The Chosen.

Antes de começar o texto, acho importante relembrar que quem vos escreve é uma pessoa que, muito além do ateísmo, repudia religiões por premissa. Boa parte destes 15 anos de blog passei criticando, falando mal e tentando mostrar a hipocrisia, a contradição e até a má-fé de religiões. Dito isso, The Chosen é bom demais! Se o assunto te interessa, é a melhor versão da história que você vai encontrar.

A proposta do seriado é narrar os últimos anos de vida de Jesus, através da visão de seus discípulos. É daí que vem o título: The Chosen = Os escolhidos, ou seja, os discípulos escolhidos por Jesus. E esse é o primeiro grande acerto da série, pois vemos a história pelos olhos de humanos, de pessoas como nós, que frequentemente se irritam, se chateiam, não compreendem e até o esculacham Jesus.

Muito mais interessante do que a versão clássica, que fala sobre Jesus como um ser mágico, inacessível e acima de todos. Um ser inquestionável, que não parece experimentar dúvidas, medos ou inseguranças. Difícil se identificar com um protagonista desses, sobretudo quando o outro lado, o lado “do mal”, é tão humano, tão parecido conosco.

Além disso, o seriado retirou boa parte do misticismo da história. Jesus faz milagres? Sim, mas durante as primeiras temporadas ele mesmo parece não tratar isso como algo que lhe confere superioridade.

Uma das cenas que mais me chamou a atenção e que me fez ver que tinha algo ali para valorizar acontece em um episódio no qual uma mulher doente fica perseguindo Jesus, pois acredita que se encostar na túnica dele será curada. Finalmente a mulher o encontra e toca em sua túnica, e de fato fica curada. Quando ela vai agradecer a ele pela cura, ele diz que ELA se curou: “sua fé te curou”.

Ou recado está dado: a mente humana é capaz de adoecer e curar. Finalmente um Jesus com o qual eu posso lidar! Não é tanto sobre negar os milagres, pois quem já viveu muitos anos sabe que ao menos uma vez na vida a gente se depara com coisas impossíveis de explicar, é sobre negar de onde eles vêm: amigo imaginário ou a mente humana?

O seriado também deixa de lado essa dualidade boba do bem contra o mal. Todo mundo ali faz merda, principalmente os apóstolos. Simão Pedro, que vai se tornar uma das principais figuras da Igreja Católica (será o primeiro Papa), faz mais merda que o Rafael Pilha, tem um gênio do cão e por diversas vezes fica putíssimo com Jesus.

Talvez um dos motivos pelos quais eu tenha gostado tanto de The Chosen seja justamente esse: eu abomino religiões e todas as alegorias que criam para tentar passar uma mensagem. Me ofende ser tratada como uma criança, com seres mágicos, perfeitos e essa postura dualista do bem contra o mal. Não era interessante na dinâmica Princesa x Bruxa Má, continua a não ser interessante na vida adulta.

Felizmente, The Chosen é cheio de nuances, os personagens são falhos e as coisas dão errado até para o suposto filho de Deus: ele se irrita, ele se chateia, ele erra. Nada mais lógico, afinal, embarcando na fantasia da história, mesmo sendo filho de Deus, ele está encarnado em um corpo, portanto, ele tem um componente humano. E ser humano pressupõe falhas, sentimentos humanos, medos, inseguranças e todo o pacote que a gente já conhece. Isso aproxima os personagens de quem assiste.

Além disso, a história não é contada de forma maniqueísta, o bem contra o mal. Todo mundo ali tem seus motivos, por mais reprováveis que eles pareçam, ninguém ali está fazendo algo por ser malvado ou por querer arruinar a humanidade.

Os supostos vilões da história têm as exatas mesmas características dos políticos que continuam a ser votados nos dias de hoje: ambição, corrupção, ego, ganância, soberba, medo e um desejo desmedido por manter seu poder. E conquistam o povo pelos mesmos artifícios. O seriado é muito menos fantasioso do que a gente pensa.

Se usassem roupas modernas, estivessem em um cenário moderno, falando de forma moderna, essa dinâmica do povo com os poderosos poderia tranquilamente ser algo atual. Se a gente olhar bem de pertinho, com cuidado, pode até ver uma crítica social: mais de dois mil anos depois, a dinâmica continua a mesma. Parabéns pela não evolução, humanidade!

Mesmo Jesus, que eu vejo como um personagem de ficção, traz sua crítica social embutida: quem tenta destoar do mainstream acaba pagando um preço alto, inclusive com sua reputação. Mesmo curando os doentes através da fé, uma espécie de placebo com pernas, muitos preferiram focar no ódio que sentiam por ele, pelas coisas que projetavam nele.

“Mas Sally, Jesus ressuscita os mortos, faz pessoas andarem na água, cura paralíticos e cegos, isso é placebo?”. Depende do quanto você acredita no poder da mente humana, na morte e na doença. É uma bela discussão para a qual eu certamente não tenho resposta e provavelmente nunca terei. Então, não estou afirmando que é um seriado com comprovação científica, estou dizendo que é um novo ponto de vista – e muito melhor do que a antiga explicação mágica.

Toda a jornada desse Jesus do seriado é humana. O personagem, como foi concebido da forma clássica, teria poderes ilimitados, portanto, poderia fazer tudo. O Jesus do The Chosen não dá carteirada e não facilita sua jornada com poderes mágicos. Por sinal, ele passa por bastante sufoco, o que o coloca muito mais humano do que divindade.

Em diversos momento Jesus sente insegurança, dúvidas e até medo. Não acredito que seja o caso de poupar ninguém de spoilers aqui, pois é uma história bastante conhecida e todos sabemos o final, certo? Então, me permito citar um exemplo: quando está escrevendo o sermão da montanha Jesus conversa com um dos apóstolos e troca uma ideia do que dizer e como dizer para ser bem compreendido, aceitando inclusive suas sugestões de mudança no texto. Um ser divino jamais precisaria disso.

Os apóstolos são outro ponto alto: as nuances, os defeitos, as virtudes, a complexidade dos personagens. Tem de tudo, desde céticos até neurodivergentes. Uma construção muito rica, que vai muito além de um grupo abençoado escolhido por suas virtudes. Na real, são um bando de fodidos nos quais Jesus vê potencial.

Outro ponto alto do seriado é desvincular a figura de Jesus dessa aura pura, imaculada, santa. Em determinado momento ele diz “Vocês acham que eu vim trazer a paz à Terra? Eu não vim trazer a paz, mas a espada”, no sentido de que para romper com o sistema de pensamento vigente fatalmente será necessário um grande estresse, nada pacífico. Sim, ele queria um mundo diferente, mas não tinha qualquer ilusão que isso seria possível na base da paz.

Tanto é que sua jornada vai escalando. O começo do seriado mostra como ele conheceu cada um dos apóstolos e os recrutou para que o sigam. Depois, ele passa ensinamentos a seus apóstolos e depois… ele propositadamente taca fogo no parquinho entrando no modo camicase full foda-se, vai pro pau mesmo, declaradamente. Dentro da sua estratégia, é o que precisa para que sua mensagem seja ouvida e perdure no tempo, ele taca o zaralho com maestria. Finalmente um Jesus com o qual eu posso lidar!

Não é um ser de luz amando a todos incondicionalmente, é um ser humano com uma ótima estratégia de marketing. Não é um ser mágico que faz truques às custas de Deus para maravilhar humanos, é um ser humano que, por motivos que ninguém pode explicar (podemos apenas teorizar), remove todas as barreiras físicas e leis deste mundo quando lança um olhar diferente sobre tudo e todos.

Assim como o laser é um feixe de luz condensado, reunido, aglomerado, esse Jesus é um aglomerado de fé: virou uma referência de que tudo era possível, fazendo com que a própria fé das pessoas depositada nele consiga o impossível. Ao vê-lo, ao interagir com ele, ele desperta tamanha fé nas pessoas que elas mesmas, através da figura dele, operam milagres.

Essa mensagem eu não acho de todo ruim: você tem uma força dentro de você que desconhece e eventualmente, quando encontra uma alegoria para acessá-la, a materializa na forma de inúmeras realizações. Essa mensagem empodera as pessoas, não a alegoria. Essa mensagem pode levar à conclusão final de que, se temos esse poder, a alegoria é apenas opcional, podemos acabar acessando esse poder sem ajuda eventualmente.

Mais um ponto positivo: não tem lacre e não tem fidelidade a religião. Talvez pelo fato de ser fruto de um financiamento coletivo, a série não foi contaminada pela versão clássica da história nem pelo politicamente correto imposto por grandes estúdios.

Muita coisa ali irritou diferentes igrejas, principalmente no que diz respeito às imperfeições, falhas e inseguranças de Jesus. Atrita com a narrativa clássica de um Jesus perfeito, seguro, mágico. Só no Youtube, há centenas de vídeos feitos por padres, teólogos e fiéis criticando a forma como o seriado conta a história. Bem… se a Igreja critica, eu vejo como um bom sinal.

E pelo visto não apenas eu, The Chosen é um sucesso mundial. Além de ser o projeto com financiamento coletivo mais bem-sucedido de toda a história, também é recorde de público (teve mais de 800 milhões de visualizações), já foi dublada e legendada em mais de 600 idiomas

O mais legal? Pode ser assistida gratuitamente: https://watch.thechosen.tv/ ou pelo aplicativo oficial, que permite ver com mais conforto no celular. Também está disponível na Netflix (ficou no Top 10 de toda a América Latina em 2023), mas quem não quer ou não pode pagar, não fica sem.

A série está na sua terceira temporada (a quarta já está chegando) e durará sete temporadas (na quarta tem treta, na quinta capturam Jesus, na sexta é a crucificação e na sétima o retorno de Jesus). Dá tempo de maratonar as três primeiras antes da quarta chegar. É uma série gostosa de assistir, dá para ver vários episódios seguidos.

Talvez você leia muitas críticas negativas ao seriado por parte de críticos de cinema, de tv ou de especialistas. Mas, quando se vê a opinião do público, é um seriado aclamado. Só para citar um exemplo, ela conseguiu a proeza de ter 100% de aprovação no Rotten Tomatoes, um famoso site americano que reúne críticas de cinema e televisão. Então, não se deixe desanimar por críticos profissionais.

Além de tudo, The Chosen consegue ser um sucesso nos cinemas também, já que os produtores decidiram lançar episódios da quarta temporada nos cinemas antes de chegar no streaming. De fato, são cenas que merecem uma tela grande. Ainda lamento ter visto os últimos episódios da terceira temporada em uma TV, teriam sido muito melhores em uma tela grande.

Em resumo, o que não esperar da série: atores famosos, linguagem hollywoodiana, uma visão clássica da história, efeitos especiais grandiosos, um ritmo acelerado, um Jesus com superioridade moral ou punitivo. O que esperar da série: ótimas interpretações, uma história que vai progredindo em ação e tensão, um recurso orçamentário um pouco menor do que o de grandes seriados e um Jesus muito mais humano do que estamos acostumados.

Se você assistir esperando uma versão clássica, vai se frustrar. Mas, se você quer um olhar mais humano, menos preto no branco e bastante diferente de tudo que já se fez sobre essa história, The Chosen é uma boa forma de passar seu tempo.

Para dizer que super pegaria Jesus, para dizer que se não tem sexo e violência não te interessa ou ainda para dizer que agora só consegue pensar em Jesus com a cara do Jonathan Roumie: comente.

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Comments (26)

  • Nossa, até tu gostou do seriado Sally?? rs
    Eu gostei desde o começo, não lembro como a indicação chegou pra mim….que sou bem avessa a temas religiosos, e desde o 1o. episódio vi que era diferente e como você descreve: gente como a gente.
    Tambem recomendo que assistam, é muito legal e mostra o jogo de interesses de todos envolvidos…e nada mudou até hoje :(

  • Wellington Alves

    Estou amando essa versão gospel da Sally 2024! Kkkkk
    Mas esse lado humano e falho dos personagens bíblicos é algo que as religiões relegaram durante séculos. Sendo que a bíblia nunca ocultou isso, pelo contrário, você vai ver que o que não falta são casos como traição, adultério, estupro, incesto e assassinatos, todas as mazelas de uma sociedade estão a’li. Tudo para mostrar que a glória não está nos homens. A igreja católica tem muita culpa nisso. Até hoje, muitos católicos acham que os “santos”foram homens que nunca pecaram, sendo que o próprio Paulo diz que é o pior dos pecadores pois “o bem que quero fazer não faço, mas o mal que não quero fazer, esse faço”. Só Cristo não pecou.
    A bíblia não é um livro que alguém um dia resolveu escrever uma história de ficção, são, na sua maior parte, relatos históricos feitos por diferentes pessoas em diferentes épocas e reunidos num só livro. O aspecto sobrenatural está no fato de Deus ter inspirado esses homens para que se mantivesse uma mesma linha literária apesar dos séculos de diferença entre eles.

    • Mas na Bíblia os apóstolos e Jesus são retratados como pessoas cheias de falhas, medos, defeitos e inseguranças?

        • Wellington Alves

          Sim, era. Mas Após seu encontro com Cristo Paulo foi transformado e de Perseguidor Passou a perseguido. Acredito que você Saiba disso.

      • Wellington Alves

        Sim, tem vários momentos que mostram essas atitudes. Medo, insegurança, ira, impulsividade. Por ex. na véspera de ser crucificado,quando Jesus orava, , o texto diz que ele clamou pedindo a Deus que, se possível, passasse dele aquele cálice mas que, contudo, fosse feita a vontade Dele. Inclusive, no livro de Lucas (que era médico) no cap. 22:44 diz que, nesse momento, ele estava tão angustiado que suava como gotas de sangue, que é um fenômeno raro em situações de estresse intenso chamado hematidrose.
        Nesse mesmo texto diz que, quando chegaram para prender Jesus, um dos discípulos pegou a espada e cortou a orelha de um deles, mas Jesus o repreendeu pois ele precisaria passar por aquilo, e ainda implantou a orelha de volta no homem.
        Mais adiante o texto relata que Pedro negou Jesus por 3x, mentindo quando lhe perguntavam se ele era um dos que andava com ele.
        Pense na finess de um pescador nos dias de hoje, agora transfira isso para 2000 anos atrás. Esse era Pedro.
        Em João 11:35, quando lhe contaram da morte de seu amigo Lázaro, mesmo sabendo que o ressuscitaria na sequência, ainda assim, Jesus chorou.
        Em joão 2:14 é aquela parte polêmica em que Jesus chega e vê pessoas vendendo animais para sacrifício no templo. Aí se ira com a situação, faz um chicote com cordas, saiu expulsando geral e mandou pararem de fazer da casa de Deus um mercado.
        Mas é importante mencionar que, no caso de Jesus, ainda que sujeito a emoções humanas, e tendo se irado nesse caso, ele nunca pecou. “Quando vocês ficarem irados, não pequem”. Apazigúem a sua ira antes que o sol se ponha, EFÉSIOS 4:26
        A série realmente acertou em cheio ao adotar essa liberdade poética e explorar todas essas nuances.

        • “ Medo, insegurança, ira, impulsividade. Por ex. na véspera de ser crucificado,quando Jesus orava, , o texto diz que ele clamou pedindo a Deus que, se possível, passasse dele aquele cálice mas que, contudo, fosse feita a vontade Dele. Inclusive, no livro de Lucas (que era médico) no cap. 22:44 diz que, nesse momento, ele estava tão angustiado que suava como gotas de sangue, que é um fenômeno raro em situações de estresse intenso chamado hematidrose”
          Não entendo o que faz um homem adulto aceitar passar por uma situação dessa sem reação de extremo ódio aos responsáveis.
          Não deve nada, cadê a defesa?
          Morre de forma terrível, calado, abnegado, aceitando o desenrolar dos acontecimentos que levarão ao fim trágico sem reclamar, sem se revoltar…
          Eu não entendo, queria entender, mas não entendo, nem à luz da ciência nem à luz do divino (como prega uma maioria crente.
          Quando certo dia falei a respeito, alguém disse: eh o milagre da fé.
          Taí, eu não entendo, só sinto um pavor imenso em pensar o que esse homem sofreu, sem mandar ninguém pra praquele lugar.

          • Ponderação de leiga: Jesus tinha todos os poderes que quisesse, se ele quisesse, tinha dado um jeito de escapar dessa. Foi escolha dele passar por todo esse sofrimento por acreditar que havia um propósito naquilo. A forma como ele agiu, pedindo “se der, me liberar aí, mas se não der, tudo bem, a gente encara” não me parece exatamente medo, insegurança ou nada disso. Uma pessoa apavorada teria fugido por seus próprios meios, coisa que eu teria feito, por sinal…

            • Wellington Alves

              Sim, nessa mesma passagem (mas em Mateus 26:53 e 54) conta que ele disse ao que cortou a orelha: “Você acha que eu não posso pedir a meu Pai, e ele não colocaria imediatamente à minha disposição mais de doze legiões de anjos?
              Como então se cumpririam as Escrituras que dizem que as coisas deveriam acontecer desta forma?”
              Mas o que estou colocando aqui pra você é que, mesmo consciente e determinado a passar por tudo, ele tinha que lidar com sentimentos típicos dos homens. Ele não reagia com frieza e indiferença, tipo o exterminador do futuro descendo no forno dando jóia enquanto afundava no metal derretido.
              Pra vencer o pecado ele precisava estar sujeito a tudo o que nós estamos, às mesmas tentações que eu e você. Só assim teria legitimidade para vencer a morte e nos salvar. Esse era o preço.
              Agora chega de spoiler.

              • Sim, com certeza, se ele estava encarnado em um corpo, a lógico é a de que inevitavelmente teria sentimentos humanos!

          • Wellington Alves

            Mas era o propósito. Cerca de 700 anos antes de Cristo, o profeta Isaías fez a seguinte profecia a respeito de Jesus: Ele foi oprimido e afligido; e, contudo, não abriu a sua boca; como um cordeiro, foi levado para o matadouro; e, como uma ovelha que diante de seus tosquiadores fica calada, ele não abriu a sua boca. Isaías 53:7
            Imagina se eu, já todo fudido na cruz, ainda ia dizer: “Pai, perdoa-lhes pois não sabem o que estão fazendo”. Cristo se entregou por amor a mim e por você, mesmo a gente não merecendo, isso se chama graça.

    • Os últimos textos sobre Bíblia e fé cristã, tem me lembrado um filme baseado em um livro, sobre a história de Lee Strobel, o jornalista ateu que se converteu após uma investigação em que tentava provar que Cristo era uma farça.
      Wellington, excelentes comentários! Seria mesmo muito interessante um desfavor convida com você

      • Wellington Alves

        Pra falar sobre Bíblia? Não prometo, mas vou pensar. Tenho que pensar em algo legal que não destoe do Desfavor. Talvez agora fique mais fácil já que a Sally inaugurou a coluna Bíblia Pilhada.

        • Pode falar o que tiver vontade, não tem nenhuma restrição a destoar do Desfavor. Inclusive o Desfavor Convidado é para isso mesmo, para trazer diversidade de ideias e pensamentos!

  • O jeito como você falou de Jesus me lembrou Douglas Adams no conto O Jovem Zaphod Joga Seguro: “Não há nada que eles não façam se lhes for permitido, e não há nada que eles não possam fazer” (seria uma pessoal artificial dentro de uma cápsula que Zaphod mandou pra Terra por acidente, e é isso que desencadeia a ordem pros Vogons irem demolir o planeta).

    Em várias passagens do Novo Testamento acontece isso de Jesus dizer para a pessoa que a própria fé dela a salvou. Tem um momento específico em que um homem rico pede que Jesus ajude um empregado dele que está enfermo, e Jesus se oferece para ir até a casa ver o rapaz. O homem responde que não, que ele próprio é autoridade e sabe que se der uma ordem por carta a ordem se fará cumprir à distância, então se Jesus apenas mandar, dali mesmo, o criado vai melhorar. Jesus se admira, e dispensa o homem dizendo que a fé dele era exemplar e o criado estaria são quando ele voltasse. Eu sempre tive um pé atrás com séries e filmes bíblicos, sempre tive medo de ser meio novela da Record, mas confio na sua indicação, Sally, e vou dar uma chance.

    Agora, mudando de assunto, e Problema dos Três Corpos, hein?

  • Uma coisa no The Chosen bastante apreciada: mostram os apóstolos se virando para arranjar recursos para custear suas pregações, seja produzindo azeite de oliva, com o pai de dois deles vendendo o barco de pesca da família para investir nessa produção, seja com outro dos apóstolos cedendo a própria casa para uso irrestrito pelos demais. E depois tendo que fazer milagres (/turun tss/) para render o dinheiro contado que tinham para comprar insumos e alimentos para o Sermão da Montanha.

    Me lembrou o quanto tem sido difícil aqui realizar projetos sociais e o quão custoso é arranjar voluntários e recursos para tocá-los, por mais nobres que sejam.

    Nisso é mais verdadeiro que o filme Gandhi, que o retrata como um ser (quase) divino. Em nenhum momento o filme mostra que Gandhi foi sustentado boa parte da vida pela elite indiana, que era tão predatória quanto o império britânico de que procuravam ser independentes.

      • Assita, UABO. É meio longo e arrastado, mas é interessante. Eu mesmo só assisiti a esse filme uma vez, há muito tempo, em uma “sessão corujão” na TV mas estou pensando em rever.

  • Eu não sou um grande fã de séries atuais em geral e nem tenho o costume de “maratonar”, mas acho que, pela forma diferente da usual de abordar o tema e por ter mexido em alguns “vespeiros” desagradando religiosos e gente que não entendeu a premissa, vale dar ao menos uma olhada. Grato pela recomendação, Sally.

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