Uma creche foi alvo de um ataque na manhã desta quarta-feira (5) em Blumenau, no Vale do Itajaí, em Santa Catarina. Quatro crianças foram mortas e cinco ficaram feridas. O ataque aconteceu no início da manhã na creche Cantinho Bom Pastor, que fica na rua dos Caçadores, no bairro Velha. A unidade de ensino é particular. Na ação, quatro crianças foram mortas, entre elas três meninos e uma menina com idades de 4 a 7 anos. LINK


Já falamos disso duas vezes durante a semana e tem mais o que dizer. Desfavor da Semana.

SALLY

Você sabe que um assunto é grave e complexo quando o Desfavor o aborda duas vezes durante a semana e ainda sobra o que falar no sábado. O massacre na creche de Blumenau é grave, é horrível e transcende o próprio evento: é um alarme muito alto para ser ignorando, é um sinal do problema que está virando a questão da saúde mental no Brasil.

Mesmo quando ainda morava no Brasil, eu sempre brincava que brasileiro é americano que ganha em reais. Nunca entendi a razão pela qual chupinham toda a cultura americana, uma cultura infantilizada, superficial e até mesmo nociva. Não é papo de esquerdista, coisa que eu não sou. Viva o capitalismo, só acho que para ser capitalista não precisa ser cafona, raso e perturbado.

Pois bem, faz parte dessa cultura americana o total descaso com saúde mental. Se valoriza o empreendedorismo, bens materiais, a aparência, a fama e outras coisas no estilo. Não que estas coisas não mereçam atenção, eu mesma valorizo tudo isso. O problema está no desequilíbrio: valorizar muito algo e negligenciar outras coisas importantes. Quando fazemos isso, há consequências e, no geral, elas não são boas.

Atualmente, resultado desse desequilíbrio é visível. Eu colho notícias semanalmente para a coluna “Top Des” há 15 anos e posso dizer que não houve uma única semana em que eu não tenha encontrado algum atentado nos EUA onde um atirador ou agressor ataca vítimas indefesas. Nem sempre a notícia entra no nosso rol, mas ela está lá. Toda semana. Por 15 anos.

Por circunstâncias variadas, o brasileiro não tinha condição de reproduzir isso no seu país. Faltava informação, faltavam recursos, faltava muita coisa que hoje existe. Internet e seus tutoriais, redes sociais, produção em massa que reduz os preços de qualquer produto, e outros fatores passaram a tornar viável para o brazuca montar seu próprio atentado para matar inocentes.

A culpa não é das redes sociais, das armas ou de qualquer fator externo. Existem países que possuem tudo isso e não é comum ver tiros matando alunos em sala de aula os bebês sendo atacados com machadinhas. Isso acontece (ou deixa de acontecer) não pela venda de armas ou regulação da internet e sim pelo cuidado que cada povo tem com sua saúde mental.

Todos vocês aprenderam em algum momento quais são os cuidados para manter um corpo são. Colocando-os em prática ou não, todos sabem que é preciso escovar os dentes depois das refeições, que comidas saudáveis são melhores para o organismo, que um corpo sedentário adoece, que é preciso fazer um checkup de tempos em tempos. Seus pais, a escola, a televisão, a internet e muitas outras fontes em algum momento te ensinaram algo a respeito.

E sobre como manter a mente sã, alguém te ensinou algo a respeito?

Provavelmente não, ou então muito pouco, o que pode ser insuficiente dependendo do contexto. O mundo não está tão amigável como costumava ser 10 ou 20 anos atrás: pandemia, guerra e crise econômica (só para citar alguns dos problemas) se fazem sentir na vida de todos, senão por uma preocupação social, pelo mero aumento de preço dos alimentos.

A polarização que os políticos insistem em alimentar, a cultura do Nós x Eles, a visão de um inimigo, uma ameaça, algo a ser combatido também de acirrou. Violência urbana, desemprego, relacionamentos nada saudáveis… é uma lista enorme de ingredientes que contribuem para deteriorar a saúde mental, gerando as consequências que estamos começando a ver.

Sabemos identificar os atos que fazem mal para a saúde física. Se você vê alguém sedentário, fumando, bebendo em excesso, comendo fast food todo dia, você sabe que é uma questão de tempo para esse corpo colapsar e ter algum problema. Sabemos inclusive quando o corpo começa a dar sinais de que está com problemas: sobrepeso, cansaço, falta de fôlego e muitos outros. E também sabemos o que deve ser feito: dieta, exercício, dormir bem e outras mudanças no estilo de vida, além de consultar um médico.

Mas sabemos identificar os atos que fazem mal para a saúde mental? Sabemos identificar quando a mente começa a dar sinais de que está com problemas? Sabemos o que deve ser feito quando a saúde mental está com problemas?

Esse é o ponto chave que deve ser olhado, discutido e modificado. Falar em proibir armas, em aumentar a pena, em colocar detector de metais… é tratar sintomas. Já falamos na semana passada: não se tratam sintomas, se tratam causas. Tratar sintomas não cura. Tratar sintomas não resolve.

Se não é eficiente tratar sintomas, por qual motivo no mesmo dia no massacre surgiram 25 projetos de lei focados em tratar sintomas? Eu te explico, com o conhecimento de quem trabalhou dez anos para o Poder Público e viu coisas que gostaria de desver: cuidar da saúde mental é muito caro e não gera popularidade nem voto.

Qualquer político vai preferir asfaltar uma rua, construir uma pracinha ou lavar as mãos criando uma lei que “proíba” alguma coisa, mesmo sabendo que essa proibição não vai resolver o problema. Lei não educa, já tivemos essa conversa em outro texto. Investir em saúde mental não compensa politicamente no Brasil.

O lado bom é que vocês podem mudar isso. Se o povo passar a demandar e valorizar o investimento em saúde mental, cuidar dela passa a ser bom para os políticos, para sua imagem, para receber votos – e por isso (não pelo bem-estar do povo), eles vão começar a fazer.

Não tem outro caminho a não ser um empenho enorme em cuidar da saúde mental. Eu sei que é tentador pensar que se criar lei disso, proibição daquilo, fiscalização daquilo outro resolve, mas não resolve. É só perda de tempo – e o problema está escalando. Se nada for feito, vai ficar pior. Mas, antes de sair fazendo abaixo-assinado, é preciso arrumar a própria casa.

Mais importante do que pressionar político é que você seja um farol de sanidade no qual as pessoas à sua volta possam se guiar caso se percam. Em bom português, a medida mais importante é cuidar da SUA saúde mental. Você só pode salvar a você mesmo, a mais ninguém. Cuidando da sua saúde mental você contribuí para um mundo melhor e para a saúde mental das pessoas que estão à sua volta. Acredite, só de ter a mente sã e não transtornar os outros, é uma baita ajuda.

Você sabe como cuidar da sua saúde mental? Você sabe como identificar que há problemas na sua saúde mental? Você sabe o que fazer se a sua saúde mental apresentar algum problema?

Dificilmente algo grotesco como o caso de Blumenau aconteça “do nada”. Sempre há sinais, mas, muitas vezes eles não são percebidos ou são ignorados por não saber como proceder.

E nem dá para culpar, afinal, nunca nos ensinaram a cuidar da saúde mental e essa lacuna acabou preenchida por imbecis irresponsáveis como coach (que acha que com autoconfiança e lei da atração se consegue tudo), por sacerdote (que acha que tem que pedir as coisas a Deus como se Deus fosse Papai Noel) ou por gurus (que acham que gratidão e pensamento positivo resolve qualquer problema).

Se você quiser transcender este mundo e suas regras, eu te dou total apoio. Mas, enquanto viver nele, saúde mental é matéria para psiquiatras e psicólogos. Você procuraria um engenheiro para tratar do seu cachorro doente? Você procuraria um veterinário para construir a sua casa?

E saúde mental não é lidar com o problema quando o caldo entronou, é cuidado diário e preventivo. Você deixaria de escovar os dentes e só iria no dentista quando as cáries começassem a doer? Não faça o mesmo com sua saúde mental. Higiene mental preventiva limando da sua vida o que te faz mal é imprescindível, mesmo que você eventualmente tenha apego por essas coisas que te transtornam e o ganho secundário que elas geram.

Saúde mental é constante atenção e manutenção. Você continuaria andando com um carro se ele faz barulho e solta fumaça? Apareceu qualquer coisa diferente, mesmo que não seja incapacitante ou grave, tem que olhar e tratar. “Ah mas é só uma insônia”. Sim, as coisas começam assim, com sintomas leves.

Apareceu qualquer coisa que fuja do seu normal, tem que olhar para isso e pedir a opinião de um especialista. Você não é psiquiatra nem psicólogo para afirmar se algo precisa de cuidados ou não. Se a parede da sua casa rachar, não será você a dizer se é grave ou não. O mesmo vale para saúde mental. Chega de achismos, tem que ouvir profissional.

Alguma dessas coisas vai acontecer em grande escala? Claro que não. Tudo vai continuar como está. Infelizmente, esse quadro que estamos vendo hoje da saúde mental no Brasil vai piorar. Mas se você fizer a sua parte, você conseguirá se manter são. Só de compreender que o foco é na causa (saúde mental) não no sintoma, você já ganha muito tempo nesse processo.

Não é hora de militar, de politizar ou de querer salvar o mundo. É hora de cuidar da sua saúde mental para que você não seja sugado pela espiral de merda que está vindo. Cuide da sua saúde mental, diariamente, com o mesmo empenho que você cuida do corpo, do trabalho ou da família, pois sem ela, todo o resto se torna inútil.

Para colocar a culpa em algum objeto inanimado (internet, armas e cia), para dizer que é mais fácil acreditar que com uma lei resolve ou ainda para dizer que a militância é tão burra que está discutindo restrição de armas de fogo com base em um crime que não foi cometido com armas de fogo: sally@desfavor.com

SOMIR

Um homem invadiu uma creche e matou quatro crianças com machadadas na quarta-feira, uma semana depois de outro ataque contra indefesos numa outra escola. No sábado, o assunto já parece esgotado. A gente mesmo discutiu se valia a pena mesmo focar no tema, mesmo com a imprensa e a opinião pública já mudando de foco um dia depois.

Justamente por isso estamos insistindo: o Brasil aceitou bem demais esses últimos acontecimentos. Não temos o histórico dos EUA para argumentar fadiga/desânimo com o tema, mas poucos dias depois, foi só a notícia daquele dia mesmo, mais ou menos como os americanos lidam com o assunto.

E também como lá, as discussões que surgiram (no dia e no dia seguinte, mas que já não são mais destaque) tinham muito mais ideologia do que prática. Se uma população armada está mais segura, o quanto se precisa regular a internet, se a culpa é da esquerda ou da direita… é tão cansativo ver o povo correndo atrás do próprio rabo nesses casos.

Sally pegou o ângulo da saúde mental como prioridade. Já está claro para mim que a sofisticação do mundo moderno causa mais problemas mentais no ser humano médio. Não estou nem falando que o século XXI é um lugar pior para se viver que os anteriores, afinal, tem textos e mais textos meus lutando contra a ideia bizarra que a humanidade está piorando. Não está, estamos trocando problemas da base da pirâmide de necessidades pelos problemas mais complexos das partes superiores. Uma pessoa que passa fome tem seu problema resolvido com comida, uma pessoa que não consegue se sentir parte da sociedade precisa de atenção humana constante. Percebem como fica muito mais complicado? É um avanço, mas traz novos desafios.

Ou nos adaptamos à ideia de que o cidadão médio dos dias atuais precisa de cuidados mais sofisticados que suas versões de outros tempos, ou vamos continuar vendo o consumo de remédios e promessas furadas de coaches e gurus aumentar sem parar. Os problemas, até mesmo os dos brasileiros, estão ficando mais de “primeiro mundo”. Precisamos de estratégias condizentes para lidar com isso, e foco em saúde mental é o caminho mais eficiente.

Só que os sintomas dessa doença ainda precisam de atenção. É bobagem tratar só os sintomas, mas está na hora da gente lidar com a dura realidade: as pessoas mais indefesas da nossa sociedade recebem muito pouca proteção prática no dia a dia. Não é desleixo, é costume: ninguém fica pensando que tem alguém vindo atacar uma creche, até porque se pensassem, ninguém deixaria criança nesses lugares.

Tem toda uma conversa difícil sobre a existência da maldade nesse nível entre os seres humanos, mas tem uma conversa bem mais simples de entender: se uma pessoa quiser causar o máximo de sofrimento para os outros com a maior chance de sucesso, vai atacar as pessoas mais frágeis e vulneráveis. Não sabemos o quão racional é o processo de querer cometer crimes assim, mas sabemos que a escolha mais lógica é sempre a que gera mais resultados com menos riscos.

Duvido que vamos ver um maluco invadindo um clube de tiro ou uma academia de jiu-jitsu para tentar matar pessoas aleatoriamente. Pode ser horrível lidar com essa informação, mas precisamos ter em mente que a tendência é que mais e mais massacres do tipo aconteçam, sempre em lugares onde as vítimas são mais indefesas. A pessoa que decide matar aleatoriamente já renunciou a qualquer tipo de honra, não estão lutando contra nada específico, estão causando o máximo de dano possível.

Antigamente, havia uma inocência nos adultos ao deixar crianças soltas na rua, eu já falei disso no texto do meio da semana, mas essa inocência acabou em grandes cidades, as pessoas não se conhecem o suficiente para confiar. Está na hora de acabar a inocência de que uma escola não é alvo óbvio de violência. No mundo no qual eu quero viver, nunca seria, mas no mundo que eu vivo de verdade, é um dos lugares mais propícios para massacres.

Não é só bullying que muitos sofrem lá dentro que coloca um alvo nas escolas, é a praticidade do ato. Escolas tem muitas vítimas fáceis e pouca segurança. Por mais que eu concorde com a ideologia de que escola não é lugar de arma, e sim de aprendizado, pouco adianta ideologia contra realidade. Nem estou dizendo para ter um segurança com um rifle dentro de cada sala de aula, mas quanto mais cedo colocarmos a mão no cérebro ao invés do coração e entendermos que é uma questão logística mesmo, que é mais fácil invadir uma escola para cometer um massacre, mais e mais casos do tipo veremos.

A cura da doença vem através de muita atenção à saúde mental da população, especialmente os mais marginalizados, mas a única forma de combater os sintomas enquanto isso é aumentar muito o nível de segurança de qualquer lugar onde crianças se aglomerem. Não é histeria armamentista falando, é aceitar a derrota pontual da sociedade ocidental nesse sentido e colocar um curativo no machucado enquanto se trata das causas.

A falta de proteção pode e vai gerar mais notícias horríveis como essa, e o acúmulo dessas notícias começa a incentivar e inspirar outras pessoas. Ainda nas analogias de saúde: a ideia de expande feito um vírus, vírus para o qual a maioria de nós tem anticorpos, afinal, ninguém aqui está querendo matar crianças por causa da notícia, mas maioria não é todo mundo.

A mídia aprendeu a duras penas a não transformar os assassinos em celebridades, justamente porque o que uma pessoa faz infecta outras com a mesma propensão. Às vezes é pura questão de nunca ter pensado nisso, ou não achar que daria certo se tentasse. Casos de “sucesso” geram imitadores. Por mais que seja um fracasso pensar nisso, uma das melhores formas de inibir mais ataques às escolas é mostrar casos em que a pessoa foi impedida e presa antes de causar qualquer estrago.

Se esse covarde que está planejando um ataque vir que escolas são alvos difíceis, vai ter que pensar em alternativas, ou talvez continue só fantasiando por não ter mais nada tão fácil para realizar. Por mais que me doa o senso de evolução social me dizer isso: precisamos de investimentos pesados para tornar escolas tão seguras quanto prisões. Não sei por quanto tempo, mas precisamos estancar esse sangramento enquanto vamos atrás das causas. Demora décadas, na melhor das hipóteses, para ter sistemas de proteção à saúde mental do cidadão médio eficientes.

E isso no mundo ideal onde os governos se mexessem para resolver isso. Ao redor do mundo, mal conseguem resolver diarreia, quem dirá falta de pertencimento…

Se é para ter gente armada dentro da escola eu não sei, mas que é para ser impossível alguém pular um muro e dar de cara com vítimas totalmente indefesas, é sim. Essa derrota tem que ser absorvida pela sociedade. Não dá mais para viver na inocência do passado. Perdemos. Temos que subir os muros das escolas e creches, colocar grades e portas de metal entre o mundo e as crianças. Temos que revistar estranhos, temos que pensar seriamente em detectores de metais, temos que ter alguém pronto para reagir com violência letal em poucos minutos. Todas ideias horríveis que eu nunca queria que fossem necessárias, mas agora já era.

Isso vai piorar antes de melhorar. Precisamos ser realistas.

Para dizer que o otimismo morreu, para dizer de novo que pena de morte muda cabeça de maluco, ou mesmo para dizer que o amor vai vencer (ele já venceu e só está fazendo merda): somir@desfavor.om

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Comments (10)

  • Só de olhar a fachada, já deu pra perceber que a altura do muro em certo ponto da foto não chega sequer a dois metros, coisa que é relativamente fácil de fazer por parte de alguém que tem costume de fazer isso.

  • Pretexto para realizar o plano segregacionista da elite, fazendo com que seja amplamente aceito por uma sociedade preocupada. Como se massacres não acontecessem em espaços fechados…

    • Hahahahahahaha! Lá vem o revolucionário de boutique da classe média querendo pagar de sabichão.
      Se invadem espaços como escolas, é justamente porque são lugares mais fáceis de invadir, oras.
      Além do que, em outros casos, notadamente o de Aracruz, tem a influência olavista no background, isso não justifica a paranoia do zé ruela de classe média que se acha o dono da verdade.

  • Vivemos tempos bárbaros e insalubres, é preciso se adaptar a isso. Qualquer lugar que reúne muitas pessoas, escola, igreja, parque, hospital etc. deveria contar com vigilantes e algum esquema de segurança. Quantas pessoas vão ter que morrer pra perceberem isso? A arquitetura das casas já se adaptou: subiram os muros, fecharam os portões e colocaram cerca elétrica, arame farpado, câmeras e interfones. O individual conseguiu se adaptar à nova realidade, mas porque o coletivo ainda alimenta tanto romantismo para com um passado que não existe mais?

    • Relembro-os que o Plano B da maior parte dos atiradores é veneno. Se subir muro contém tiros, não vai conter outros tipos de violência. Então, tem que subir muro e aumentar a vigilância interna.

      • E falando em veneno, com fentanil a mão (algo que em sua forma bruta pode ser confundido com farinha ou algo que o valha) dá pra fazer um estrago bem maior com muito menos gasto de energia.

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