular, etc.)

  • Os pais desta geração falharam miseravelmente! Querendo ter o mínimo de trabalho e dando a desculpinha esfarrapada de “prover ao meu filho tudo aquilo que não tive”, acabaram criando apenas um bando de ineptos mimados arrogantes, absurdamente tolos e preocupantemente imaturos. O xófen tem que acabar!

    • “Falta tempo”, eles dizem. Como se tempo não fosse questão de prioridade.
      Para rede social e chopinho, salão e futebol todo mundo tem tempo né?

      “Mas Sally, você está dizendo que quem tem filho tem que se anular?”
      Não, estou dizendo que se não tem o tempo disponível para criar direito, melhor não tenha.

    • me descreveu completamente, aí…

      o pior é ver que meus pais ainda reclamam quando algo ruim acontece: “tem que aprender a viver pipipi popopo”. como, se nem a isso se dignaram a me ensinar?

      então, estou aos poucos tentando aprender o que preciso e fazendo meus planejamentos. e a Sally forneceu uma boa maneira de organizar esse aprendizado, o que vai me servir muito bem.

      quem tiver vendendo um curso disso aí, ou uma apostila completa sobre o tema, faço questão de comprar.

  • Como fazer coisas básicas em uma casa. Varrer, passar pano, tirar pó, limpar o vaso sanitário, colocar roupa na máquina de lavar sem que saia tudo manchado. Essas coisas chatas que te ajudam a não viver num chiqueiro.
    E tomar banho mesmo quando falta energia elétrica. Sabe, acender o fogão com fósforo, esquentar água, tomar banho de caneca….não é o ideal mas é isso ou banho frio. Ou ficar três dias sem banho como no apagão em SP.

    • Quando eu leio os comentários do meu texto sobre a frequência na qual se deve lavar peças de roupa, me dá desânimo. Essa nova geração vive em um misto de ignorância e porquice.

  • “Mas Sally, tem uma moça no BBB que não sabe nem usar uma sanduicheira e ganha 5 milhões de patrocinador”.

    Tem mais: tem umas 10 “vagas” para esse tipo de gente no país, e 9 delas são hereditárias. Quase ninguém vai poder ser totalmente inútil e rico nessa vida. É que nem dizer que tem gente que ganha na loteria, então não precisa trabalhar.

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