MÉÉÉÉÉÉTAU!Começou ontem mais uma edição do Rock in Rio, com Milton Nascimento, Claudia Leitte, Katy Perry, Elton John, Rihanna, Os Cambistas, Banda Muitas Filas, Lixo & Atrasos…

Line-up de primeira, desfavor da semana.

SOMIR

Tentando ver o lado positivo: Pelo menos dessa vez o Rock in Rio está sendo no Rio. Acredito que até por isso flexibilizaram toda aquela parte do “Rock”. Pode-se até argumentar que o Motörhead sozinho vale o título, mas a média denota que o evento é um caça-níqueis descarado.

Deve ser infernal organizar um show de grande porte no Brasil, tenho dificuldades de lembrar de uma porcaria de evento onde o público não foi tratado como gado e o jeitinho nacional não deu o ar da graça para coroar a situação. Quem se dá bem nessas é caixa dois de organizador e cambista.

Confesso que quando anunciaram o Rock in Rio, fiquei um pouco esperançoso. Tudo bem que a oferta de bons shows internacionais já melhorou aqui desde a edição anterior (em solo nacional), mas poderia ter a chance de pegar uma daquelas sequências “mágicas” de shows. Imaginem qual não foi a minha surpresa (minha e de muita gente) quando começaram a anunciar coisas como Claudia Leitte e Rihanna…

A merda nem é só a qualidade das músicas “jabá de rádio”, é o público que isso atrai e o que diz sobre a intenção da organização. Soltaram um “assina com quem é famoso e foda-se”. E aí não dá nem para se surpreender com a bagunça que vira o evento. O público-alvo é qualquer um que pague o ingresso, aliás, meio-ingresso. Porque aqui na República das Bananas a esperteza é endêmica. Se vivêssemos num país com tantos estudantes assim, o nível cultural desse povo seria bem melhor.

Paga o dobro do valor minimamente justo (vocês acham que eles não acham o preço certo e dobram?) quem não entra no jogo da UNE e outras organizações mafiosas. Depois não sabem por que os ingressos aqui no Brasil são em média mais caros que em países semelhantes. Tudo bem que eu quero que falte dinheiro, comida e atendimento médico na casa de fãs da Katy Perry e Cia., mas isso não é sobre minhas vontades. É mais um daqueles “momentos Brasil” onde ser honesto custa mais caro.

E mesmo com o sonoro “se fode aí” que é o evento, a pobralhada se acumula. O público dessa vez vai ser menor que em edições anteriores, pode até parecer que a organização achou melhor controlar a aglomeração da pobralhada, mas a verdade é que as bandas são bem… meia-bomba. Porra, o show de encerramento vai ser com o que restou do Guns N’ Roses (e mesmo que você seja fã, vai admitir que não sobrou muita coisa…).

Vários dos grupos já entraram definitivamente na fase “pé-de-meia” da carreira. Red Hot Chilli Peppers e Metallica como dois dos exemplos mais claros. O Coldplay já está pegando a descendente. As outras? Porra, nem para fechar os dias estão servindo (sem contar os dinossauros, que completam bem um set-list, mas já passaram da fase de atração principal). Eu fui adolescente no final dos anos 90, comecinho dos 2000, não tenho nada contra Slipknot e System of a Down, mas… eles não fecham dia mais em festival algum.

Se comparar com o line-up de um Glastonburry da vida, é de chorar o nível dos convidados. Não sou muito fã de ficar relembrando as primeiras edições do Rock in Rio (o povo ia ver o Cazuza! que horror…), mas há de se concordar que boa parte dos grupos estava no auge. Isso já faz uma puta de uma diferença. Numa comparação triste, se ontem tivesse terminado com aquela anta da Lady Gaga, até teria mais moral.

O Rock in Rio tem toda cara de “o evento que deu para fazer”. Mas a mídia vai cair matando em cima (tem que ter notícia e botar aqueles refugos da MTV para trabalhar no Multishow…) como se fosse um grande orgulho nacional um festival “enfiando dobrado” como esse.

O público do primeiro dia foi uma merda TÃO grande que a Claudia Leitte não levou chuva de garrafa! Gezuiz, o LOBÃO levou garrafada em edições anteriores. Alguém me explica como uma cantora de axé passou ilesa? Se explodisse uma bomba e matasse todo o público, a única consequência econômica seria a falta de tração animal por algumas semanas. Aliás, engraçado como bateu um momento honestidade nela e ela mudou pra caralho o set-list. Tudo bem que Chico Science é mais um daqueles “gênios porque morreu”, mas deve ter se revirado no túmulo depois dela mandar um Manguetown.

Ah sim, os atrasos. A última a se apresentar, a mulher-saco-de-pancadas, Rihanna, entrou só com duas horas de atraso. Espero que num evento mil vezes mais complexo como uma Olimpíada fique mais fácil de organizar as coisas.

Mas quem se importa? O evento vai girar quase um bilhão de reais. Tenho certeza que pelo menos alguém vai aproveitar bem o Rock in Rio. SPOILER: Esse alguém não vai estar na platéia.

Para fazer alguma defesa apaixonada da banda que marcou sua adolescência, como se isso tivesse alguma coisa a ver com o festival capenga mencionado aqui: somir@desfavor.com

SALLY

O que está acontecendo neste final de semana no Rio de Janeiro é uma amostra grátis do que veremos nas Olimpíadas e na Copa do Mundo: uma bagunça generalizada que a imprensa insiste em noticiar como um evento de sucesso. Não é. ESTÁ TUDO UMA MERDA.

O Rio de Janeiro está UM CAOS. Todo mundo sabia que o Rock in Rio daria um nó no trânsito, mas como desgraça pouca é bobagem, a Guarda Municipal amanheceu em greve ontem primeiro dia do evento. MUITO BACANA. O que já estava cagado, ficou cagado ao quadrado.

Para começo de conversa, as determinações anunciadas não foram seguidas. Informaram em tudo quanto era canto quais as ruas que fechariam e em quais horários. Me programei para passar por uma destas ruas uma hora antes do seu fechamento, para não correr riscos. Quando entrei na rua, uma hora antes do horário do seu fechamento, me deparo com um caminhão destinado a rebocar veículos que se atravessou na pisa DO NADA, sem fechamento prévio das entradas por cones (como deveria ser) impedindo a passagem. Perguntei o que era aquilo e eles me avisaram que o trânsito estava fechado e quando eu perguntei porque anunciaram uma hora e fecharam na outra, a resposta não poderia ter sido mais educada: “Porque sim, Madame, pode dar meia volta”. Eduardo paz, muita luz e muita saúde para você e para sua família, tááá?

O caos se estendeu de uma forma que eu precisaria de dez páginas para narrar. Os ônibus não deram vazão, o terminar principal de ônibus ficou sem luz, deixando uma multidão no escuro, fila para comprar cartão de ônibus, depois fila para pegar o cartão e depois fila para embarcar. Um amigo meu que veio de outro estado disse que demorou mais do terminal do ônibus especial para o Rock in Rio do que para chegar da cidade dele até a minha casa. O bacana é que o tal ônibus VIP não foi barato não: R$ 35,00. Muita gente NÃO CONSEGUIU CHEGAR.

Teve gente entrando armada, teve gente entrando com drogas e teve gente entrando sem pagar. Falhas grosseiras de fiscalização por todos os lados. Gente branquinha e bem vestida sequer era revistada. Fila para tudo. Ingressos caríssimos que vieram com falhas no código de barras deixaram muita gente na mão. É tanta merda, mas tanta merda, que vocês não tem noção. Infelizmente não é esse o ponto central da minha postagem, então, deixo os detalhes da bagunça e desorganização para aquela parcela da imprensa que tem comprometimento com a verdade divulgar. Mas podem acreditar, a maior parte da imprensa vai fazer parecer que foi um sucesso e que o Rio está suuuper preparado para eventos de grande porte. MENTIRA.

O ponto central é: tanto perrengue, tanta confusão, tanto esforço por shows que de rock que, de rock não tem nem o cheiro! Não que eu esteja falando mal dos artistas que irão se apresentar, gosto de diversos, mas porra, querer empurrar que Claudia Leite, Katy Perry, Elton John e Rihana são rock ofende minha inteligência. Depois, quando eu falo que Rafael Pilha é um astro do rock neguinho reclama! E nos próximos dias a coisa não fica muito melhor do que isso não: NX Zero, Ke$ha, Jamiroquai, Stevie Wonder, Jota Quest, Ivete Sangalo, Lenny Kravitz, Shakira, Skank e tantos outros NÃO SÃO ROCK. Eu sei que talvez seja complicado fazer um evento SÓ de rock, mas vocês tem que concordar que fazer um evento chamado “Rock in Rio” onde o rock é uma EXCEÇAO, é algo meio 171.

Acaba que a maior parte das atrações principais tem aquele estilo show fake americanizado já manjado e saturado, onde nos deparamos com as seguintes variáveis: a) quem se apresenta tenta cantar ao vivo e dá vexame, pois sua voz é fraca, despreparada e não suporta os movimentos de dança da apresentação, criando falhas e “ofergâncias” ou b) a pessoa assume que sua voz é um cu e faz um show em playback cheio de dança, cores e efeitos especiais mas que musicalmente não tem valor algum. Chega a ser um choque quando, no meio da música, ligam o microfone da pessoa e sua voz REAL ecoa, nada a ver com a voz tratada e sintetizada que canta a música. Francamente, acho ambos estelionato musical. Todo mundo sabe que essas celebridades pop dão vexame quando tem que cantar ao vivo, sem os inúmeros recursos de estúdio para melhorar suas vozes estridentes e irritantes e ainda assim insistem em chamá-los de cantores!

O mais bacana é reparar nas letras. A grande maioria é futilidade pura, ou baixaria, ou imbecilidade. Se as pessoas entendessem o que estão cantando, não teriam a metade dos fãs. Mas aqui é assim, o artista fala duas frases em inglês e todo mundo bate muitas palmas e vai ao delírio, sem nem ao menos entender metade do que foi dito, mesmo que tenham sido mandados tomar no meio dos seus cus e chamados de otários. Eles batem palmas pelo simples fato do artista ter lhes dirigido a palavra. Que honra uma celebridade de momento, drogada ou anoréxica ou que apanha do namorado ou que barraqueia onde quer que vá ter a generosidade de te dirigir uma frase de forma coletiva, depois de vocë ter gasto trezentas pratas para vê-la tão distante a ponto dela fica do tamanho do seu polegar, hein? Bate palma mesmo, foquinha latina subdesenvolvida!

O preço é outro fator que deve ser levado em conta. Se você não tinha tempo e paciência de virar a noite em uma fila para comprar ingressos (já caros no original), levou uma facada nas mãos de cambistas, que compraram tudo. Quem mandou trabalhar e não poder passar vinte e duas horas numa fila? Ingressos chegaram a ser vendidos pela exorbitante quantia de setecentos reais. Esse é o problema de deixar cambistas comprarem os ingressos: eles esgotam todos em poucas horas e o povo se fode, tendo que pagar pelo menos o dobro do preço.

Paga caro pelo ingresso, tem dificuldades para chegar no local e quando chega tem dificuldades para entrar e quando entra vê show em playback ou então cantado de forma vergonhosa. Sou eu que estou ficando velha ou o Rock in Rio é a maior furada?
Para piorar, a transmissão televisiva foi risível. Padrão Globo de Qualidade, conhecido também como TOQUE DE MERDAS (o oposto do toque de Midas). Só valeu a pena ver as entrevistas na área VIP, várias celebridades visivelmente bêbadas protagonizando vexames. Estou começando a achar que merece um Plantão Rock in Rio, pois a baixaria VIP tá correndo solta: é gente comprometida se chupando nos cantos com desconhecidos, é briga de marido e mulher com lavação de roupa pública em público, é crise de choro de mulher traída… teve de tudo ontem. Até os peitinhos da Gloria Maria deu para ver, quando jogaram um holofote nela durante uma entrevista. Tadinha, a blusa dela ficou transparente pra caralho, parecia um raio-x.

Enfim, o primeiro dia de Rock in Rio foi um cu completo e fodeu com a cidade toda. Imagina como vai ser quando for uma Copa do Mundo! E quando for uma Olimpíada, com semanas de atividades diárias? HAHAHAHA. Querem tentar maquiar e dizer que foi bonito? Tenta a sorte, se for leitor do Desfavor vai saber a verdade.

Mal posso esperar pelo dia de amanhã, a previsão é de chuvas torrenciais, vai ficar ainda mais divertido!

Para me chamar de espirito de porco, para me chamar de mentirosa porque reporteres da Contigo disseram que a organização foi exemplar ou ainda para dizer que toda paunocuzação nos cariocas é pouco: sally@desfavor.com

Processa Eu! Lá em casa...Nesta semana vazaram fotos muito esperadas por homens do mundo inteiro, Scarlett Johansson finalmente mostrou mais do que seu decote e expressão bovina habitual. Evidente que este não é o desfavor da semana (não para o Somir), o que realmente criou a coluna de hoje foi a ameaça ridícula de processar meio mundo e as desculpinhas padrão pela divulgação das fotos.

FONTE

Quem mostra a bunda abaixa a cabeça para a internet. Desfavor da semana.

SOMIR

Em primeiro lugar, vou ser honesto: Meu único problema com as fotos é a baixa resolução. Mais uma figurinha para o álbum, agora eu fico esperando vazarem algumas da Christina Hendricks. Ei, adiantou torcer pelas da Scarlett…

Independentemente do grau de satisfação deste que lhes escreve, o desenrolar da história merece SIM estampar nossas páginas. Comportamento de celebridade tende a ser imitado pelo povão, e essas desculpinhas padrão para vazamento de fotos reveladoras já me deram nos nervos. Ao invés de assumir as bobagens, se aproveitam do baixo conhecimento técnico do cidadão médio para jogar a culpa no colo alheio.

Pouco tempo após o surgimento das fotos na internet, já surgiram as menções que o material não passava de montagem. É natural, já que tem mesmo muita gente fazendo montagens, especialmente de mulheres que não tiram a roupa para a mídia; além disso, parece ser a primeira desculpa que qualquer anta, celebridade ou não, dispara quando acuada.

Vamos esclarecer uma coisa: É relativamente simples adicionar ou retirar objetos de uma foto. Não costuma ser o foco da atenção e engana muito bem até olhos treinados. Agora… fazer uma montagem de uma pessoa no corpo da outra? Boa sorte passando até pelos “peritos de mentirinha” da internet. O cérebro bota um foco de atenção tremendo na face de outras pessoas. É uma espécie de talento natural humano.

Até mesmo analfabetos digitais conseguem perceber algo “errado” numa montagem de rosto em corpo diferente. Claro que nem todo mundo consegue definir exatamente o que não encaixa, mas basta mencionar a possibilidade da foto ser uma montagem que muita gente se toca. Com um pouco de bom-senso, a grande maioria das montagens pode ser desmascarada. Até porque todo mundo acha que sabe mexer em fotos, mas é apenas uma minoria que tem noção do que está fazendo.

E olha que tem como pegar no pulo até os maiores talentos no assunto. Sutilezas que só podem ser percebidas com programas especiais em conjunto com muita experiência na área. Não vou matar ninguém de tédio com explicação técnica, mas tenham a certeza montagem não faz milagre. Se o peladão ou peladona da foto parece perfeitamente natural na cena, pode acreditar que é verdade. Esse lance de que qualquer foto pode ser montagem é uma forma de dizer que o rei não está nu. Não duvide tanto do que você consegue depreender de uma foto, tende a ser o julgamento correto.

Mas como mais e mais pessoas estão desmistificando a desculpinha do FÓTOXÓÓÓPI, aumentou demais o número de pessoas tentando se esconder por detrás dos Hackers. Como o que eles fazem parece impossível de se compreender, é até seguro jogar para o lado deles a culpa de qualquer irresponsabilidade na manutenção da auto-imagem.

Sinceramente? Te acham RÁQUIR se você abrir o prompt de comando do Windows e “pingar” o Google. Quem sabe o que esses termos significam deve estar rindo lembrando das vezes que assustou o povo com proezas hackers de mentirinha. Vamos tirar isso do caminho: Hackers são uma diminuta parcela dos usuários da rede e estão mais preocupados em encher o rabo de dinheiro procurando falhas em sistemas de grandes corporações do que tentando postar no seu Twitter.

Neguinho tem uma daquelas senhas terminadas em 123 e ainda acha que precisa ser um gênio da programação para invadir e copiar seus arquivos pessoais? Virou moda entre as celebridades: Faz qualquer merda no computador, diz que foi hackeado. Engraçado quando fazem para tirar o da reta por uma declaração problemática. Engraçado porque cola, principalmente. Esse Pedro grita lobo e nunca é ignorado.

As duas falhas mais comuns do usuário que tem sua vida exposta além da conta na rede provém do software (senha ridiculamente óbvia ou falta de uma) ou do hardware (perde ou deixa desprotegidos na mão de estranhos laptops ou celulares) humanos. Aposte e não perca que a falha bisonha de segurança vai ser culpa exclusiva de alguém que registra e armazenas fotos e vídeos íntimos desprotegidos no computador. Não precisa ser hacker para baixar uma foto…

Dizem qualquer merda para tentar se livrar da gorda parcela de responsabilidade que tem. Adivinhem só: O rei está nu e pedro não viu lobo nenhum. A celebridade (ou anta genérica da sua rede social predileta) foi negligente ou queria mesmo que o material viesse a público.

No caso Scarlett, foi a desculpa dos hackers. E como isso basicamente é uma confissão de distração ou intenção, é ainda mais ridículo ficar lendo declaração de advogado dizendo que vai processar metade da internet. Essas fotos já são de domínio público. Se queria evitar MESMO o vazamento, não deveria tê-las mantido tão fáceis de serem interceptadas. Ou mesmo posado/tirado.

Numa analogia tosca com concepção: Se não quer ter filhos e não vai usar pílulas ou camisinha, sobra basicamente a abstinência. Eu sou totalmente favorável a mulheres que acho atraentes ficarem se mostrando peladas por aí, mas que pelo menos o façam com orgulho.

P.S.: Só eu que acho engraçado como muitos sites brasileiros exibiram as fotos com uma estrela sobre os mamilos, mas deixaram a bunda exposta numa boa? Esse falso puritanismo “pode tudo que não é rosa” nunca fez sentido para mim.

Ah claro, para não perder a chance de processo internacional: Foto 1 e Foto 2. Foto bônus.

Para dizer que me paga bem para tirar esse texto do ar, para reclamar que até pelada a Scarlett é chata, ou mesmo para me parabenizar por escrever tanto só com uma mão: somir@desfavor.com

SALLY

Como vocês já devem ter percebido, vazaram fotos na namoradinha do Somir pelada em diversos sites da internet.

Gandesbosta, vaza foto de mulher pelada todo santo dia. Só que no caso dela, foi aquele auê. Até o FBI entrou em cena. Será que se fossem fotos de uma nobody o FUCKIN´ FBI ia investigar? Daí o advogado na moça entrou em contato com todos os sites para dizer que vai processar quem publicar as fotos com alegações teratológicas incluindo coisas como “direitos autorais”. Se cada vez que você publica uma foto de alguém na internet sem o seu consentimento tiver que pagar direitos autorais por causa disso, vou ter que dar a toba para quitar estes três anos de débito aqui do Desfavor, viu?

Inicialmente se falou de hackers roubando estas fotos, depois a coisa ficou um pouco mais simples: testemunhas contam que a mocinha foi para a balada, bebeu todas até cair e perdeu seu celular, onde as supostas fotinhos estavam. Imediatamente depois ela confirmou e ato contínuo (vulgo “tomei esporro do meu advogado”) negou e afirmou que na verdade a causa teria sido um hacker que invadiram seu Blackberry Bold 9000 (a empresa deve estar feliz da vida com essa publicidade. Não importa, de uma forma ou de outra, a moça zanzava por aí com seu celular recheado de fotos dela pelada.

Vai me dizer que não teve nem um pouquinho de negligência da parte dela? Realiza: você é uma celebridade, sex symbol (para pessoas como o Somir que preferem de palitos em vez de corpo feminino), daí você tira fotos suas pelada, deixa elas no seu celular e vai para a balada. VAI À MERDA, NÉ? Roubos e furtos acontecem até mesmo quando a gente vai no mercado, inclusive nos EUA. Para que alguém mantém fotos suas pelada no seu próprio celular? “Hmm, já que estou aqui na fila do banco e está demorando, vou dar uma olhada na minha bunda”, “Ai que saco essa fila do supermercado, vou dar uma olhada nos meus peitinhos para matar a saudade”. VAI À MERDA II.

Se eu, que sou uma nobody, já tomaria mil cuidados, com certeza esta mocinha também deveria tomar. Ela QUERIA que essa merda vazasse. Nunca tiraria uma foto minha nua, mas, puta merda, se por um infeliz acaso eu fosse para uma balada com fotos minhas nua no meu celular, eu ia cuidar mais desse celular do que cuidaria de um filho, abria as duas bandas e enfiava ele no cólon para ter certeza de que não ia perder. E, independente de sair de casa com ele, jamais deixaria fotos nua em um lugar que pode ser hackeado. Custava colocar em um pendrive e guardar em um local menos arriscado? Ela assumiu um risco. Deu merda. É a mesma lógica do alpinista que morre congelado no topo da montanha.

Não é possível que as pessoas não saibam que NÃO EXISTE PRIVACIDADE no mundo virtual. Por mais bem guardadas que você ACHE que estão, as informações podem vazar. Sobretudo se você é uma pessoa visada. Não tem dessa de achar que está protegido. Logo, não tem dessa de reclamar que teve a privacidade violada. É como colocar a bunda para fora da janela do carro e depois processar quem olha. SIM, se você tira fotos NUA está assumindo o risco de que todo mundo veja. Tadinha da namoradinha do Somir, ela não lê o Desfavor. Se ela lesse, talvez não tivesse passado por isso. Alguém passa o link para ela?

Meu ovo que essa mulher não queria virar manchete de jornal no mundo todo. “Esperta ela, conseguiu o que queria, né Sally?”. Você acha? Expondo sua mãe, seu pai, sua família, todos que a cercam a esse constrangimento? Já imaginou seu avô recebendo um e-mail com uma foto sua nua? Aparecer a esse preço eu dispenso e não acho nada inteligente quem o faz. Agora posa de ofendida, de quem teve a privacidade super invadida. Salvo raras almas inocentes (que não é o caso), ninguém pode alegar que desconhece o risco que é guardar uma foto sua pelada por meio digital. Ela mesma evadiu sua privacidade ao manter fotos suas pelada em um local que ela sabia que poderiam ser acessadas por qualquer pessoa do mundo com um pouco mais de habilidade.

Não é o caso de uma vítima inocente. Poderíamos até especular se seria o caso de arrogância, de se achar fodona e acreditar que nunca aconteceria com ela, mas também não acredito. É uma (péssima) atriz experiente, que vem sendo perseguida por uma imprensa invasiva por anos. Ela SABE que neguinho é capaz de tudo. Tablóides grampearam os telefones de Presidentes, imagina se não invadiriam a privacidade de uma atriz? Então, não venha se dizer “chocada” e “transtornada”, até porque já andou mostrando essa mixaria em filmes e fotos e não reclamou, porque ganhou muito bem para isso.

Porque tem disso: quando neguinho ganha bem não é nada de mais, é um “nu artístico”, “um trabalho como outro qualquer”, “de bom gosto”. Seis meses depois vazam fotos caseiras da fulana pelada mais ou menos na mesma posição e ela se diz traumatizada e super invadida. Minha filha, um conselho de amiga: não tem o que fazer? Vai dar um jeito nessa tua bundinha de gaveta. Pega um par de caneleiras, fica de quatro e levanta a perna até surgir uma protuberância logo abaixo da sua lombar, chamada BUNDA. Talvez eu também me sentisse degradada se vazassem fotos minhas com essa bundinha de aspirina (branca, chata e com um risco no meio).

Ser famosa tem bônus e tem ônus. O bônus é que milhões de portas se abrem, você tem dinheiro, você tem recursos, você tem inúmeros benefícios decorrentes. O bônus? Você é vigiado e tem sua privacidade violada 24h por dia, o que te obriga a andar na linha, tomar muito cuidado ou então cagar quando uma informação pessoal vaza. Querer ter o bônus sem ter o ônus não dá.

O pior é que tem muita gente super solidária com esse “absurdo” que fizeram. O FBI diz já ter localizado um dos suspeitos. Bacana, você atira um avião contra um prédio, mata três mil pessoas e neguinho demora dez anos para te localizar. Você posta os peitinhos (que todo mundo já viu) de uma atriz (que assumiu o risco disso acontecer) na internet e no dia seguinte o FBI chega junto. Adorei as prioridades.

Mas, apesar de toda a palhaçada, para mim o mais ridículo foi a postura do advogado de ameaçar processar todo mundo que postar ou divulgar as fotos. Alou? Tiozão do Direito, vai processar METADE DO MUNDO? Vai processar um anão da Nova Zelândia, um avô da África e um adolescente francês? Será que ele sabe QUANTOS sites existem pelo mundo? Muita vergonha de quem blefa com algo que notoriamente não se pode cumprir, fica completamente desacreditado e sem moral. Muita vergonha de quem faz isso na sua vida profissional.

O nome do energúmeno é MARTY SINGER, que julgou ser melhor aparecer nos jornais do que manter sua credibilidade. O pior? Que todo mundo vai achar ele bonzão: “Marty Singer? Ele deve ser bom, eu lembro, ele foi o advogado da Scarlett Johanssson!”. É disso que as pessoas lembram, e não da lambança que ele fez. Para ser foda basta ter como cliente uma pessoa famosa, foda-se se você perdeu seu relógio na cracolândia (Ércio? Oi?)

É isso, todo mundo está na mídia: a namoradinha do Somir, o advogado fanfarrão, a marca de telefone segurança zero que ela usava… só que todos de forma NEGATIVA. Mas, nesse mundinho de merda, o importante é aparecer. Apareceu tá no lucro, neguinho vai acabar esquecendo PORQUE apareceu. O importante é estar na mídia. E meio mundo vai acreditar que as fotos foram realmente roubadas. Vamos lá, comecem o coro dizendo que eu tenho inveja…

Para dizer que eu só estou criticando porque ainda tenho ciúmes do Somir, para dizer que para uma menina de 26 anos ela podia ter um corpo melhorzinho ou ainda para dizer que é tudo inveja porque ela é famosa e eu não sou como se ser famoso fosse o sonho de todas as pessoas do planeta: sally@desfavor.com

AÍ, CUMPÁDI!

“Torne-se um favelado! Grátis e sem riscos!” Essa é a bandeira do “Favelado Game” do site alemão www.faveladogame.com, que promove a violência e a busca por um “rei dos favelados” — e também enaltece a miséria de moradores em comunidades cariocas. Quem não achou graça na brincadeira promovida pelo site foi o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, que abriu investigação para apurar abusos.

FONTE

O jogo? Achamos hilário. O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro? Desfavor da semana.

SOMIR

Tenho bronca desses jogos falsamente grátis. O jogo é livre para o cadastro, mas só pode ser dominado por quem enfia a mão na carteira e paga dinheiro real por itens e vantagens virtuais. O Favelado Game cai nessa categoria, mas é tão engraçado que eu não consigo aplicar meu elitismo nerd habitual e ver de forma negativa.

Um jogo online com temática favelada, onde se vive na pele de um mendigo levando a vida na base da bebida, brigas e crimes é um conceito criativo, não se pode negar. E com várias sacadas engraçadas e realistas, como serão descritas no texto de Sally, realmente se destaca dentre o mar de joguinhos cabeça-oca que tanto ocupam o tempo da turma que vive pendurada nas redes sociais. Farmville é para os fracos.

Não me surpreendeu que não tenham sido brasileiros os idealizadores do jogo. Como eu vivo dizendo, estamos num país sem senso de humor. E repetindo MAIS uma vez: Senso de humor não é necessariamente achar uma piada engraçada, é RECONHECER o que é uma piada, ironia ou sátira.

Se o Ministério Público carioca parece querer proteger as pessoas da vergonha que é viver nesse país, o que realmente consegue é nos envergonhar ainda mais passando atestado de que nossas autoridades são mais limitadas que meia dúzia de programadores alemães. Levar um jogo feito o Favelado Game a sério como uma ofensa a um país é ridículo. A pessoa estuda por anos e entra num cargo desses para demonstrar incapacidade de entender uma das formas mais básicas da comunicação humana?

O triste é que essas antas valem como nossos representantes. Não mexem um dedo para ajudar as pessoas que se fodem vivendo o Favelado Game na vida real e ainda querem adicionar burrice no rol de qualidades típicas do brasileiro lá fora? (Se bem que já faz parte, ajudaria não reforçar…)

Alemão é um povo muito prático. Se chegar alguma bronca oficial para cima dos desenvolvedores do jogo, é capaz deles adicionarem algumas dicas para suas crianças na escola ao mencionar o Brasil: “O povo é bem caloroso, mas só é capaz de entender informações diretas e óbvias. Evite humor, analogias ou metáforas.”

Reconhecer o problema é meio caminho andado para resolver. Enquanto o modo de operação oficial for atacar o mensageiro, podem ter certeza que vamos dando mais e mais material para essa visão estrangeira na maioria das vezes realista da bagunça e do descaso vivenciados diariamente aqui no Brasil. O problema não é ter uma sociedade absurdamente desigual, o problema é alguém perceber isso. Já vimos como essa mentalidade nos ajudou até agora, não?

E eu não vou ficar só no campo da crítica “estatal”. As primeiras reclamações surgiram de moradores das comunidades satirizadas no jogo. Já faz parte da nossa cultura essa babaquice de não admitir ser representado de forma negativa por estrangeiros. Foi assim no episódio do americano que disse que a corrupção era endêmica no Brasil (o que é a mais pura verdade), foi assim naquele capítulo dos Simpsons no Rio, foi assim quando Voça Magestádi quis expulsar do país o jornalista que relatou (de forma sutil, até) que ele enchia a cara de pinga.

Estrangeiro não pode mencionar nada de errado aqui. A nação vira-lata vota em bandido notório eleição após eleição, mas fica escandalizada quando alguém que nasceu em outro solo constata a bandalheira? Povinho burro e hipócrita: O Favelado Game é aqui sim. (Se bem que o favelado do jogo pode subir na vida…)

A ironia é que o preconceito do brasileiro para com o estrangeiro “rico” é ainda mais enraizado que a noção de República das Bananas que muitos nutrem por nossa terra. Sempre acham que estão tentando nos diminuir, quando na grande maioria das vezes não fazem mais do que constatar. Boa parte dessa gente que brinca com a imagem de pobreza nacional não tem raiva do Brasil. A realidade deles é contrastante, isso é motivo para chamar a atenção. Não faz muito tempo que surgiu a notícia de pacotes turísticos para as favelas cariocas.

Americanos e europeus com mais dinheiro que neurônios pagavam para vivenciar a experiência de se foder na vida como um favelado. Eles não queriam virar um, mas gerava uma grande curiosidade ter essa noção num ambiente controlado. Se você, brasileiro, quiser ter uma noção do que é essa curiosidade mórbida com a vida horrível de outros, vá ver algum documentário sobre países africanos assolados por guerras civis. Vai parecer outro planeta.

Os desenvolvedores alemães sacaram a oportunidade de negócio e criaram um jogo bem engraçado baseado nessa premissa. A pessoa não entra no jogo para ser brasileira ou carioca, entra para brincar de ser pobre e fora-da-lei. E, porra, não estou escrevendo nada demais sobre o assunto. Uma pessoa com conhecimento mínimo do mundo e de atualidades chegaria a mesma conclusão. Como é que o Ministério Público tem em seu quadro gente que NEM ISSO consegue depreender?

É excesso de (ilusão de) auto-importância achar que o jogo é um plano para denegrir a imagem JÁ suja pra caralho do nosso país. Se não quer publicidade negativa para a cidade que vai abrigar Copa e Olimpíadas, que tal deixar de fazer acordo com traficante para ocupar morro na matéria do Fantástico e resolver alguma coisa, só para variar? Não é o alemão que queima nosso filme, é o morro dele. E outra: Eu e MUITA gente jamais ficaríamos sabendo do jogo se não fosse o interesse do Ministério Público. Ajudaram muito!

Entendo a necessidade de combater ideias negativas errôneas sobre o próprio país, mas procurar inimigos em representações satíricas da realidade brasileira é desperdício de tempo, dinheiro e foco.

Agora, com licença que eu vou cuidar da minha barata de estimação antes de planejar meu próximo crime.

Para reclamar que não falamos do 11/09 (já falamos ano passado), para dizer que vai roubar um computador para poder jogar, ou mesmo para demonstrar que não sabe onde está e vir com patriotadas: somir@desfavor.com

SALLY

O Desfavor da Semana de hoje é a reação cretina e vergonhosa deste povinho bunda a um jogo chamado “Favelado Game” promovido por um site alemão. Quem quiser dar uma passadinha e conferir de perto: www.faveladogame.com

Passei por uma grande dificuldade para escrever este Desfavor da Semana: controlar minha crise de riso cada vez que tentava conhecer um pouco mais sobre o jogo. Olha que bacana o slogan do jogo, que aparece assim que você abre a página: “Torne-se um favelado! Grátis e sem riscos!”. Me mijei de rir logo que abri a página inicial. Seu objetivo é se tornar o “Rei dos Favelados” cumprindo uma série de missões nem sempre de acordo com a lei.

Daí você pode pensar que a justiça alemã deve ter ficado preocupada com um jogo que incita a violência, onde a pessoa tem por objetivo se transformar no “Rei dos Favelados” (*meia hora de crise de riso). Mas não, eles realmente não parecem estar se importando. Adivinha QUEM se doeu? Isso mesmo, os aborígenes tupiniquins vira-latas brasileiros. Afinal, deve ser revoltante que um site mostre tantas mentiras sobre o Rio de Janeiro. Violência? Tráfico de drogas? Armas? Quantas calúnias! O Ministério Público, em vez de se ocupar com quem realmente está cagando a nação como Maluf, Ricardo Teixeira, Sergio Cabral e Cia, já deu as caras e está fazendo ameaças.

Quando eu estava quase controlando minha crise de riso, resolvi me cadastrar e jogar. Sim, eu quero ser uma favelada, grátis e sem riscos. Daí veio a mensagem inaugural do jogo que começa com um “Aí cumpadi” e segue com várias linhas que eu não saberia reproduzir porque tive mais uma crise de riso. Passei tão mal de rir que não consegui ler tudo. Cheguei a cair da cadeira de tanto rir.

Você cria seu favelado em um perfil meio cosplay de RPG e escolhe a favela que vai jogar. Sim, seu favelado tem um avatar. Quando eu estava começando a conseguir ficar séria novamente, percebi que ao se tornar um favelado você ganha uma barata de estimação. Pronto, mais vinte minutos de crise de riso. Tem até fotinho da barata. Best game EVER. Superada a crise de riso, outra se seguiu quando eu vi que você, favelado, ganha também um copinho para mendigar e pedir esmolas em determinados pontos do Rio de Janeiro. Mais uma crise de riso.

O jogo em si não tem nada de novo, é uma espécie de GTA Rio de Janeiro. Aquele mesmo esquema de cumprir missões ilegais e quando mais grave o crime praticado, maior sua recompensa. As missões variam, dá até para roubar igrejas. Detalhe que me fez ter mais uma crise de riso: o avatar do favelado indica seu humor no dia. Por exemplo: “Você está mal-humorado e agressivo”. Gente, não agüento. SEN-SA-CIO-NAL. Ah sim, já ia me esquecendo da razão de mais uma crise de riso: o objetivo do jogo é juntar dinheiro para comprar o Maracanã.

Na hora do brasileiro criar, vender, divulgar ou jogar jogos que reproduzam estereótipos de outros povos, nunca se escuta um “ai”. Jogo de guerra onde os muçulmanos são malvados, jogo de tiro onde tem que matar japonês, jogo de gang onde Los Angeles é um antro de drogas e crimes. Tudo normal. Daí vem um jogo e retrata a normalidade do Rio de Janeiro e todo mundo se ofende de montão. Bacana. É como a mulher que está gorda, fica puta e chuta o espelho.

Vai resolver tudo censurar um jogo, né? Estão ofendidos POR CAUSA DE QUE, posso saber? Rio de Janeiro é bem pior do que aquilo que o jogo retrata. Me bota para criar um jogo sobre o Rio e você vai ver o que é pegar pesado. Governador, Prefeito, Judiciário, Empreiteiras, Licitação… tantas idéias de personagens e missões para desempenhar! Quer saber? O jogo pegou leve. Não tem Governador mandando matar blogueiro, não tem Prefeito tendo caso com Assessor e tantos outros detalhes esquecidos. Nem perde tempo me ameaçando, PROCESSA EU, vai. Tô aqui esperando faz mais de três anos.

Sempre tem também aqueles lunáticos que acusam qualquer atividade que os desagrade de ser “apologia”. Não tenho nem vontade de discutir com esse tipo de gente. Até parece que alguém vai largar seu emprego para virar um “favelado” porque o jogo o levou a isso. Até parece que alguém vai achar legal favelado que comete crime porque o jogo o colocou como herói. Até parece que alguém vai querer praticar assaltos para comprar o FUCKIN´ Maracanã. São as mesmas pessoas que culpam atos de violência por jogos violentos. Não tenho mais saco para essa gente.

Não tem nenhuma mentira nesse jogo não, tá? Estão achando ruim a imagem VERDADEIRA que está sendo passada? Mexam-se para mudar a realidade do Rio de Janeiro. Investiga as licitações que vem sendo feitas pelo Governo do Estado. Dá uma olhada nos desvios de verba de obras públicas e de tanto outros setores. Ou, melhor ainda, investiga a fundo o que está acontecendo com as favela pacificadas, principalmente no Complexo do Alemão, que até mesmo uma leiga como eu sabe o que se passa. Um ano atrás, quando aconteceu aquela palhaçada toda da suposta ocupação, eu já anunciei aqui nos Plantões que era tudo uma fraude, uma farsa, uma mentira. Taí a merda começando a feder. Não disse?

As pessoas pretendem dar projeção mundial ao Rio de Janeiro, tornando-o cenário da Rio + 20, da Copa do Mundo e das Olimpíadas mas não querem que se divulgue qual é o esquema por aqui? Não pode ter um jogo que retrate a verdade sobre nossa realidade social? Vai ter quem diga que praticar crimes no jogo é um mau exemplo. Pois daí eu pergunto, outro dia eu joguei um jogo dos Simpsons onde o Bart MATAVA outra pessoa. E aí, vão proibir os Simpson por apologia a homicídio? Ah, vão se “foderem” (sim, é mais fácil colocar as aspas do que agüentar meia dúzia de pessoas me corrigindo nos comentários)

Rio de Janeiro é uma bandalha, um antro de crime e violência urbana que só piora a cada dia que passa. Se o Ministério Público quer se mostrar atuante, que pare de chutar o espelho e corra atrás dos verdadeiros autores deste descaso todo sem se cagar nas calças quando recebem um telefonema do gabinete do Governador pedindo para não mexer em determinado assunto. Correr atrás de um joguinho de computador é uma atitude burra, babaca e covarde. Gente, é um jogo onde você tem uma barata de estimação e seu objetivo é comprar o Maracanã.

Existem jogos expondo os problemas e a violência de todas as nações, todo mundo aceita numa boa. Só aqui que dão esse faniquito de histeria punitiva. Justamente o lugar onde mais se escuta gente gritando pelo direito à liberdade de expressão e contra a censura. Parece que só querem liberdade de expressão quando convém. Acham ruim que se divulgue a prática de um crime? Então não corram para as ruas para gritar que usam maconha e que maconha é uma delícia! Nunca vi um povo tão hipócrita, tão dois pesos e duas medidas e tão arrogante.

Cariocas se acham demais da conta. Cariocas conseguem a proeza de se achar mais do que os argentinos (olha que eu tenho muito conhecimento de causa para dizer esta frase). BELA BOSTA que nós somos (tanto cariocas como argentinos). Vamos parar um minuto para refletir e olhar no espelho? O mundo tem o sagrado direito de falar mal da gente, até porque, o que está sendo dito É VERDADE.

Sabe quando a gente escreve algo e um leitor não entende, e isso nos obriga a explicar o obvio nos comentários e os outros leitores morrem de vergonha alheia? Foi assim que eu me senti quando a Farbflut, responsável pelo jogo, disse que o game “não se propõe a retratar a realidade e é importante notar os elementos satíricos como duplo sentido, exagero, ironia e contradições”. Que vergonha monstruosa precisar explicar isso.

Para dizer que você também teve crises de riso lendo sobre o jogo, para dizer que vai jogar e chamar a sua barata de Sérgio Cabral ou ainda para dizer que quer um jogo da Fazenda para pode esfaquear a Monique: sally@desfavor.com

Octó... octor... CAGÃO!O desfavor volta a falar sobre Rafinha Bastos, comediante e co-apresentador do programa CQC. Diferentemente daquela vez, ele não é mais uma vítima da incapacidade brasileira de entender uma piada, ele é cúmplice.

Em resposta a exibição de um clipe de Daniela Albuquerque(quem?) com dificuldades de pronunciar a palavra “octógono”, disse: “Se fosse eu já dava uma cotovelada: ‘É octógono, cadela!’ Põe esse nariz no lugar”.

Na semana seguinte, a retratação pública: “Eu resolvi virar um bom moço e falar dos meus pecados. Semana passada aqui no top 5 eu ofendi a apresentadora da Rede TV!, Daniela Albuquerque e foi injusto, não deveria ter dito aqui e por isso eu peço que você me perdoe, porque não foi certo o que eu fiz.”



Desfavor da semana.

SOMIR

Já faz um bom tempo que não acompanho o CQC. Apesar de reconhecer que o humor deles é bem superior a qualquer outra coisa disponível na TV brasileira (o que infelizmente não quer dizer quase nada…), estava achando repetitivo demais. Nenhuma piada esconde o fato que quase todo o programa é entrevista “chapa branca” com celebridades em eventos sociais.

Por um acaso do desfavor, estava vendo o programa pela primeira vez em meses quando Rafinha Bastos começou seu pedido de desculpas. Eu nem sabia pelo o que ele estava fazendo aquilo, mas nutri uma certa esperança que fosse uma preparação para a verdadeira piada.

Esperança em vão. Havia sido mesmo um pedido de desculpas. Troquei de canal, não sem antes pensar que aquele tinha sido o último suspiro do “novo” humor brasileiro. O último que tinha bolas de não se desculpar por uma piada estava se desculpando. Acabou, podem voltar a ensaiar seus bordões, o humor nacional é mesmo uma zorra total.

Imagino que alguns de vocês vão contra-argumentar com a necessidade de Rafinha Bastos pagar suas contas e manter seu emprego. Dizer que ele não precisa pagar pelos pecados de uma sociedade hipócrita feito a nossa. Precisar não precisa, mas não vamos nos confundir: Uma coisa é uma pessoa humilde que precisa acatar ordens estúpidas do chefe para SOBREVIVER no seu empreguinho, outra completamente diferente é abaixar a cabeça por simples questão de conveniência. Até parece que ele estava colocando o próprio sustento em risco se não se desculpasse…

E sim, estou considerando que ele foi mesmo pressionado pelo seu chefe de emissora. Há relatos que corroboram com essa tese e a possibilidade de uma anta genérica feito a tal de Daniela conseguir mover a opinião de uma pessoa com as pernas fechadas parece nula. Depois de ver tantas cacetadas parecidas por parte de Rafinha nos últimos tempos, não faz sentido que ele tenha se sentido genuinamente arrependido por um caso aleatório.

Levou pressão do patrão, peidou para dentro. Espera-se isso de um analista-júnior numa empresa comum, mas não de um humorista que não fez carreira repetindo bordões. Pode ter mantido o emprego e agradado a massa, mas botou mais uma pá de terra sobre o caixão onde jaz a liberdade de expressão brasileira. Obrigado por nada, cretino!

Vejam bem, não estou pedindo um nível Kajuru de insanidade, mas pelo menos tenha a decência de não ficar se desculpando cada vez que “ofende” uma pessoa ou grupo que SÓ quer aparecer (ou descontar a raiva por suas vidas horríveis, caso dos pais de autistas que forçaram Adnet a se retratar tempos atrás…).

Cada vez que um humorista pede desculpas por uma piada, o Brasil fica mais sem graça. A indústria da ofensa agradece. Quanto mais o povo bate palmas para essa postura insegura de criminalizar o pensamento, mais e mais juízes e juízas babacas assinam sentenças com indenizações ridículas. E aí fica parecendo que não tem nada demais ser incapaz de entender discurso humorístico (baseado muitas vezes em exagero) e exigir que os outros façam o mesmo.

Se Rafinha também prefere estabilidade no emprego ao invés de coragem para peitar essa babaquice vigente, ele é parte do problema. Entender que uma pessoa tem motivos não significa que precisemos concordar com eles. E como eu já disse, não é como se uma pessoa de tanta exposição na mídia fosse tão indefesa quanto um funcionário genérico qualquer.

Recentemente vi uma entrevista com Penn Jilette, da dupla Penn&Teller. Eles são mágicos, humoristas e apresentadores do excelente “Bullshit!”, programa de TV cuja proposta é desmitificar e desmascarar golpistas, místicos e ralé do tipo (Passa no FX da TV a Cabo, tem no Youtube legendado também para os analfas em ingrêis). Penn contava para o entrevistador que antes de começar o programa, teve uma longa reunião com o advogado da emissora para saber como não levar processos. O advogado sugeriu que ao invés de taxar os safados de mentirosos e desonestos, ele deveria chamá-los de safados, paus-no-cu e filhas-da-puta mesmo. Era muito mais seguro do ponto de vista legal (nos EUA) e passava a mensagem do mesmo jeito.

Menciono isso porque a dupla americana não foi rebelde sem causa e saiu metralhando no escuro. Eles encontraram uma solução por dentro do sistema para criticar o sistema. Ao invés de contemporizar e ceder ao que é 100% seguro, assumiram um risco mais razoável para poder passar sua mensagem. Comprometimento com uma causa ao invés de comprometimento puro com a comodidade.

Porque se é para ficar pedindo desculpas e se arreganhando para essa histeria anti-humor que está se instalando por aqui, parem de fingir que são alguma solução para essa mídia bestificante. Assumir que está nessa só pelo dinheiro é muito mais digno.

Humorista brasileiro quando não caga na entrada…

Para dizer que só escrevemos isso porque fomos acusados de sermos fãs do Rafinha na postagem sobre a piada do estupro, para dizer que só estamos com ENVEJA da fama dele (desculpa!), ou mesmo para reclamar que é fácil ser rebelde num blog desconhecido: somir@desfavor.com

SALLY

Ao comentar uma reportagem (mal) apresentada pela esposa do dono da Rede TV, Daniela Albuquerque, Rafinha Bastos fez uma piada com o fato da apresentadora não ter sido capaz de pronunciar a palavra OCTÓGONO. Rafinha brincou dizendo que o lutador que estava sendo entrevistado era muito calmo e centrado: “Se fosse eu já dava uma cotovelada: ‘É octógono, cadela!’ Põe esse nariz no lugar! Octógon é o seu rabo!”.

Eu ri. Eu chorei de rir como raramente rio quando estou diante da televisão. Adorei, porque é disso que a mídia precisa: pessoas que expressem sua opinião doa a quem doer, pessoas que se comprometam com opiniões parciais sem medo de ofender, sem medo da trilogia clássica de acusação (processo/bullying/preconceito). E vindo de quem veio, que peitou o Ministério Público em uma acusação de apologia a estupro, achei por um segundo que nascia um herói profano.

Porra nenhuma. Rafinha Bastos peidou pra dentro logo depois. Se desculpou no ar. PORRA RAFINHA! ATÉ TU? Até tu contaminado pela Lucianohuckização das relações sociais? Estamos perdidos.

Até o Pânico na TV, que é da mesma emissora da Daniela Albuquerque sacaneia sua incompetência e imbecilidade! E olha que o marido dela é o dono da emissora e, consequentemente, o patrão deles. Já vi um dos membros do Pânico caracterizado como Daniela Albuquerque (com aquele nariz medonho de caveira e tudo), repetindo a mesma frase sem qualquer expressividade: “Boa Noite Emílio… Boa noite Emílio…” enquanto outros integrantes riam e diziam que ela só sabia dizer isso.

É FATO NOTÓRIO que essa mulher é BURRA, INCOMPETENTE e só está ali porque é esposa do dono. Acabou de guilhotinar outra apresentadora mil vezes melhor do que ela, que ao fazer um discurso de despedida do programa deu-lhe umas alfinetadas muito engraçadas, não apenas a Daniela mas a toda a emissora. E até onde eu sei, esta apresentadora que saiu não se desculpou. Sim, uma apresentadora de programa de variedades para idiotas tem mais culhões do que Rafinha Bastos, porque teve culhões de ofender e sustentar a ofensa. Uma pena, odeio quando as pessoas que eu admiro se mostram verdadeiros cagões. Infelizmente acontece o tempo todo.

Cada vez mais fico puta e desesperançosa com a TV brasileira. Eu sei que o povo é, em média, “Homer Simpson”, como bem disse Bonner. Mas porra, custa fazer UM programa para quem não seja? UNZINHO? Não tem jeito, as pessoas se portam como se ingressar em uma grande emissora fosse sinônimo de se vender ou se corromper. Quase chorei lágrimas de sangue quando li esta semana que o Adnet está negociando com a Globo. Sabe o que vai acontecer com ele se ele for para a Globo, né?

O que me mata é que quando cada um deles se vende e se escrotiza todos se conformam, como se isso fizesse parte das regras do jogo, como se fosse normal e inevitável. NÃO É. São cuzões mesmo. São mercenários. Casseta & Planeta, Mion, Pânico na TV e agora o CQC. Eu queria muito ter uma oportunidade de fazer uma versão do blog para a TV, um DESFAVOR NA TV para provar a todos que é possível SIM enfiar o dedo e rasgar na televisão. O povo está carente de sinceridade, mesmo que seja sinceridade incômoda e baixo nível como a nossa. Apesar das críticas, dos processos e das tentativas de homicídio, eu tenho certeza que conquistariamos um público alvo considerável. Sabe porque? Porque nós não estamos a venda. E as pessoas sentem e gostam da sinceridade, mesmo quando ela é escrota.

Os outros parecem estar a venda. E quando se vendem, perdem completamente o valor. Se tornam um Celso Portioli, um Luciano Huck, um Rodrigo Faro, um QUALQUER MERDA desses que a gente vê por aí, que nada mais são do que uma Luciana Gimenez com pau. Gente que faz o feijão com arroz para o povão em um programa pasteurizado, plastificado, artificial e que não acrescenta porra nenhuma. Ideologia paternalista de ficar dando casa e carro, atrações musicais de merda que pagaram um belo jabá para estar ali e muita, muita alienação. Nada contra que isso exista, isso é necessário. Mas, puta que me pariu, SÓ ISSO é foda!

Até quando heróis da resistência irão aparecer e logo depois cagar pra dentro bem na frente dos nossos olhos? Rafinha Bastos, Meu Querido, você já falou TANTA COISA PIOR em matéria de ofensa e nunca se desculpou… Tá na cara que suas desculpas não tem origem no teor das ofensas. Tá na cara que suas desculpas foram dadas em função da PESSOA ofendida e não da ofensa em si. Você não tem vergonha não? Porque você não corta suas bolas e dá pro seu cachorro comer, hein? Não usa mesmo… E não, eu não vou me desculpar por tudo que estou dizendo.

Fico menos revoltada com quem é limitado por natureza e só sabe fazer humor turun tss, criaturas como Tom Cavalcante, Chico Anísio e similares. Ao menos eles são a merda que são, não tem escolha. O foda é quem nasce com um dom de fazer um humor diferente, inteligente, certeiro e abre mão dele em nome da boa vizinhança, do patrocinador ou do que quer que seja. Rafinha Bastos não está em começo de carreira para precisar fazer este tipo de concessão, ele já tem nome e está com a vida ganha. Se pode abrir a boca para dizer que tem muita mulher estuprada que tinha que agradecer por alguém ter coragem de comê-las, tem que sustentar o “sua cadela aprende a falar octógono”. Questão de coerência.

Mais um que se vai. Estou sinceramente triste. Adnet é o próximo. Já posso vê-lo com uma roupa de marca e um cenário brega de fundo apresentando um programa de auditório cafona na Rede Globo. Porque merda neste país para fazer humor inteligente é incompatível com fama e projeção? Porque alguém não tem a ousadia de apostar no politicamente incorreto? Sem querer “me gambá” (como dizia Vossa Majestade Silva I), todas as vezes que me chamaram para escrever coluna em revista feminina ou para publicar alguma coisa, eu bati o pé e disse que no conteúdo da minha escrita ninguém mexe. Se eu, uma NOBODY no grau mais baixo de status social, pude bater o pé e negar que me formatem, como é que esses caras que já estão com nome na mídio não podem?

Rafinha Bastos, você me traiu. Eu apostava em você. Vai se foder. Se Daniela Albuquerque é uma cadela que não sabe falar, saiba que você é pior do que ela, porque sabe falar mas se deixa calar a boca. Vai tomar no cu três vezes, uma com areia, a outra com cerol e a outra com caco de vidro. E, Daniela, você é VERGONHOSAMENTE RUIM, apesar de tudo que investiram em você: os milhões de aulas te alçaram da categoria ABSURDAMENTE RUIM para a categoria ESCROTAMENTE RUIM. Tenha vergonha na cara, Minha Filha. Pare. Simplesmente PARE. E vai consertar esse nariz.

Só para constar: Minha afilhada de cinco anos sabe pronunciar octógono.

Para contar algum podre de Daniela Albuquerque, para contar algum podre de Rafinha Bastos ou para dizer que quer ver Desfavor na TV: sally@desfavor.com

Traição privatizada!Existem sites onde pessoas que querem trair seus parceiros podem encontrar pares para suas escapadas. E não estamos falando do Facebook ou qualquer outra rede social “normal”, são sites que já se definem dessa forma. Uma matéria recente sobre o assunto trouxe algo inédito nesta semana: Concordância entre Sally e Somir.

“O mercado internacional da traição descobriu o Brasil. Nos últimos dois meses, três sites internacionais especializados em relações extraconjugais abriram seus serviços no país. Juntas, a canadense Ashley Madison, a americana Ohhtel e a holandesa Second Love contam com cerca de 12 milhões de usuários ao redor do mundo e já reúnem mais de 370 mil pessoas no Brasil.”

FONTE

Desfavor da semana.

SOMIR

Evidente que polêmica é justamente o que os donos desses sites querem. e a atenção que estamos dando para eles aqui pode ajudar nos negócios. Uma das partes mais primordiais da publicidade é fazer as pessoas conhecerem produtos e serviços. Mas desta vez pouco me importa entrar na dança do “falem mal, mas falem de mim”. Traição vai acontecer independentemente da existência desses sites.

A proposta por trás desses sites é brilhante do ponto-de-vista de quem vai ganhar dinheiro com isso (cobram só dos homens, estratégia de marketing PERFEITA, sem sarcasmo…), mas é ridícula quando aplicada ao público-alvo. E é aqui que eu gostaria de concentrar meus esforços nesta argumentação.

Em primeiro lugar, é uma de uma “bunda-molice” impressionante. Tudo bem que a internet está aqui para facilitar nossa vida, mas é importante traçar uma linha de quanta comodidade é comodidade demais. Pesquisar uma possível companhia de traição num site é baratear TANTO o processo ao ponto de se assemelhar com uma análise da seção “Acompanhantes” do jornal de Domingo. A pessoa procura basicamente um serviço sexual.

Foda-se quem estiver do outro lado. Literalmente. Toda essa balela de “aventura” cai por terra quando se analisa de verdade o serviço oferecido pelo site. Estão procurando prostituição sem toda aquela carga negativa de indústria do sexo. Muito embora a “kilometragem” de um ou uma profissional tenda a ser maior, não dá para confiar muito em quem se coloca feito produto numa vitrine num site para traições, não?

Tem vergonha de procurar sexo “pelo sexo” com profissionais, mas achem bacana com “amadores”. Ah, o auto-perdão. Acreditar que a outra pessoa é limpa e responsável não vai diminuir a possibilidade de voltar para casa com uma DST e foder mais ainda o(a) corno(a). Ei, o parceiro de chifres pode ser ainda mais promíscuo e descuidado do que alguém que vive disso. Os riscos são parecidos demais e a pessoa que entra num site desses é TÃO irresponsável e babaca quanto o cônjuge que trai com profissionais.

E tem o conceito que eu acho mais repulsivo: A traição pela traição. Não é tentação , não é fraqueza, não é burrice, é vontade pura de trair. A pessoa tem o requinte de decidir com quem vai trair seu parceiro DEPOIS de decidir que vai traí-lo. Não defendo, mas consigo entender (na prática) que alguém pode se entregar à tentação POR CAUSA de uma pessoa interessante ou um momento de fraqueza (talvez ambos). Agora, botar na cabeça que vai enfeitar outra cabeça por puro capricho não é falha de caráter, é FALTA de caráter.

Sim, eu sei que sempre tem aquela baboseira de que é “por vingança” ou “por se sentir negligenciado”, mas é muita falta de amor próprio continuar com alguém que te faz sentir vontade de trair. Gente cagona que não consegue nem imaginar o conceito de procurar algo melhor para a vida.

Se a pessoa se sente desvalorizada na relação, precisa continuar nela? Divórcio não é mais crime e só fanático religioso encana com isso nos dias de hoje. Trair não traz nenhuma solução prática para o problema, vai ser apenas um placebo para uma relação doente.

A modalidade vingança é ainda pior. Eu sou xiita nisso, acho que quem perdoa chifre merece mesmo levar chifre, mas mesmo quem consegue lidar melhor com a ideia passa atestado de maluco(a) se acha que um chifre remedia o outro. Se aceitar e tentar se vingar, quer dizer que doeu e não perdoou de verdade.

Se doeu e não perdoou de verdade, quão masoquista precisa ser uma pessoa para continuar na relação? Esse papo de vingança não cola. Queria fazer e arranjou uma desculpa. Eu sei que tem gente que não “pode” sair da relação, mas aí é comodidade ou medo. Se for por comodidade, está sendo egoísta e validando meu argumento. Se for medo… Porra, fazer sexo com um estranho vai trazer mais segurança como?

As desculpinhas padrão não se sustentam. A pessoa QUER trair POR trair. É isso que ela diz entrando no site, ela pode muito bem ser julgada por escolhas que faz. Traição já é uma coisa feia, ter orgulho dela é muito pior.

E lembram que eu sempre digo que publicidade funciona te dizendo que sua vida é uma merda e você precisa de algo novo para se adequar? “A vida é curta. Curta um caso.” – OU seja, você que não está traindo é otário. Bacana viver nesse mundo, não?

E antes que eu me esqueça: As pessoas que gastam dinheiro nesses sites não podem ser totalmente anônimas. Aliás, pela lei, praticamente impossível ficar anônimo de verdade até seis meses DEPOIS do último acesso ao site. Esse banco de dados deve valer uma nota preta, principalmente porque as pessoas não podem simplesmente chamar a polícia e arriscar serem descobertas. Só não desejo boa sorte para quem se cadastrar num desses sites porque sorte vai ser pouco.

Para me chamar de hipócrita (ler é para otários!), para nos chamar de moralistas (oi, você deve ser novo por aqui!), ou mesmo para afirmar que o melhor jeito de não errar é acreditar que acertou: somir@desfavor.com

SALLY

Esse tipo de assunto me tira do sério. Como pode alguém ser tão merda, tão covarde, de estar em um relacionamento que não satisfaz e em vez de tentar melhorar o relacionamento ou simplesmente terminar, recorrer a um site de traição? É muita escrotidão e incompetência juntos! O que me assusta é que sites acabaram de chegar e já tem um número impressionante de cadastrados no Brasil.

Sim, nosso país é o segundo maior usuário desses sites, só perdendo para os EUA, aqueles moralistas que obrigam a menina de 16 anos a ter um filho e dar para adoção mas no fim do dia entram no site de traição. Isso porque o serviço acabou de chegar aqui e já somos os segundos! Já pensou na prática o tipo de sofrimento que esse site pode causar? Se já é ruim uma traição quando ela “acontece” sem que a pessoa tenha esta intenção desde o início, imagina a raiva que não deve dar saber que a pessoa correu atrás de um site para arquitetar uma traição com outra pessoa estranha que nunca viu antes?

O slogan de uma dessas empresas é ótimo: “A vida é curta. Curta um caso”. Passa aquela idéia de que quem não trai, quem não tem um caso, não aproveitou sua vida curta. Muito repulsivo. O slogan de outra empresa é igualmente ridículo: “Tenha um caso agora, arrependa-se depois”. Está estampado em um outdoor aqui no Rio, com a imagem do Cristo Redentor ao fundo. E para você que acha que o Rio é mesmo uma putaria, surpreenda-se: quem tem mais cadastrados neste site é São Paulo, o dobro de cadastros do Rio. O único lado engraçado foi a putez da Igreja Católica.

E não estou aqui dando lição de moral em quem trai. Estou questionando o MEIO usado. Esses sites são praticamente um supermercado de gente! Tanta mulher e tanto homem dando sopa por aí… e a pessoa precisa recorrer a um site para trair? Santa incompetência! A maioria dos cadastrados são homens, o que me surpreende ainda mais, pois para eles é muito mais fácil flertar com uma mulher. Precisa apelar para o virtual?

Sem contar que, por mais que digam o contrário, só o fato de entrar em um site desse já configura prova para traição. Quem acha que usando esses sites está traindo de forma segura e discreta se engana, viu? E no Brasil, marcar encontro via internet por acarretar roubo, estupro, morte, sequestro e outras conseqüências desagradáveis. Gente, não existe anonimato na internet, isso é uma ilusão. Não existe triagem segura, esses sites não te protegem. Onde as pessoas estão com a cabeça de se expor assim a todo tipo de psicopata e maluco que faz um cadastro em um site? A vontade d e trair é tanta que vale a pena arriscar a vida?

Um desses sites, lançado faz pouco mais de um mês, já tem mais de 200 mil inscritos. Em um mês DUZENTAS MIL PESSOAS se cadastraram para trair seus cônjuges com estranhos. Detalhe: é pago. Pois é, não é de graça e mesmo assim em um mês mais de duzentas mil pessoas se cadastraram. Além de pagar mensalidade, ainda tem que pagar uns adicionais, como por exemplo, pagar para mandar mensagens para seus alvos.

O depoimento de uma executiva de um desses sites me chateou: “O brasileiro trai muito e mais do que a média mundial. Numa pesquisa que fizemos, 65% dos usuários responderam que tiveram pelo menos 5 casos extraconjugais. Nos outros países, 70% dos usuários afirmam já ter tido entre um e três casos”. BRASIL-IL-IL! Somos primeiro lugar em alguma coisa, hein? Bacana, hein? Ainda bem que eu sou argentina…

Pior do que isso foi o argumento para justificar este site ridículo. Lê e me diz se não dá vontade de se suicidar estilo Didi Mocó, abrindo a própria boca com as mãos: “O casamento é mais do que apenas sexo. Trata-se de amor, filhos, finanças e, para os católicos, uma instituição. Então para não acabar com o casamento ou viver o resto de sua vida sem sexo existe uma terceira opção que é ter um caso discreto”. Então tá. Tem que pensar nos filhos, no dinheiro e na religião e se manter casado mesmo que não faça mais sexo, mesmo que tenha que procurar um amante. NOJENTO. Mais nojento ainda quem prestigia essa empresa.

Não é moralismo. Se fosse já teria feito críticas a casas de trocas de casais, a casas de prostituição e outros locais do tipo. É o absurdo que me irrita. A hipocrisia de fazer parecer que isto é para o bem da sociedade, para o bem da família. O executivo de outro site do tipo se auto-perdoa da mesma forma: “É como motel, vai quem quer”. Sério, gente. É muito grotesco.

Apelar para ajuda de uma FUCKIN´ EMPRESA para conseguir trair seu parceiro é RIDÍCULO por demais. Acho que se eu descobrisse uma porra dessas terminava o relacionamento, não pela traição, mas pelo ridículo. Pagar para uma empresa te arrumar um encontro é tão ridículo quanto aqueles sites para pessoas encalhadas que promovem casamentos. É o mesmo tipo de público alvo, só muda a intenção.

Muita vergonha alheia de quem precisa apelar para isso ou de quem acha isso normal ou aceitável. Institucionalizar a traição é aceitar a desonestidade. Porque sim, trair e desonesto com seu parceiro. Ajudar a promover a desonestidade deve gerar um bad karma do caralho. Nunca que eu trabalharia numa porra dessas. Qual é o próximo passo? Um site que te ajude a sonegar impostos? Um site que te ajude a mentir para o seu chefe? Até onde vamos criar mecanismos visando mentira, traição e desonestidade? Bela merda que estamos virando.

Vai ter quem diga que quem quer trair vai trair de qualquer jeito. Não concordo totalmente com esse argumento. É como querer legalizar drogas porque quem vai usar, vai usar de qualquer jeito. É evidente que esse tipo de site estimula a traição e muita gente que não trairia passará a fazê-lo em função da comodidade e facilidade. Este tipo de serviço é um desfavor. Uma coisa é um site de prostituição, que procura quem quer, de acordo com sua consciência, solteiro ou casado. Outra coisa é um site só para pessoas comprometidas, onde por excelência, seus usuários estão sendo incorretos só por entrar ali.

Repulsivo. Mas não acho que a solução seja proibir. O ideal seria que a sociedade de encarregue de repelir um site que promove a desonestidade. Infelizmente, os mais de duzentos mil cadastros em um mês de funcionamento provam que não é o caso. Parabéns para as empresas por promover a desonestidade e parabéns aos brasileiros por bater recorde mundial de desonestidade com este número massivo de cadastros em tão pouco tempo. Não dou seis meses para este tipo de site se multiplicar sem parar.

O que se pode fazer para combater isso? Não sei. Talvez organizar gangues trolls e trollar muitos usuários para que as pessoas fiquem com medo de usar estes serviços. Marcar encontros, tirar fotos escondido dos usuários, jogar na internet. Dá para fazer uma boa sabotagem. Taí, quem der uma sacaneada pesada em um usuário desses sites e documentar o momento ganha um Desfavor Convidado e uma homenagem especial minha. Valendo!

Para dizer que você acredita em gnomos, duendes e anonimato total pela internet, para dizer que se é para pagar mais fácil pagar uma puta ou ainda para dizer que isso é um trabalho para a Super Kelly: sally@desfavor.com