Só em sonho.MULHER: Eu li uma matéria numa revista…
HOMEM: Lá vem…
MULHER: Você vai gostar! É para apimentar a relação.
HOMEM: Foi numa daquelas revistas femininas?
MULHER: Foi!
HOMEM: Passo.
MULHER: Você nem sabe o que é!
HOMEM: Mas aposto que é chato.
MULHER: Escuta primeiro. Segundo uma pesquisa, 85% das pessoas não tem coragem de dizer suas fantasias sexuais mais secretas para seus parceiros.
HOMEM: E?
MULHER: … Eu li que tem um exercício de imaginação que o casal pode fazer para conseguir expressar essas fantasias: Escrever um conto erótico a quatro mãos.
HOMEM: A dica para apimentar a relação é escrever um texto?
MULHER: Não coloca desse jeito que fica parecendo que é uma coisa chata!
HOMEM: Talvez porque seja…
MULHER: Vamos tentar antes de criticar, tá bom?
HOMEM: Eu não tenho escolha, tenho?
MULHER: Não. Faz o seguinte, você fica aqui no computador da sala e eu vou para o quarto com o laptop!
HOMEM: Ainda vai ser pela internet? Mal posso segurar meu tesão…
MULHER: …

Ela sai da sala. Alguns minutos depois, aparece online no programa de mensagens instantâneas:

-=molhadinha=- diz: Tá pronto?

Adalberto diz: Molhadinha?

-=molhadinha=- diz: É muito importante que a gente não fique reprimindo o outro!!!

Adalberto diz: Relaxa, eu gostei.

-=molhadinha=- diz: Hmmm!! Coloca um mais sexy também!

Adalberto diz: Pode deixar, molhadinha!

-=molhadinha=- diz: Já mudou??

20comer diz: Simbora!

-=molhadinha=- diz: Ai que coisa cafona!!!

20comer diz: Falou a molhadinha! É muito importante que a gente não fique reprimindo o outro!!!

-=molhadinha=- diz:

20comer diz: E aí, como a gente começa essa bagaça?

-=molhadinha=- diz: Um escreve uma parte, o outro completa. E quando os dois não aguentarem mais, fazem sexo selvagem a noite toda!!

20comer diz: Pular a parte de escrever e fazer sexo selvagem a noite toda apimentaria mais a relação…

-=molhadinha=- diz: Ai! Você NUNCA faz nada do que eu quero…

20comer diz: Tá bom. Quem começa?

-=molhadinha=- diz: Deixa comigo… Mas lembra, hein? Não pode reprimir ou julgar… é pra deixar todas as fantasias correrem soltas!

20comer diz: Fechado!

-=molhadinha=- diz: Paulinha tinha acabado de se mudar para uma cidade pequena por causa do seu trabalho, e ainda não conhecia ninguém. Muito independente, ela morava sozinha num pequeno apartamento no centro. Todas as noites ela podia ouvir a movimentação da modesta, mas agitada vida noturna local. Homens e mulheres se reuniam em grupos na rua principal e se exibiam em longas caminhadas, permeadas por olhares desejosos e flertes discretos. (sua vez!)

20comer diz: Paulinha era loira de olhos azuis, um metro e setenta de curvas, seios fartos com biquinhos cor de rosa, uma grande e redonda bunda com uma bela marquinha de biquíni na sua pele morena. Além disso, fazia questão de estar sempre depilada, de cima a baixo, sem nenhum pelinho na buceta e no cu. (faltou descrever a moça)

-=molhadinha=- diz: (dá pra não escrever coisas como b***** e c*? é broxante! e tem que avançar a história! continua!)

20comer diz: Ela estava com problemas no encanamento do banheiro, por isso precisou chamar o encanador da cidade, o Tonhão. Tonhão tinha um metro e oitenta, era moreno, peludo e um pouco careca. Ele não tinha tempo para atender de dia, mas Paulinha, safada, aceitou recebê-lo de noite. Ela tirou toda a roupa e ficou esperando no sofá, com sua… “vulva” à mostra… (agora sim, né?)

-=molhadinha=- diz: (ai que coisa preguiçosa! encanador? e porque o Tonhão parece com você se a Paulinha não se parece comigo? a gente precisa combinar direito essa história…)

20comer diz: Tonhão, como combinado, chegou logo depois das nove da noite. Bateu na porta e logo escutou uma voz manhosa dizendo para ele que a porta estava aberta. Quando entrou, mal podia acreditar que aquela gostosa estava ali, toda arreganhada, esperando por ele.

-=molhadinha=- diz: (não é pra continuar ainda! eu não estou gostando dessa história e quero que você mude algumas coisas antes…)

20comer diz: Tonhão não pensou duas vezes, começou a tirar a roupa e mostrou seu pau, de 20 centímetros. Quando estava prestes a fechar a porta, escutou outra voz feminina. Claudinha, irmã gêmea de Paulinha, tinha acabado de chegar de viagem para uma visita. Claudinha viu Tonhão e sua irmã gêmea pelados, deu um sorriso maroto e disse que seu sonho era fazer um menáge com ela e mais um homem.

-=molhadinha=- diz: (não continua! é pra mudar o rumo da história, não pra colocar mais uma loira na sua cena de filme pornô!)

20comer diz: Tonhão passou mal e precisou sentar um pouco para descansar. Para não perder o clima, Paulinha e Claudinha começaram a se beijar, duas irmãs… rendidas à tentação. Claudinha começou a chupar os seios da sua gêmea, que gemia delicadamente.

-=molhadinha=- diz: (não vai parar de escrever, né?)

20comer diz: Vendo as duas num espetacular meia nove, Tonhão começou a se animar novamente. Paulinha olhou para ele, colocou o dedo indicador no… “ânus” de Claudinha e perguntou se ele não tinha nada maior para ajudá-la.

-=molhadinha=- diz: Mas antes disso, Claudinha começou a urinar. Estava com a bexiga cheia há horas e não resistiu à pressão. Uma cachoeira dourada escorria pelo rosto de Paulinha, que quase engasgava com tanto xixi entrando em sua boca.

20comer diz: Claudinha, envergonhada, sugeriu que os três fossem tomar um banho para recomeçar o clima. Os três se juntaram debaixo do chuveiro, enquanto as duas se ensaboavam, ele se esfregava naqueles deliciosos corpos escorregadios. As duas se ajoelharam e começaram a sugar seu… “pênis”.

-=molhadinha=- diz: Com tanto sabão e com o vazamento que Tonhão não tinha consertado porque era uma merda de um encanador, Paulinha escorregou e bateu com a testa nas bolas dele. Tonhão desmaia de dor na hora.

20comer diz: Duas horas depois, Tonhão finalmente acorda. A sala, toda branca, indica que havia parado no hospital. Recobrando a visão, percebe três mulheres observando-o atentamente: Paulinha, Claudinha e uma deliciosa mulata, com uniforme de enfermeira. Elas contam o ocorrido, a enfermeira ri e diz que pode ensinar uma boa massagem para aliviar a dor no local atingido. As três se entreolham de forma sensual…

-=molhadinha=- diz: A enfermeira então diz algo no ouvido de uma das loiras burras vadias, que começa a rir e concorda sinalizando com a cabeça. A enfermeira sai por alguns minutos, enquanto as loiras amarram Tonhão na cama. Quando volta, traz consigo um enorme negão, também vestido de enfermeiro. Ela diz que ele pode fazer o que quiser com o encanador. Ele abaixa as calças e mostra seu imenso membro, muito maior que o de Tonhão.

20comer diz: O enfermeiro, espada até dizer chega, diz que todo mundo vai se divertir a noite toda enquanto começa a agarrar a enfermeira. As duas loiras levantam o avental de Tonhão, Paulinha monta no… “pênis” do encanador e começa a cavalgar enlouquecidamente. Tonhão sai na vantagem, porque ainda vai ter como traçar a maravilhosas mulata no meio daquela orgia.

-=molhadinha=- diz: A mulata diz que precisa contar um segredinho. Ela levanta a saia e mostra que na verdade era um mulato. O pau do travesti era ainda maior que o de Tonhão e do Enfermeiro! Depois de uma risadinha, diz com sua voz grossa que não o amarrou à toa. O negão, que não parece surpreso, agarra as duas loiras e deixa Tonhão à mercê da “mulher beringela”.

20comer diz: Tonhão se desespera, começa a se debater em cima do leito. A mulata se aproxima do seu rosto e constata que os remédios que ele tomou deveriam estar gerando alucinações. Passados alguns minutos, ele fica aliviado ao perceber, bem próximo de seu rosto, que não passou de um pesadelo o conteúdo da calcinha da enfermeira. Refeito do susto, recebe atenção especial das três ao mesmo tempo, o enfermeiro precisou atender a uma urgência.

-=molhadinha=- diz: Como a cidade é pequena, não demora muito para a notícia chegar aos ouvidos da mãe de Tonhão. A senhora, do alto dos seus sessenta anos de idade, com seus cabelos encaracolados, tintura marrom, vestido florido verde escuro e um inseparável colar cujo pingente é uma cruz que seu filho deu de presente quando estudava na quinta série, adentra a sala e vê a orgia se desenrolando. A primeira coisa que vê é a “enorme” ereção de seu filho.

20comer diz: (você acha que vai me vencer, é?)

-=molhadinha=- diz: Ela sorri e começa a tirar a roupa…

20comer diz: CHEGA!

-=molhadinha=- diz: Está pronto para o sexo selvagem agora? Porque eu estou…

20comer ficou offline.

Para dizer que vai tentar isso de verdade, para dizer que se arrepende de ter elogiado o texto da LEC, ou mesmo para chamar o 20comer de faixa-branca: somir@desfavor.com

Quem mandou convidar?Siago Tomir come bastante. Ao olhar para o prato de Siago Tomir você se pergunta se é uma tigela onde vão alimentar um puma no zoológico. Sim, Siago Tomir come muita carne. Somado a esse fato, de vez em quando baixa nele um espírito de pobre de querer “dar prejuízo” quando vai a um rodízio. Parece que reforça sua masculinidade comer até alguém oferecer um Licor de Cacau Xavier para ele achando que ele está com vermes.

Ciente disto, eu fui burra o bastante para programar uma ida a uma churrascaria rodízio. Eu sei, eu sei, erro primário. Era um sábado. Acordamos e Siago Tomir nem sequer tomou café da manhã. Ele estava se preparando para o grande evento onde comeria mais carne que um tigre asiático. Esse era o momento de ter sabedoria de abortar a missão, mas não, eu tenho essa mania de bater palmas para maluco dançar.

Podem me chamar de burra. Mesmo ciente deste descontrole alimentar, a imbecilóide aqui achou que seria uma boa idéia levar Siago Tomir para uma churrascaria. Pior, a imbecilóide aqui ainda ficou soltando frases de incentivo durante o percurso da minha casa até a churrascaria, desfavores como “É para comer que nem gente grande, hein?” ou ainda “Se eu comer mais do que você vou te chamar de faixa-branca”. Eu posso ser muito imbecil algumas vezes.

Chegando na churrascaria, sentamos em uma mesa com uma bela vista para o Pão de Açúcar e começamos a comer. Já comecei a ficar preocupada quando ele foi no bufê comer feijoada. FUCKIN´ FEIJOADA como entrada indica que o almoço vai acabar mal. Mas me calei, porque encher o saco de homem é papel de mãe, e não de namorada.

Começamos a comer. A freqüência dos garçons era frenética. Em vez de recusar os dez tipos diferentes de carnes que apareciam por segundo, Siago Tomir se sentia obrigado a comer de tudo. Um misto de dever de macho com gula exacerbada. Já viram a família Simpsons jantando? Era algo muito similar. E eu lá, no meu sushizinho, comendo uma que outra picanha.

Pouco tempo depois vejo que Siago Tomir já começa a se reclinar de forma estranha na cadeira. Sabe aquela inclinadinha que a gente dá quando está estufado, que te deixa semi-deitado? Ousei perguntar se ele não achava melhor parar de comer e ele apenas fez que “não” com a cabeça, pois estava com ¼ de vaca dentro da boca.

Continuou seguindo seu ritual de encher o rabo de carne e tomar aquela porcaria tóxica chamada Coca-Cola para “ajudar da digestão”. Mas a julgar pela quantidade de carne que ele estava comendo, nem se bebesse diabo verde ele conseguiria dar conta daquilo tudo. Percebo que Siago Tomir começa a suar e me calo. Faço questão de dizer aqui que a Coca-Cola que ele estava bebendo era Coca Zero, tá? Porque farofa, batata frita e a gordura lateral da picanha pode, mas a Coca tem que ser zero. Hipocrisia, a gente se vê por aqui.

Depois de mais de duas horas sentados comendo, percebo que Siago Tomir apresenta dificuldades respiratórias, provavelmente porque seu estômago expandiu de tal maneira que comprimiu seus pulmões. Tento fazer minha cara mais simpática e pergunto se ele está bem. Siago Tomir faz que “sim” com a cabeça enquanto mastiga um baby beef.

Após três horas, Siago Tomir apresenta os primeiros sinais de fadiga. Já recusava algumas carnes e mastigava 237 vezes antes de engolir, parecia um ruminante. Eu até tinha uma esperança que ele fosse parar, mas aqueles garçons foderam com o meu plano. Vendo que Siago Tomir estava devagar quase parando, um deles se aproximou, ofereceu uma carne e quando Siago recusou, perguntou se ele tinha alguma carne de sua preferência que ele pudesse encaminhar à mesa. Fudeu, com F maiúsculo. Porque gula é um dos pecados de Siago Tomir.

Siago Tomir disse que a carne de sua preferência era uma picanha gratinada com um queijo que eu não lembro o nome. Fudeu. A carne passava de dez em dez segundos na mesa. Em determinado momento, senti um olhar de desespero de Siago Tomir, como quem queria recusar mas não podia. Algo mais forte do que ele o obrigava a comer a carne: seu espírito de pobre de querer dar prejuízo somado à sua gula infinita.

Antevendo o pior, ousei dar a minha humilde opinião: “Acho que talvez seja melhor você parar, você vai acabar passando mal”. Siago fez cara de ofendido e me cutucou tal qual Cesar Millan fazendo “Tssst!” para que eu me recolha à minha insignificância. Entreguei para Deus, o que vindo de um ateu é o mesmo que pensar “se fode aí então, feladaputa”.

Quando finalmente Siago estava em um estado de empanturramento que o incapacitava de falar e andar, ele decidiu que talvez fosse mesmo hora de parar. Com a carne. Porque sim, ele comeu uma sobremesa. Dividimos um pavê de bombom que veio em uma tigela que mais parecia um balde. Há testemunhas. Tenho quase certeza que um grupo de turistas japoneses que estava na mesa ao lado, na verdade tirava fotos de Siago e não do Pão de Açúcar. Não se espantem se dentro de algum tempo surgir um filme japonês chamado “O Mosntro Carnívoro” com uma versão estilizada de Siago Tomir como protagonista. Eu já tive um fila de mais de 80kg e Siago Tomir come mais carne do que ele.

Terminada a orgia gastronômica com o desfecho inacreditável de Siago Tomir raspando a tigela de pavê, um dos garçons se aproximou e fez uma pergunta singela: “Mais uma Coca-Cola, Senhor?”. É uma pergunta simples, que pode ser respondida com “Sim, por favor” ou “Não obrigada”, desde que você não tenha comido duas toneladas de carne e essas duas toneladas não tenham subido para seu cérebro. Siago Tomir ficou em silêncio olhando para o horizonte por uns 30 segundos e depois deu a seguinte resposta ao garçom: “Não sei”.

A cara do garçom foi impagável. Nunca, em anos de treinamento ele deve ter sido preparado para uma resposta dessas. Eu ri e disse “Aposto que você nunca ouviu uma resposta dessas, né?” e o garçom sorriu e se retirou com aquele olhar de pena que a gente costuma destinar a bêbado ou a maluco. Siago Tomir deixa cair a cabeça sobre a mesa.

Diante da condição de perda total do meu parceiro, pedimos a conta. Siago Tomir mal abria os olhos. Sabe aquela sonolência que a gente sente depois do almoço, que se chama “maré alcalina”? Pois é. True Facts About Siago Tomir: Siago Tomir não tem maré alcalina, tem Tsunami alcalina. Depois de pagar a conta, a atitude normal é que as pessoas se levantem e deixem o recinto. Mas Siago Tomir não parecia estar em condições de se levantar. Eu me levantei e disse “Vamoooos?” e ele me olhou com cara de cachorro cagando na chuva e disse “Calma aí…”. Pensei em chamar uma ambulância, se bem que no caso estava mais para reboque mesmo. Siago Tomir respirava ofegante com metade do corpo esparramado na mesa, sob olhar curioso dos japoneses, que continuavam fotografando supostamente o Pão de Açúcar.

Passaram-se uns dez minutos quando o garçom voltou e perguntou se queríamos mais alguma coisa, o que todo mundo sabe que é um eufemismo para “Já comeram, agora vaza que tem gente na fila” (e tinha mesmo). Siago Tomir, em um exemplo de superação, levanta vagarosamente da mesa. Começa a dar passos lentos, parecia o Tiranossauro Rex do Jurassic Park andando. Segurei ele pela cintura porque juro, tive medo que ele caísse no meio do restaurante.

Continuamos andando em direção à saída. Na minha cabeça eu praticamente podia ouvir a música tema do filme “Carruagens de fogo”. Eu já estava até ficando com pena dele, quando na curva final para deixar o restaurante ele olha com um olhar de cobiça para uma picanha que passa no espeto. Dei um tapa na nuca dele e o joguei dentro do carro. Passei o resto da tarde escutando o mantra “Saaaaally, estou passando maaaaaal” e quando oferecia um remédio digestivo ele dizia “Não cabe mais naaaaada, Saaaaally”. Passou o resto do dia repetindo que estava passando mal e que nunca mais comeria carne na vida.

Depois de permanecer aproximadamente 12h na mesma posição, prostrado no sofá como se fosse um saco de batatas, achei que ele tinha aprendido alguma coisa com toda esta experiência. Que nada, no dia seguinte estava se empanturrando de carne novamente na hora do almoço. Quando ofereceram carne e ele aceitou, olhei surpresa para ele, ao que ele me sorriu um sorriso maroto a La Rafael Pilha na delegacia e disse “A gente é assim, convidou porque quis”. Só matando.

Para dizer que quer que eu escreva mais Siago Tomir, para dizer que vai usar esse bordão escroto de “a gente é assim, convidou porque quis” ou ainda para dizer que macho que é macho sai da churrascaria passando mal: sally@desfavor.com

MWAHAHAHAHA!Enquanto isso, nos arredores de um antigo castelo em território europeu:

SOMIR: Precisava ser de madrugada? Puta jet-lag…
C. MANSON: É mais maligno assim.
SOMIR: Eu achei que seria mais secreto…
C. MANSON: Nos anos 70, ficava no meio da Sibéria. Base subterrânea, sala de controle, armas para destruição do mundo, lacaios e tudo!
SOMIR: Uau! E por que mudaram de lugar?
C. MANSON: Era uma merda para chegar. O Rasputin acabava sozinho na maioria das reuniões.
SOMIR: E ele ficou sem saco de esperar?
C. MANSON: Hahahaha! Cuidado que ele ainda é sensível sobre o assunto.
SOMIR: Você também fez um acordo com o… chefe?
C. MANSON: Sim, mas meu pau não está num jarro de formol pela eternidade. Até porque eu só pedi uma cópia sem alma para ficar presa por mim, e não vida eterna.
SOMIR: E em troca, o que você teve que oferecer?
C. MANSON: Três pulinhos.
SOMIR: Só isso?
C. MANSON: Só isso.
SOMIR: Mas não faz o menor sen…
TAXISTA: Aqui estamos. 78 euros.
C. MANSON: Somir… eu… esqueci minha carteira…
SOMIR: Mas esse preço é uma facada!
C. MANSON: *sorrindo*
SOMIR: Ok, eu pago, eu pago…

Na entrada do castelo medieval, uma enorme faixa:

“BEM-VINDOS À 2.349ª REUNIÃO ANUAL DA LIGA DE EXTERMÍNIO DE CRENTES!”

SOMIR: A faixa vermelha e amarela… não é… um pouco demais?
C. MANSON: Eu também acho, mas desde que a Rowling conseguiu uma cadeira no conselho deliberativo para decoração, começaram essas merdas…
SOMIR: J.K. Rowling? A do Harry Potter?
C. MANSON: Sim.
SOMIR: Conselho deliberativo para decoração?
C. MANSON: Invenção do Warhol.
SOMIR:
C. MANSON: Nem pergunte…

Debilmente iluminado pelas tochas espalhadas pelo muro exterior do castelo, uma figura peculiar se aproxima dos dois e tenta pegar a mala de Somir:

SOMIR: Porra, assalto até aqui?
C. MANSON: Relaxa, é só a criadagem. Dumal, como é que vai essa for…
DUMAL: Dumal leva mala dos mestres!
SOMIR: Criado corcunda num castelo medieval? Quem imaginaria…
C. MANSON: Eu poderia jurar que ele não era corcunda ano passado…
DUMAL: Dumal… Conselho deliberativo decoração. *suspiro*
SOMIR: Que maldade!
C. MANSON: Esse é o espírito!

Mais tarde, na sala comum:

SOMIR: Patê de golfinho? Claro, eu vou experimentar…
VOZ FEMININA: Não faz isso! Golfinho é um peixe tão lindo!
SOMIR: Ah não, eco-chato-burro até aqui? Ei! Eu te conheço!
XUXA: Dããã! Claro, né?
SOMIR: Então você fez mesmo pacto com o diabo!
XUXA: No começo eu achei que era a Marlene vestida de vermelho, parecia… juro!. Assinei sem ler…
SOMIR: Golpe baixinho!
XUXA: Nem me diga. Vem cá, é sua primeira vez aqui, né?
SOMIR: Está na cara assim?
XUXA: É que tem um papel nas suas costas escrito “Jesus Me Ama”…
SOMIR: Porra! Foi você, né Drácula?
DRÁCULA: Mwahahahahaha! *virando morcego*
SOMIR:

A noite avança e Somir consegue se enturmar numa roda de conversa:

W. DISNEY: Pênis! Pênis! Pênis! Seios! Bundas! Pênis!
SOMIR: Ele só fala isso?
M. TERESA: Ele criou um império de entretenimento para corromper a juventude com mensagens subliminares sobre sexo…
SOMIR: E ficou assim depois?
M. TERESA: Depois?
SOMIR: Deixa pra lá… Eu não posso dizer que estou surpreso com a sua presença aqui. Mas muita gente ficaria…
MAQUIAVEL: Funcionária do século! Criar hospitais sem médicos ou remédios e entulhá-los de cristãos doentes? Um dos planos mais brilhantes já arquitetados na história!
M. TERESA: Assim você me deixa sem graça.
SOMIR: Mas… vem cá… Eu sempre achei que o vilão do século passado tinha sido o Hitler.
MAQUIAVEL: *suspiro*
M. TERESA: *sorriso irônico*
W. DISNEY: Pênis!
SOMIR: O que foi?
MAQUIAVEL: “Como assim Judeus não valiam?” *imitando sotaque alemão*
TODOS: *risada*
W. DISNEY: Seios!

Uma melodia maligna toma conta do ambiente:

SOMIR: Eu já ouvi essa música num CD da Sally…
NIETZSCHE: Conhece música pior?
SOMIR: Bom ponto. Opa! Você?
NIETZSCHE: Não posso garantir. Você pode?
SOMIR: Talvez? Mas… eu sempre achei que você era partidário de uma espécie de “foda-se tudo”. Não achei que você estaria aqui, militando por uma causa.
NIETZSCHE: Será que nunca vão entender que eu NÃO era niilista?
SOMIR: Boa sorte com isso. Mas… por que você entrou na L.E.C.?
NIETZSCHE: Pensei demais. Não dava mais para “subir”. E eu também gosto bastante do patê de golfinho.
SOMIR: Vai começar a reunião. Tenho que ir para o meu lugar, se você não se importa…
NIETZSCHE: Eu não me importo.
SOMIR: AHÁ!
NIETZSCHE:

No salão principal do castelo, centenas de pessoas malignas se acomodam em seus lugares, enquanto numa maciça mesa de madeira, posicionada num degrau elevado do ambiente, um ser dotado de muitos nomes bate seu martelo e perde ordem:

SATÃ: Sejam bem vindos à… *olhando um papelzinho* du… milés.. tri… centé… Reunião anual 2.349 da Liga de Extermínio dos Crentes.

*palmas*
*“Pênis!”*

SATÃ: *suspiro* Gostaria de agradecer a presença de todos vocês. A cada ano ficamos mais numerosos. Ainda me lembro do tempo em que fumava escondido do patrão lá no Céu… Já contei que foi assim que as nuvens de tempestades violentas se tornaram escuras?

EM CORO: Já!

SATÃ: Hmpf! De qualquer forma, desde a primeira reunião sempre nos mantivemos fiéis ao nosso princípio. Erradicar o bem do mundo, destruindo todos os Cristãos! Mwahahaha! Claro que durante o caminho tivemos alguns percalços e planos que acabaram funcionando de forma totalmente oposta à planejada, como a Igreja Católica e a música Gospel…

DRÁCULA: Ei… veja só! Estou sozinho com o filho de Deus no meio do deserto!

*risadas gerais*

DRÁCULA: Será que eu devo matá-lo e enterrá-lo aqui mesmo para que ele nunca se torne um mártir? NÃÃÃÃÃOOOOO!

*mais risadas*

DRÁCULA: Eu vou tentááááá-lo! Ééééé! Isso vai resolver o problema!

SATÃ: Você tem que trazer isso à tona TODA VEZ que nos reunimos? Eu já me desculpei centenas de vezes. Chega! ORDEM! Continuando a nossa programação, temos que votar para decidir a nova decoração do salão de tortu…

Enquanto isso, na platéia:

SOMIR: Tem uma coisa que não me entra na cabeça.
P. BENTO XVI: O quê?
SOMIR: Se essa liga funciona há mais de dois mil anos, por que ainda não exterminaram os crentes?
P. BENTO XVI: Não é tão simples assim…
SOMIR: Pensa comigo… Se um grupo de pessoas poderosas estivesse REALMENTE se esforçando para destruir todos os valores cristãos há tanto tempo, quais as chances de já não terem conseguido? Se isso não soa como incompetência, não sei o que mais soaria…
P. BENTO XVI:

De volta à mesa principal:

SATÃ: … e por fim, promoveremos um concurso de artesanato com latinhas recicladas. Mas agora, como fazemos todos os anos, vamos fazer as apresentações do novo membro da liga…

*palmas*

SATÃ: É consenso geral que nada pode ser mais doloroso para os cristãos do que serem ridicularizados pela internet. E pensando nessa incrível arma, decidimos pesquisar a fundo e achar a pessoa maligna mais famosa da internet para nossa equipe! *falando fora do microfone* Posso confiar na sua pesquisa?

NIETZSCHE: *dando de ombros*

SATÃ: Ahem… De qualquer forma, aqui está o homem que vai nos dar a tão sonhada vantagem nessa guerra! Tiago Somir!

*palmas*

SOMIR: Obrigado, obrigado! *levantando brevemente*
SOMIR: Bento?
P. BENTO XVI: Pois não?
SOMIR: Saquei.

SE DEUS QUISER, CONTINUA…

Para dizer que o meu senso de humor já é ruindade pura por si só, para pedir a receita do patê de golfinho, ou mesmo para me pedir um pouco do que eu estou usando: somir@desfavor.com

Des Contos

iousááááiiii iousááááááideaaaaalll...

Logo após uma hecatombe nuclear.

HOMEM: Ei! Você!
MULHER: Não acrediiitooo!
HOMEM: Alguém mais sobreviveu!
MULHER: *emocionada*
HOMEM: Normalmente eu não sou assim, mas… Posso te abraçar?
MULHER: Claro! Vem cá!
HOMEM: É tão bom saber que eu não estou mais sozinho…
MULHER: Eu sei como você se sente.
HOMEM: É até difícil soltar.
MULHER: É…
HOMEM: Nós temos que ficar juntos, a humanidade quase que acaba.
MULHER: É… Precisa ficar com a mão na minha bunda?
HOMEM: Acabaram os preconceitos, acabaram os julgamentos.
MULHER: Olha, eu acabei de te conhecer e…
HOMEM: Você tem noção da importância do nosso encontro?
MULHER: Tudo bem, eu sei… Mas deixa o meu vestido no lugar!
HOMEM: E se nós formos o último casal da Terra?
MULHER: E eu tenho que dar para você só por isso?
HOMEM: SÓ POR ISSO?
MULHER: Aiai… Pode pelo menos me soltar um pouco?
HOMEM: Ok. Mas entenda que nesse momento não estaríamos apenas fazendo sexo, estaríamos salvando nossa espécie.

Enquanto isso, um grupo de mulheres se aproxima:

MULHER 1: Eu desisto! Ninguém mais escapou!
MULHER 2: Não seja negativa!
MULHER 1: A gente só escapou porque o teto do auditório protegeu a gente. Quem mais teria tanta sorte?
MULHER 3: Vai que ser modelo é pecado e o resto da humanidade foi pro Céu?
MULHER 2: Chega de bobagem! A gente tem que achar pelo menos um homem e salvar a espécie!
MULHER 1: Do jeito que a gente é gostosa, ELES que deveriam estar procurando a gente! Isso é um absurdo!
MULHER 2: É o fim do mundo. Dá um desconto.
MULHER 3: Eu encarava até o mais barango depois de três meses na seca.
MULHER 5: Imagina só a sorte do cara que nós acharmos?
MULHER 1: A gente vai ter que tratar muito bem dele.
MULHER 4: Eu estava conversando com a Cláudia e ela topou dividir a vez dela comigo. Acho que com duas ao mesmo tempo esse homem vai funcionar ainda melhor.
MULHER 1: É uma boa idéia… Em duplas.

De volta:

MULHER: Meu bem, eu acho que não vamos salvar nada…
HOMEM: Que pensamento negativo. Só o fato de apenas um homem e uma mulher sobreviverem quer dizer que é o destino!
MULHER: Tá, mas…
HOMEM: Isso é hora de se prender a moralismos?
MULHER: Não, mas…
HOMEM: Eu não era o homem mais bonito do mundo antes das bombas, mas agora devo ser.
MULHER: Feeeio feio você não é, mas…
HOMEM: E mesmo que você não me achasse atraente, mesmo que você fosse lésbica… Tem algo mais importante no mundo do que repovoar um planeta devastado?
MULHER: Eu não gosto de mulher não! Tá me estranhando?
HOMEM: Você se acostuma comigo.
MULHER: Mas não é por isso que eu não acho que não vamos salvar o mundo…
HOMEM: Já sei! Mulheres… Você acha que não é boa o suficiente para ser a base da nova humanidade? Eu diria que você tem tudo o que é necessário!
MULHER: Na verdade…
HOMEM: Um mulherão que nem você? Nossos filhos vão ser bem altos e fortes. Ideais para esse mundo devastado.
MULHER: Você venceu. *levantando a saia*
HOMEM: Agora sim! Essa é a atitude!
MULHER: *tirando a calcinha*

O grupo de mulheres se aproxima:

MULHER 6: Shhh… Estão escutando?
MULHER 8: Vem daquela direção.
MULHER 3: É voz… é voz de homem!
MULHER 1: Isso! Isso! Se preparem, meninas, está na hora de repovoar esse planeta!
TODAS: *comemorando*
MULHER 5: Ainda bem que a gente se depilou ontem, né?
MULHER 4: Já vou até ficar sem calcinha, eu sou a primeira da lista.
MULHER 9: Quem está com o binóculo?
MULHER 2: Pronto, acho que já consigo ver ele daqui.
MULHER 1: E aí?
MULHER 2: Tem uma mulher com ele.
MULHER 5: Eu não sou ciumenta.
TODAS: *rindo*
MULHER 2: Peraí…

De volta:

HOMEM: *boquiaberto*
“MULHER”: Vai ser meio difícil repovoar o mundo com dois desses, né?
HOMEM: Não acredito…
“MULHER”: Mas, como eu já disse, você não é feeeio feio.
HOMEM:
“MULHER”: E vamos ficar muito sozinhos a partir de agora.
HOMEM: É…
“MULHER”: E você estava feliz apertando minha bunda.
HOMEM: Sim, mas eu não sabia que…
“MULHER”: Eu nem gosto de ser ativa, se te ajuda.
HOMEM: É que eu não sou…
“MULHER”: Acabaram os preconceitos, acabaram os julgamentos.
HOMEM: Eu preciso pensar direito sobre isso e…
“MULHER”: Isso é hora de se prender a moralismos?
HOMEM: Eu nem desconfiei…
“MULHER”: Viu? Você não está me vendo como um homem.
HOMEM: Mas eu não quero ser um…
“MULHER”: E ninguém mais no mundo vai saber além de mim. Quando que você teria uma garantia dessas?
HOMEM: Se eu imaginar que você é uma mulher…
“MULHER”: Você se acostuma comigo.
HOMEM: *suspirando*
“MULHER”: Me abraça de novo?
HOMEM: Ah, é o fim do mundo mesmo! En garde!

Distante dali:

MULHER 8: Jura?
MULHER 2: Juro.
MULHER 1: Sem desanimar, meninas! E daí que eram dois viados? A gente ainda encontra o nosso homem!

WAT

Des Contos

SÚÚÚ SÍÍÍ!!!

Siago Tomir é elitista para algumas coisas (por exemplo, para música) e extremamente bagaceiro para outras (Timão? Oi?). Quando se trata de hábitos alimentares, Siago Tomir é bagaceiro – e com orgulho. Siago Tomir come todo tipo de enlatado, embutido e fast food nocivos à saúde, apesar de saber que ele, em particular, deveria tomar especial cuidado com a sua dieta.

Eu sou uma pessoa mais dedicada à saúde, principalmente na época em que trabalhava com o corpo. Quando o corpo é seu instrumento de trabalho, você não pode se dar ao luxo de alguns excessos. Procuro comer de forma saudável. Não faço dieta de fome, apenas evito alguns hábitos que intoxicam o organismo, como por exemplo, passar uma semana inteira SÓ comendo Mc Donald´s, coisa que já vi Siago Tomir fazer sem o menor constrangimento.

O fato é que de uma forma ou de outra, somos pessoas que tem muito prazer em comer, cada um da sua forma. Então, nossos programas sempre envolviam um evento gastronômico. E na hora de escolher onde iríamos jantar, muitas vezes a chapa esquentava. Siago Tomir quase nunca cede.

Tomir: Você quer jantar onde?

Sally: Não sei porque você me pergunta, você nunca aceita uma sugestão minha… escolhe logo, não me faça perder tempo.

Tomir: Isso não é verdade

Sally: Escolhe você, me poupe de aborrecimento

Tomir: Se estou perguntando é porque quero a sua opinião

Sally: Se eu falar onde eu quero ir, você me leva?

Tomir: Só porque quero a sua opinião eu sou obrigado a acatá-la?

Sally: Aff

Tomir: Anda, fala logo, o que você quer comer?

Sally: Eu sempre falo e você recusa. Vamos fazer assim: te dou uma lista de três possibilidades e você escolhe uma das três

Tomir: Seeeem problemas!

Sally: Frutos do mar, comida italiana ou comida tailandesa?

Tomir: Hmmmm

Sally:

Tomir: Frutos do mar… NÃO

Sally:

Tomir: Comida italiana… NÃO

Sally:

Tomir: Comida tailandesa… NÃO

Sally: TÁ VENDO?

Tomir: Você quer me levar nesses lugares onde eles colocam uma miséria de comida no meio do prato!

Sally: Onde que cantina italiana serve pouca comida?

Tomir: Custa dar outras sugestões? A gente está conversando! Você não sabe dialogar!

Sally: *mostrando dedo médio a Tomir

Tomir: Ok, você ficou chateada. Eu deixo você escolher o que quiser, tá?

Sally: Aff

Tomir: E dessa vez eu vou aceitar, estou dizendo de antemão que vou aceitar

Sally: *sorriso maligno

Tomir: Não vai escolher aqueles restaurantes franceses, né?

Sally: Não, não.

Tomir: Ótimo. Então, o que vamos comer?

Sally: Comida japonesa

O rosto de Tomir se desconfigurou. Ele sempre fez aquele discurso de “não gosto, é cru” mesmo sem nunca ter provado. E também fazia um discurso um pouco mais preconceituoso que relacionava o hábito de comer comida japonesa à preferência sexual do homem, o qual me recuso a repetir.

Tomir: Japonesa?

Sally: É. Eu adoro e você disse que ia aceitar

Tomir: *rosnando entre os dentes Mas eu não gosto…

Sally: Você nunca provou. Se veste que hoje a gente resolve isso.

Caipira é foda. Esse discurso de “eca, é carne crua” é a maior mentira que eu já vi. Porque merda ele come carpaccio se é tão nojento comer carne crua? E porque essa mania DE POBRE de associar uma refeição satisfatória à quantidade de comida que vem no prato? É perfeitamente possível ter sensação de saciedade sem sensação de entupimento jibóia depois de devorar carneiro.

Lá foi Madame me levar em um restaurante japonês, todo contrariado e resmungando que achava ridículo um lugar onde a toalha era cozida e a comida era crua, que cobravam um preço absurdo por cubinho de peixe e arroz e que nem deveria se chamar restaurante japonês, porque em qualquer restaurante japonês que você fosse o sushiman era baiano.

Chegando no local, ele apontou para o sushiman e disse “Olha ali! Não disse? Olha lá seu colega de axé!”. Depois ele perguntou para o garçom foi se tinha alguma coisa que não fosse crua no restaurante.

Sally: Negativo. Você vai comer sushi e sashimi comigo, se não gostar depois você pede um prato cozido

Tomir: Você vai me obrigar a comer? É isso?

Sally: Não, eu estou te pedindo para PROVAR. Se não gostar, não precisa comer

Tomir: Você precisa levar um tiro para saber que é ruim?

Sally: Porque é quase a mesma coisa, né? Comer um sushi ou levar um tiro

Tomir: Se você faz tanta questão, eu até experimento, mas já aviso que eu não vou gostar

Sally: Aff

Quando o jantar chegou, um lindo barquinho cheio de sushis e sashimis coloridos, Madame ainda soltou um “Que gay!” bem na cara do garçom. Comecei a comer e percebi que ele apenas olhava.

Sally: Pode comer. É comida, não é merda não, tá?

Tomir: O que eu mais gosto em você é esse seu jeito meigo

Sally: Come logo, Siago!

Tomir: * cara de sofrimento

Sally: Anda, pega um pedaço de salmão, passa no molho shoyo e come!

Tomir: Nessa coisa preta?

Sally: É, nessa coisa preta. Fica muito mais gostoso

Tomir: Mas tem que passar nessa coisa preta?

Sally: CARALEEEOOOUUU! Come UM, se você não gostar, pede outra coisa!

Tomir: Qual é a pressa? Tá com medo que a comida esfrie? *rindo sozinho da própria piada

Madame ficou olhando uns dez minutos para o sashimi antes de pegar. Depois ficou cutucando com o hashi, como se fosse um bicho vivo ou algo assim. Depois tentou cheirar.

Sally: Tá com nojo do sushimi? Come um shushi então!

Tomir: Essa coisa com essa alga preta em volta? Nem amarrado!

Sally: Essa alga não tem gosto de nada, pode comer sem medo

Tomir: Nem morto

Sally: A alga faz bem à saúde!

Somir: Sério que é esse seu argumento? Conheça seu público!

Sally: CUSTA PROVAR?

Somir: CUSTA!

Sally: Ai que saco…

Depois de muito insistir, Siago pegou um sashimi de salmão, passou de leve no molho shoyo e, muito hesitante, colocou na boca. Foi ficando verde… verde… eu tava vendo a hora em que ele ia vomitar, e eu por conseqüência ia vomitar junto (Vômito solidário, lembram?). Ele deve ter mastigado o sashimi umas duzentas vezes, e engoliu com lágrimas nos olhos.

Tomir: Nada de mais

Sally: Mas você não detestou?

Tomir: Não, não detestei

Sally: Eu sabia que você ia gostar!

Tomir: Eu não gostei

Sally: Não detestou e não gostou? Então o que você achou?

Tomir: Nada de mais.

Sally: Bom, então não precisamos pedir outro prato…

Tomir: TÁ MALUCA?

Sally: Hã?

Tomir: ISSO AQUI NÃO ENCHE NEM O BURACO DO MEU DENTE!

Sally: Essa tua alma gorda e caipira te estraga…

Tomir: *batendo na barriga com orgulho

Sally: Come um sushi

Tomir: NÃO! A ALGA NÃO!

Sally: Que saco… Vai comer este jantar comigo. Come o que quiser, mas come comigo!

Tomir: A ALGA NEM PENSAR!

Sally: Garanto que no hambúrguer e na salsicha que você come tem coisa muito mais nojenta!

Tomir: Garanto que não!

Siago beliscou um ou outro sashimi, sempre com uma expressão duvidosa no rosto. Parecia que estava sendo obrigado a comer cocô de girafa.

Sally: Come esse aqui, é uma delícia!

Tomir: Ovas?

Sally: É

Tomir: Isso é foda de peixe, você sabe?

Sally: QUE NOJO!

Tomir: É sério. Eu não vou comer o produto da foda de dois peixes

Sally: Quem disse que os peixes foderam?

Tomir: Que seja, você comeria células reprodutivas não fecundadas de outro animal?

Sally: Você come ovo?

Tomir:

Acabamos de comer e eu perguntei à Madame se ele tinha ficado com fome e queria pedir outro prato. Ele resmungou que não, que estava enjoado. Fomos embora, ao som das reclamações de Siago Tomir, tecendo todo tipo de críticas ao lugar. No caminho de volta ele ficou repetindo que estava com gosto de sabão na boca e que aquela comida tinha embrulhado o estômago dele, falando sem parar. Até que, de repente, ele se calou. Ligou o pisca alerta fez um retorno com o carro. Sim, ele estava entrando em um Drive- Thru do Mc Donald´s.

Sally: Uéééé! Você não estava enjoado? Com o estômago embrulhado?

Somir: Estou

Sally: E vai comer aqui?

Somir: Sim, para tirar esse gosto de sabão da minha boca

Sally: Mas você disse que não estava com fome!

Somir: E não estou, estou com vontade de comer

A vontade de comer era grande, pelo visto. Duas promoções de Big Mac, deglutidos ao som de frases como “isso que é comida!” ou ainda “Isso sim tem um sabor agradável!”, como se ele fosse uma pessoa apta para emitir pareceres gastronômicos.

Sally: Você não vai viver para ver os seus filhos se formarem na faculdade

Somir: Você não quer ter filhos

Sally: Você está se matando, espero que saiba disso

Somir: Não, eu não estou me matando, estou te fazendo um favor

Sally: Posso saber COMO você está me fazendo um favor, detonando a sua saúde?

Somir: Pode. Você é mais velha do que eu. Você não gosta disso. Se eu detonar a minha saúde vou ficar com uma aparência acabada e você vai parecer mais nova do que eu.

Sally: Eu já pareço mais nova do que você.

Somir: Viu? Está dando certo! Depois você diz que eu não faço nenhum esforço por você…

Para dizer que seu namorado se comporta da mesma forma quando se trata de comida japonesa, para dizer que acha isso bem feito para mim porque quem mandou catar um caipira e para dizer que aquela alga é realmente nojenta: sally@desfavor.com