Enquanto isso…
Enquanto isso, num laboratório secreto:
CIENTISTA: Eu continuo sendo contrário…
DEPUTADO: Você se preocupa demais. Deus está conosco!
CIENTISTA: Nós estamos mexendo com as criações dele.
DEPUTADO: É por isso que o pastor está aqui para garantir.
PASTOR: Eu tenho fé que essa é a vontade do Senhor!
CIENTISTA: Você tem é um contrato gordo de consultoria.
DEPUTADO: Ninguém trabalha de graça. Nem você.
CIENTISTA: A gente não fez testes suficientes, eu preciso de pelo menos mais uns cinco anos para confirmar a segurança.
DEPUTADO: Em cinco anos eu posso não ter mais esse cargo. Já testamos e retestamos! Faça o seu trabalho.
CIENTISTA: Eu não mereço… ok, chamem a cobaia.
Numa sala adjacente, separada por uma grande janela de vidro, uma mulher aparentando uns trinta anos de idade e vestindo um robe hospitalar é escoltada até uma cadeira central por um assistente de laboratório, que a ajuda a se acomodar e logo se retira do ambiente.
CIENTISTA: Alô, alô, está me ouvindo?
COBAIA: Oi? Oi… estou ouvindo sim.
CIENTISTA: Como você está se sentindo?
COBAIA: Tudo bem.
PASTOR: Gostosinha, hein?
COBAIA: O quê?
O cientista tira o dedo do botão do microfone.
CIENTISTA: Quando eu estou no microfone, ela pode nos ouvir!
PASTOR: Perdão…
CIENTISTA: Fiquem em silêncio.
Ele volta para o painel de controle diante da janela.
CIENTISTA: Desculpa, deu uma interferência aqui. Você não pode me ver, mas eu sou o chefe deste departamento e vou acompanhar pessoalmente os testes de hoje, ok?
COBAIA: Sim. Ontem eu fiquei com um pouco de dor de cabeça…
CIENTISTA: Acredito que você foi medicada, correto?
COBAIA: Sim, o mocinho cuidou bem de mim.
DEPUTADO: Deu uma injeção na bunda dela… hahaha!
COBAIA: Hã?
CIENTISTA: Nada não.
O cientista se volta para o deputado e o pastor, que estão segurando o riso. Seu olhar censurador controla os ímpetos da dupla.
CIENTISTA: Hoje nós vamos testar uma versão mais concentrada. É possível que você se sinta um pouco tonta no começo, mas saiba que é absolutamente normal.
COBAIA: Entendo…
CIENTISTA: Vamos começar os testes, tudo bem para você?
COBAIA: Claro.
CIENTISTA: Nos falamos daqui a pouco.
A sala onde está a mulher começa a ficar turva com uma fumaça branca que logo se dissipa e fica incolor. Ela continua calma por todo o processo.
DEPUTADO: O cheiro é forte?
CIENTISTA: Só se você estiver prestando muita atenção.
PASTOR: Não vai ser mais forte que o cheiro da maconha deles!
DEPUTADO: A maioria nem toma banho mesmo… hahaha.
CIENTISTA: Silêncio, vou ligar o microfone. Oi… como você está se sentindo?
COBAIA: Normal.
CIENTISTA: Desde quando mulher consegue ser normal? Vocês são todas malucas entupidas de hormônios!
COBAIA: Ai… não fala isso… eu sou tão mansinha, doutor…
CIENTISTA: Esse sorrisinho não me engana. Mulher precisa de um homem do lado para ser normal.
COBAIA: Quer vir aqui do meu lado?
CIENTISTA: O que eu ganho com isso?
COBAIA: O que você quer?
DEPUTADO: Continuam respondendo perguntas com perguntas…
PASTOR: Nenhuma droga é tão boa assim. Hahaha…
COBAIA: Tem mais homens aí?
A mulher começa a cobrir as pernas e se senta de forma mais comportada. Seu sorriso se desfaz e ela olha para baixo.
CIENTISTA: Como os senhores podem ver, a substância causa uma severa modificação comportamental de submissão, ao mesmo tempo que gera uma forte repressão a qualquer ideia de poligamia.
PASTOR: A mulher perfeita.
CIENTISTA: A maioria das mulheres bem tratadas são receptivas e fiéis.
DEPUTADO: Ninguém tem tempo pra isso, doutor. O mundo precisa de um incentivo para voltar a honrar a instituição sagrada do casamento.
CIENTISTA: Vamos fingir que isso não é para aumentar o número dos seus votos e dos seus amigos?
PASTOR: Como ousa?
DEPUTADO: Não se preocupa com o menino do jaleco. Vai ver se ela está com algum problema.
O cientista se volta para a janela novamente.
CIENTISTA: Estamos sozinhos agora. Como você está se sentindo?
COBAIA: Carente… *dedo na boca*
PASTOR: Não está meio exagerado?
DEPUTADO: Essa era feminista antes, deve ser mais degenerada.
PASTOR: Entendo…
CIENTISTA: Os senhores querem vê-la pessoalmente?
DEPUTADO: Eu achei que era proibido.
CIENTISTA: É a fase final. O comportamento dela está alterado de forma permanente.
PASTOR: Ela nunca mais vai… criticar a gente?
CIENTISTA: Não, para uma mulher que recebeu o tratamento, isso é impensável.
DEPUTADO: Eu não resisto. Vamos!
O deputado e o pastor saem da sala de controle e logo adentram a área de testes. A mulher se recolhe instintivamente ao perceber a presença dos dois.
PASTOR: Tudo bem, moça?
COBAIA: B-bem… obrigada, senhor.
DEPUTADO: Estão te tratando bem aqui?
COBAIA: Sim… sim senhor.
PASTOR: Você não está com calor? Essa sala está abafada. Acho que vou soltar minha gravata um pouco.
DEPUTADO: Pode relaxar também, amor.
COBAIA: Eu estou bem, senhor.
DEPUTADO: Você não tem vergonha de estar só com um avental na frente de dois homens? Aposto que você não está usando nem calcinha.
A mulher fica vermelha de vergonha, e começa a puxar o avental para baixo.
PASTOR: Mulher exibida assim não consegue achar marido.
DEPUTADO: No máximo vira amante de algum homem influente.
PASTOR: Se der sorte…
Os dois homens se entreolham. Um se aproxima pela frente, outro pelas costas da cobaia. Ela continua tensa. O pastor começa a fazer uma massagem nos ombros dela.
PASTOR: Tem que relaxar, meu bem. Você está estragando o clima aqui.
DEPUTADO: Será que você gosta de massagem no pé? Levanta a perna.
Ela vacila, visivelmente em conflito.
PASTOR: Um homem te deu uma ordem.
Ela levanta a perna. O deputado se abaixa e pega seu pé.
DEPUTADO: Ela está sem calcinha mesmo. Hahah…
PASTOR: Mulher safada assim merece ser punida.
CIENTISTA: Iniciando Protocolo G.
DEPUTADO: Oi?
A fumaça branca volta a preencher a sala. O pastor corre para a porta. Trancada.
PASTOR: Me deixa sair!
DEPUTADO: O que você está fazendo? O que é Protocolo G?
CIENTISTA: A droga tem um efeito curioso quando aplicada em cobaias do sexo masculino. Gera um desejo incontrolável de fazer sexo, mas apenas com homens.
DEPUTADO: Eu não sou viado!
PASTOR: Você vai ser preso, seu maluco! Tira a gente daqui!
DEPUTADO: Eu vou acabar com a sua carreira.
COBAIA: Beija ele.
DEPUTADO: Oi?
COBAIA: Beija ele.
DEPUTADO: Nunca! Fica quieta!
COBAIA: Repete isso!
DEPUTADO: Fica… é… fica…
PASTOR: O que está acontecendo?
CIENTISTA: E gera um medo irracional de mulheres. Curioso, né?
COBAIA: Beija esse homem agora, viadinho.
O deputado vacila por alguns segundos, mas se aproxima do pastor e tasca-lhe um demorado beijo de língua.
COBAIA: Eu não lembro de ter pedido língua.
CIENTISTA: Deve ser a droga. Em poucos minutos eles vão estar fazendo sexo.
COBAIA: Pena que eles não estão em forma, eu até gosto de ver…
CIENTISTA: Você é nojenta.
COBAIA: Não fui eu que inventei uma droga que faz homem fazer sexo com homem.
CIENTISTA: Eu vou onde a ciência me leva.
O deputado e o pastor começam a tirar a roupa um do outro. Os dois passam quase uma hora fazendo sexo selvagem no chão da sala de testes, sob o olhar conflituoso de horror e curiosidade da cobaia e do cientista.
CIENTISTA: E os efeitos da droga devem estar passando agora…
COBAIA: Ainda bem, estava ficando meio repetitivo.
PASTOR: Hã? Tira a mão daí!
DEPUTADO: O quê? Ah! Que horror!
Os dois se afastam rapidamente e começam a catar suas roupas.
DEPUTADO: Eu vou acabar com vocês! Eu juro! Vocês vão morrer!
CIENTISTA: Eu tenho uma hora de vídeo guardado aqui que me diz o oposto. Estou mandando para uma pessoa que solta o material na internet se eu desaparecer… 99%… foi!
PASTOR: Nós vamos dizer que fomos drogados.
COBAIA: Xii! Eles têm um bom argumento, hein?
CIENTISTA: Verdade. Ainda bem que eu estava filmando quando liberei um gás inerte na sala.
DEPUTADO: Como assim?
CIENTISTA: Vocês realmente acham que existe um gás que muda o comportamento humano dessa forma?
PASTOR: Então o projeto todo foi uma farsa?
COBAIA: Pagou minhas contas por uns dez anos. E vocês descobriram um novo amor. Vestidos, vocês formam um casal bonitinho até.
CIENTISTA: Porta liberada. Vamos discutir os termos da renovação do meu financiamento na sala de reuniões. Se quiserem tomar um banho antes, os banheiros ficam no final do corredor à esquerda.
Os dois homens saem confusos da sala, evitando qualquer tipo de proximidade. A cobaia vai até a sala de controle se encontrar com o cientista.
COBAIA: Com essa inteligência, por que você não tem um trabalho de verdade?
CIENTISTA: Por que você não pega no meu pau de verdade?
COBAIA: Como você é babaca…
CIENTISTA: Mas você adora…
O cientista aperta um botão novamente. A sala começa a encher de fumaça branca.
COBAIA: Eu… eu… é… eu adoro…
Para dizer que isso tudo foi inútil, para dizer que eu escrevo os piores contos eróticos, ou mesmo para agradecer por eu não ser muito descritivo: somir@desfavor.com
Satori Gomi
Isso era pra ser erótico?! Achei cômico! Um de nós tem algo errado.
Somir
Tem diferença? Risadas não são comuns no sexo?
Espera…
Tenente Kevin Costa
Fumaça que sobe e muda o comportamento? MALDITO JOVEM DO REGGAE!
Somir
PROERD neles!
W.O.J.
Hahahahahahahaha!!! Lembrei do desenho do Fudêncio…
Anônimo
Teria ficado pelo menos 10% melhor se tivesse adicionado um mongotow.
Kazurinsky
Parece roteiro de vídeo do Porta dos Fundos.
Somir
É a sua!