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Colunas

Fala muito!

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Esse é um compilado de declarações bizarras e vergonhas em geral do Bolsonaro só nestes últimos dias. E tem gente que ainda acha que o desfavor deveria falar mais dele… desfavor da semana.

SALLY

Me espanta a defasagem cognitiva das pessoas no geral. Até símios aprendem por tentativa e erro, o que não parece acontecer com o brasileiro. Passaram muitos meses atacando de todas as formas possíveis o Bolsonaro sem perceber o quanto isso o fortalecia até elegê-lo, e continuam usando a mesma estratégia que deu errado. Pior: recriminam e atacam quem não usa essa estratégia furada. Qual é o problema dessas pessoas?

Não estamos reclamando pela infinidade de comentários nos acusando de ser “bolsominions” por não meter o pau no Bolsonaro ostensivamente. Aqui a gente desliga a tomada do microfone e tá tudo bem, essas pessoas simplesmente não ganham voz. Estamos reclamando do resto que tem voz e perde tempo e energia falando constantemente sobre o Bolsonaro e criticando tudo que ele faz. É muita falta de inteligência não perceber que, com esta atitude, vão acabar reelegendo esse infeliz.

Mas não creio que seja mera falta de inteligência. Tem um componente infantilóide aí. Adultinhos que falam “Bozo”, “Minion” e outras palavrinhas para se referir às pessoas com deboche, algo típico de adolescente, estão na verdade espelhando seu interior. Essa sanha por lados, essa busca pelo embate, essa constante dualidade, todas modalidades de retraso mental. Isso mostra o que a pessoa é, seu estado interno. Projeção, que chama.

Desde 2009 batemos nessa tecla: é burrice dar tanta atenção, dar holofote, dar voz para aquilo que desprezamos, que não gostamos, que achamos nocivo. Falar incessantemente sobre algo, ainda que seja falar muito mal e com os argumentos pertinentes, é divulgar isso que se pretendia eliminar. E divulgar, meus amores, só faz crescer.

Vocês conseguem ver isso aqui, em menor escala, com textos nossos considerados “nocivos”, com aquele sobre o lado negro da gravidez: pessoas divulgando com intuito de criticar ou advertir os outros sobre o conteúdo “tóxico” (palavra irritante da moda) que na verdade acabaram trazendo uma penca de leitores para o Desfavor. Não se joga holofote, não se fala, não se divulga aquilo que é nocivo, pois o efeito é dar força a aquilo.

Tudo aquilo a que você resiste, persiste. Se aquilo se apresenta na sua vida é por se tratar de uma questão a resolver, de algo que deve ser olhado, compreendido e superado. Ficar lutando contra é a coisa mais infantil e idiota que você pode fazer, pois além de te tomar tempo e energia, simplesmente não funciona e ainda pode causar o efeito contrário. Provavelmente aquela coisa que você está “lutando contra” vai aparecer novamente, e novamente, ainda que em novas roupagens, até ser resolvida internamente.

Tudo aquilo em que colocamos o foco expande. Se ninguém falasse do Bolsonaro, ele morreria na escuridão, em um cantinho do Superpop, sem ter qualquer relevância no cenário político nacional. Mas não, tinham que colocar o foco nele, gastar energia falando nele, observando o que ele está fazendo, replicando isso. Quando você dá voz, dá destaque a um idiota, permite que outros idiotas que pensam como o idiota original se juntem a ele e formem um grupo muito mais forte. Quem critica o Bolsonaro elegeu o Bolsonaro. Cada vez que você abre a sua boca para falar mal do Bolsonaro, você aumenta as chances dele se reeleger.

E, abstraindo o dano coletivo que é dar ibope ao Bolsonaro (= reelegê-lo), existe um grande dano individual para quem faz isso. Essa coisa de “lutar contra” algo é promover uma auto violência, uma autoagressão a você mesmo e ao seu próprio corpo. É liberar hormônios do estresse na sua corrente sanguínea. Você tem o poder de escolher para o que olhar e com que ponto de vista vai olhar, se escolher olhar de modo a se aborrecer, a se chatear, a se colocar “contra”… pior para você. Coloque sua energia e atenção em coisas BOAS, em coisas que te façam bem, que te façam feliz, que te façam crescer.

“Mas Sally, você quer que eu aceite passivamente tudo que está acontecendo?”. Mas, meu anjo, você acha que ficar focado no Bolsonaro e falando mal dele vai mudar alguma coisa na sua realidade ou na realidade do país? A única coisa que você vai conseguir com essa postura #EleNão é reeleger o sujeito. É isso que você quer?

O oposto de não ser ter um comportamento adolescente imbecilóide que fica criticando o Bolsonaro não é ser gado, ovelha ou passivo. Existem formas inteligentes de agir, que não promovem a pessoa que se pretende criticar. Não existe apenas o preto e o branco, a crítica e a omissão. Existe uma infinidade de zonas cinzentas e recomendo que comece a explorá-las o quanto antes, para não levar uma vida medíocre e limitada. E o primeiro passo é: pare de se importar com o Bolsonaro. Ele está eleito e ficar falando mal dele não vai tirá-lo de lá, só vai fazer mal a você e bem pra ele.

Os tempos mudaram. É preciso novas atitudes. Querer que o Desfavor se comporte como se comportava há dez anos atrás, querer ver críticas contundentes estilo “Processa Eu”, é querer nos aprisionar na sua involução. Se você não mudou nada em dez anos, que pena, a gente mudou, e nem fodendo vamos mudar nossa linha para agradar uma pessoa ou um grupo que acreditamos estar fazendo algo nocivo para a coletividade. Reelejam o Bolsonaro sozinhos, meus caros, nós não vamos entrar nesse joguinho idiota de ficar falando mal dele ostensivamente, por mais que sobrem motivos e argumentos.

Muito menos vamos nos aborrecer, deixar que política tire nossa paz de espírito. Não, obrigada. Preferimos rir enquanto o circo pega fogo, fazer piada, ter a confiança que, o que quer que aconteça, vamos encarar e superar. Preferimos o ponto de vista de que Bolsonaro ser o maior desastre possível será benéfico para o país a longo prazo, para ajudar a derrubar um sistema tão corrupto e falido que não importa quem esteja no poder, o povo sempre sai perdendo.

Se você não gosta ou não concorda, bem, ninguém te obriga a ler o Desfavor. Por sinal, o que você mais vai encontrar é gente que comungue desse pensamento bélico, raivoso, dual, e gaste seu tempo e saúde falando mal incessantemente do Bolsonaro. Vai fundo, sobra material. Aqui não. Aqui você não vai ler nada nem parecido com isso nos próximos anos. Aviso mais claro do que esse impossível.

A proposta do Desfavor sempre foi oferecer um ponto de vista diferente do mainstream e, durante muito tempo, isso significou textos muito críticos e ácidos. Hoje, para tentar levar algo diferente, fazemos justamente o contrário. Mudaremos conforme as mudanças sociais, sempre tentando trazer uma perspectiva diferente da realidade para os leitores e ninguém tem a obrigação de gostar ou de ficar. Nosso compromisso não é com a linha de pensamento X ou Y, e sim trazer sempre uma nova perspectiva, uma alternativa ao que a maioria está falando.

É uma questão de memória emocional. É uma questão de identificação. Se o que a gente escreve te desperta algo, ressoa em algum lugar dentro de você como uma perspectiva que merece ser considerada, se te leva a refletir, se te abre a cabeça ou te acrescenta algo, fique. Se não, se é para passar raiva, francamente, o que você está fazendo aqui? O que você está fazendo com você mesmo?

Podem xingar, podem ameaçar, podem entupir o blog de comentários raivosos (que não serão aprovados). O aviso é claro: não vamos cair na dualidade, nem nos textos, nem nos comentários. Não aceitamos esse convite para “lutar contra” nada, nem mesmo contra leitores. Não quero ser um Felipe Neto, sempre criticando tudo que o Bolsonaro faz, sempre revoltado com tudo que o Bolsonaro faz e, no final do dia, deprimido, tendo que se medicar. Não, obrigada. Eu escolho que essa não seja a minha realidade. Eu escolho botar o foco no que me faz feliz.

TODOS os argumentos que vocês usem para criticar o Bolsonaro são válidos e eu provavelmente vou concordar com TODOS. Só não acho saudável viver assim, nem para a coletividade (vão reeleger o sujeito) nem para o indivíduo (procuro colocar meu foco em coisas que me fazem bem). Querem vir com a gente nesses termos? Serão muito bem-vindos. Querem ficar na dualidade? Procurem uma leitura mais compatível em vez de cobrar que todos sejam como você.

E, para terminar, Bolsominion é você, que gasta seu tempo falando mal do Bolsonaro, pois, como já se provou, bater nele é o caminho mais rápido para elegê-lo. A gente previu Bolsonaro Presidente (com muito pesar) ANOS antes de isso de fato acontecer, então, acho que temos uma boa visão de futuro. Repense sua vida, o que você faz impacta a todos… e fale como um adultinho, por gentileza, se recusar a escrever o nome do homem é de uma infantilidade infinita.

Para dizer que se recusa a aceitar que a gente não escreva o que você quer ler, para dizer que a Ressonância Schumann vai cuidar dessas pessoas ou ainda para dizer que tá achando lindo ver a esquerda ser o maior cabo eleitoral do Bolsonaro: sally@desfavor.com

SOMIR

Para muitas pessoas, gritar é uma forma aceitável de argumentação. Quando percebem que a outra pessoa discorda, aumentam o volume da voz como se isso fosse mudar alguma coisa no conteúdo do que estão falando. E o pior é que muitas vezes funciona. Tem muito mais coisas na comunicação humana que ideias abstratas, o estado emocional do outro gera resultados imediatos em você. Uma pessoa berrando um argumento coloca passionalidade nele, atravessando muitas das nossas defesas racionais e conversando diretamente com nosso emocional. É bizarro se você parar para pensar, mas se é o reflexo de quase todo mundo quando contrariado, deve ter sido selecionado como característica positiva em nossos ancestrais.

Mas de uma forma ou de outra, todo mundo sabe disso. Mas existe outro comportamento na comunicação que é tão primal quanto o de gritar para enfatizar sua posição que raramente é percebido: falar muito. Esse é um atalho para a vitória numa argumentação, uma espécie de intimidação de base social que evitar que o seu adversário consiga se comunicar de forma eficiente e te faz parecer no controle da situação. Se provavelmente foram os homens que descobriram a tática do grito, eu apostaria que foram as mulheres que nos deram esse truque. A fala é domínio delas desde tempos imemoriais, e até hoje homens se veem em maus lençóis quando tem que disputar com uma nesse campo.

É claro, tudo o que funciona acaba sendo assimilado. Hoje em dia mulheres não tem problema algum em usar a tática do grito e homens aprenderam a soterrar seus oponentes numa avalanche verbal quando lhes é conveniente. Quem desenvolveu o quê não passa de uma teoria minha (com t minúsculo), mas no final das contas, ainda estamos falando de algo muito concreto: a comunicação humana é cheia de truques para evitar o aprofundamento de discussões. Egos desnutridos precisam ser alimentados com a validação de “vencer” discussões. Não importa aprender alguma coisa ou testar a validade das suas ideias com a ajuda de outro ser humano, é uma mera disputa territorial entre dois animais selvagens.

E o que tudo isso tem a ver com Bolsonaro? Bom, política é possivelmente o campo onde é mais importante ter essas ferramentas de falsa argumentação para fazer sucesso. Bolsonaro foi eleito gritando, e está tentando sobreviver à sua incompetência como presidente falando muito. Eu não apostaria um chiclete na capacidade dele de ter planejado isso, me parece evidente que essas táticas são as únicas coisas que ele conhece no campo da argumentação. São o território seguro dele, tanto que com o passar do governo e o aumento das críticas, Bolsonaro instintivamente voltou para o modo metralhadora de asneiras, pois é nele que consegue os resultados mais eficientes.

Você pode argumentar que ele está se queimando com dez frases vergonhosas por semana, mas eu não fiz toda aquela introdução sobre táticas milenares de argumentação à toa: a história demonstra que funciona. Bolsonaro tem o entendimento rudimentar que quanto mais ativo ele é na disputa contra seus detratores, mais fracos eles ficam. A imprensa e os adversários políticos não conseguem ficar no mesmo assunto por mais que 24 horas com ele. O ciclo de polêmicas é tão rápido que sem querer deixamos passar o absurdo de ontem porque o de hoje está pedindo passagem. E nesse processo, tudo acaba ficando mais leve para ele lidar.

O segredo da tática de falar muito é evitar que as coisas sejam aprofundadas. É esconder algo estúpido ou abjeto em plena multidão. Se você está falando de uma frase preconceituosa contra nordestinos, não está falando da defesa da ditadura, e se não for rápido, ele vai soltar outra bomba horas depois e trazer a atenção de todo mundo para outra fala reprovável. Nesse processo, estamos sempre mudando de assunto e nessa falta de tempo para lidar com o tema, passa-se a impressão que ele não mereceu tanta atenção assim.

Quando você discute dessa forma, faz o adversário parecer que não discorda tanto das coisas que você diz por retirar o tempo dele para refutar. Aqui no desfavor nós enxergamos essa tática de longe. Gente que faz isso não está interessada em nada além do som da própria voz. E quem fica lá escutando e sofrendo a cada mudança repentina de foco acaba valorizando essa estratégia. Bolsonaro é provavelmente o presidente mais sem noção que já tivemos, absurdamente abaixo do que o cargo representa. Durante os tempos de PT, éramos muito críticos sim, mas também porque a tática de Lula e cia. era completamente diferente. Eles escondiam as bizarrices através de medidas tão populistas quanto dispendiosas. Nos tempos de PT, a estratégia era manter o verdadeiro significado de suas ações bem claro o tempo todo.

Em tempos de Bolsonaro, o jogo é outro. Nós aprendemos, nós nos adaptamos. Não vamos bater palma para maluco dançar. Sem a constante distração gerada pela “ofensa da semana”, Bolsonaro fica exposto. Escrevemos nossos textos por um motivo, e agora, o motivo é deixar o presidente cansar todo mundo até não sobrar nada além dos problemas estruturais de seu governo. Se você quer cair na ladainha dele e ficar nervoso a cada babaquice, sinta-se livre, mas saiba que aqui no desfavor já desvendamos a estratégia faz tempo e não vamos participar.

Se não for uma matéria sobre uma questão básica e estrutural do governo, não vamos dar atenção para ele. Vocês já têm todo o resto da imprensa para chafurdar nessas discussões vazias com ele.

Para nos chamar de preguiçosos, para dizer que já tinha cansado no Trump, ou mesmo para dizer que nem humorista mais tem saco para o Bolsonaro: somir@desfavor.com

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bolsonaro, dualidade

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