Orgulho caído.

Hoje eu pretendo falar de um problema que muitos amigos, parentes ou conhecidos tem às vezes: broxar. Todo homem já ouviu histórias sobre outros homens broxando, mesmo que curiosamente nenhum deles tenha passado por isso pessoalmente. Vai entender? De qualquer forma, escrevo este texto especialmente para as mulheres, já que muitas tem curiosidade sobre o assunto e como lidar com a situação, mas nunca encontram quem tenha experiência no assunto disposto a conversar. Eu? Não, eu não. Eu só ouvi falar…

Para entender a broxada, deve-se entender como funciona o… que não funciona, por assim dizer. Talvez seja conhecimento geral, talvez não seja, então não custa explicar: o pênis humano não contém nenhuma parte naturalmente dura, toda a mágica acontece ao se preencher o órgão com sangue. O pinto é, tecnicamente, hidráulico! As partes que ficam cheias e consequentemente duras se chamam corpos cavernosos. São um par de tubos esponjosos que se enrijecem ao se encher de sangue. E por mais que pintos sejam leves o suficiente para levantar só com pensamento, tecnicamente é um processo complicado de bombear e manter o sangue numa região específica. São vários mecanismos no organismo agindo em conjunto para propiciar a ereção.

A broxada – no seu sentido mais mecânico – acontece quando o sangue não vai para onde deveria ir. Condições físicas e até mesmo a idade começam a colocar dificuldades extras nesse processo, em alguns casos a broxada é simplesmente o corpo do cidadão sendo incapaz de fazer o que sempre soube. Um dia todos chegaremos lá, colegas de gênero. Quer dizer, pelo menos precisaremos da pílula azul para dar no couro. A ereção é tão física quanto mental, tanto que existem remédios para facilitá-la.

Mas considerando nosso público-alvo médio, broxadas por impossibilidade física não são exatamente a questão principal. Este texto será bem mais útil para as mulheres (e os amigos, parentes e conhecidos) se falarmos mais daquelas que acontecem com homens que normalmente são capazes de mostrar serviço, mas por algum motivo, não o fazem. A broxada ‘surpresa’, vamos chamar assim.

Antes de chegar no momento da falha, vamos falar um pouco da relação masculina com o funcionamento do próprio brinquedo. Mesmo que tenham todo o conhecimento técnico do funcionamento do pênis, não quer dizer que os homens saibam exatamente como ‘ele’ funciona. Nos acostumamos a lidar com nosso pinto como algo que tem vida própria. Até por isso eu acabei de chamar um pedaço do corpo de ‘ele’. Sim, faz parte da gente, mas não… não dá para entender muito bem o que diabos ele está fazendo. E antes que desvirtuem meu ponto: não estou falando sobre ser escravo dos impulsos sexuais. É algo bem mais específico. Em condições ideais, ele vai agir mais ou menos da forma que nos é mais vantajosa, mas isso não quer dizer que homens sejam capazes de fazer subir ao seu bel prazer.

Não adianta querer definir o estado do próprio pênis. Ele vai entrar em funcionamento ou não de acordo com regras que soam nebulosas até mesmo para quem passou a vida toda lidando com um. Sobe na hora que queremos que ele fique quieto, e às vezes desce na hora que mais queremos ele em funcionamento! Um homem honesto vai responder “sei lá” quando perguntado sobre o que dita o funcionamento da própria genitália. Não estamos nos eximindo de responsabilidade sobre nossas decisões ao declarar o pinto uma entidade externa à nossa vontade, estamos constatando um fato. É que ele combina com o que queremos fazer na hora na maioria das vezes. É seu, mas… às vezes parece que não. Quem tem sabe do que eu estou falando. Quem não tem presta atenção nisso: não existe querer em ereções. Acontece ou não, lide com isso.

Mas não sejamos fatalistas, evidente que sabemos o que aumenta as chances dele funcionar de acordo com a nossa vontade. E o que vai atrapalhar. Seja como for, não deixa de ser um jogo: você coloca as peças no tabuleiro e rola um dado. Se colocar direito, o resultado dos dados vai ser menos relevante; se fizer uma jogada ruim, o fator ‘aleatório’ do funcionamento do pênis vai ser preponderante para o resultado. É que raramente se pensa nisso porque o jogo costuma ser viciado ao nosso favor: um homem jovem e saudável dificilmente vai ter problemas.

Mas o que faz um homem sem problemas fisiológicos broxar? Bom, existem inúmeros fatores, muitos deles tão confusos para quem broxa quanto para quem está esperando alguma ação… nervosismo é de longe o mais comum. Homens nervosos tem maior dificuldade em funcionar. Não é à toa que atores pornôs são muito mais raros que atrizes, fazer funcionar numa situação de pressão é algo para quem tem uma cabeça especialmente forte (e é claro, usa remédios para facilitar tudo). Homens tem sentimentos também: se ele estiver se sentindo muito pressionado para fazer sexo, ou mesmo para impressionar a mulher, começam a cair peças muito erradas no tabuleiro. Homens nervosos broxam com muito mais frequência.

Mulheres que não são atraentes podem broxar um homem, mulheres que são muito atraentes podem broxar um homem. Mulheres muito retraídas podem causar falhas, mulheres muito atiradas também. Não estou passando uma medida geral, cada um desses casos é relativo aos gostos e preferências do homem em questão. O que um acha feia o outro acha linda. Alguns gostam de ser muito provocados, outros preferem o conforto da aceitação imediata. Às vezes cidadão falha com uma mulher que conhece muito e funciona com uma estranha! E vice-versa. A questão aqui é que existe uma série de variáveis que influenciam no resultado, mas não decidem tudo, afinal, mesmo assim homens tendem a funcionar na maioria das vezes. Para deixar as mulheres mais perdidas: o problema que causou a broxada numa situação pode já ter acontecido antes sem consequências. Aceita que a ereção é uma coisa complexa que dói menos. Essa coisa de dizer que homem é muito simples é engraçada, mas leva a enganos terríveis. Nada no corpo humano é simples, e mesmo assim, tende a funcionar!

Tende a funcionar, mas estamos aqui para falar do pior caso possível: a broxada. Seja lá como tabuleiro e dados estivessem dispostos, a resultado foi negativo. Não funcionou! E agora?

E agora é hora de lidar com o problema. As informações anteriores serão de grande valia nessa situação. Mulheres: a primeira coisa a se entender é que não foi de propósito, nem se ele QUISESSE. Homens: se você nunca mandou nessa porra até hoje, não vai ser agora que vai mandar. É essa que eu considero a fase 1: a fase dos reféns. E se você achar preconceituoso pensar só num casal heterossexual, a lógica é simples: um providencia o pinto, outro se beneficia dele. Vou continuar com homens e mulheres até porque gays já nasceram com um e conhecem seus mistérios até melhor que eu.

Na fase dos reféns, vem a aceitação. Os dois ali estão reféns de um pinto desligado, e ninguém vai vir salvá-los. Se a aceitação não vier, enormes as chances da situação ficar cada vez pior. Vamos ser práticos aqui: o objetivo é acordar o gigante adormecido para que o casal possa aproveitar o momento. Se seu objetivo é sacanear o cidadão, aponte, ria e vá embora. Muito embora eu não sugira que nenhuma mulher que não a Ronda Rousey tente esse método, gera um risco desnecessário de tratamento dental futuro.

O pior erro da fase dos reféns é a insistência em ignorar o que está acontecendo. E esse erro vem tanto de mulheres quanto homens. Provavelmente ambos por orgulho: ela para não se sentir desprestigiada, ele para evitar a humilhação. Não estou sugerindo tocar o foda-se e ir ler um livro (não necessariamente), estou dizendo que é hora de compreender que não é uma questão de querer. Entrar naquele estado mental de plantonista de pronto-socorro de TV, batendo no pinto e berrando “você não vai me deixar!” não vai resolver nada.

Até porque pensar no funcionamento do pênis gera um problema para o homem: ele se lembra que aquele apêndice do seu corpo vai fazer basicamente o que quiser e ele que se vire com o resultado. Com o perdão do trocadilho, é o reconhecimento da impotência. Não é regra geral, mas se depois de uns cinco minutos de tentativas de animar o cidadão nada aconteceu, temos uma broxada oficial. Pintos funcionam muito rápido quando estão inclinados a isso. Não é aquela coisa de ‘encantadora de cobras’ de ficar flauteando por meia hora para ver o bicho levantar… se vai subir, sobe logo.

Importante: mulheres, a tendência de vocês terem feito algo de errado ou dele ter perdido (ou nunca tido) o tesão em você é muito pequena. Eu nem quero me aprofundar muito nisso para não deixá-las com raiva, mas a testosterona é poderosa e perdoa MUITA coisa em troca de fazer sexo. A broxada tende MUITO a ser um problema de nervosismo e falta de concentração do homem. Imagino que deva ser meio ofensivo ver aquela desgraça não subindo justo pra você, mas boas chances de você ser a pessoa certa na hora errada. Tentem não fazer bico e se culpar (ou apontar o dedo), isso só vai deixar o cidadão que você quer traçar ainda mais nervoso. Não é prático.

E agora, uma questão de escolha, pelo menos para as mulheres: se você ainda quiser brincar com esse brinquedo, vai ter que ser esperta nos seus próximos passos. Nenhuma é obrigada a aguentar o ‘desaforo’ e tratar o homem bem, mas a não ser que o homem tenha algum fetiche por humilhação, cara feia, reclamação ou deboche vão provavelmente matar qualquer chance de tirar alguma coisa daquela situação. Quer fazer sexo com esse homem mesmo assim? Vá com calma. Deixe a broxada seguir seu rumo e vá para a fase 2: a fase do elefante na sala.

A tendência é que o homem esteja vivendo um dos momentos mais baixos de sua auto-estima. Aqui conhecer o cidadão faz muita diferença. Tem gente que vai reagir bem a uma condescendência mais… ‘carinhosa’, tem quem prefira lidar com o ridículo e fazer graça da situação, tem quem vá só querer ser deixado quieto por um tempo. Talvez tenha até quem prefira fingir que nada aconteceu! O IDEAL (eu imagino que deva ser difícil) é passar uma imagem de quem não se preocupa PORQUE sabe que logo logo vai estar tudo de volta ao estado desejado. Desescala-se a situação e ainda faz um voto de confiança (confiança levanta pintos desde… sempre). Mas convenhamos, nem sempre dá para se conhecer o território e saber o que vai fazer o homem relaxar e ‘resetar’ para uma próxima tentativa. Um pouco de observação pode ajudar: qual a reação física do cidadão? Gente encolhida normalmente quer colo, quem fica evasivo quer espaço, quem busca comunicação (mesmo que no olhar) provavelmente quer tratar do assunto. Vai ter que ficar esperta.

Tudo se resume a fazer o homem relaxar de novo. Se era nervosismo, pode passar, se era muita coisa na cabeça, pode fazer esquecer. Muitos homens vão ser capazes de tomar alguma decisão para lidar com a situação, mas não atrapalha ter alguém no seu time quando isso acontece. O que raramente ajuda é fingir que não aconteceu e ficarem os dois com cara de bosta. É simplesmente jogar o dado de novo, mas dessas vez as probabilidades jogam muito contra. Arranja algo pra distrair que mantenha os dois juntos, por exemplo: uma massagem para ‘relaxar’, levantar para comer alguma coisa, tomar um banho… é relativamente simples reiniciar o processo se a broxada for admitida. Se ficar aquele cheirinho de merda no ar, o processo tende a se repetir.

E fazendo isso direito, chega a fase 3: o morto-vivo. Porque pinto vai subir de novo, é só questão da mulher querer estar presente ou não quando acontecer. Sexo é uma atividade conjunta. Homem que não quer aceitar o que acontece e mulher que fica procurando pelo em ovo estão jogando sozinhos. Adivinha se vai resolver muita coisa? Na hora do desastre que as pessoas tem que se unir mais ainda.

Claro, tudo isso foi o que eu ouvi… e eu tenho muita imaginação, sabem como é… mas se eu consegui explicar melhor o que acontece com muitos de nossos amigos, parentes ou conhecidos, eu me dou por satisfeito.

Para dizer que deve ter sido duro escrever o texto, para dizer que ainda não engoliu que funciona sozinho (funciona, só aceita…), ou mesmo para dizer que não sabe se eu falei a verdade porque nunca te aconteceu: somir@desfavor.com

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Comments (9)

  • É só ter um viagra, que pode ser o genérico. e pronto.

    Eu já precisei utilizar quando…Namorava alguém que parecia fazer sexo comigo por obrigação e, uma vez que comi pizza quatro queijos e fiquei com dor de barriga. Sou intolerante a lactose…

    Daí é tomar o viagra e dar uma enrolada, entre 30 min e 1 hora já faz efeito…

  • Eu entendo muuuito q pinto tem vida própria! Eu acho incrível ver o do meu marido se mexendo sozinho… kkkkkkk… As vezes um oral resolve… Quase sempre resolve… Fazer de conta q nada aconteceu e cair de boca… xD

  • Olha, pela experiência de um conhecido meu, o melhor a fazer é dizer que a entidade não baixou (ou não subiu), oferecer uma massagem e/ou um oral para não prolongar o climão e desistir de fazer a entidade baixar (ou subir). Não tente enganar o pinto, ele sabe quando você está blefando. O importante é você mesmo (ou o seu conhecido mesmo, porque com você essas coisas não acontecem) não considerar isso como algo que você tivesse como reverter pela vontade. Tem vezes que o pinto só pegou congestionamento no trânsito e vai chegar atrasado ao evento; em outras ele deu uma de Tim Maia e faltou ao espetáculo. A mulher vai achar ruim? Geralmente vai, mas depende de como você lidar com a situação. Se você conseguir desfocar do pinto e se concentrar na mulher, as chances dela continuar no jogo são boas. O problema é que na sua cabeça (ou melhor, na do seu conhecido), o fantasma que aparece não é o de ter broxado, mas a de broxar três vezes e pedir música no Fantástico.

  • Eu nem sou velho e das vezes que brochei com as ficantes elas foram embora putas da vida. Nunca brochei com namorada é só com ficantes mesmo. Pinto tem sim vida própria e mulher não entende isso.

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