Uma pitada de histeria.

+Comentários pedófilos no Twitter durante “MasterChef Júnior” geram revolta. Durante estreia do programa, na terça-feira (20), perfis fizeram comentários criminosos em relação a uma das participantes. Nas redes, revolta e ameaça de linchamento.

Pedofilia? Nós achamos os comentários péssimos, mas… pedofilia? Talvez a verdadeira tara aqui seja a do linchamento. Desfavor da semana.

SALLY

Um reality show de culinária estrelado por crianças causou a polêmica da semana. Uma participante chamada Valentina, de apenas 12 anos de idade, foi vítima de comentários inapropriados em redes sociais e o que seria apenas uma imbecilidade foi amplamente divulgado como crime. Gente, crime é coisa séria, babaquice ainda não é crime no Brasil. E se querem repudiar algo, o jeito mais inteligente não é divulga-lo.

Quando Valentina foi eliminada do programa e despertou comentários como “perdeu o programa mas ganhou um namorado” ou “se ela consentir, é crime?” ou coisas piores como um comentário sugerindo que ela poderia ser atriz pornô se quisesse. São comentários bacanas? Não, não são. São péssimos e retratam o quanto vivemos em uma sociedade doente, sem respeito e machista. Mas… crime de pedofilia? Menos, gente. Bem menos.

Esse grupo de pessoas peculiares, que esculhambam reality show mas assistem Master Chef, inflacionaram uma mera babaquice de internet (muitos comentários tinham gargalhadas ao final, indicando claramente ser uma piada, por mais infeliz que fosse) e começaram campanhas, ameaças e histeria coletiva. Pedem que os responsáveis pelos comentários sejam processados. Isso é um desfavor em diversos aspectos.

Primeiro que por mais nojento, babaca e escroto que seja, não se pode comparar uma pessoa que faz um comentário infeliz, muitas vezes brincando, a uma que estupra uma criança. Há sim uma escala de reprovabilidade que deve ser respeitada, sob pena de banalizar pedofilia. Se muitos virarem pedófilos (e, não se enganem, muitos fazem comentários inapropriados de todos os gêneros), acaba que a pedofilia não fica tão grave. Soa mais comum. Pior: acusação de pedofilia perde força, como perdeu a de racismo, por causa de histeria e com isso as acusações não são mais levadas com a seriedade necessária. Nada pior para as vítimas que ter acusações desacreditadas.

Também é um desfavor por fomentar a sensação de impunidade. Essas pessoas não serão condenadas por crime de pedofilia. Legalmente, não é pedofilia, desculpa. Muito vai se falar, nada vai se fazer. Isso vai gerar, para os leigos, a sensação de que crime de pedofilia não tem punição no Brasil. Esse enfraquecimento da credibilidade do Judiciário, que já não está essas maravilhas, é um baita incentivo para que quem se segurava para não cometer crime por medo de ser punido, não segure mais.

O que fica na cabeça do povão é: “pedofilia não dá em nada no Brasil, não aconteceu nada com os caras que falaram da menina do Master Chef”. Em vez de combater a pedofilia, com esse circo que armaram, a longo prazo, acabarão por fazer aumentar o numero de casos. Basta estudar um pouquinho de criminologia para compreender o que eu estou falando. Mas quem quer pensar a longo prazo? Não, não. Vamos ser imediatistas e deixar nossa raiva tomar conta das nossas ações. Parabéns.

Sempre vai ter aquele ser humano com uma severa falha cognitiva, que eu apelidei de “Quer Dizer”. O ser humano “Quer Dizer” depreende algo absurdo do que você disse, em uma falácia muito da mal feita. O ser humano “Quer Dizer” vai argumentar da seguinte forma: “Quer dizer que você defende o que esses caras fizeram?”. Depois que a pessoa planta a primeira conclusão falsa, ela vai ser perdendo e piorando o argumento (reductio ad absurdum): “Quer dizer que você acha aceitável fazer isso? Quer dizer que você gostaria que fizessem isso com a sua filha?”. É muito cansativo argumentar com gente assim.

Não, eu não acho bonito nem aceitável o que fizeram. Eu acho babaca, nojento, medonho, reprovável, tudo de ruim. Mas isso não torna o ato crime. O crime é algo muito mais grave do que isso. Mania de brasileiro de querer reprovar tudo como sendo crime. Existem coisas horrendas que não são crimes, custa tanto assim aceitar? Certo ou errado, é assim que as coisas são. E divulgar esses babacas é iluminar quem deveria morrer na escuridão.

Outro ponto relevante: isso é um espelho da nossa sociedade. Se você não gosta da imagem refletida, não adianta chutar o espelho. Nossa sociedade é assim. A regra é essa: comentários infelizes o tempo todo. Isso se resolve com educação, e não com linchamento de quem os faz. Muita gritaria, pouca atitude. Não se muda uma sociedade com gritaria. Não se muda uma sociedade como a nossa com leis, pois aqui existem leis que “não pegam”. Se existe alguma forma de forçar uma mudança social é com reprovação.

No dia em que for socialmente reprovável dizer barbaridades sobre uma menina de 12 anos, aí as pessoas vão refrear seus instintos asquerosos e calar a porra da boca, por medo de terem sua imagem arranhada. Imagem é tudo hoje em dia. Adultos se comportam como adolescentes, carentes de aprovação social e aplausos. E não é com essa histeria que se gera uma reprovação social eficiente. Melhor seria se fossem conscientizados, educados, mas isso nem tão cedo. Então, que seja por reprovação social e não virtual. Na prática, as asquerosidades continuam, na rede social todo mundo e bonzinho.

Aliás, eu tenho a teoria de que foi só essa sede por aceitação social que causou a histeria. Alicate comentou. Foi lá postar uma reprovação, quando ele fala e faz coisas muito piores. Mas ele foi lá registrar sua indignação, para pegar sua presunção social de bom cidadão. E conseguiu, muita gente que leu o elogiou e se referiu a ele como alguém de bem. Palavras estão valendo mais do que atos. É a Síndrome do Evangélico: faz um monte de bosta, mas solta um discurso bonitinho e hipócrita, para acabar sendo bem visto socialmente. Assim caminha a humanidade: indignados em rede social, hipócritas na vida real.

Por mais nojento, asqueroso e vil que seja um comentário, eu continuo querendo viver em uma sociedade onde todo mundo pode falar o que pensa. O caminho não é proibirem as pessoas de falar, nem excluir os comentários, como muitas redes sociais fizeram. Não adianta nada, exclui o comentário ali e na vida real essa mentalidade continua.

Os pais de Valentina se dizem chocados. Por favor, não me ofendam. Tem todo o direito de estarem indignados, todos nós estamos, mas quem expõe a filha a público em uma sociedade notoriamente doentia como a nossa não deveria se dizer surpreso com esse tipo de chorume vindo à tona. Reprovável? Muito. Surpreendente? Infelizmente não. O que Valentina ouviu nas redes sociais ela provavelmente escuta na rua todo santo dia. Não é novidade nem motivo para choque, vai desculpar.

Piada não é pedofilia. Comentário imbecil não é pedofilia. É desproporcional jogar no mesmo saco quem fez uma piadinha infeliz com quem tirou a roupa de uma criança e fez sexo com ela – o que não quer dizer que não devamos reprovar com severidade quem fez um comentário inapropriado. É hora das pessoas perceberem que controlar o mundinho da internet não modifica o mundo real. Chega de foco em formatar mundo virtual, vamos mudar a matriz e não o espelho.

Para me acusar de pedofilia, para se comportar como um Ser Humano “Quer Dizer” ou ainda para esclarecer que pedofilia é quando os outros fazem: sally@desfavor.com

SOMIR

É sempre um saco tomar uma postura menos histérica quando a ideia de pedofilia está próxima da discussão. Normalmente as pessoas já não gostam de gastar mais do que meio segundo pensando nas opiniões emitidas, e quando tem um tema dessas, é ainda mais fácil que qualquer “talvez” que escrevamos aqui seja entendido como endosso aos comentários cretinos e completamente inapropriados feitos em relação à menina do MasterChef Jr. Para o brasileiro médio jamais vai existir um meio termo, pensar dói: ou você tem exatamente a mesma opinião deles ou está completamente do lado oposto.

Então, como achar absurdos os comentários ao mesmo tempo que não acha razoável taxar os cidadãos responsáveis por eles de pedófilos? Bom, esse deveria ser o ponto de partida lógico da história: pedofilia é uma acusação gravíssima na sociedade moderna. É um problema sério que algumas pessoas tem. Não é um fetiche estranho, é um desastre que acontece no cérebro de alguém e costuma deixar marcas eternas. Posso até ser desmentido se alguém souber mais, mas pedófilo se é. O que dá pra fazer é se controlar, e de preferência com ajuda de especialistas. O que eu quero dizer aqui é que não dá pra acusar alguém de pedófilo “só por hoje”, é uma declaração que definiria a pessoa para sempre. Claro que na dúvida pró vítima, mas é razoável tomar mais cuidado do que o habitual para colocar esse rótulo em alguém.

E por mais que eu entenda quem tenha achado ridículos os comentários expostos pela grande mídia – são de uma falta de bom senso ímpar – usar esse pedacinho da informação para definir que esses cidadãos são pedófilos é mais ou menos como ler um comentário de um adolescente que tem raiva dos colegas de escola e definir que ele é o próximo atirador. Claro que sinais como esses devem ligar algum alerta, mas cravar que a pessoa é aquilo não soa como análise racional dos fatos apresentados. Qual o contexto? Existem elementos exteriores que suportam essa presunção? A pessoa não apenas errou a mão numa brincadeira? Estamos lembrando que uma das fundações do nosso pacto social é que todos são inocentes até se provar o contrário?

Se a mídia estivesse usando manchetes como “Imbecis fazem comentários completamente cretinos contra uma menina” eu teria achado razoável e nem dado bola pro assunto. Liberdade de expressão não é liberdade de repercussão: fala o que quiser, pague o preço LEGAL por isso. Até mesmo se estivessem tratando como machismo e objetificação da mulher estaria de ótimo tamanho. Ao invés de trazer a pedofilia para o centro da discussão, o fato de terem direcionado isso para uma menina de 12 anos deveria ser um agravante. Olha, pra vocês verem como eu estou mesmo disposto a não defender demais os caras que fizeram isso, se tivessem se concentrado no fato que eles fizeram “comentários pedófilos” ao invés de chamá-los de pedófilos eu acho que nem ia topar o tema. Não seria muito preciso, mas tem uma sutileza aqui: você pode fazer uma observação qualificada mesmo sem partilhar da presunção.

E essas observações (des)qualificadas são típicas de uma forma de expressão que jamais deveria ser crime: o humor. Para falar algo que gere uma reação no seu público, você assume uma presunção momentânea e fala através dela. Se um homem conhecido por fazer muitas piadas escreve que viraria gay por um ator famoso, a presunção é de piada ou de escapada do armário? Normalmente as pessoas como um senso de humor minimamente desenvolvido reconhecem rapidamente quando seu interlocutor está “vestindo” uma outra personalidade momentaneamente só para te fazer rir. Mas, eu sei, pra muita gente mesmo se fossem piadas aqueles comentários, ainda não teriam a menor graça. Honestamente? Azar seu. O dia que piada tiver obrigação de agradar todos os públicos, o humor morre por falta de assunto.

Mesmo que você ache que foi uma piada de mau gosto, se foi uma piada, cidadão não deveria ser taxado de pedófilo. É usar um canhão para matar uma mosca. E sabem porque eu acho que tinha um tanto de humor ali? Porque o Brasil é um país socialmente atrasado. A tendência em países assim é a lei esteja consideravelmente à frente da mentalidade de seus cidadãos médios. Em temas que envolvem sexualidade, então… pra muita gente nesse país é parte do dia a dia considerar uma menina de 12 anos como alguém tremendamente próxima do início de sua vida sexual. Quem já lidou com gente “menos evoluída” sabe que o filtro pra falar bobagem pra crianças e pré-adolescentes é praticamente nulo. A lei é mais esperta que isso e deixou a linha de corte nos 14. Mas o povo ainda precisa alcançar essa lei… a tendência de sociedades mais avançadas é o início da vida sexual mais tarde. O que faz muito sentido. Novamente, a lei passou na frente pra ir corrigindo lentamente a mentalidade do povo, mas provavelmente ainda não conseguiu seus resultados.

Foi o que eu disse naquele texto recente sobre um assunto parecido: muito cuidado para não misturar alguém sem noção que acha bacana fazer comentários impróprios contra uma pré-adolescente com alguém que sente atração sexual exclusiva por crianças. O sem noção provavelmente não vai fazer mais besteira se escutar poucas e boas pelas suas palavras, o pedófilo está nessa para a vida. E outra, o pedófilo sabe que vai ser linchado onde quer que vá se descobrirem, é provavelmente o último que vai abrir a boca numa rede social com uma hashtag vista por milhões de pessoas! As pessoas parecem gostar tanto da ideia de pedófilos serem tão fáceis de serem desmascarados que entram nesse barco sem pensar duas vezes: “Ah lá! Não precisa temer, se for pedófilo vai se acusar com a internet toda vendo!”

Vai nessa… histeria e julgamentos precipitados até ajudam os verdadeiros pedófilos. Repito a conclusão daquele texto. Quantas pessoas serão linchadas até perceberem que isso não vai resolver nada?

E pra pensar em casa: e se fossem mulheres falando isso de um menino de 12 anos? Seria notícia? E se ela fosse mais moreninha? Será?

Para dizer que por colocar em dúvida a pedofilia dos babacas eu obviamente estou defendendo tudo o que falaram, para dizer que o brasileiro só é moralista com plateia, ou pra dizer que eu estou monotemático (calhou…): somir@desfavor.com

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Comments (47)

  • Penso tbm que se criou uma certa histeria em torno disso, obvio os comentários são inadequados, mas a premissa atrás deles : de que mulher está (ou tem que estar) a disposição do desejo masculino é o verdadeiro ponto da história ao meu ver. Li vários relatos do #meuprimeiroassedio e são histórias assustadoras e mais assustador ainda o BM pensar que pq isso é comum isso é normal. Aquilo de “homem é assim mesmo” pra mim não cola… Mas diferenciar inadequado de ilegal assim como diferenciar o correto do politicamente correto é pedir muito pra esse povo.

  • É… Tanto lá como aqui, a indignação seletiva.

    Os comentarios NO MESMO TOM E QUANTIDADE a um MENINO do programa não merecem a mesma revolta.

  • Sally,

    A parte a “histeria punitiva”, acho que estes comentários de cunho erótico feitos a respeito de uma menina de 13 anos só me mostra QUEM é o BM: Trata mulher como lixo, não importa a idade da dita cuja. Com comentários assim, aumenta ainda mais meu temor – e minha revolta – de ser mulher brasileira (vivendo neste país de bárbaros incorrigíveis). Tô só trabalhando pra sair desta bagaça do inferno, porque este país aqui ó, não tem jeito!

  • Concordo com a questão da histeria, mas não acha que gritar e envergonhar essa gente possa ajudar?

    Educação? Eles querem se exibir.
    Em uma roda provocam e humilham alguém, zoam, cada vez mais pesado que o colega ao lado, só pra se aparecer.
    Como fazer com que parem? Na porrada.

    E acho que esse tipo de coisa fomenta o que você como mulher deve passar todo dia, não acha? Que sujeito pode gritar COM ESSE CU ESTÁ CONVIDADA A CAGAR LÁ EM CASA, HEIN…

    Eu li essas coisas no dia e fiquei bem puto…Um conhecido já dizendo “Ah Valentina, daqui 5 anos…”.

    Eu acho que só quando alguém bater mais forte nessa gente que ela vai parar.

    Beijos no coração

    • Bater na vida real, certamente. Mas na internet… você sabe que na internet todos são valentes, já vimos muito cuzão peitar via internet.

      sempre bom saber que você está vivo

        • Não é a solução ideal, não resolve, apenas aplaca nossa raiva. O ideal mesmo é que homens soubessem que serão esculhambados se abrirem a boca para se referir a uma menina de 12 anos de forma sexual, pois só a reprovação social coíbe essa gente. Mas, como não vai acontecer, homem que faz esse tipo de coisa vai continuar sendo fodão, pegador e bacana. Até ter uma filha de 12 anos…

          • Aquilo que eu vejo em filmes americanos e em seriados também, aonde o pedófilo é marcado e, todo o bairro sabe que ali tem um doente…Através de um mapa que pode ser visto pela web… Sabe se existe de verdade por lá? Funcionaria aqui??

            • Existe sim. Aqui a Constituição não permite. Até o presente momento o entendimento é que fere a dignidade da pessoa e todos teriam direito à dignidade no Brasil. Pausa para rir.

  • Deixa eu ver se entendi bem o que a Sally quis dizer.

    Seu ponto de vista é que a “histeria punitiva” por comentários que sexualizam uma criança de 12 anos é ruim pois ” Em vez de combater a pedofilia, com esse circo que armaram, a longo prazo, acabarão por fazer aumentar o numero de casos”.

    Ao mesmo tempo, você acha que muitos dos comentários eram “brincadeiras” (porque tinham “gargalhadas no final”). Como você diz num dos comentários desse texto, “Por fazer uma piada se faz apologia ao crime?”. Afinal, piada é piada né?

    Mas… peraí… fazer piada e comentários sobre esse tipo de coisa não causaria exatamente o mesmo efeito que você criticou sobre a histeria punitiva? A população não vai parar e ver “Olha lá, o cara falou que ia estuprar e não deu nada”?

    Você sugere que haja sim uma reprovação social sobre esses comentários que são babacas e machistas… mas não foi exatamente isso que aconteceu? O que você chama de histeria punitiva não é exatamente as pessoas se revoltando e reprovando socialmente esses comentários?

  • Pittibul uebo fêmea

    A palavra DIÁLOGO é tão metafísica quanto alma ou deus. Ninguém está preocupado em dialogar, ordeiramente, respeitosamente (mesmo se for para refutar absurdos), na tentativa de usar a inteligência e não o grito ou ameaças idiotas, para mostrar à pessoa que aquilo que ”fez” (escreveu) não é legal. Mas aí cabe a questão. Qual é o limite do humor??

    O humor, inexoravelmente, se baseia no escrutínio dos defeitos, que na maioria das vezes, serão dos outros. Percebam que os humoristas não gostam de serem vítimas de piadas por outras pessoas. Pode fazer a piada, nós queremos rir, mas depois como ”lei da proporção”, faça uma piada sobre si próprio. Será que isso ajuda??

    O carinha fez este tipo de comentário sem filtro de semancol ou bom senso.

    Aí ao invés de reagir instintivamente, lhe mandando calar a boca, chamá-lo de retardado (você nem conhece a pessoa para poder julgá-la desta maneira) e ameaçá-lo de processo por ”crime de pedofilia”, bem que ”você” poderia escrever como resposta

    ”Ela é apenas uma garotinha, uma criança. Você gostaria que a sua filha fosse alvo deste tipo de comentário?? Vamos ter mais respeito com a infância deste país. Todo mundo comete erros. Somos humanos. Nos tornamos sábios quando aprendemos a evitá-los, especialmente se forem erros bobos como este tipo de exposição gratuita que você está fazendo de si mesmo. Não conheço você e até acredito de boa fé que tenha dito isso sem pensar, acreditando que iria ”causar”, mas infância é coisa séria e a infância do(a) filho(a) dos outros também.”

    Já tenho passaporte carimbado para o céu!!!!

    http://www.terra.com.br/exclusivo/img/news20030621002.jpg

    • Nunca na minha vida eu vi um humorista que não goste que façam piada com ele, e olha que eu frequento esse meio bem de pertinho.

      • Pittibul uebo fêmea

        Nunca é um termo muito complicado de ser dito. Eles podem até não demonstrar, mas a grande maioria dos seres humanos não gostam de ter seus defeitos expostos e exacerbados em praça pública. É parte essencial da natureza humana.

        • Não, não é. É parte essencial de pessoas mal resolvidas…

          Se eles não demonstram, com que direito você presume, sem conhecê-los, que isso é verdade?

  • Acho que esses comentários tem que ser vistos como assédio e assédio tem que ser visto como coisa séria. Essas pessoas só fazem esses comentários escrotos porque sabem que impor o medo de sofrer estupro a uma menina de 12 anos não traz nenhuma consequência negativa a quem faz o comentário, porém tem consequências muito negativas pra quem ouve o comentário. Não acho que fazer comentários em si caracterize a pedofilia pq tem gente que comenta barbaridades na internet só pelo prazer de causar, mas pedófilos também fazem esse tipo de comentário na internet, nas ruas, nas escolas porque acham que nunca serão pegos. Acredito que essa polêmica toda também trouxe a tona toda uma discussão sobre assédio sexual e acho que o debate sobre esse assunto pode ser positivo.

      • Sinceramente acho muito difícil encontrar uma resposta perfeita que se encaixa em todos os casos, depende muito do comentário e a quem foi dirigido esse comentário e como o comentário foi recebido porém, acredito que assédio é assédio e brincadeira é brincadeira, duas coisas diferentes. Pessoalmente não acredito em assédio de brincadeira. Pessoas sensatas sabem separar bem as coisas mas, infelizmente não podemos esperar isso de todos. Na ausência de sensatez, brincadeira torna tudo aceitável.

        • Por esse raciocínio, o outro lado da moeda também pode ser levado em conta: quando falta bom senso, qualquer brincadeira pode ser vista como assédio. E aí?

              • Não existe uma única regra que abarque todos os casos, cada caso é um caso, acho que tudo deveria ser muito bem esclarecido antes de qualquer julgamento prévio.Uma criança de 5 anos pode se sentir intimidada se receber um bilhetinho escrito” eu te amo, quero casar com você” de um garoto da mesma idade, sem que o garoto queira causar qualquer mal a menina. Não acho que nesse caso seja assédio, porém se essa mesma criança recebe o mesmo bilhete de um cara de 20 anos acho necessário investigar.

  • Até concordo com o ponto principal – ser babaca não é crime. Uma pessoa que faz comentário infeliz sobre namorar uma criança não deveria ser penalizada da mesma forma que a pessoa que estupra uma criança (e muito bacana o esclarecimento do desfavorecido entre as confusões do termo “pedófilo”). Da mesma forma que não defendo cadeia pra cara que dá cantada infeliz na rua, ou pra fulano que fez piadinha racista/homofóbica/misógina/que seja. Discordo do método. Acho que tem que reclamar muito no Twitter sim, tem que virar e gritar pro cara te deixar em paz sim, tem que chamar o sujeito de babaca sem graça sim. Tem que ser histérico sim, pra mostrar pra quem acha que tem chance com criança porque “elas já entendem o que é sexo”, pra quem acha lindo cantar mulher porque “ela tá pedindo”, pra quem acha engraçado “quantos pretos/gays/mulheres trocam a lâmpada” que esse tipo de atitude para bastante gente NÃO é tida como aceitável, sexy ou engraçada. O texto defende que esse tipo de atitude banalizaria a pedofilia, por colocar os engraçadinhos de internet no mesmo patamar que os estupradores de vulnerável, sendo que os primeiros dificilmente seriam presos. Pelo contrário, acho que o clamor por cadeia, mesmo que não o justifique ou não seja levado a cabo, mostra aos engraçadinhos que a piada deles foi tão engraçada que a resposta geral foi “vai pra cadeia, engraçadão”. Como defendido, imagem é tudo. E com menos gente pra achar cantar criança engraçadinho, aí sim tem menos banalização da pedofilia, já que o assunto é tão sério que é mal-visto até mesmo fazer piadinhas sobre isso.

    • É a forma como é feito, Ana. Você dá fama para essas pessoas. Hoje em dia as pessoas querem seus 15 minutos de fama, mesmo que seja com algo negativo.

      Com isso, quem um dia quiser fama a qualquer preço (e muitos querem) já sabe o que fazer: ir a redes sociais deixar esse tipo de comentário e se recompensado com manchetes, divulgação e um monte de idiotas dando atenção. Eu não bato palma para maluco dançar…

  • O foda é que o Brasil é lotado até a boca de seres humanos “Quer Dizer”, já ouvi tanto esse tipo de merda que dá vontade de bater num energúmeno que manda uma dessas.

  • O problema deste caso é pegarem 1 dúzia de comentários no meio de MILHARES, para ‘sensacionalistamente’ criar uma pauta de como a sociedade encobre e é tolerante com pedófilos que estão ‘escondidos entre nós’.

    Quanto a sua pergunta final Somir: Também houveram comentários de mulheres no mesmo nível para um dos garotos.

    Mas isso não é noticia. Ainda bem. Mas os comentários dos homens também não deveria ser.

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  • A Sally foi bem no cerne da questão: o que me revoltou não foi a piada, mas achar que ta ok falar esse tipo de coisa pra uma menina de 12 anos. A culpa é da nossa educação.
    Assim que a notícia saiu, procurei a foto da garota e… me senti enojada. Tipo, por que, na internet, num local aberto, onde todo mundo vai ver, você escreve esse tipo de barbaridade? Se com “todo mundo vendo” você essas pessoas agem assim, imagina a cabeça delas?
    Acho histeria chamar de crime, mas também acho que realmente não deveria passar batido. Acho questão de bom senso.

    • Preocupante que as pessoas se dividam nos dois extremos: quem não vê problema algum ou quem acha que é criminoso e tem que prender

  • O desfavor da semana teve belos textos, como sempre. Mas, poxa Sally, achei que vocês iam meter o pau naquela reencarnação negra de Hitler que invadiu aulas de uma faculdade deferindo palavras de ódio aos alunos apenas por eles terem cometido o terrível crime de nascer branco e “rico”.

  • para dizer que o brasileiro só é moralista com plateia

    O velho clichê, tão verdadeiro, já que querer só ética que é bom nada… :/

  • Nesse campo há uma confusão miserável. Vamos tentar desfazer um pouco:

    Pedófilo, pra Psiquiatria, tem tesão por crianças, exclusiva o preferencialmente, e não consegue controlar esse impulso.

    Pro Direito, pedófilo é quem produz ou divulga imagens de crianças ou adolescentes em situações eróticas. Já quem faz sexo ou pratica atos libidinosos com menores de 14 anos, ou com adolescentes maiores de 14 anos (nesse último caso, sem o consentimento), é estuprador de vulnerável. São tipos penais distintos.

    Nem todo mundo que abusa de crianças é pedófilo; existe gente sem-vergonha que abusa porque sabe que não será punida, mesmo sem ter atração preferencial por crianças ou pré-adolescentes. Então existem dois tipos de abusadores.

    Existem babacas e gente mal intencionada que acham bonitinho colocar crianças ou pré-adolescentes em atividades ou vestimentas de adultos, tipo uma porra de um reality-show em que as pobres criaturas sofrem o estresse, a humilhação e a vergonha com a eliminação. Isso sem falar na super-exposição pública, inclusive a babacas desse naipe que fazem esse tipo de comentário infeliz, só porque uma menina é bonita e eles não comem ninguém. Babaquice não é crime.

  • Os textos de vocês são, infelizmente, os únicos que não se deixaram levar pela onda do linchamento virtual. Eu procurei e não achei uma única opinião sensata! Se acharem um colunista que tenha tido a lucidez de apontar (o que deveria ser óbvio, mas não é) que vocês apontaram aqui, me avisem que eu faço questão de ler e de elogiar.

    Todo dia tem um “Judas da vez” sendo linchado na Internet. Quase nunca por suas atitudes. Quase sempre por palavras inadequadas. Esse caso da Valentina é um “mais do mesmo” que se agiganta e que cega até mesmo pessoas muito inteligentes.

    Viciados em aceitação e likes, todos querem apenas afagos por estarem do lado certo: “Eu não defendo pedófilos”, mas não compreendem que NÃO TEM A VER COM ELAS. Que o “eu” acho, penso, sinto não é o centro do mundo.

    O pior é que o pedófilo verdadeiro se esconde, se fantasia de padre, de professor, de caridoso, de amigo das crianças. E que crianças são estupradas de verdade. Não com palavras, mas com atos hediondos.

    O raciocínio simples “Se todo mundo é estuprador, ninguém é estuprador” tem que ser repetido, cada vez mais, porque as pessoas perderam a capacidade de ver o óbvio. Na ânsia de darem “a opinião certa” elas alimentam os babacas que querem aparecer com esses comentários idiotas, em vez de ignorá-los e jogá-los no ostracismo. E os verdadeiros pedófilos podem continuar atuando em paz, basta terem cuidado com as palavras.

    Não duvido que, entre os comentários dos indignados, havia inúmeros pedófilos e estupradores. Mas quem se importa? Eles usaram as palavras certas. Like pra eles!

  • Quando o Rafinha Bastos foi linchado por uma piada (horrível) sobre estupro e eu o defendi, muitas pessoas ficaram magoadas comigo. O problema delas não era de falta de inteligência. Uma, inclusive, é uma médica muito competente. O problema é que não se esforçaram para tentar ver o todo. Focaram em uma única árvore florida ou numa única árvore podre e não enxergaram a floresta inteira, portanto não tem elementos para afirmar se há seca ou não na floresta. Mas afirmaram! Certezas é o que não faltam sendo atiradas por todos os lados. Certezas baseadas em nada. Mas firmes como rochas.

    Por que as pessoas acham que palavras tem um peso maior do que atitudes?

    Por que uma piada infeliz com estupro choca mais do que um estupro REAL?

    Perguntei a uma amiga feminista o que ela escolheria: Ficar sozinha numa sala com o comediante que faz piadas ruins de estupro ou com o maníaco do parque. Para não perder a razão, ela insistiu em dizer que NÃO DAVA PRA ESCOLHER, porque toda piada tem um fundo de verdade, porque “nunca é só uma piada” e porque homens como Rafinha são estupradores em potencial!!!!!!!

    Não dá para argumentar. Mas essas pessoas são a maioria. Querem que o mundo seja um eco delas mesmas e, simplesmente, não conseguem IGNORAR o que não gostam. Querem que o que não gostam saia do mundo. Isso é intolerância pura! E é ingenuidade estúpida também. Acreditar que o pedófilo é sempre o cara que fala merdas na Internet é só reconhecer o lobo óbvio, o lobo que grita que é lobo. Até Chapeuzinho Vermelho sabe que o lobo pode se fantasiar de bondosa vovó…

    • Eu tenho a ligeira impressão de que quando se trata de direito, as certezas passam a ser mais firmes do que diamante, afinal de contas, no Brasil todo mundo é doutor em criminalística… formado na Estácio de Sá.

    • O caso do Rafinha só chocou mais que um estupro real porque ele falou em rede nacional e o alvo da brincadeira era outra pessoa famosa. E porque, digamos, ele acabou sendo o mártir da causa: penalizar uma pessoa famosa pra servir de exemplo pra outras pessoas que piada de estupro não é aceitável. Ele é pior ou igual a um estuprador? Cruzes, claro que não. Tanto não o é, que o processo que a Wanessa moveu foi contra difamação, não contra estupro. Tanto não o é, que ele foi afastado da emissora, não preso em flagrante. O tratamento que ele recebeu não foi o tratamento dispensado a um estuprador. Mas a quem causa revolta com um comentário mal pensado. Significa que ele é uma má pessoa, que o humor deveria ser proibido? Não, não conheço o Rafinha pessoalmente pra saber do caráter dele (e pelo que vejo pelos programas, na verdade acho ele uma pessoa bacana), e a liberdade de se expressar é um dos direitos básicos do cidadão. Mas liberdade de expressão não pode ser confundida com liberdade de opressão (clichê a frase, confesso xD E reconheço que no outro extremo está a censura, mas não acho que se aplica ao caso). Tem coisa que não é piada, não é opinião, não é direito seu dar pitaco. Por isso os crimes de injúria e difamação. Fazer piada de estupro ofende quem já passou pela situação e banaliza um crime hediondo. Falar que estupraria Fulana e seu bebê em particular pode ser ameaçador num contexto, é degradante em todos. Porque palavras também são atitudes. Justifica cadeia? Não. Justifica processo e afastamento? Claro que sim!

      • Ana,

        Eu não me referi a esse caso da Wanessa, não. Antes dele, o Rafinha se envolveu numa confusão imensa por causa de uma piada de estupro. Não teve a mesma repercussão do caso da Wanessa, mas ele foi muito odiado. Ele falou algo do tipo: “Toda mulher que eu vejo na rua reclamando que foi estuprada é feia Deveria dar graças a Deus, porque não foi um crime, foi uma oportunidade.” e isso foi publicado na revista Rolling Stones Brasil.

        Houve, inclusive, um documentário “O riso dos outros” em que vários comediantes, inclusive ele, falaram muito dessa piada. Tem no Youtube.

        • Ele foi acusado de estimular estupros. Tem cabimento uma coisa dessas? Por fazer uma piada se faz apologia ao crime? Este país é um lixo.

          O filtro correto é todo mundo falar o que quer e a sociedade se encarregar de reprovar aqueles que falam merda, não o Judiciário. Mas sabe quando as pessoas vão compreender isso? Nunca.

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