P: O que é um grupo de cinco argentinos no fundo do mar?
R: Um bom começo.

Boa, né? Agora, vamos variar um pouco:

P: O que é um grupo de cinco negros no fundo do mar?
R: Um bom começo.

O que foi? Perdeu a graça? Mas é a mesma coisa!

Na primeira estávamos rindo da possível morte horrível e dolorosa de um grupo de pessoas que só tem em comum o fato de dividirem a mesma nacionalidade.
Na segunda deveríamos estar rindo da possível morte horrível e dolorosa de um grupo de pessoas que só tem em comum o fato de dividirem a mesma cor de pele.

Mas não estamos mais rindo, estamos?
Já sei! E se os negros fossem argentinos? Nem assim? E se fossem negros argentinos gays? E se fossem negros argentinos gays com um papagaio? E se…

Não?

Ah, quando eu troquei argentinos por negros você que estava lendo achou preconceituoso, não é mesmo? Acertou. Foi preconceituoso sim. Tanto quanto foi na primeira piada, da qual você riu.

Agora, qual a diferença entre as duas? A diferença é que (atualmente) é politicamente incorreto rir de uma piada cuja vítima seja um negro. Aliás, anda politicamente incorreto rir de praticamente qualquer coisa. Ficou tão fácil ser tachado de misógino, homofóbico, racista e intolerante que já deve ter gente comprando livro de piadas no mercado negro.

(Opa, mercado afro-brasileiro… Foi mal!)

Não sei quanto a vocês, mas eu SOU um babaca preconceituoso. Adoraria ser como as pessoas que dizem não ter preconceito algum, mas me falta uma característica básica para poder dizer isso: CONHECER TODAS AS PESSOAS DO MUNDO.

Mas, sendo um ser humano falho e limitado como sou, ainda tenho vários estereótipos estúpidos marcados a ferro e fogo na minha mente. Quando fazem piada usando algum deles, é mais forte que eu… Eu rio. Português burro? Culpado! Baiano preguiçoso? Culpado! Carioca bandido? Culpado! Japonês nerd? Culpado! Indiano porco? Culpado! Judeu sovina? Culpado! Negro pobre? Culpado! Muçulmano maluco? Culpado! Pastor ladrão? Culpado! Bicha espalhafatosa? Culpado! São-paulino viado? Culpado! E como não dá para lembrar de tudo, já adianto: Culpado de todo o resto!

Quer dizer que eu sou tão burro a ponto de achar que tudo isso é verdade absoluta? Não, claro que não. Para ser sincero, eu duvido mais do caráter de quem NÃO ri de piada preconceituosa do que de quem ri.

O preconceito não é o problema em si. Preconceito é uma das bases do raciocínio de virtualmente qualquer ser vivo dotado de cérebro neste mundo. Sem a capacidade de julgar o todo pela parte, aposto que a evolução na Terra teria acabado com o surgimento do primeiro predador.

Antes que eu comece a ficar muito filosófico… Eu dizia que o preconceito não é o problema, o problema é não PERCEBER que tem preconceito.

E é justamente aquela pessoa que fica ofendida com uma piada que tem o maior preconceito, o mais enraizado, disfarçado de politicamente correto e perpetrado através de um mecanismo pra lá de incoerente de auto-perdão.

Ser humano evoluído: “Eu não acho graça em piadas com negros. Inclusive tenho vários amigos negros. Não tenho preconceito.”

Somir imbecil involuído: “Sei… Tem mais preconceito nessa frase do que em todas as piadas de preto do mundo.”

Piadas são absurdas por natureza. Elas são uma forma de nos lembrarmos de que nossos preconceitos existem e quase sempre são motivos de risadas. Duvide MUITO de quem ouve ou lê uma (boa) piada preconceituosa e não esboça o mínimo sorriso… Das duas uma:

  • Ou a pessoa ACREDITA no preconceito exprimido pela piada e tem vergonha de admitir;
  • Ou a carapuça serviu.

(Excluindo a possibilidade da pessoa ser naturalmente chata/limitada e não entender.)

Ser humano evoluído: “A melhor forma de eliminar o preconceito é lutar contra ele.”

Somir imbecil involuído: “A melhor forma de eliminar o preconceito é torná-lo ridículo. Um brasileiro, um português, um judeu e um padre entram num bar…”

Eu não comecei a coluna com uma piada de argentinos à toa. Para comprovar ainda mais o que eu disse sobre as piadas só ofenderem os verdadeiramente preconceituosos, pensem comigo no porquê da piada de argentino não evocar essa ofensa em praticamente ninguém daqui: Ninguém ODEIA argentino de verdade. É só uma provocação entre dois países que adoram competir entre si. Tanto que há muito tempo atrás, Brasil e Argentina se uniram para praticar um genocídio do Paraguai. Tudo numa boa, relação das mais amistosas. Eu, por exemplo, considero a Argentina praticamente o rabo do Brasil.

A gente adora se sacanear. Mas aposto que ninguém que está lendo este blog tomaria mais cuidado com a carteira se visse um argentino passando na rua.

O ser humano evoluído ofende-se com uma piada exatamente o quanto concorda com ela. O Somir imbecil involúido ofende-se com piada que não tem graça.

E antes que não entendam pela milésima vez o que eu quis dizer: Não estou dizendo que todo mundo DEVE rir de todas as piadas preconceituosas. Estou dizendo que não existe meio-termo, não existe vítima melhor. Uma dessas piadas de mau-gosto exacerbando estereótipos é sempre a mesma coisa que a outra.

Se não pode falar de uma coisa, não pode falar da outra. Se vai fazer pose de quem realmente é imune a algo tão básico e primal como o preconceito humano, pelo menos tenha a coragem de manter isso em todos os campos.

Eu? Eu vou continuar achando que NADA é sagrado e tomando pedrada por aí por achar toda essa preocupação para não ofender os outros com uma piada um TREMENDO DESFAVOR.

Eu sou preconceituoso sim. E acho ridículo.

Edmundo diz que se sentiu desprotegido com a saída de Eurico Miranda do Vasco (…) – “Não sei se prejudicou ou não, mas é uma situação diferente. Sabe aquele filme o Náufrago? Eu me senti assim. Parecia que eu tinha ficado fora de casa por 15 anos e quando voltei, a minha esposa já havia casado com outro, outro cara estava dormindo na minha cama e comendo na minha casa. Foi assim que eu me senti com a mudança de diretoria. Você não sabe em quem pode confiar, em quem você pode desabafar. Isso prejudica um trabalho” – diz o Animal.

Tadeeeeeenho, né gente?
Pois é, Edmundo. Sem o Titio Eurico subornando tudo e todos, o Vasco caiu! Sorria, meu querido Animal, poderia ser pior. Veja o Corinthians, por exemplo, que sem um ARGENTINO caiu. Viu? Sempre pode ser mais humilhante…
Aliás, que declaração mais infeliz, hein Edmundo? Se sentiu desprotegido?
Vasco: venda esse cara para o São Paulo logo para ele fazer uma dobradinha com o Richarlyson!


Edmundo atropela mais um: Atacante bate com o carro em escada, derruba funcionário terceirizado que consertava o ar-condicionado e ajuda a levá-lo até o departamento médico

Ainda é notícia o Edmundo atropelar alguém?


Depois de músicas como “Velocidade Seis” e “Solteira, sim, sozinha nunca”,a funkeira está se preparando para lançar seu próximo hit “Recalcada”. Agora, a Mulher Melancia desanca as mulheres invejosas que a criticam. O refrão da música faz uma menção clara ao famoso derrière de 121cm da funkeira: ”Eu sou muito boazinha te ensinando, não esquece: quanto mais falar de mim, mais a minha bunda cresce”

Mulher Melancia cantando? Não posso deixar de perder…


Atordoado com a queda do Vasco para a Segunda Divisão do Brasileiro, Luiz Fernando Nascimento Vilaça quase perdeu a vida por causa de sua paixão clubística. Num momento de desespero, o torcedor cruzmaltino, de 21 anos, tentou se jogar do anel superior do estádio de São Januário. “Realmente tentei me matar pelo Vasco. Subi sozinho na marquise da arquibancada para pular e limpar a minha consciência. Estava muito envergonhado (com o rebaixamento do clube) e tinha bebido um pouco de cerveja. Sei que alguns vão me criticar, mas foi o que me veio na cabeça na hora” afirma o morador de Nilópolis, que admitiu estar embriagado.

Sim, leitor, o desfavor é que ele continua vivo.

Cantem comigo: Arerêêê! O Vasco vai jogar na Série B! êê!

Bom dia! Lá vou eu na minha nova tentativa de variar de tema. Pediram com tanto carinho que eu prometi que os SS desta semana seriam sobre assuntos não-relacionados ao Escroto Mundo dos Cuecas. Vamos falar de Orkut?

Eu teria tanta coisa para criticar no Orkut, que ultrapassaria o limite tirando de duas páginas que me foi imposto pela Madame que divide blog comigo, então, tenho que ser bem específica em nome do tão amado poder de síntese. Decidi falar sobre COMUNIDADES do Orkut que são um desfavor.

Não, não me refiro a comunidades politicamente incorretas. Comunidades como “Flavio Silvino fala baleies” e “Amazônia, vasto estacionamento” me divertem. Adoro um humor polêmico, prova ao menos a coragem da pessoa. Me refiro a comunidades bregas onde a pessoa fica se auto-exaltando. Com certeza ABSOLUTA metade das pessoas que estão lendo isto agora está em uma dessas comunidades e metade destas vai se ofender com esta postagem… Observem eu não me importar e ofendê-los mesmos assim:

EU SOU PARA CASAR – Sério, precisa exaltar esta… errrr… “qualidade” em uma comunidade do Orkut para todo mundo saber? Isso é uma coisa que se percebe com a convivência, com a intimidade. Eu desconfio de quem ostenta muito uma coisa. Geralmente quem ostenta muito uma coisa o faz justamente por ela não ser verdade. E quando pessoas que estão em comunidades assim também estão aomesmo tempo em outras que contradizem essa vocação? Rolo de rir. Temos que ter vergonha na cara, né gente? Dizer “sou para casar” e participar de comunidades como “Chifrei mesmo” e “odiada pelas namoradas” ficar vergonhoso.

Impressão que me passa: A pessoa tem uma puta fama de vadia ou de homem galinha e está tentando desesperadamente se livrar dela

CAUSO NA BALADA – É o oposto da anterior. Você “causa na balada”? Parabéns para você, você é foda mesmo, hein? Badala muito, sai muito, é muito popular… Só nos resta saber o que essa pessoa causa na balada… seria vergonha no namorado? situações constrangedoras aos amigos? Ou será que ela causa repulsa de desconhecidos, humilhação nos seus pais e risadas nos transeuntes?

Impressão que me passa: Pessoa sem vida social, meio encalhada, querendo tirar onda de quem faz e acontece.

DEUS ME DISSE: DESCE E ARRASA – Ok. Você é especial. Palmas! Tragam uma medalha! No meio de bilhões de seres humanos, Deus (coitado, sempre sobra para Ele) te disse “Desce e arrasa”. Muito bom, quase me convenceu de que você é uma pessoa segura e que tudo que você faz é um arraso. Agora… precisa ostentar seu arraso na frente de outros pobres mortais, como eu, que não arrasam?

Impressão que me passa: Pessoa insegura, carente, meio loser, meio fracassada, que quer passar ao mundo a mensagem de que ela vale muito e é competente.

SUA INVEJA É MEU IBOPE – Tem várias derivações: “Me inveja? Entre na fila” e similares. Existem seres humanos que acreditam que qualquer crítica é inveja. Qualquer opinião desfavorável é inveja. Qualquer coisa negativa que lhes acontece é inveja. E até mesmo câncer seria inveja. A causa de todos os males do mundo é a inveja. Ok, então tá. Todo mundo te inveja. Não apenas isso: todo mundo te inveja e você faz questão de contar de forma pública como você é invejada. Você deve ser uma pessoa muito fodona mesmo, hein? Tanta gente te invejando…

Impressão que me passa: pessoa louca para ser notada, que não assume que recebe críticas por mérito próprio e opta por creditar qualquer coisa que lhe desagrade à inveja.

DESCULPE, MAS SOU INTELIGENTE – Sei. Bom senso e bom gosto todo mundo tem, né? Uma pessoa tão inteligente, que além de ser inteligente ainda ostenta a própria inteligência em um meio público. Tenho certeza que se Albert Einstein tivesse Orkut ele também entraria nessa comunidade, não é mesmo? O que mais me fascina é que estas almas inteligentes nem ao menos escrevem no idioma pátrio de forma correta.

Impressão que me passa: A pessoa não é inteligente, posta um monte de corta e cola, não costuma ter o hábito de leitura, tem pouca cultura geral e muitas vezes não acerta nem mesmo concordância verbal e nominal.

Uma vez já tentei entrar em umas comunidades onde as pessoas se diziam mais inteligentes que as demais. Eu e Madame que divide blog comigo. Decidimos, por curiosidade antropológica, abrir tópicos sobre temas complexos e debatê-los ali: Nietzsche, Efeito Casimir, Manifesto Comunista, AI-5, enfim, uma grande mistura. Não, eles não me pareceram inteligentes. E graças a isso eu ganhei fama de “Troll”, dito como se eu tivesse roubado a senha do banco de alguém ou algo assim. Não ofendi ninguém, não briguei com ninguém, não provoquei ninguém. Entrei e comecei a propor temas. Saiu cada pérola… Infelizmente, quando ficou claro que eles não estavam conseguindo discorrer sobre os temas propostos, fomos expulsos da comunidade.

De certa forma, tenho uma ponta de inveja destas pessoas que se tem em tão alta conta. Só os ignorantes são felizes! Deve ser bom ter o ego blindado e essa falta de senso do ridículo a ponto de atribuir qualquer opinião desfavorável a inveja! Minha vida seria muito mais fácil (e muito mais medíocre) se eu pudesse me portar assim.

Só eu que acho brega as pessoas entrarem em comunidades se auto-elogiando? Qual é a credibilidade disso?

Para cantadas, ofensas, convites, processos e desabafos: sally@desfavor.com

Recebi vários pedidos (cercados de elogios) de “escreva sobre algum tema diferente”. Por isso, vou deixar de lado o Mundo Escroto dos Cuecas, que é meu tema favorito e falar sobre outra coisa hoje: Desfavores Profissionais.

Cada profissão tem seus desfavores. A minha, de advogada, tem uma penca deles, que variam dependendo da área de atuação. Talvez alguns sejam comuns a todas as profissões.

OBS: Se o texto ficar ruim, eu passo o endereço de e-mail dos Desfavores que me pediram para variar de tema e vocês xingam eles.

Vamos lá. Começo este texto com uma pergunta: Se você está tendo um enfarte, você corre até o consultório do seu dermatologista para que ele opere seu coração? Não, né? Porque? Porque cada área da medicina é responsável por uma parte do seu corpo. Isso está muito claro e é muito bem respeitado na medicina. Porque será que ninguém respeita isso na área do direito? As pessoas acham que advogado tem que saber de todas as áreas. Se você é advogado, automaticamente tem que saber fazer um divórcio, um Júri, uma falência, um imposto de renda, uma ação trabalhista e uma ação contra a operadora de telefone ou o banco que sacaneiam o consumidor.

Cansei de receber telefonemas de conhecidos pedindo para que eu faça uma ação de uma área na qual eu não me especializei e quando eu digo que esta não é minha área, escuto “Ué? Você não é advogada?”. Fica aqui meu conselho: suspeite do advogado que diz que faz tudo, assim como você suspeitaria do médico que diz que é capaz de operar qualquer parte do seu corpo, desde uma fratura até seu cérebro.

Mas a falta de respeito não para por aí. Todo mundo acha que sabe direito. Até mesmo a imprensa peca pela arrogância e não contratam uma assessoria jurídica decente. É nessas horas que a gente vê o William (Homer Simpson) Bonner dizer com aquela cara séria “Ofereceu Mandato de Segurança” (é Mandado de Segurança, e não se oferece, se impetra) ou ainda que “entrou com um recurso de Habeas Corpus” (Habeas Corpus é uma ação). Daí para baixo.

Quando sai escrito é ainda pior. No meu trabalho atual, pego causas grandes e algumas vezes tenho que dar entrevistas para a imprensa. SEMPRE, eu disse SEMPRE, sai coisa errada. Não é possível que jornais grandes não tenham uma assessoria jurídica competente! Chegou a um ponto que eu tenho o seguinte acordo com os jornalistas: dou minha entrevista POR ESCRITO e quando eles quiserem citar algo do que eu falei, devem transcrever entre aspas O EXATO CONTEÚDO do que eu escrevi, caso contrário, não dou entrevista e não comunico o andamento do processo.

E tem também os não-famosos que acham que sabem direito. Começam a emitir seus pareceres sem nunca ter estudado a legislação: “Nosso código penal é muito ultrapassado, é de 1940!”. Não dá nem vontade de explicar o porquê, mas confiem em mim, nosso código penal não é o mesmo de 1940 e não está ultrapassado.

Às vezes me dá vontade de abrir um consultório médico e começar a receitar remédio para as pessoas sem ter feito faculdade de medicina. Todo mundo emite comentários com base na opinião de terceiros, assumindo-a como verdadeira. “Fulano matou e está solto! O código penal é feito para bandido!”. Olha só, ele pode estar solto por MIL motivos que nada tem a ver com o código penal, não se dá opinião sem ler o processo e muito menos sem conhecer a lei. Se você vai ao médico e ele te receita um remédio sem nem te examinar, você toma?

Outro dia escutei uma pessoa afirmar com a máxima certeza: “Se você for pego com mais de 1kg de droga, é tráfico, se for com menos, é usuário”. Sabe, essas coisas me revoltam. Bate aquela vontade de construir um prédio ou uma ponte sem nunca ter cursado uma faculdade de engenharia. Não existe quantidade determinada por lei para classificar como tráfico ou como uso de drogas, e a quantidade nem mesmo é determinante. Mas todo mundo ACHA alguma coisa, mesmo sem ler a lei. Viram no Jornal Nacional, viram na Veja, ouviram do vizinho e repetem. Pegam fragmentos da lei, tiram do contexto e repetem. Um desfavor.

Me digam, se alguém resolve criticar um filme, faz sentido criticar o filme sem ter visto o filme? Apenas pela repercussão na platéia ou pelo que os críticos de cinema dizem? Interpretar as leis é uma arte, uma arte muito difícil, que requer muito estudo: é preciso saber a hierarquia das normas, a intenção do legislador quando criou a norma, sua compatibilidade com a Constituição e com alguns tratados internacionais e mais uma infinidade de coisas. No entanto, sempre tem um Zé Buceta que lê um único artigo, destacado do Capítulo, do Título e de tudo e o interpreta literalmente e começa a jogar pedras dizendo que “a lei é uma merda”. Uma merda é você, Zé Buceta. Uma merda de intérprete. (como alias, também o são diversos juízes… e a coitada da lei leva a fama)

Além de escutar todo santo dia que “advogado é tudo filho da puta”, (frase que escuto em silêncio, porque tem um fundo de verdade, por mais que não sejam todos), ainda tenho que ver leigos criticando e algumas vezes até exercendo minha profissão.

Sei que isso não é privilegio do direito. Tem cidadão se acha um psicólogo, por exemplo, e fala merda por cima de merda. Mas no direito é mais grave, porque quem dá uma de psicólogo ao menos não fica dizendo que “Freud é uma merda, que se enganou no que escreveu”. No meu caso, além do parecer do semi-advogado, ainda vem o “as leis no Brasil são uma merda”.

Em um mercado de trabalho tão baixo nível (tem mais faculdade particular do que Mc Donalds… uma em cada esquina, e até um analfabeto passa nas provas), os profissionais medíocres estão sujando o nome dos bons profissionais. Um tremendo desfavor. É uma crise generalizada.

Um ex-namorado médico me contou que na faculdade dele (pública e uma das melhores do estado), os alunos tinham que fazer uma prova prática dissecando um membro (olha a maldade! Membro = braços e pernas de cadáveres) sem cortar tendões, nervos e outras “cositas” importantes e quando acabavam a dissecção, chamavam o professor para que ele avalie. Pois bem, ele me disse que o material era: bisturi e super-bonder. Quando um aluno cortava um tendão, colava de volta com super-bonder. No final, quando o professor examinava o membro, o aprovava, porque estava tudo inteiro. É daí que estão saindo os melhores médicos do estado e do Brasil. Mais alguém aqui está com medo?

Contem nos comentários os desfavores das suas profissões, essas coisas tem que ser divulgadas!

Para sugestão de temas, propostas de trabalho como assessora jurídica, convites para jantar, doação de jóias e xingamentos em geral: sally@desfavor.com

SOMIR: Alô?

SALLY: Oi, já sei sobre o que a gente fala no “ele disse, ela disse”.

SOMIR: Quem é?

SALLY: Aff… Vamos falar sobre quem sofre mais com chifres, homem ou mulher.

SOMIR: Claudinha?

SALLY: Me arrependo de não ter te chifrado, seu desfavor!

SOMIR: Então não pode ser a Claudinha…

*tu-tu-tu-tu-tu-tu…*

Traição é uma merda. É uma merda para o homem e é uma merda para a mulher. Nem pretendo dizer que mulheres NÃO sofrem ao serem traídas. Mas o que eu quero dizer aqui é que só o homem realmente sofre PELA traição.

Mulher sempre acha que sofre mais. Pior, mulher acha que os homens concordam com isso. Até parece… Homens são treinados para reconhecer sofrimento honesto. Por exemplo: Quando um jogador de futebol se joga no chão e simula uma contusão séria depois de levar uma ombrada do adversário, somos os primeiros a chamá-lo de viadinho. Agora, quando vimos algum deles tomar uma bolada no saco, todos nós nos encolhemos em solidariedade.

Aposto que minha CARA companheira de blog vai tecer uma argumentação dizendo como as mulheres são coitadinhas e como os homens são uns monstros. Ela pode se enganar e enganar as mulheres que vão postar comentários… Mas não me engana.
(Imparcialidade = Habilidade de concordar com sua opinião.)

Homem perde a mulher e mulher perde o projeto.
Esse é o ponto-chave que explica porque no final das contas é muito mais sacanagem uma traição cujo homem seja a vítima do que quando a mulher é que leva o chifre.

Quando um homem descobre que sua mulher está/esteve com outro, a dor que ele sente vem do fato da SUA mulher ter deixado de preferi-lo em detrimento de outro. Todos os homens já nascem com o instinto de macho-alfa, o instinto de ser o único de sua fêmea.
Ele aceita concorrer, mas não aceita perder depois. Quando um homem é traído, ele não só sofre a humilhação pública de ser chamado de corno como ainda tem que conviver com a sensação de FRACASSO por não ser mais o alfa.

O que o incomoda é a traição em si.

Agora, a mulher… A mulher descobre a traição e pensa em tudo, menos no seu próprio fracasso como companheira. Claro que temos o famoso “onde foi que eu errei?”, e por “onde foi que eu errei?” leia-se “onde foi que eu perdi a relação?”. Sim, porque a merda não é a traição… A merda é que ela ganhou concorrência e começa a se vislumbrar preterida e sozinha. Como é socialmente aceito que a mulher faça drama, ela faz MESMO, enfia o pé na jaca e se mostra ARRASADA.

O que a mulher quer não é exorcizar o sofrimento, a mulher quer apelar para o sentimentalismo para ver se consegue chantagear seu homem de volta para a relação ou mesmo arranjar outro aproveitando a deixa.
Ela quer o projeto de volta.

Quem perdoa mais traição? Homens ou mulheres?
Vocês acham que isso é só porque mulheres são mais magnânimas?

Eu me recuso a respeitar o sofrimento de um ser tão frio e calculista assim. Sofrimento é uma coisa pessoal, não precisa de platéia, não precisa virar show para angariar pena e simpatia.

Esse drama excessivo é basicamente o jogador de futebol fingindo contusão. Ao invés de cair por um motivo, não passa de um exagero para chamar atenção e conseguir alguma vantagem. Depois não sabem porque homem sente menos culpa por trair.
Homem que sabe que a mulher é honesta com o que sente e que vai sofrer DE VERDADE com a traição é muito menos propenso a trair.

Porque nós respeitamos quem se respeita.

Essas lágrimas todas não convencem. Homens sofrem de verdade ao serem traídos, sofrimento não se mede por volume de lágrimas, sofrimento se mede pelo impacto que isso tem na vida da pessoa. Mulher dificilmente aprende alguma coisa com traição, tanto que são muitos os casos onde elas ficam repetindo vez após vez “onde foi que eu errei?” e continuam tomando chifre.
Se realmente fosse uma coisa tão ruim assim, aprenderiam com os erros.

SPOILER: Mulher que quer um homem e não um marido/namorado/consolo-humano é muito menos propensa a tomar chifre.

Homem costuma mandar tudo à merda, encher a cara com os amigos e prometer escolher uma menos vadia da próxima vez. Isso sim é sinal de que não quer sofrer mais.
Para um homem não serve de nada ficar chorando e se fazendo de coitado.

A menos que ele seja cantor sertanejo, para quem levar chifre é inspiração musical.

Ah, sim… Homem que toma chifre é corno. Mulher que toma chifre é coitada. Vocês acham que isso é à toa? Os homens são unidos, eles não ficam passando a mão na cabeça do outro não, eles tiram sarro e batem mesmo para ver se o corno aprende e resolve sua vida. Agora… Vê se mulher está interessada que a outra aprenda a escolher homens melhores e a mantê-los fiéis? Que nada, entre elas é guerra.

“Não é culpa sua, amiga. Come um chocolatinho, come…”

Estou falando de mulheres, mas tem muito homem frouxo que age assim também.
Assim como tem muita mulher que não faz isso. Mas elas são minoria.

E se a carapuça serviu, venha fazer drama nos comentários e provar meu ponto.

Um abraço!
Xingamentos, declarações de amor, calcinhas usadas: somir@desfavor.com


Faz tempo que queria falar sobre o tema de hoje. Acredito que em um passado não muito distante, o chifre pesava mais na cabeça de homem do que na cabeça de mulher, por isso, até os dias de hoje, existem muitos preguiçosos mentais que repetem essa afirmativa sem se dar ao trabalho de observar as mudanças pelas quais a sociedade passou. Não é pior para o homem ser chifrado. É tão ruim quanto. E dependendo do caso, pode ser até pior para a mulher.

O que faz o homem para evitar de ser chifrado? Comparece na cama de sua esposa com regularidade. Só. Eu disse SÓ. Ou alguém aqui já viu homem preocupado com o corpo, com medo da mulher arrumar um homem com corpo melhor? Não, claro que não. Eles sabem que nós somos otárias, que quando nos apaixonamos, ele pode ser careca, baixinho e barrigudo que ainda assim, nós vamos achar ele lindo!

E a mulher, o que faz para tentar evitar o chifre? Olha, vou ter que resumir, se não vou escrever dez páginas: cuida da beleza constantemente (cabelo, maquiagem, depilação, unhas, etc.), cuida do corpo (malha, corre, dança, faz dieta, faz drenagem linfática, etc), tenta desesperadamente parecer mais jovem (botox, creme anti-celulite, lifting), está sempre bem vestida, cheirosa, com sapato bonito, antenada com as notícias do mundo (se não paga de bonita e burra), bem sucedida no trabalho (se não paga de que gosta de ser sustentada), mãe atenta e carinhosa (se não paga de viciada em trabalho) e claro, tem que estar sempre linda, fogosa e disponível para fazer sexo, afinal, mulher que não faz sexo regularmente com o marido leva chifre, e todo mundo acha que foi merecido. Além dessas, existem muitas, MUITAS outras exigências.

Vejamos… o homem não faz esforço algum para não ser traído (muitos nem ao menos tem medo disso!), enquanto que a mulher convive com esse fantasma e se desdobra para estar sempre perfeita para seu homem. Em quem será que dói mais um “fracasso”, em quem não se esforça ou em quem rala constantemente para evitá-lo?

Ahhh… mas sempre tem um Cueca que diz que socialmente o peso é maior para o homem. Os amigos! O que os amigos vão pensar! Meus queridos Cuecas, se vocês acham ruim ter que encarar SEUS amigos após um chifre, é porque não sabem como é selvagem o mundo das amizades femininas! Um amigo Cueca pode até dar uma sacaneada de leve, rir de você ou dizer um “se fudeu”, mas três dias depois, vocês estão bebendo em um bar, jogando um futebol ou fazendo qualquer outra coisa e tudo fica esquecido. No máximo vai dizer que sua namorada era uma piranha e te mandar esquecer.

Nossas amigas não se portam assim! Primeiro, o assunto NUNCA será esquecido. NUNCA. Todas comentarão pelas costas da corna, com um misto de pena e indignação o ocorrido. Vai virar o assunto do mês, talvez do ano. Vai ter especulação de “onde foi que ela errou para merecer isso”. Porque sim, a mulher SEMPRE erra em alguma coisa. Nem que seja na escolha: “Não tinha nada que ter namorado um cara desses, eu avisei”. As mulheres que não gostam da corna, vão se deliciar com a fofoca e ela vai ganhar a pecha de corna para o resto da vida. Detalhes do ocorrido vão começar a pipocar por todos os lados. Intimidade? Já era. Além disso, todo mundo vai dar pitaco: “Não volta! Se você perdoar ele vai fazer novamente! Se você perdoar você vai ser uma idiota”. Ainda aproveitam o ocorrido para botar mais lenha na fogueira: “Eu não ia te contar não, mas já que aconteceu isso… uma vez eu vi seu namorado fazendo tal e tal coisa em tal e tal lugar…”. Amigas não fazem isso por mal, para te deixar mal, mas acabam piorando a situação. Ficam cutucando a ferida, com a melhor das intenções.

Em matéria de sofrimento, eu nem vou me estender, porque acho que nem tem controvérsia: homem sofre menos que mulher por amor. Explico, antes que me joguem pedras: o jeito de sofrer de homem é DIFERENTE, talvez nem sofram menos, mas o sofrimento me parece MENOS PENOSO. Homem segue sua vida, meio triste, meio chateado, mas segue. Mulher não. Tem mulher que cai de cama. Eu mesma quando estou triste por causa de um relacionamento fico imprestável: não consigo render 100% no trabalho, não como direito, não durmo direito… uma desgraça! E olha que eu sou tida como “insensível”! A forma de sofrer da mulher indisponibiliza mais do que a forma de sofrer do homem. E é mais demorada e mais desgastante.

Sempre tem um que estacionou no passado que repete: “Se a mulher leva chifre, ela é uma coitada, se o homem leva chifre, ele é um corno idiota”. Não é mais assim faz tempos. A visão da sociedade mudou. Hoje quando um homem leva chifre, solta um “Tudo puta” e escuta dos que o cercam que só tem vagabunda nesse mundo. Foi-se o tempo em que o homem era responsabilizado por seu chifre! No entanto, a mulher ainda é responsabilizada pelo seu: “É né, também… a secretária dele é uma gostosa e a esposa não se cuida… deu nisso! Mulher não pode relaxar depois que casa”. Vê se alguém abre a boca para dizer a um homem “Também, né? O amante dela tem a maior barriga de tanquinho, e você com essa pança… quem mandou relaxar?”

Levando o assunto a extremos (eu sou passional quando argumento), até mesmo o chifre mais hardcore, que antigamente ferrava o homem, hoje estoura para cima da mulher. Pensemos no seguinte exemplo: homem descobre que esposa dá para outro. Esposa está grávida. Se fosse muitos anos atrás, ele entubaria isso e sustentaria o filho como se fosse dele. Não existia divórcio e ninguém desfazia casamento. Hoje não! Hoje a prejudicada é a mulher! O cara larga, não paga porra nenhuma e diz que só paga alguma coisa para a criança depois do DNA. Conclusão: a mulher passa a gestação toda sem auxílio material do homem, ainda que o filho seja dele, coisa que só será provada, via de regra, após o nascimento. Não estou defendendo quem trai e faz filho com outro homem tudo puta só estou mostrando como quem sempre se ferra é a mulher!

Eles repetem que chifre é pior para eles porque é muito cômodo, mas basta parar para pensar, para atualizar os argumentos no novo contexto social, que vocês vão perceber que pelo menos, é IGUAL para ambos. Apesar de eu continuar achando que em alguns casos é sim pior para a mulher. Me recuso a continuar ouvindo isso calada e deixando as Madames Cuecas saírem de coitadinhos…

Para cantadas, ofensas, convites, processos e desabafos: sally@desfavor.com