Dilema estéril.

Ou não? Muitos casais podem chegar a um ponto onde não querem ter mais filhos, e quando essa decisão é feita, Sally e Somir não conseguem concordar em quem deve fazer a cirurgia. Os impopulares decidem quem deve encarar a faca.

Tema de hoje: Cirurgia de esterilização deve ser feita pelo homem ou pela mulher?

SOMIR

A mulher. Quem tem o poder deve ter a responsabilidade. Existe “golpe do saco”? Não existe, né? Quem essencialmente manda na questão da reprodução humana – pelo menos em sociedades minimamente estruturadas – é a mulher. É ela que pode forçar um filho no mundo se quiser. Homens só foram ter um resquício de poder nessa situação toda com o teste de DNA, mas ainda é o reino delas.

E vamos entender o contexto da discussão de hoje: um casal decide que não quer ter mais filhos. Mais, porque a lei brasileira não permite que ninguém fique estéril antes de já ter filhos; infelizmente, devo ressaltar. Sendo assim, é confiável que essa seja a escolha de ambos, certo? É… aí vai bem pensar qual dos sexos faz mais pressão por ter filhos. São os homens? Digo, você pode até conhecer exemplos de homens mais afeitos a fazer filhos que suas companheiras, mas… na média? Porque isso é o que nem a Sally nem a maioria de vocês parece entender aqui nesta coluna: o lado defendido nos textos deve refletir a média, não uma opinião pessoal, pelo menos na maioria dos casos.

Hoje é dia de média. Na média a tendência é que a mulher seja a mais reticente. Até pelo poder que vai perder. E aí, é melhor que a medida prática seja aplicada na pessoa com maior ou menor certeza? Quem tem mais chance e poder de furar o bloqueio? Nenhum método de esterilização (além da retirada de órgãos inteiros) é 100% seguro. Claro, dá de mil a zero em métodos como camisinha, mas mesmo assim, o método masculino, a vasectomia, não é certeza absoluta para o resto da vida. Só castração resolveria nesse nível. E, é claro, não estamos argumentando nessa intensidade.

Pois bem, considerando que o homem tenha feito, o estado mental da mulher é o de quem está em plena capacidade de reproduzir. Quem tem o poder de forçar filho goela abaixo do seu parceiro continua podendo. Quem nunca teve, ainda está exposto a uma porcentagem minúscula – mas existente – de erros. O equilíbrio de mentalidade necessário para garantir a esterilidade de um casal passa pela ação da mulher muito mais do que a do homem, é ela que garante-se tanto da sua escolha que abdica do poder de ter filhos com ou sem consentimento do parceiro. Aí sim chegamos num casal que está na mesma página. Quando a mulher passa pela cirurgia, ela toma uma decisão poderosa. Quando o homem faz, meio que repete o falava há muitos anos: chega!

E eu tenho outro argumento que eu imagino que não vá descer legal aqui… mas é a natureza, não matem o mensageiro: a janela potencial de reprodução do homem é muito maior do que a da mulher. Uma mulher de 50 anos vai ter que depender de ciência avançada para conseguir ter um filho (e provavelmente não vai conseguir), um homem de 50 vai ter que fazer sexo. E existem casos e mais casos de homens que fizeram filhos na terceira idade. Temos que lidar com o elefante na sala: relacionamentos não tem que ser pra sempre. Às vezes acaba, e talvez com ele a certeza de não ter mais filhos.

Claro, as pessoas tem que ser responsáveis pelas suas escolhas, mas vamos pensar assim: você vê dois carros numa corrida e tem que escolher um para desclassificar. É livre a escolha, mas você tem mais uma informação: um deles está quase sem gasolina, o outro está com meio tanque ainda. Por puro senso de justiça, você não escolheria tirar o que já estava ficando sem combustível mesmo? Não parece que esse carro perderia menos no final das contas? O outro pode dar muitas voltas ainda, deixa ele.

Pois bem: se alguém vai ter que sair da pista quando o assunto é ter filhos, não é melhor tirar quem já estava prestes a parar mesmo? Ainda mais próxima da menopausa, não é como se a mulher tivesse muitas mais opções para considerar mesmo. É só uma tranquilidade a mais nesses últimos metros. O carro do homem ainda pode ir muito longe, claro que não é bonito pensar que ele pode querer sair da relação no futuro e fazer um filho em outra, mas… acontece, não? Não é corporativismo, é bom senso. Se fosse o oposto o argumento seria o mesmo, deixa quem pode fazer mais escolhas ter esse poder.

Até porque como homem fica na mão de mulher quando o assunto é filho, ele provavelmente vai precisar de mais tentativas se quiser fazer valer sua vontade. Mulheres podem ter os filhos que quiserem na maioria dos casos, duvido que falte homem com vontade de pelo menos fazer o processo necessário. Homem vai penar mais, tanto pra achar parceiras quanto para convencê-las a manter a criança caso queiram. Ok, eu sei que estamos falando de casais que não querem ter filhos, mas lembram da premissa por causa da legislação: não são contra de vez, tanto que já tiveram.

E vamos para um argumento mais prático: cirurgia é cirurgia. Ok, a do homem é menos invasiva, mas não é como se ele tivesse que tomar uma pílula, é uma cirurgia. Muita coisa pode dar errado. E aí eu até volto pro ponto anterior: arriscar o que está próximo de desligar naturalmente ou o que ainda vai funcionar por décadas e décadas? Mais uma coisa: a vasectomia tem um risco de não funcionar direito mesmo que pareça tudo perfeito na operação. Se não ficar muito ligado, pode engravidar uma mulher que tem ao seu dispor a decisão de dar pra trás no acordo ou não a hora que bem entender.

É uma questão de poder e de longevidade de escolhas possíveis. Pode argumentar o que quiser sobre a parte técnica, é mero argumento de praticidade. Ok, é mais simples para o homem fazer a cirurgia na prática, mas estamos falando mais do que isso, não? Estamos falando de duas pessoas com uma decisão que uma parte pode derrubar facilmente em caso de falha do método contraceptivo e de outra que ao fim de um relacionamento provavelmente vai ter chances de rever sua escolha. É simples se você souber o que está sendo discutido aqui. Não sou eu que estou preocupado com o tamanho do corte… mas, duvido que vão entender.

Para dizer que minha personalidade é um ótimo contraceptivo, para dizer que está puta porque faz sentido, ou mesmo para dizer que é meu dever cívico fazer a cirurgia: somir@desfavor.com

SALLY

Um casal em um relacionamento estável decide que não quer ter filhos ou que não quer ter mais filhos além dos que já tem e optam por recorrer à cirurgia de esterilização. É mais sensato e razoável que a cirurgia seja feita pelo homem ou pela mulher?

Pelo homem. É um procedimento bem mais simples (um corte de 2cm e a pessoa ainda volta para casa sozinha no mesmo dia se quiser) com muito menos riscos e com recuperação muito mais rápida.

Por um instante eu até cheguei a pensar “quer saber? Que faça a mulher. Tira tudo, trompa, ovário, útero, corta tudo fora para não menstruar, não ter TPM…”. Mas aí eu lembrei o inferno que é reposição hormonal. Viver sem hormônios que deveriam estar ali reduz a qualidade de vida de uma forma que é melhor um corte de 2cm no saco e meia hora depois estar em casa.

Até mesmo legalmente a laqueadura é um pesadelo para a mulher. Nossa lei bizarra é tão arcaica que exige até consentimento do marido para realizar uma laqueadura. E se a mulher nunca teve filhos, amigos, eu lhes asseguro que vai ser muita dor de cabeça achar um médico que faça. Passa a faca no homem, que é melhor para todo mundo.

Sim, eu disse “para todo mundo”. Como já discutimos em outros textos, o homem está nas mãos de mulher na escolha de ter ou não filhos. Por mais que ele tente se precaver de forma autônoma usando camisinha, o índice de falha pode chegar a 10%. Então, na real, se a mulher quiser engravidar, engravida. Exceto, é claro, se o homem tiver feito vasectomia. Nesse caso ele está protegido do golpe da barriga pelo resto da vida.

Estamos falando de pessoas que não querem mais filhos. Somos pessoas racionais e sabemos (ou deveríamos saber) que querer ou não filhos independe do parceiro: quem não quer filhos, não os quer com ninguém. Muito bacana essa história de pensar que um amor verdadeiro vai te fazer ter vontade de ter filhos, mas não é verdade. Quem não quer ter filhos não faz essa escolha por não amar suficientemente seu parceiro e sim por outros critérios.

Então, sinto muito, se for uma pessoa mentalmente equilibrada e convicta da sua decisão, podem mudar os relacionamentos que a escolha de não ter filho continuará ali. E se for uma pessoa demente que cuja vontade de ter filhos oscila conforme o parceiro, olha, melhor que seja esterilizada mesmo que o mundo já tem idiotas de sobra.

Além de ser um procedimento mais simples e com menor índice de complicações, o custo da vasectomia também é muito menor. Além da cirurgia ser menos complexa e ter metade do tempo de duração da laqueadura, o paciente volta para casa no dia e uma semana depois já leva vida normal. Já na laqueadura a cirurgia é mais demorada, mais arriscada, a mulher tem que passar um ou dois dias no hospital e tem restrições por muito mais tempo. Na boa, que bosta de parceiro é você se sujeita sua mulher a uma cirurgia desnecessária e mais arriscada podendo resolver o problema de forma mais simples?

Vou dizer algo que o médico que consultei para escrever a coluna de hoje me disse, quando perguntei das chances de reversão da vasectomia e da laqueadura: isso não é argumento. Se a pessoa usa as chances de reversão como argumento para a escolha, ela não está pronta para ser esterilizada. Quem tem certeza de que não quer filhos, independente do parceiro, não decide com base na exceção e sim com base na regra: o quanto isso te previne de ter filhos. Certo está ele, dizendo que se a pessoa estiver muito preocupada com a reversão o correto é o médico se recusar a fazer a cirurgia. Se você já faz pensando na possibilidade de reverter, escolha outro método.

E outra, um “Heads Up” para nosso Sheldon Cooper Tupiniquim aqui de cima: mermão, se arrependeu? Que pena, arca com a escolha que fez e vida que segue. No dia em que medo de me arrepender me paralisar eu mesma me encarrego de dar um tiro na minha cabeça. Pessoas se arrependem todos os dias de tatuagens, de plásticas e até mesmo de filhos. A partir do momento em que uma pessoa segura de si, esclarecida e capaz decide eliminar sua fertilidade, ela o faz sabendo que pode se arrepender sim, e que é algo que terá que lidar se acontecer. Existem outras formas de se ter um filho. Arrependimento, meu caros, não mata. Eu lhes garanto.

O que não pode, ou melhor, não deveria poder, é bater o martelo que não quer ter filho à custa da mulher ter que fazer uma cirurgia mais complicada e arriscada porque quem bateu o martelo pode se arrepender. Tomar no cu, né? Argumento torto do caralho. Não dá nem para contra argumentar diante de uma inconsistência dessas. Se há esse receio de se arrepender, ninguém faz a esterilização e ponto final, se pensa em um método reversível.

Vamos levar a coisa para outra área, só para fins didáticos, pois eu acredito muito no poder explicativo dos exemplos. Supondo que alguém que você quer bem pretenda chegar a um destino e te peça orientações sobre o caminho. Você sabe que existem dois caminhos: um mais longo, com mais riscos de segurança no percurso e bem mais caro e outro mais curto, mais barato e mais seguro. Qual dos dois você indicaria para a pessoa que pede orientações?

O grande mal da bicha campineira aqui de cima sempre foi esse: egoísmo. Só vê o que quer, só raciocina para o lado que quer, que lhe convém. Uma inteligência muito acima da média mundial lhe permitiu viver toda uma vida conseguindo emplacar as decisões mais absurdas em causa própria convencendo as pessoas de que era o melhor a ser feito. Mas Tia Sally e seu gênio do cão não aceitam qualquer bosta não. Aqui tem dedo na cara, tiro, porrada e bomba. O mais racional é que o homem faça vasectomia.

E bem feita estará! Mulher faz muito mais esforço do que homem ao longo da vida para se manter atraente e para cuidar da relação. O mínimo que se espera é que a pessoa que diz te amar te poupe de um procedimento cirúrgico arriscado e tome a frente da coisa, passando por um leve desconforto de riscos mínimos. Mas pelo visto é pedir demais para o Sr. Em Tese. Em tese, ele acha melhor que a mulher o faça. Só tem um problema: a vida não é uma tese, a vida acontece na prática. Em tese eu arrumo argumento para qualquer merda, até para dizer que cigarro não dá câncer. Em tese é tudo muito fácil.

Seus cuzões, aceitem um buraquinho no saco para resguardar a mulher de vocês de um risco cirúrgico maior. Eu nem precisaria ter que falar, isso deveria partir de vocês! Não se fazem mais homens alfa nesse mundo…

Para se surpreender como você sempre cai na manipulação do Somir e só acorda para a vida quando lê meu texto e eu te alerto, para se juntar a mim e só tratar o Somir por nome de mulher daqui para frente nos comentários ou ainda para curtir meu dia de fúria: sally@deafavor.com

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Comments (50)

  • Sim, Sally. É exatamente assim que acontece: leio os argumentos o Somir e assino em baixo. Em seguida, leio o seu e você acaba me convencendo. Jamais faria vasectomia, simplesmente porque nossa cabeça muda. Daqui a dez anos, certamente eu estaria com outro pontos vista. Mas já que, para a mulher, é tao penoso a cirurgia de esterilização, eu apoio. Vocês já sofrem muito!

  • Meu marido e eu queremos ter filhos, portanto, no momento não pensamos nisso, mas, no futuro, se chegarmos ao consenso de que não queremos mais, ele já disse que quem faz, é ele… Os tios dele, todos fizeram depois de ter filhos, então ele sabe que não é nenhum bicho de 7 cabeças…

  • No cenário proposto: o homem deve fazer. É de comum acordo faz aquele pra quem o risco é menor, questão de lógica e de cuidado com o parceiro.
    Sobre os ginecologistas tenho vontade de estrangular quando quis conversar sobre outro método que não a pilula ouvi que “para evitar gravidez o melhor era a castidade” jesus me olhava do alto da sala com ar de reprovação. Troquei de médico no dia seguinte.

    • A-B-S-U-R-D-O

      Qual é o problema dos ginecologistas brasileiros?

      Eu já ouvi de um que DIU é aborto, pois o óvulo já está fecundado e que se ele colocasse um DIU em mim eu e ele iriamos para o inferno

  • Muito bom vocês terem tocado no assunto!

    Falo por experiência própria. Tenho 30 anos e desde os 25 procuro ginecologistas dispostos a fazer a laqueadura por que não posso usar nem DIU (porque os meus ciclos menstruais que já são curtos ficariam menores ainda) e nem hormônios por causa de histórico de trombose (minhas pernas se enchem de varicoses). Já fui em muitos ginecologistas, tanto homens quanto mulheres e TODOS se recursaram a fazer e me trataram como se eu tivesse 5 anos, como se eu não tivesse o mínimo de discernimento numa escolha tão séria, e o pior: com aqueles argumentos tais como “quando você achar alguém legal, vai sim querer engravidar” e toda aquela romantização porca da maternidade. Tenho verdadeira FOBIA a ter filhos e não posso exercer esse direito por meio de uma contracepção definitiva. Para quem já se deu ao trabalho de ler a lei de planejamento familiar (9263/96) sabe que é uma excrecência em termos de liberdade da mulher.

    Agora se um guri de 18 anos chega no urologista e fala que quer fazer uma vasectomia, duvido que tem médico que “desrecomende” e que venha com esses argumentos furados de “instinto paternal” e romantização da paternidade. Não duvidaria se um médico dissesse para um guri que acabou de passar por um procedimento assim: “Isso é que é um homem inteligente: prevenindo-se desde já do golpe da barriga”.

    Homens, tomem vergonha e honrem as bolas: façam vasectomia. Não cai o pinto.

    Conto nos dedos os homens que realmente queriam ter filhos. A maioria quer filhos apenas para dizer que é “homem de família”, por que no fim, quem arca com a criação e tudo que ela envolve é a mulher, que como todo mundo sabe SEMPRE abdica de muita coisa em detrimento dos filhos.

    #prontofalei

  • “Por um instante eu até cheguei a pensar “quer saber? Que faça a mulher. Tira tudo, trompa, ovário, útero, corta tudo fora para não menstruar, não ter TPM…”. Mas aí eu lembrei o inferno que é reposição hormonal.”
    O procedimento que retira o útero nas mulheres é a Histerectomia e pode também retirar os ovários, assim afetando a produção hormonal.
    Já a Laqueadura não afeta a qualidade de vida da mulher posteriormente.
    Portanto, pra mim, embora seja algo relativo e depende do casal… o argumento do somir faz mais sentido.Afinal, se o período reprodutivo da mulher é mais curto e ela não deseja mais filhos… por que não?
    E eu odeio esse tipo de argumento- “Mulher faz muito mais esforço do que homem ao longo da vida para se manter atraente e para cuidar da relação.” -tentando validar algo hahaha

    • Sim, eu sei que são dois procedimentos diferentes. Mas a laqueadura é mais arriscada, demorada e cara que a vasectomia.

      PORQUE NÃO: Para não sujeitar a mulher a um procedimento mais invasivo, com mais riscos de complicações no pós operatório, que a deixa internada e que custa mais caro. Tá pouco para você?

      • Na verdade a diferença não é tão imensa assim.
        Se o casal não quer ter mais filhos parece lógico o homem tomar a iniciativa.
        Porém conheço um casal que isso aconteceu e o homem “prometeu” que iria esterilizar… passou muuito tempo e nada.NESSE CASO, já que a mulher deseja não ter mais filhos ELA deveria tomar a iniciativa e não depender da atitude do parceiro para uma vontade dela, a vontade de não ter mais filhos, já que o homem se demonstrou mentiroso dizendo que iria fazer a vasectomia.
        Sou a favor do SE VOCÊ DESEJA VOCÊ QUE FAÇA. Ficar refletindo vontade própria no parceiro/a não parece inteligente.

        • Eu sou a favor que o homem tome a frente e tenha atitude para resguardar sua esposa. Na boa? Independente do tamanho da diferença, se é menos arriscado para o homem, eu espero que, por questão de hombridade, ele o faça.

          Não se trata de querer: se você quer faça. Se trata da desproporção de ter alguém que pode te poupar de um risco e não o faz. Existem duas soluções: uma que onera a mulher e outra que a resguarda. O que eu espero de um homem é que coloque meu bem estar à frente.

          Claro, se o homem não fizer, se comportar que nem essa pessoa que você citou, a mulher vai ter que fazer sim. Mas eu daria um belíssimo pé na bunda de quem se comporta assim. Não é aceitável.

          • Entendo.
            Mas você provavelmente não estaria jogando uma vontade sua em seu suposto parceiro?
            Minha mãe por exemplo fez a laqueadura e meu pai não fez a vasectomia.Penso que ela na verdade desejava autonomia, não esperou nada de ninguém.

              • Eu li. Na verdade estava falando em relação ao comentário anterior, que vc disse ” Mas eu daria um belíssimo pé na bunda de quem se comporta assim. Não é aceitável.”

                • Eu daria um pé na bunda no caso que você narrou, onde a pessoa se compromete com você a uma coisa, enrola e não faz. Tenho horror de gente que se compromete levianamente, sabe? Uma pessoa assim não serve para estar ao meu lado, envolva o assunto filhos ou compras no mercado. Eu preciso conseguir confiar na palavra do outro para me relacionar.

              • Como eu falei… homem tem pavor até de pensar em vasectomia…
                Usar esse argumento do tempo de fertilidade é falho, porque parte do princípio do “vai que eu separo e quero ter filho com a outra daqui 20 anos”, e não tem essa variável na pergunta original…

                Se é um casal que decidiu juntos que não querem ter filhos, e não desejo de se separar no futuro, não existe argumento que justifique a mulher fazer uma cirurgia desse tamanho.

                • Eu penso que quem não quer ter filhos não quer ter filhos com ninguém. E se mudar de ideia, arca com as consequências. Coisa mais triste gente que se esconde, que não faz, só por medo de se arrepender. Nunca quero ser essa pessoa.

                  • Partindo do seu pressuposto vc tem razão.
                    Mas a maioria das pessoas (homens) mudam de opinião toda hora, é só ter uma mulher nova e tudo muda.Por isso acho sua argumentação, nesse caso, embasada em pessoas que não existem…e sim que deveriam existir.
                    Sally leio o desfavor desde um compartilhamento do Danilo Gentili, o texto era sobre comportamento manada. gosto muito dos textos.
                    vc pode indicar alguns blogs nacionais que vc lê aqui?

                    • Danilo, as pessoas tem o sagrado direito de mudar de opinião, o que não pode é não comunicar ao outro que mudou de opinião e ficar enrolando como esse seu conhecido fez. Isso se chama falta de hombridade. Diz que não vai fazer e pronto. Fica parecendo que tem medinho da mulher ou que se acha espertão e a engana por bastante tempo. Tenho horror, HORROR a esse tipo de comportamento. Transcende a questão de filhos ou não, é em qualquer área. Um casal joga no mesmo time, não se enrola, não se engana, não se compromete com o que não vai fazer. Só consigo conceber relacionamento assim, deve ser por isso que estou solteira faz um bom tempo…

                      Blogs nacionais que eu leio: 0 (por falta de tempo, que fique claro)

                      O que eu ainda consigo consumir são vídeos. Te indico peneirar umas palestras da fundação sem fins lucrativos TED, que realiza conferências ao redor do mundo disseminando conhecimento, inovação e ideias que valem a pena. Tem em português, tem em inglês (com e sem legenda) e tem sobre os assuntos mais variados. A maioria muito interessante. Também recomendo parar para ouvir o pessoal da Perestroika, especialmente Felipe Anghinoni e Tiago Mattos. Espero que seja útil.

  • No início do namoro meu marido queria e eu não.

    Hoje, casados, chegamos a conclusão que é melhor não ter filhos.

    Não acredito que a maioria das mulheres desejem ter filhos, mas acabam gerando e amando suas crias apesar de tudo (a natureza grita, não é?).

    Algumas terão por falta de conhecimento, por falta de cuidado, por pressão ou necessidade de adequar-se ao meio externo.

    Afinal quando você fala que é casado e não quer ter filhos você é visto como um pária.

    On: Estou com a Sally nessa.

  • Não sei em que mundo que o Somir vive onde mulher pressiona a ter filho mais que homem…

    Em estágio, eu perdi as contas de quantas mulheres quiseram reverter laqueadura porque trocaram de parceiro e o bonito não conseguia lidar com a ausência de filhos com o “sangue” dele… no melhor estilo “se não me der um filho vou embora”.
    Agora os homens? Conto numa mão quantos tavam lá porque a nova mulher queria filhos…

    A analogia que eu uso é de rios e peixes… no caso do homem, põe a barreira, o rio continua igualzinho, só não tem peixes… na mulher vc destrói o rio…(sim, tem que tratar igual criança mesmo).

    A Sally não quis entrar nessa, mas vamos lá: a reversão. No homem, a pior coisa que pode acontecer é nao reverter, ou seja, sem peixinhos/filhinhos. Na mulher, o pior que pode acontecer é uma gravidez na trompa, ou uma cicatrização inadequada que pode estrangular o intestino (este também um risco da laquadura), ou vaaaarias outras complicações que podem levar a mulher à morte.

    Não aguento esse mimimi quando todos sabemos que homem não vai fazer vasectomia porque tem medo de ficar broxa…

    • Não sei em que mundo que o Somir vive onde mulher pressiona a ter filho mais que homem…

      Ah, então vivemos num mundo onde o gênero que insiste mais em fazer filhos é o masculino? Onde o sonho dos homens é ter filhos e as mulheres frequentemente se incomodam com a ideia?

      • Eu não disse nada sobre sonhos…

        Mas minha vivência mostra que o gênero que insiste (veja a palavra) mais na presença de filhos é sim o masculino.

        • Vivências sempre adicionam. Mas raramente como generalizações… rebater o argumento que a mulher tem maior impulso para ter filhos exige um pouco mais do que isso.

      • Samantha, seu pouco conhecimento da natureza humana te impede de saber que todo pobre acha extremamente importante passar seu gene adiante, mesmo homem. “Deixar sua marca no mundo”, eles dizem. “Passar o nome da família adiante”. Não é por motivos românticos/carentes como mulher, é por vaidade e egocentrismo, mas existe sim.

        • Existe sim como em “existe tanto que inverte completamente a lógica dos sexos e suas relações com a vontade de ter filhos” ou existe sim no sentido “sim, homens também querem ter filhos”?

          Porque a segunda faz sentido, e nem deveria ser novidade.

          E aparentemente a Samantha mais famosa do google é uma atriz indiana… maldita inclusão digital.

        • Sallyta,

          A guerrinha fake é sempre uma graça.

          Mas, olha, a Samantha pode ser beeeeeem escrota, só que dizer que ela tem “pouco conhecimento da natureza humana” é muito inverossímil…

    • Nanda,

      essas mulheres do seu estágio não estavam preparadas para a decisão que tomaram.

      Ridículo tanto para o homem quanto para a mulher mudar de ideia só porque o novo parceiro ou parceira quer ter filhos. Povo fraco esse que não banca as próprias escolhas!

      Essa é uma decisão muito séria que não pode ser tomada por pressão da outra parte. Conheço um caso triste em que o casal tinha um menino e a mulher não queria mais. Mas ele queria, pois tinha o sonho de ter um casal. Ela insistiu muito e ele fez a vasectomia. Anos depois se separaram e os dois se casaram novamente. Ele não conseguiu reverter a cirurgia. Ela teve justamente uma menina, sonho do ex, com o novo marido. Foda. É por isso que a escolha tem que ser consciente. Por pressão do outro dá merda.

    • Nanda, sua experiência no estágio não necessariamente significa que homens pressionam mais. Pode significar que mulheres cedem mais a essa pressão. Concordo que tem muito babaca por aí nessa vibe “ou me dá filhos ou vou embora” como a Sally disse, mas imagino muito mais facilmente uma mulher cedendo a essa chantagem do que um homem que tenha feito vasectomia. Provavelmente o cara vai manter firme sua escolha anterior, e a mulher que lide com isso. Claro, estamos falando de uma média.
      Apesar disso, acho que o homem fazer será melhor para ambos. Conheço caras que se operaram, e realmente é muito tranquilo. Eu mesmo penso seriamente em fazer no futuro. Sério, desnecessário expor a mulher a um risco tão grande. Me chamem de machista, mas eu ainda acho que o homem deve ser o protetor a todo custo. E, nesse caso, o custo nem é tão alto assim. E isso não é por causa da chantagem barata da Sally: “Não se fazem mais homens alfa nesse mundo”, antes que alguém diga alguma coisa.

  • “…ou ainda para curtir meu dia de fúria”

    Vocês mentem tanto, tanto, tanto, tanto, tanto, tanto, que nunca saberemos identificar fúria genuína.

  • Homens fazem. Mulheres têm problemas com a falta dos hormônios e a cirurgia masculina não tem esse mesmo complicometro na equação. Para a mulher não é só a cirurgia, e o resto da vida de cuidados extras…

  • Se os dois tem convicção de que não querem catarrentinhos, o mais racional é que o homem faça a vasectomia. Mais seguro, mais simples, mais rápido.

    O homem deveria pular na frente e dizer “Óbvio que eu faço. Se é algo igualmente bom pra nós dois, que faça quem corre menos risco!”

    Esse argumento do Somir de que o homem tem mais tempo de fertilidade é bastante cruel. É um jeito de dizer: “Eu não quero filhos agora, mas vai que lá no futuro eu possa querer com outra? É melhor que você se foda toda numa cirurgia mais perigosa para que eu não precise passar pelo risco do arrependimento”.

    Como negar o egoísmo?

    • Normalmente os argumentos cruéis derivam da verdade. Nunca disse que era um argumento bonito, mas pensando em linhas gerais, considerando pessoas genéricas, é algo que os homens raramente pensam diante do argumento (lógico) de que lhes é menos sofrido e perigoso o processo operatório.

      • Mesmo quando o homem está convicto de que não quer ser pai? Mesmo quando ele acredita estar em um relacionamento que terá futuro?

        Não entendo isso! Os homens não gostam tanto de poder? Poder escolher não “transmitir a nenhuma criatura o legado da nossa miséria” é um dos maiores!

        • Vaidade é o grande karma humano. Vaidade fala mais alto. As pessoas se acham (erroneamente) importantes e acreditam que passar seus genes adiante tem alguma relevância.

      • Quem não pensa, Shirley? Só se for você. Eu conheço muitos homens que tem vergonha de colocar a mulher em risco quando eles podem segura o rojão sozinhos…

        • Ou seja: seu ponto de vista te soa mais racional porque é outra pessoa que vai fazer a cirurgia, reduzindo os riscos próprios. Mas isso já era previsível. Estamos discutindo o que vai além de não querer ser a pessoa que sofre a operação, não?

          …and don’t call me Shirley.

          • Amanda, meu raciocínio é que vá para o bisturi quem vai correr riscos menores. Cêjura que depois de quase dez anos você ainda tenta essas invertidas distorcidas comigo?

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