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Semana Sim Senhora – Bunda: Segunda versão.

Semana Sim Senhora – Bunda: Segunda versão.

| Somir | | 43 comentários em Semana Sim Senhora – Bunda: Segunda versão.

Sinto que agora pude finalmente entender melhor os objetivos da marca no Brasil. Levando em consideração os pedidos de alteração que vocês fizeram, decidimos renovar completamente não só o visual, como a mensagem da campanha. Aplaudo a coragem.

O primeiro pedido, completamente compreensível, foi o de aumentar a marca de forma a gerar maior reconhecimento. O tema sensível limitou-nos desnecessariamente. Aceitamos o desafio de levar o que estava escondido para a frente. Na verdade, BUNDA deve ser proeminente na mensagem.

O colorido da peça combina perfeitamente com o tom descontraído da mensagem, e quando entendemos a verdadeira função das curiosas amálgamas animais propostas, todo o resto ficou claro. O coala-tucano e o canguru-tamanduá servindo de exemplo lúdico sobre os perigos de misturar ideias e perder o verdadeiro significado das coisas. E como agora vamos mandar uma mensagem clara, a língua portuguesa fez todo o sentido.

Ao expressar que misturar as coisas pode ser problemático, criamos a base necessária para explicar a diferença de significados de BUNDA no Brasil e na Austrália, além de estabelecer o poder da marca ao ressignificar a palavra. Vocês vão perceber que o logo não só aumentou, como é mostrado de forma proeminente na peça, sendo essencial para a compreensão do material. Pensamos até em um jingle: “não confunda, as melhores joias agora são da BUNDA”. Está em processo inicial. Precisamos, é claro, da aprovação de vocês para continuar trabalhando nas nossas ideias.

Puta que pariu, eu desconfiava do mau gosto de vocês, mas não nesse nível. Vocês realmente acham que uma marca chamada BUNDA consegue entrar no mercado nacional fazendo alarde do seu maior problema? No mundo inteiro, é prática comum mudar o nome de marcas e produtos para uma melhor adequação ao público local. O ser humano médio é tão adulto quanto vocês, não consegue ler qualquer palavra remotamente chula que já ri ou dá chilique.

Se estivesse só na minha mão, a primeira coisa era mudar o nome da marca toda. Mas se o cliente tivesse um cérebro em decomposição avançada como o de vocês e exigisse o nome, a única alternativa é esconder o máximo possível. De preferência criar um nome de linha de produtos e usar um B abreviado na caixa. O público-alvo de joias ou é mulher ou é gay, notoriamente conhecidos pela pressão sobre sua aparência derrubando sua autoestima. E como são produtos caros, ainda temos que lidar com o costumeiro ego de cristal de ricos e novos ricos, incapazes de lidar com a rejeição social de seus pares igualmente superficiais. Gente com dinheiro não se mete a fazer graça com marcas engraçadinhas, porque isso é venenoso para seu status social. Se vocês trabalhassem, saberiam.

Não achem que subcelebridade é gente, não são. São um microcosmo de imbecis dependentes de escândalos manufaturados para sobreviver. O grosso do público com dinheiro para comprar as joias da BUNDA não tocaria na marca nem com uma vara de salto. Faz mal para as finanças ser a piada do grupo, e qualquer vacilo gera isso.

E, porra, quem enfiou na cabeça das pessoas que essa palhaçada colorida é aceitável? A Natura? Gente que usa Natura tem sovaco fedido e cabeludo, é tudo o que eles conseguiram fazer a marca expressar até hoje. Se você não quer que seu público-alvo seja composto de pré-adolescentes e/ou maconheiros, trabalhe com cores sóbrias. Deixa esse estupro visual multicolorido para o Romero Britto! A marca vende joias! Joias caras! Gente que gosta de tudo colorido faz suas próprias joias e vende na beira da estrada para comprar mais droga!

Caralho. E outra, por que vocês acham que eu fiz o material em inglês? Para gerar alienação SIM. Porque marca cara não pode ser acessível. A pessoa se sente especial por entender a arte e tem sim prazer na ideia de que a maioria das outras pessoas não vai. O que vocês acham que permeia a cabeça de quem torra uma nota com um pedaço de ferro encrustado de diamantes? Merda? Também, mas essa gente quer se sentir única e especial. Se você faz a empregada da madame público-alvo desse produto entender, a cretina vai achar que é menos exclusivo.

E Gezuiz de Triciclo, que porra é essa de mascotes? Mascote é algo muito específico, para algumas marcas que precisam de carisma, e olhe lá. Se você não lida com crianças ou povão, PASSE LONGE. Normalmente é um símbolo quando o produto que vendem é caro, no máximo. O símbolo do logo! E são coisas dignas como o cavalo da Ferrari, não um bicho demoníaco mistura de duas ou três coisas que o dono ou donos da empresa acham curiosos ou engraçadinhos.

Eu entreguei uma peça limpa e funcional para vocês, vocês enfiaram tudo no rabo e me devolveram algo fedido. Tinha que ser BUNDA mesmo. Nem a fonte dá para manter por causa do excesso de informação inútil forçada na arte… gentalha. Seis meses até ter que fechar escritório no Brasil, e depois vai culpar a agência.

Não, não, estava só pensando umas coisas… agora está mais de acordo com o que vocês queriam?


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