Des Contos

Des Contos: Versão On Crack

Enquanto isso:

Numa rua movimentada…

POPULAR 1: O que é aquela confusão ali na frente?
POPULAR 2: Parece um bloqueio policial…
POPULAR 1: Na calçada?
POPULAR 3: E bandido não anda a pé?
POPULAR 2: Mas que é estranho, é.
POPULAR 4: Tomara que peguem o safado!
POPULAR 5: Se eu pegar antes, não é pra cadeia que ele vai!
POPULAR 4: Merece morrer mesmo!
POPULAR 1: Vocês sabem quem eles estão procurando?
POPULAR 5: Sim, é um filho-da-puta que teve a coragem de…
POLICIAL 1: Alto! Identidade, agora!
POPULAR 1: Vocês estão procurando quem?
POLICIAL 1:
POPULAR 1: O quê? Por que está todo mundo olhando pra mim?
POLICIAL 2: Parado! Mão na cabeça! *apontando a arma*
POPULAR 1: Eu?
POLICIAL 1: Armando Pereira, você está preso por…
ARMANDO: Eu não fiz nada! Me larga!
POLICIAL 2: Ele está reagindo! *tiro*

ARMANDO: Não! Não atira!
POPULAR 2: É só um bloqueio, eles não estão atirando.
ARMANDO:*procurando marcas de tiro no próprio corpo*
POPULAR 3: Finalmente eles estão fazendo algo.
POPULAR 2: É, eu acho que sim…
POPULAR 4: Tomara que peguem o safado!
POPULAR 5: Se eu pegar antes, não é pra cadeia que ele vai!
POPULAR 4: Merece morrer mesmo!
ARMANDO: O… que… o que ele fez?
POPULAR 5: Matou um policial!
POLICIAL 1: Alto! Identidade, agora!
ARMANDO: Aqui… aqui está…
POLICIAL 1:
ARMANDO: Ah não! Seja o que for, não sou eu!
POLICIAL 2: Parado! Mão na cabeça! *apontando a arma*
ARMANDO: Vocês vão me matar!
POLICIAL 1: Armando Pereira, você está preso por…
ARMANDO: Não! Não atira!
POLICIAL 2: Ele está reagindo! *tiro*

ARMANDO: Eu to ficando maluco?
POPULAR 2: Ei! Eles atiraram em você!
ARMANDO: Você viu?
POPULAR 3: Que história é essa, Chico?
CHICO: O policial! Atirou… o que está acontecendo?
POPULAR 4: Tomara que peguem o safado!
POPULAR 5: Se eu pegar antes, não é pra cadeia que ele vai!
POPULAR 4: Merece morrer mesmo!
ARMANDO: Mas eu não fiz nada!
POPULAR 5: Eles estão procurando você?
POPULAR 4: Socorro! Ele matou o policial!
POLICIAL 1: Parados!
ARMANDO: Tem coisa errada aqui!
POLICIAL 2: Parado! Mão na cabeça! *apontando a arma*
ARMANDO: Ok! Eu me rendo! Não atira!
POLICIAL 1: Armando Pereira, você está preso por…
ARMANDO:
POLICIAL 2: Ele está reagindo! *tiro*

ARMANDO: Não!!!
CHICO: De novo?
ARMANDO: Eu não matei policial nenhum!
POPULAR 3: O que aconteceu? Por que a gente voltou? Hã?
CHICO: Paula! Vamos sair daqui!
PAULA: O policial atirou nele… por nada…
POPULAR 4: Tomara que peguem o safado!
POPULAR 5: Se eu pegar antes…
CHICO: Não dá para escapar, muita gente…
ARMANDO: Socorro! Eles vão me matar!
POPULAR 5: Polícia! Polícia! Ele está aqui!
POLICIAL 1: Parados!
PAULA: A gente não tem nada a ver com isso!
POLICIAL 2: Parado! Mão na cabeça! *apontando a arma*
ARMANDO: Não, dessa vez não! *correndo*
CHICO: Cuidado!
POLICIAL 2: Ele está reagindo! *tiro*

ARMANDO:
CHICO: Você… Mas que caralho! O que está acontecendo?
PAULA: Dói? Quando… ele atira?
ARMANDO: Muito. Mas passa quando a gente volta.
CHICO: Isso não faz sentido… Por que a gente volta?
PAULA: Você matou mesmo um policial?
ARMANDO: Não! Não! Eu nunca matei ninguém! Eles que me matam!
POPULAR 4: Você! Você acabou de levar um tiro!
POPULAR 5: Quem é ele, Fernando?
FERNANDO: O cara que matou o policial… Eu acho…
ARMANDO: Eu não matei ninguém!
POPULAR 5: Cacete! Polícia! Polícia! Aqui!
CHICO: Não!
POLICIAL 1: Parados!
PAULA: Ele não fez nada!
ARMANDO: Eu sou inocente! Eu juro!
POLICIAL 2: Parado! Mão na cabeça! *apontando a arma*
ARMANDO: Ok! Olha pra mim! Eu não vou reagir. Mãos para cima… Olha!
FERNANDO: Se entrega em paz, cara.
CHICO: Dessa vez não tem desculpa para ele ati…
POLICIAL 2: Ele está reagindo! *tiro*

ARMANDO: Chega disso!
CHICO: Foge agora!
PAULA: Eu vou fingir um desmaio e distrair o povo… *caindo*
ARMANDO: Obrigado! *trombando*
FERNANDO: Ei! Você! O que você fez com a moça?
ARMANDO: Nada! Eu não fiz nada! Deixa eu sair.
POPULAR 5: Eles acabaram de atirar em você…
FERNANDO: Carlos, você viu dessa vez?
CARLOS: Vi! Ele deve ser muito perigoso…
ARMANDO: Puta que pariu! Eu não fiz nada! Nada!
POLICIAL 1: Parados!
CHICO: Eu tenho um plano. Armando, deixa eles te pegarem mais uma vez.
ARMANDO: E se não tiver outra vez?
POLICIAL 2: Parado! Mão na cabeça! *apontando a arma*
CARLOS: Isso aconteceu quantas vezes?
PAULA: É a terceira vez que eu vejo.
POLICIAL 2: Ele está reagindo! *tiro*

ARMANDO: Ai… Chega! *correndo e trombando todos*
POLICIAL 1: Parado!
POLICIAL 2: Ele está reagindo! *tiro*

ARMANDO: Ele.. sempre… sempre acerta.
CHICO: Cada vez que acontece, mais uma pessoa percebe. É só esperar até o policial que atira em você perceba.
ARMANDO: E ficar morrendo?
CHICO: Você está aqui, não está?
PAULA: Até o relógio volta no mesmo minuto…
FERNANDO: Você não matou um policial mesmo?
ARMANDO: Não!
POLICIAL 1: Parados!
CARLOS: Eu ainda não confio nesse cara…
POLICIAL 2: Parado! Mão na cabeça! *apontando a arma*
ARMANDO: Atira logo em mim, seu desgraçado! *pegando a arma do policial na sua frente*
POLICIAL 1: Droga! Ele está armado! *pulando em cima de Armando*
POLICIAL 2: Ele está reagindo!
ARMANDO:*tiro*
POLICIAL 1: *caindo no chão*
CHICO: Ah, não…
ARMANDO: Eu… eu não queria… *soltando a arma*
PAULA: Foi um acidente!
POLICIAL 3: Você está preso! *derrubando Armando no chão*
POLICIAL 2: Chama a ambulância! Ele está morrendo! *sobre o corpo inerte de seu colega*
CARLOS: Eu sabia que esse cara era culpado!

E todos foram felizes para sempre.
Wat?

Des Contos

Em primeiro lugar gostaria de dizer que minha ausência ontem foi plenamente justificada e se Madame deixasse a porra do celular ligado, saberia as razões.

Em segundo lugar, quero dizer que se vocês repararem na autoria das postagens nesta semana, verão que existem três postagens minhas, uma dupla (Ele Disse, Ela Disse) e AINDA ASSIM, eu postaria ontem também. E hoje. Ou seja, eu postaria A SEMANA TODA. Só porque não pude cumprir um dia, porque meu computador morreu, Madame me alfinetou.

Em terceiro lugar, quero que atentem para o fato de que eu não postei e Madame não fez um Samy Sollir. Sabem porque? Porque simplesmente não tem o que falar da minha conduta exemplar e meu temperamento equilibrado.

Em quarto lugar, aposto que agora que o Somir revelou que pode muito bem saber quem posta e de onde, muita gente valente vai pensar duas vezes antes de deixar desaforo para a gente, afinal, não são mais tão “anônimos” assim. Sim, vento que venta cá, venta lá. Eu também sei ligar para a Polícia Federal, viu? E eu, ao contrário de muita gente FROUXA, não fico ameaçando processar aos quatro ventos, eu processo MESMO, sem fazer alarde. Só para incomodar. Eu não pago advogado mesmo…

Mas eu tenho muito para falar dele. Com vocês, mais um Siago Tomir

SIAGO TOMIR – PIORES MENSAGENS DE TEXTO VIA CELULAR

“Não é que eu esteja puto, é que fiquei com muita raiva e muito chateado… pensando bem, estou puto sim” – Siago Tomir, divagando até mesmo por torpedo, depois de gritar comigo porque um ex-namorado me ligou.

“Não estou bêbado, é só que eu bebi meia garrafa de whisky de estômago vazio” – Porque se fosse de estômago cheio, estaria ótimo.

“Atrasei porque tive um acidente de carro e me machuquei todo. Amanhã a gente conversa. Beijos” – Tentando me matar de preocupação em uma pacata noite de quinta-feira. Detalhe: liguei depois de receber a mensagem e o celular estava desligado.

“Hoje é seu aniversário? Se for, parabéns. Se não for, já fica o parabéns para o dia” – Muito sensível, errando em mais de um mês a data do meu aniversário e já dando como válido o parabéns para o futuro.

“Vai dar merda, eu sei. Calma aí… DEU MERDA!” – Fazendo merda, como sempre, e me comunicando em tempo real.

“Nada de mais, minha casa pegou fogo” – Achando super normal a casa pegar fogo

“Acontece, ué!” – Respondendo à minha resposta ao torpedo anterior, sobre não achar a casa pegando fogo nada de mais.

“Eu juro que até o final do mês de novembro eu vou vacinar o Goiaba” – Prometendo algo que, um ano depois, ainda não cumpriu.

“Não ouse morrer antes de mim!” – Quando fico doente.

“Parei de fumar sim. Juro! Agora só fumo de vez em quando” – Deturpando completamente o conceito de parar de fumar.

“Só dói quando eu respiro” – Sobre uma dor que ele disse sentir “de vez em quando” e eu perguntei exatamente quando ele sentia.

“comofas?” – Quando eu pedi para ele por favor ser educado com os comentários dos leitores em uma postagem polêmica

“A Suellen é um pouco diferente da foto que ela usava no Orkut” – Comentário perspicaz depois de conhecer a Suellen pessoalmente.

“Anota aí: o Corinthians nunca vai cair para a segunda divisão” – Tirando onda.

“Não, não. O dia só passa quando eu durmo” – Depois que eu reclamei porque tinha acabado o dia e ele não tinha postado, ignorando que o dia passa depois de meia noite.

“Pare de mimar as zebras” – Reclamando porque eu respondi todas as perguntas do dia no blog.

“É sério, pare de mimar as zebras” – Reclamando novamente, em data posterior, pelo mesmo motivo.

“nemli” – Depois de um e-mail meu enorme dando esporro nele, ao qual ele não respondeu, me obrigando a mandar torpedo para confirmar o recebimento.

“nemvouler” – Respondendo a meu pedido para que leia o mesmo e-mail.

“que mal eu te fiz?” – Depois de ler um Siago Tomir, onde eu peguei pesado.

“wat” – Quando eu perguntei se ele estava fazendo cadeira flexora na academia

“Vou até o elevador cortar a minha garganta com um lego” – Depois que discutimos sobre uma postagem – nerd suicide pride.

Para me dizer que o Somir é a minha punição por ter dançando “É o Tchan” na Santa Ceia, para me perguntar o que é uma cadeira flexora ou para pedir Siago Tomir todo dia: sally@desfavor.com

Des Contos

wat?[2]

Carlos dirigia por uma estrada vazia em plena madrugada de uma segunda-feira, fazendo o trajeto entre seu sítio isolado no interior e seu sufocante apartamento na capital. Para diminuir a sensação de “fim de festa” trazida por essa viagem semanal, costumava ouvir uma seleção de músicas convenientemente chamada de “prazeres proibidos”. A lista era composta apenas com as canções mais bregas e grudentas, as quais jamais admitiria ouvir se confrontado.

Naquela noite, nada de diferente até ali. Carlos guiava tranqüilo enquanto cantarolava uma terrível música sertaneja a plenos pulmões, certo da impunidade. O caminho, já decorado em sua mente, não trazia dificuldades maiores do que alguns buracos e curvas fechadas. Trânsito com certeza não era uma preocupação. Com exceção de um ou dois caminhões no sentido oposto, nenhum sinal de vida na estrada ou nas imediações.

Mas dessa vez, algo mudou a rotina da viagem. O trecho em que se encontrava, uma sinuosa e sufocante trilha de asfalto escavada por dentro das entranhas de uma região montanhosa, estava completamente escuro por conta da lua minguante que dividia espaço com algumas nuvens no céu noturno. Escuridão que facilitou a percepção de uma estrela mais brilhante do que as outras no horizonte. Com seus pífios conhecimentos astronômicos, pode concluir no máximo que era um planeta ou algum outro fenômeno comum para quem realmente sabe identificar pontos de interesse no céu.

Um movimento brusco da suposta estrela alertou-o sobre a possibilidade de não estar lidando com algo comum, ou mesmo explicável. Pela geografia da região que atravessava, eventualmente perdia contato visual com o ponto luminoso por detrás das copas das árvores. Numa dessas oclusões naturais, perdeu definitivamente o objeto de vista. Imaginando ter sido apenas alguma peça pregada pelo sono, voltou a dirigir como se nada tivesse acontecido. Mas a normalidade não estava no caminho de Carlos, não naquela noite.

Um flash repentino na frente de seu veículo foi o suficiente para que ele pisasse com força no pedal do freio e perdesse o controle. Num golpe de sorte, o carro girou sobre o próprio eixo e acabou parado dentro dos limites do asfalto, tudo isso acompanhado pela cantoria dos pneus e um sonoro palavrão multissilábico. Refeito do susto, presta mais atenção nos arredores.

Um brilhante disco metálico paira sobre a estrada, a pouco mais de dois metros do chão. Ainda sem reação, Carlos observa estático um facho de luz esbranquiçada descer graciosamente da parte inferior do disco até tocar o chão. Dentro do facho, duas figuras de formato humanóide. Seus contornos ficam mais definidos assim que se afastam da luz.

Carlos observa a cena, fascinado. Conforme os seres se aproximam do carro, fica mais e mais claro que são dois humanos. Dois homens, um alto e forte; outro esguio, de feições mais suaves. Pela familiaridade visual dos supostos visitantes intergalácticos, o medo dele se transforma em curiosidade. Curiosidade que o move a se desvencilhar do cinto de segurança e sair de dentro de sua fortaleza motorizada.

Agora Carlos está de frente com os dois homens, em plena estrada deserta, agora iluminada pelo disco voador que plana sobre eles. Ambos vestem uma espécie de traje prateado que cobre todo o corpo com exceção da cabeça, vários símbolos ininteligíveis cobrem a vestimenta.

– Saudações, clitoriano. Viemos em paz. – Diz o homem mais alto.

– B… boa noite… – Responde Carlos.

– Pergunta se ele tem um. – O mais baixo cutuca o outro, ansioso.

– Deixa que eu falo! Vai ficar me interrompendo aqui também? – A resposta do outro visitante demonstra um certo destempero.

– Vocês… são alienígenas? – Carlos pergunta enquanto observa melhor a nave sobre sua cabeça.

– Depende do ponto de vista. Para nós, você que é. – O menor responde sem pestanejar.

– Peraí, o que a gente combinou, Barii? Eu que vou fazer contato com o clitoriano, não você! – O mais alto agora deixa de olhar para Carlos e começa a discutir em voz baixa com seu companheiro.

– Meu nome é Carlos.

Os dois param sua discussão rápida e se voltam novamente para o terráqueo.

– Barii, mas o segundo i é mudo.

– Como se ele soubesse que tem um segundo i no seu nome… E não tem jeito mesmo, né? Pedir para uma mulher ficar quieta é que nem pedir para um gafarium não trazoidar! Bom, meu nome é Tamaes.

– Prazer, Barii e Tamaes. Vocês vieram de onde?

– Sabe, eu realmente preferiria se eu, como espécie que já dominou a viagem intergaláctica, tomasse a dianteira da conversa! – Diz Tamaes.

– Como quiser.

– Não liga não, Carlos, ele está irritado porque errou o caminho. – Barii

– Vocês não pretendiam parar aqui na Terra?

– “Eu sei o que estou fazendo, eu já passei por aqui antes…” – Barii imita uma voz mais grossa de forma irônica.

– Silêncio, vocês dois! – Tamaes perde a calma.

– Desculpa. – Carlos diz visivelmente assustado.

– Viu o que você fez, seu grosso? Homens são iguais em tudo quanto é planeta… Nós não vamos te fazer mal, terráqueo, não precisa se preocupar, viu?

– Você… é uma mulher? – Carlos pergunta olhando para Barii.

– Ah sim, sempre esqueço que na sua espécie a diferenciação entre os sexos é bem mais acentuada. Sim, eu sou uma mulher. E esse mau-humorado aqui é o meu marido.

Carlos olha para baixo e deixa escapar um sorriso irônico.

– Eu sei o que você está pensando, terráqueo! Mas de onde eu venho, todas as mulheres são assim… Tire esse sorrisinho da cara! – Tamaes aponta o dedo para Carlos, que se força a manter uma expressão mais séria.

– Todas as mulheres são como eu, Tamaes?

– Você me entendeu, Barii.

– Entendi sim! Você não me acha especial! – A expressão de Barii começa a mudar, denotando um começo de choro.

– Não exagera, querida. Você sabe que eu… – Enquanto Tamaes tenta consertar o erro, Barii corre até o facho de luz e volta para dentro da nave.

– Desculpa aí, cara. – Carlos sente uma espécie de empatia intergaláctica.

– Deixa pra lá, ela está naqueles dias. Chorando e reclamando de tudo.

– Sei como é… Mulheres, hein?

– Pelo menos as suas tem aqueles depósitos de gordura nas glândulas mamárias. Vocês clitorianos tem sorte.

– Pois é… clitorianos… Não entendi bem porque vocês ficam chamando os humanos disso.

– A sua espécie, mais precisamente as fêmeas da sua espécie, tem o órgão mais fascinante de todos os povos inteligentes conhecidos. O clitóris.

– E isso é tão importante assim? Digo, a ponto de nomear nossa espécie?

– Bem que me disseram que os homens desse planeta não entendem muito bem do assunto. Para começo de conversa, vocês clitorianos são a espécie que evoluiu mais rápido em todo o universo. Nós, os salenkianos, demoramos trezentos mil anos para inventar o primeiro motor, por exemplo.

– E onde o clitóris entra nisso?

– As suas mulheres podem sentir tanto prazer numa relação sexual que evoluíram de forma a condicionar os homens a passar sua existência inteira se esforçando para conseguir sexo. Nenhuma outra fêmea é tão atraente no universo.

– E isso não deveria atrasar tudo? Não me entenda mal, mas se as mulheres daqui fossem tão parecidas com os homens quanto são no seu planeta, eu dedicaria todo meu tempo para pesquisar e trabalhar.

– Com que motivação?

– Ué, motivação de fazer algo de destaque.

– Para conseguir o quê?

– Fama, poder, dinheiro…

– Com que objetivo?

– Pegar mais mu… Nossa!

– Pois é, clitoriano. E como as nossas mulheres também geram filhos, tem todas as características hormonais comuns às suas mulheres também. Você viu o que aconteceu com a Barii agora de pouco.

– Uau. Eu não imaginava o poder do clitóris para acelerar a evolução. Só as mulheres humanas tem isso, no universo todo?

– Temos registro de uma espécie que desenvolveu clitóris em ambos os sexos, num planeta bem distante daqui.

– Eles evoluíram mais rápido ainda?

– Não, eles morreram de fome. Um trilhão de pessoas num planeta não muito maior do que esse se mostrou bastante insustentável.

– Imagino… Mas, Tamaes, o que vocês vieram fazer aqui? Vão se revelar para os humanos?

– Não, não. A sua espécie é agressiva demais para ser contatada em larga escala pelos próximos dez mil anos. O clitóris não traz apenas benesses, sabe? Mas eu entendo, eu também ficaria raivoso e competitivo se tivesse que competir por essas fêmeas deliciosas… Eu pretendia vir sozinho para cá, até dei uma desculpa sobre pesquisar uns asteróides aqui por perto. Mas Barii… ela cismou que viria junto. Saco! Eu pretendia passar os próximos dias numa dessas suas instituições que oferecem prazer sexual em troca de moeda terráquea.

– Puteiro? Hahahaha!

– Shhh! Se ela descobre isso, me mata.

– Relaxa, eu não vou entregar um colega de gênero. Mas, com a sua tecnologia avançada e tal… Não era mais fácil tentar colocar clitóris nas suas mulheres?

– Elas jamais aceitariam. Dizem que é degradante que os homens queiram que elas mudem seus corpos para agradá-los, dizem que devemos aceitá-las do jeito que elas são… blá, blá, blá…

– Que frescura!

– Pois é, mas o que se pode esperar de um bando de frígidas?

O comunicador no pulso de Tamaes começa a piscar.

– Agora eu tenho que ir, Carlos. Foi uma conversa interessante. Bem mais interessante do que o drama que eu vou agüentar assim que entrar na nave… *suspiro*

– Ah, por que eu?

– Por que entramos em contato com você? Ela insistiu que eu perguntasse o caminho. E você estava convenientemente sozinho. Sem testemunhas, ninguém vai acreditar na sua história.

– Faz sentido. Meio broxante, mas faz sentido.

– História da minha vida… Tenha uma boa vida, clitoriano. E não se esqueça da sorte que você tem.

Carlos acena para o alienígena, que adentra o feixe de luz embaixo da nave fazendo um sinal de “saco cheio”. Uma risada conjunta termina o contato entre as duas espécies. O disco voador sobe numa velocidade impressionante rumo ao céu, desaparecendo da vista em questão de segundos. De forma bem mais lenta, Carlos adentra seu veículo e segue seu caminho.

Coito interrompido.

Des Contos

Redação especial: Um grupo de quatro alunos escolhidos de forma aleatória deve desenvolver um texto narrativo sobre o tema “Solidão”. Cada aluno deverá escrever apenas um parágrafo de no máximo quatro linhas e passar o texto para seu colega de grupo mais próximo, no sentido anti-horario. É vedado ao aluno se comunicar com seus parceiros durante o exercício. A redação deverá ter exatamente 20 parágrafos.
SOLIDÃO

1. O vento frio do final da tarde tornava as rosadas maçãs do rosto de Janice ainda mais distintas de sua alva pele. O conforto do calor gerado pelo chá, que sorvia delicadamente de uma xícara mais velha do que ela mesma, a mantinha atenta ao horizonte. Ela esperava pacientemente pelo retorno daquele homem que encantara seu coração.

2. Mas não havia tempo para holoprojeções no dia da Capitã Janis Ce, encarregada de preparar sua tripulação para a guerra que se aproximava numa velocidade cada vez maior. Com apenas um sinal de seus dedos, a bucólica paisagem de seus adorados livros de ficção de milênios passados voltava à realidade: A Estação Espacial Titannium IX.

3. Janis Ce se sentia muito sozinha. Tão sozinha que ligou seu celular espacial e ligou para sua melhor amiga, a Fernanda. Ela ainda estava super chateada com o que o Matheus fez com ela. Ele prometeu que ela era a única e daí largou dela.

4. Lembrando dos braços de seu ex-amado a segurando de forma firme, Janis Ce esqueceu de tudo mais e começou a se despir. Primeiro tirou a parte de cima de seu traje, expondo seus enormes seios. Começou a brincar com seus mamilos de forma lenta e sensual. Não pode evitar um pequeno gemido, ouvido por um colega que passava por perto.

1. “Não, não posso me entregar a esses desejos impuros.” – pensou enquanto recompunha sua dignidade a tempo de evitar os olhos curiosos dos que a cercavam. Janice, confusa por uma torrente de emoções e desejos, tentava em vão sufocar a paixão que lhe arrebatara a sanidade anos atrás. A vida naquele manicômio havia lhe pregado peças antes.

2. Os efeitos ainda não estudados da órbita do planeta Pirillio na mente dos tripulantes da Estação Espacial eram responsáveis pelo codinome “manicômio”. Mas a posição estratégica, nas bordas do Sistema Binário Calix V, tornava a missão de Janis Ce e sua tropa indispensável para a Federação Interplanetária.

3. Janis Ce ainda estava sozinha… O telefone espacial estava fora de área e ela teve que ir até a sala de jogos da nave para ver se achava algum militar bonitão para jogar seu charme. Ela fez isso por estar solitária.

4.“Sim, eu posso me entregar a esses desejos impuros, eu não sou uma recalcada com medo de expressar qualquer coisa sexual por ser gorda e ter vergonha do que eu sou…” – Janis Ce, enquanto pegava sugestivamente num taco de bilhar, ia se livrando das suas inibições e fixando seus olhos num dos cadetes. Ajeitando o generoso decote, pediu ajuda com as bolas.

1. “Gorda é a sua mãe!” – Gritou um cadete para outro, enquanto riam e se divertiam na sala de jogos. Janice percebeu que aquele lugar estava repleto de homens imaturos e retirou-se para seus aposentos. Se eles quisessem agir como crianças, que o fizessem longe dela.

2. No caminho para seu quarto, Janis Ce percebe um flash de luz. Olhando ao redor, percebe-se sozinha num dos corredores da espaçonave. Imaginando ser apenas mais uma das muitas peças criadas pelo campo magnético errático do planeta que orbitavam, não percebe que um espião rahiano acabara de se teletransportar para sua cabine.

3. Janis Ce, sozinha, entra no se quarto, fecha a porta e deita na sua cama. Ela pega o seu Ipod do espaço e começa a escutar algumas músicas. O triste é que as músicas ficam lembrando ela do Matheus. O espaço é muito solitário.

4. Tão solitário que ela tem tempo de tirar toda sua roupa e começar a se masturbar compulsivamente. Um dedo, dois dedos, três dedos… O punho todo da capitã espacial adentra sua vagina dilatada. Observando a cena, o espião rahiano fica feliz por Janis Ce ser uma GOSTOSA e não uma balofa que deve feder ranço pelas dobras de sua barriga gelatinosa.

1. “Você é ridículo, um homem nojento que deve passar todos os seus dias se masturbando e pensando em mulheres com as quais nunca vai ter uma chance, como eu. Vai embora daqui e deixa esse trabalho para pessoas que não são virgens retardados.” – Disse a capitã para o espião, tão burro a ponto de não seguir um plano simples como o que deveria executar.

2. Enfurecido, o espião rahiano saca sua pistola laser e tenta dar cabo de seu plano para desestabilizar a tripulação da Titannium IX. Em guerra com os humanos há mais de seis séculos, os rahianos são uma espécie guerreira e orgulhosa que não aceitou a libertação do planeta Sapticon VII pela Federação Interplanetária.

3. Sozinha contra o bandido, a capitã começa a gritar “Socorro! Socorro!” até que os soldados da nave entram com tudo na cabine e matam o espião rainhano. Ela fica muito feliz quando vê que Matheus é o soldado que matou o bandido, mas ele vai embora e ela fica sozinha de novo.

4. Percebendo o corpo do espião estendido no chão, a capitã Janis Ce resolve satisfazer o seu maior fetiche: Necrofilia. O rigor mortis no vilão vem a calhar enquanto ela cavalga sobre o pênis azulado. Percebendo a devassidão de seu ato, ela começa a vomitar. Nada que possa pará-la, contanto. Transando com um morto numa poça de vômito, ela é feliz.

1. Eu me recuso a continuar escrevendo este texto, professor. Você vai perceber que eu fui a única que levou o exercício a sério. Que história é essa de estação espacial? E a outra falando sobre um tal de Matheus? E com esse nojento no grupo, não é possível escrever uma história minimamente decente.

2. Subitamente, vários estrondos ecoam pela Estação Espacial. O ataque dos raihianos começara mais cedo que o previsto. O espião era apenas uma distração. Um gigantesco rombo na estrutura da nave começa a sugar toda a tripulação para o espaço sideral. Mas os humanos tinham uma arma secreta, que mudaria o rumo da batalha.

3. Sozinha de novo, Janis Ce pensava em Matheus antes de morrer “Será que ele me ama? Porque eu só consigo pensar nele, até agora na hora da minha morte? Porque ele me traiu?” Ela ligou uma música e esperou para ver o que ia acontecer. Sozinha.

4. A arma secreta dos humanos era uma mulher muito gorda, da qual ninguém gostava. Sua bunda gigante ficou presa no rombo e salvou todos da morte certa. Menos a gorda, que morreu como viveu: Reclamando de tudo e de todos. O universo é um lugar melhor agora: A guerra acabou, a capitã casou com o tal de Matheus e todos foram felizes para sempre. Fim.

NOTA?

Des Contos

Bom dia, Amigos! É a minha estréia no Des…Contos. Quero comunicar que, ao contrário do Somir, sou totalmente incapaz de escrever histórias de ficção. Meu ponto forte são crônicas da realidade. Por isso vou alternar meus dias de Des…Contos com EU DESFAVOR e SIAGO TOMIR, conforme votação do público. Hoje começo com Siago Tomir. Votem nos comentários de hoje se na próxima postagem minha vocês querem EU DESFAVOR (histórias ridículas sobre a minha pessoa) ou SIAGO TOMIR (histórias ridículas sobre a pessoa do Somir). Na véspera da próxima postagem vou contar os votos e escrever o que vocês escolherem.

Para ser sincera, o Siago Tomir de hoje também tem um lado Eu Desfavor…

Era para ser uma viagem romântica. Eu disse ERA, do verbo não foi. Um hotel composto por diversos chalés um bem longe do outro, com uma sede principal onde havia restaurante e outras cositas más. Nosso chalé, atendendo a um pedido meu, era o mais no cu do mundo possível, de modo a que não houvesse chance de ser acordada por crianças chorando, hippies tocando violão ou qualquer outro ruído desagradável.

Logo que chegamos, fomos até a recepção pegar a chave do nosso chalé. Percebi um certo frenesi no ar, pessoas comentando algo bastante agitadas. Fiquei de orelha em pé para tentar descobrir do que se tratava, mas não pude ouvir nada, até porque Siago Tomir ficou me censurando com seu olhar de reprovação. Sério, o olhar de reprovação dele te faz sentir malzão. Desisti de ouvir. Nos alojamos no chalé e fomos jantar.

Sabe aquela pessoa que puxa assunto no elevador, na fila do banco e em qualquer lugar? Pois é, essa pessoa odiosa sou eu. Siago Tomir detesta quem faz isso e detesta mais ainda que eu faça. Inclusive fica me beliscando quando eu faço e me mandando parar. Enfim, eu sou assim, eu puxo assunto com os outros do nada. Na fila para o bufê puxei assunto com uma Senhora que reclamava em voz alta porque não havia brócolis:

Sally: “Pois é nééééé? Brócolis faz a maior falta!”

*Olhar de reprovação do Somir

Amante de Brócolis: “Além de tudo, não tem brócolis!”

Sally: “Além de tudo o quê?”

Amante de Brócolis: “Aquela confusão de ontem à noite!”

Sally: “Que confusão? Chegamos hoje, não estou sabendo de nada!”

*Tomir resmunga entre os dentes que está indo para a mesa e que eu deveria ir também, porque minha comida vai esfriar

Amante de Brócolis: “Meninaaaa! Você não ta sabendoooo?”

Sally: “Nãããããããooooo!”

*Tomir faz sinal por trás da mulher apontando violentamente para a mesa com a mão e com o pescoço, tipo sinal “junto!” que se faz para cachorro

Amante de Brócolis: “AS LUZES! AS LUZES QUE APARECERAM ONTÉM!”

A Senhora dos Brócolis me explicou que na véspera foram vistas diversas luzes estranhas no céu, que haviam sido inclusive filmadas. Estavam fazendo manobras por cima do hotel e o barulho acordou os hóspedes. Segundo ela, uma das luzes acabou descendo no meio do mato, nas proximidades.

Tremendo da cabeça aos pés sentei na mesa e contei o ocorrido para Siago Tomir. E-VI-DEN-TE que ele desmereceu o depoimento da Doida do Brócolis (sim, ele a chamou assim). Disse aqueles clichês de sempre: que ela deveria ter sonhado, que deveria ter bebido, que era uma velha carente que choramingava por causa de brócolis, etc. Sem contar que ficou me sacaneando o resto do jantar. E eu ali, apavorada, dizendo coisas como “eles vieram ME levar, certeza!”. Tomir me esculhambando, dizendo que se fosse para levar alguém seria ele, que é muito mais bonito, importante e inteligente do que eu. A conversa acabou com um “Tomara que te enfiem uma sonda anal!” meu e o Tomir rindo da minha cara. E as pessoas em volta olhando com cara de reprovação, lógico.

Depois do jantar andamos até o nosso chalé, aquele no cu do mundo, lembra? Pois é. Eu não parava de olhar para cima, apavorada. Sabe a aquela sensação de medo-atração? Quando você não quer encontrar mas fica procurando que nem uma pateta? Siago Tomir debochando, me dando sustos e dizendo que a Doida do Brócolis era esclerosada.

Eu já não estava gostando nada de estar ali no meio do mato. E quando eu fico nervosa eu falo pra caralho. Comecei a fazer um discurso dizendo que eles vinham me levar e que iam roubar meu rim. Siago Tomir me lembrou que meu rim é uma merda que não funciona direito e eu me acalmei. Minto, não me acalmei porra nenhuma: “SE eles levarem meu rim eu nunca mais falo com você!”. O babaca ficou rindo de mim! Pode uma coisa dessas?

O problema é que quando você está sugestionada ao medo, como eu estava, qualquer coisinha te apavora. E ele, em vez de me tranqüilizar, ficou me pilhando ainda mais. Provavelmente porque a essa altura ele também já estava com um certo cagasso. Não sou só eu que me pelo de medo de ET. Ele também não gosta muito da idéia de um contato imediato. Ele jura que não tem medo, apenas “não gostaria de ver”. Mas eu acho que se caga nas calças de medo. Ele vai negar. Cer-te-za.

Mandei fechar todas as cortinas, porque não queria vez “as luzes”. Ele ficou rindo e dizendo que as luzes chegariam a qualquer momento. Comecei a rogar pragas para ele, piores que a sonda anal. Comecei a gritar que “Tomara que eles enfiem um laser no seu cu e tatuem ‘sou mulezinha de ET’ na sua nuca” para baixo. Curiosamente Madame se diverte quando eu o xingo. Nunca soube bem porque, mas isso lhe dá prazer. Me tirar do sério lhe dá prazer, ele fica feliz. Criatura estranha.

Quando acabou de fechar as cortinas, mandei ele fechar as janelas “para que eu não seja abduzida”. Pronto. Deu um piti: “Sally, você acha que eles podem fazer viagens intergaláticas mas não sabem abrir uma janela?”. Comecei a gritar que ele me odiava e ia me entregar para os ETs em troca de uma coxinha e um refresco e para não ouvir mais nada ele fechou as janelas.

Quando fechou a última, virou em um tom paternal canastrão e disse “Pronto, agora você está segura!”. Eu sorri. Ele continuou “Não acredito que você não percebeu que essa história de luzes é armação e…”. Nesse momento, uma grande luz surge em uma das janelas.

Eu babacamente escondi meu rosto em um travesseiro e gritei, como se esconder o rosto fosse me ajudar! Era o pavor de ver alguma coisa. Enfiei a cara no travesseiro e fiquei ali que nem um avestruz. Só desenterrei o nariz quando Somir gritou meu nome. Olhei e ele estava com a cortina aberta mostrando que a luz era um carro que estava chegando ao hotel.

Tomei um esporro do tipo “Você tem que se acalmar”, novamente em tom paternal e canastrão. Eu sei que ele também estava nervoso e com medo, mas ficou tentando disfarçar e dizer que não estava! Porra, ele já tinha me falado sobre não se sentir confortável com contatos alienígenas… Ali, no meio do mato, naquela escuridão, não tinha como não ter medo! E quando ele sente medo, ele acha fraqueza, então se esforça dobrado para esconder.

Ele ficou tentando me provar por A + B que SE de fato existiram luzes era armação dos donos do hotel para dar publicidade ao lugar. Criou uma teoria conspiratória altamente improvável, ficou divagando, falou mal de religião e no final das contas o assunto tinha ido parar na dúvida se ele tinha deixado comida para o Goiaba, seu gato de estimação.

Foi quando eu vi mais uma luz pela fresta da janela. Arregalei os olhos e ameacei pegar o travesseiro para enfiar a cara nele. Madame, impaciente, disse “Não acredito nisso! Você sabe que é um carr…” e abriu a cortina de um puxão só. Não era um carro.

A luz vinha de cima. Não sei o que era. Madame ficou tão apavorado, mas tão apavorado, que ato reflexo fechou a cortina gritando “PUTA QUE PARIU!”. Olhei com cara de interrogação e ele disse “Agora pode pegar o travesseiro”. E eu enfiei meus cornos no travesseiro.

Ouvimos moradores gritando do lado de fora. Por algum motivo IDIOTA que não consigo entender, as pessoas saíram dos seus chalés! Só faltou gritar “Sr. ET! Me leve! Faça experiências bizarras com meu corpo!” As pessoas não tem medo não, caralho? Ô povinho inconseqüente! Eu disse para Siago Tomir que os ETs levariam alguém lá de fora e ele disse “Esses idiotas pulando feito macacos? Não, eles vem atrás da elite da humanidade…” e apontou para si mesmo. Eu estava tão nervosa que nem ri da cara dele.

Siago Tomir estava deitado do meu lado na cama, branco e mudo. Não adianta ele vir aqui dizer que não estava com medo, porque estava! Eu vi seu semblante apavorado. Ficamos imóveis por não sei quanto tempo até que eu disse “Confessa que você também está com medo!”. Ele pulou da cama e disse “Não! Não é bem medo…” e ficou se explicando. Então eu disse “Se você não está com medo, vai lá fora ver o que é…” e ele gritou “TÁ MALUCA, SALLY?”.

Seguiu-se um diálogo que infelizmente não me lembro por completo, porque estava muito nervosa, mas vou transcrever o pouco que me lembro:

Sally: “Tá feliz? Tá feliiiiiiiiiiz? Era tudo armação, né? OLHA A SONDA ANAL CHEGANDO!”

Tomir: “Se controla”

Sally: “Tranca a porta”

Tomir: “Viagens intergaláticas… mas não sabem abrir janelas nem portas!”

Sally: TRANCA A PORTAAAAAAA

*Tomir tranca a porta

Tomir: “Não se preocupe, eu não deixaria que te levem” *sorriso maroto A La Rafael Pilha

Sally: “Como se você pudesse impedir!”

Tomir: “Quem disse que eu não posso?”

Sally: “Na primeira rajada mental você fica paralisado”

Tomir: “Rajada mental é coisa de X-Man e não de ET”

Sally: “Eles devem ter poderes”

Tomir: “Quem disse que eles não querem ME levar? Porque tudo é com você?”

Sally: “Eles não vão querer TE levar, você é paulista”

Tomir: “Ah ta, argentina eles querem?”

Sally: “Eles querem misturar meu DNA Portenho com o deles”

Tomir: “Eles devem usar argentino para fazer sabão”

Sally: * cara de choro

Durante um tempo, luzes ficaram indo e vindo, com um barulho bastante estranho. Nenhum dos dois teve coragem de colocar o nariz para fora do chalé. Não sei até hoje o que foi aquilo. Assim que amanheceu fomos embora. Pode ter sido qualquer coisa, pode ter sido algo plenamente explicável (e provavelmente foi), mas fiquei tão apavorada que não quis nem investigar. Procurando na internet, descobri que a área é conhecida por aparições de supostos OVNIs. Nunca soube e nunca vou saber o que foi aquilo. Se alguém que está lendo isto estava nesse dia (e é possível saber pelos detalhes do meu relato), por favor me informe QUE PORRA FOI AQUELA!

Siago Tomir também estava apavorado, mas até hoje diz que só foi embora porque eu pedi. Até parece que ele faz alguma coisa que alguém pede… esse aí só faz o que quer da vida. E ainda bem que a gente foi embora no dia seguinte, porque NÃO, ele não tinha deixado comida pro Goiaba. Que tipo de pessoa esquece de dar comida para seu gato? SIAGO TOMIR!

Para me dizer que quando se trata de ETs eu me porto como uma histérica, para responder a quem disse isso que se isso é ser histérica homem é tudo palhaço e para dizer que eu posso ter medo de ET porque sou mulher mas Siago Tomir não pode porque é homem e ficar chamando ele de bichinha: sally@desfavor.com