DRAMA! CAPÍTULO 3, CENA 1:

Na sede da Green & Green Inc., Somir está parcialmente sentado sobre a mesa de sua secretária/modelo/manequim, murchando a barriga:

SOMIR: (…)E aí eu disse para ela que quem mandava ali era eu. Eu sou super sossegado, sabe? Mas não queiram me ver saindo do sério!
SECRETÁRIA: É por isso que eu sempre vou te tratar bem, senhor Somir.
SOMIR: O que eu disse sobre essas formalidades?
SECRETÁRIA: Desculpa… É que o senh… Você passa tanta autoridade pra gente…
SOMIR: Faz parte do meu trabalho. Mas não se preocupe que eu não mordo não.
SECRETÁRIA: Que pena. Hihihihihi…
SOMIR: *vermelho* Ahem… Você… terminou os relatórios que eu te pedi semana passada?
SECRETÁRIA: Ai, sabe o que é? Eu me atrasei um pouquinho hoje porque fiquei a manhã inteira passando creme no meu corpo e não deu para terminar…
SOMIR: C-c-creme?
SECRETÁRIA: É que minha pele fica tããããooo ressecada, olha só o estado da minha perna… *levantando levemente a saia*
SOMIR: P-p-parece ótima… pra mim…
SECRETÁRIA: Mas não se preocupe, viu? Eu termino os relatórios até amanhã. *ainda mostrando boa parte das coxas*
SOMIR: Eu… *babando* Preciso delas… deles para hoje e…
SECRETÁRIA: O senhor vai me demitir? *fazendo cara de choro*
SOMIR: Não! Não precisa chorar… Eu dou um jeito e termino mais tarde.
SECRETÁRIA: O senhor é tão bom para mim. Gostaria de ter como… retribuir… *mordendo o lábio*
SOMIR:*ajeitando o colarinho*

O celular de Somir começa a tocar. A chamada é de sua irmã, Sueli:

SOMIR: Alô?
SUELI: Maninho?
SOMIR: Fala.
SUELI: Eu passei aqui na sua casa e você não estava…
SOMIR: Mas é óbvio, anta, diferentemente de você, eu trabalho.
SUELI: Hmpf! Parece que não é só você que está ocupado, viu?
SOMIR: Como assim?
SUELI: Sally parece nervosa… E tem uma pessoa assoviando no banheiro…
SOMIR: O pedreiro. Você me ligou por causa disso?
SUELI: Você sabia?
SOMIR: Claro!
SUELI: E não achou nada demais?
SOMIR: Achei um absurdo o preço, mas a Sally teimou que precisava reformar o banheiro!
SUELI: Com um pedreiro desses eu reformava a casa toda!
SOMIR: Hã? Do que você está falando?
SUELI: Me diz uma coisa, foi a Sally que escolheu o pedreiro, né?
SOMIR: Foi… Uma amiga do prédio indicou.
SUELI: Eu sempre desconfiei dessa sua esposinha... *ligação cai*
SOMIR: Alô? Alô?

Somir dá um sorriso amarelo para a secretária e avisa que hoje vai almoçar mais cedo. Depois de sair calmamente da vista da bela atendente, sai correndo desesperado rumo à sua casa.

DRAMA! CAPÍTULO 3, CENA 2:

Enquanto isso, na comunidade Nova Esperança, Olavo acaba de sair do banho preparando-se para seu segundo turno de trabalho do dia:

OLAVO: Pombinha, você viu a minha pasta…

Ele percebe que Kelly está dormindo de bruços, toda esparramada na cama de casal. Completamente nua. Olavo permite-se apreciar a vista por alguns instantes, quando começa a perceber algumas marcas avermelhadas nas costas de sua esposa.

OLAVO: “Deve ter dormido numa cama desconfortável na casa da amiga. Coitada.”

Percebendo a oportunidade rara, Olavo arrisca se atrasar para aproveitar um momento de intimidade com Kelly. Conhecedor do sono pesadíssimo de sua mulher, posiciona-se em cima dela sem se preocupar com sons ou movimentos bruscos.

OLAVO: “Hoje é dia! Vamos lá… Uhnf… Uau! Ela já está pronta… Minha pombinha nunca me decepciona. Unhf… Nossa, ela está muito mais pronta do que o normal… E que cheiro é esse? Parece cheiro de lubrificante… Será que ela colocou para eu aproveitar? Uhnf… Com certeza… Eu sou o homem mais sortuuuuu… ah… do mundo…”

Depois de três minutos de sexo, Olavo percebe que pode ficar mais alguns minutos abraçado antes de sair.

DRAMA! CAPÍTULO 3, CENA 3:

Na favela Velha Esperança, Lindamár acaba de arremessar um vaso (o único da casa) na cabeça de Pilha, que agora está desacordado:

LINDAMÁR: Putaquepariuputaquepariuputaquepariu… Não morre, Pilha! Não morre!

Pilha começa a abrir os olhos, apresentando uma feição ainda mais desorientada do que a de costume.

LINDAMÁR: Meu amor! Desculpa! Eu não queria te machucar!
PILHA: O que… o quê aconteceu?
LINDAMÁR: É… *sem graça* Você caiu de cabeça no vaso. Hihihi… Você está bem?
PILHA: Estou sim, meu amor. Ficou alguma marca no meu rosto?
LINDAMÁR: Ficou uma marquinha… Vai ter que levar um pontinho… ou trinta… E está sangrando um pouquinho.
PILHA: Poxa, a maquiadora vai ter um trabalhão hoje à noite.
LINDAMÁR: Maquiadora? Vai se prostituir de novo, Pilha? Eu disse que não precisa!
PILHA: Hahaha! Você é tão espirituosa, Juma…
LINDAMÁR: Juma?
PILHA: Não posso me atrasar, o Lulu está me esperando. Eu tenho um país para deixar apaixonado. *sorriso canastrão*
LINDAMÁR: Ai meu Gezuiz amado!

Pilha se levanta, sacode a poeira e vai até o banheiro lavar o sangue que escorre em seu rosto.

Lindamár pega o celular e se prepara para fazer uma ligação a cobrar.

DRAMA! CAPÍTULO 3, CENA 4:

Na casa ao lado, outra ligação a cobrar acaba de ser completada:

CARLÃO: É daí que pricisa dum hómi forte, moreno e máchulo pra dá uns trato numa mulé sozinha?
VOZ FEMININA: SIM! Você acha que dá conta do recado?
CARLÃO: Recado? É trampo de óficibói?
VOZ FEMININA: Hahaha… Bem humorado, conta pontos. Faz o seguinte, anota esse endereço e vem fazer a entrevista hoje mesmo! Ah, meu nome é Helena.
CARLÃO: Carlão Jamanta. Pódi sê agora?
HELENA: SIM! Anota aí, Jamanta… *risinho*

Carlão anota um endereço mal e porcamente no jornal, enquanto Pantera pergunta incessantemente o que está acontecendo. Após três tentativas, Carlão finalmente acerta a grafia da rua e desliga a chamada.

PANTERA: E aí, mano?
CARLÃO: Tô indo lá agora… Na rua João da Silva. Pertin daqui, no bairro dos bacana.
PANTERA: Cê é corajoso, mano… Deve sê mó gorda escrota…
CARLÃO: Tô nem aí… Já catei cada coisa di graça! Essa aê paga pelo menos…
PANTERA: Só… Lembra daquela do bigode?
CARLÃO: Num me lembra disso… Vô tomá um banho pra vê se tiro uma gorjeta.

Carlão termina seu “ritual de beleza” e segue rumo à casa de Helena.

DRAMA! CAPÍTULO 3, CENA 5:

Meia hora depois, na casa dos Somir:

SALLY: Eu já disse que não estava fazendo nada, Somira!
SUELI: Claro, eu cheguei a tempo! E se não temia nada, por que derrubou o meu celular?
SALLY: Sua mal-comida ridícula, o seu sonho é estragar o MEU casamento, né?
SUELI: Eu só estou em busca da verdade. Quero mostrar para o meu irmão quem você é de verdade!
SALLY: *bufando* Somira, eu vou te enfiar a porrada!
SUELI: O meu nome não é Somira! É Sueli!
SALLY: SOMIRA! SOMIRA! SOMIRA! SOMIRA! SOMIRA!

Sueli se joga em cima de Sally, ambas começam a se estapear.

O pedreiro esboça uma risada enquanto toma uma cerveja tirada diretamente da geladeira.

SUELI: AAAI! ME SOLTA!
SALLY: Nem pra brigar você presta…
SUELI: Me solta agora senão…
SALLY: Senão?
PEDREIRO: Moças, é melhor separar… Brincadeira de mão não dá certo…
SUELI: Ela começou!
SALLY: Eu? Sua vadia mentirosa!

Ambas começam a brigar novamente, Sally monta em Somira, cujo vestido sobe até a altura da cintura, expondo sua calcinha gigantesca. Somira puxa o top de Sally, expondo seu sutiã. O pedreiro cover de centro-avante argentino tenta apartar a briga puxando Sally pelas costas.

A porta da frente abre com violência, Somir entra em casa e depara-se com a cena.

SOMIR: O que CARALHOS está acontecendo?

Sally, Somira e o pedreiro, descabelados, avermelhados e suados, param tudo o que estão fazendo e olham de volta para Somir.

Somir, vermelho feito um pimentão, apenas demonstra um tique no olho esquerdo. Sally olha para si mesma e percebe em que situação se encontra no momento.

SALLY: Eu posso explicar…

CONTINUA…

Na linha “batendo em gente morta”, o Processa Eu de hoje volta desmistificando mais um Zé Ruela histórico: Gahatma Mandhi, um frouxo metido a Jesus Cristo de tanga cuja passividade era tão conveniente ao resto do mundo, que o promoveu a “líder” e exemplo a ser seguido. Realmente, convém às demais nações que todos sigam o exemplo deste mosca-morta (com trocadilhos).

Mandhi defendia o princípio da não-agressão (forma não-violenta de protesto), conhecido na Suíça como Satyagraha, que em suíço significa “apanhe calado”. Vocês podem imaginar como esta pessoa me aborrece, não é mesmo? Logo eu, que sou bem chegada numa boa e velha porrada! Só o esporro constrói, minha gente, pacifismo é o cacete! Mas para ele, o inimigo deveria ser enfrentado com passividade, de mãos vazias, ou seja, deixar te bater até cansar. Se dedicou a defender uma panelinha do seu país, dividido em Lado A e Lado B, pela via da passividade.

Vamos contextualizar: Mandhi nasceu na Suíça, um país xexelento, onde vaca vale mais que gente, onde a população local acha bacana tomar banho em um rio onde tem cocô, gente morta e lixo. Um país que só é referência quando o assunto é diarréia.

Ao contrário do que muitos acreditam, ele não era um desfavorecido no sistema de castas suíço. Era filho de um político com uma situação bem razoável. Apesar da pinta de boiola, Mandhi se casou aos 13 anos de idade (obrigado pela família, evidente) com uma menina da mesma idade, chamada Katruba (o nome é tão bizarro que eu achei que a melhor piada seria mantê-lo no original). Mais tarde, a família decidiu que ele deveria estudar direito na Inglaterra. Esta viagem para estudos era vedada pelo rígido sistema de castas suíço e mesmo assim, desafiaram o sistema para mandar Mandhi para bem longe dali. A pergunta que não quer calar: quão insuportável este ser humano não deveria ser para que seus pais desafiem dogmas na intenção de se livrar dele por alguns anos?

Enfim, a família despachou o tanga-frouxa para a Inglaterra. Mamãe Mandhi o fez prometer que ele iria se abster de mulheres (o que não deve ter sido esforço), vinho e carne. Com uma mãe dessas, não me admira que ele tenha se tornado o rei da passividade mesmo. Coisinha inerte! Não fode (se bem que, ela disse “mulheres”…), não bebe e só come mato. Atendendo o que Mamãe mandou, só comia capim (apropriado para uma mula). Não contente, ainda começou a propagar os benefícios de ser vegetariano. Lembre-se, sempre que um vegetariano mala vier te pentelhar, que a culpa é de Mandhi. Palavrão mental nele!

Relatos históricos contam que ele tinha muita dificuldade para exercer advocacia porque “era muito tímido”. Eu sinceramente acho que tinha dificuldades porque era muito frouxo. Cá entre nós, porque merda escolhe uma profissão onde tem que ser atuante, extrovertido e combativo se tem vocação para saco de pancadas? Foi trabalhar na África do Sul, porque aparentemente, no seu país ele não valia mais que uma paçoca.

Como todo frouxo, tentou romantizar sua incapacidade e revesti-la do manto da dignidade para justificar sua covardia e incompetência. Frase atribuída ao nosso Desfavor: “Eu percebi que a verdadeira função de um advogado era unir rivais de festas a parte”. É sim, Amigão, a função do advogado é essa mesma. Vai fundo! O mundo é lindo e todo mundo tem que se abraçar e se beijar. Não existem filhos da puta, escrotos, canalhas e gente perigosa que precisa ser punida e trancafiada. Vamos todos nos amar, o mundo é só amor.

Mandhi começou a criar um certo tumulto na África do Sul. O Sr. Generosidade começou a defender os direitos da panelinha suíça dele, a casta dos HinCus e a população local começou a ficar irritada. Certa vez, estava voltando da Suíça para a Africa do Sul, e a putez das pessoas com esse pentelho era tanta, que neguinho (sem trocadilhos) se juntou e, tamanha a irritação, fez um corredor polonês e começou a cobrir Mandhi de cascudo! Tentaram linchá-lo e Mandhi escapou usando um disfarce. Ora… cadê a resistência pacífica? Tinha que ter apanhado calado e não fugido disfarçado! Ahhh… os mitos são tão hipócritas!

Nosso herói de tanguinha ficou vinte anos na África do Sul defendendo os interesses da sua panelinha. Consta nos livros que fez celibato por trinta anos de sua vida (e você ainda reclama do seu marido!). Um sucesso! Não comia ninguém, apanhava de geral e ainda apanhava calado. Seria Mandhi o primeiro nerd do qual se tem registro?

Ele se orgulhava de adotar a inércia contemplativa como modo de vida. Quando foi imposto um registro obrigatório para a panelinha dele, Mandhi sugeriu que ninguém se registre. Nada de brigar, nada de pancadaria. Apenas desobediência. É mais ou menos como se você fosse parado em uma blitz pela polícia carioca, te mandassem mostrar seus documentos e você apenas dissesse “Não”. Evidente que ia dar merda. Ou parte para o confronto, ou argumenta ou se submete. Mas para Mandhi não, o bacana era a Satyagraha, que significa “pirraça” em suíço. É por essas e outras que foi preso diversas vezes.

Inventou um novo modismo masoquista, a ahimsa. Disse que era favorável a atacar um sistema injusto, desde que sempre amemos as pessoas envolvidas. Ou seja, se alguém vem te enfiar a porrada, você primeiro se defende com todo seu amor ao próximo (eu me defenderia com um pedaço de pau ou uma pedra, mas tudo bem) e só depois reage, contra o sistema (e não contra a pessoa) tentando mudar o sistema que acarretou essa agressão. Gente magricela é assim, sabe que vai perder na porrada então inventa os argumentos mais mirabolantes para justificar as surras que leva.

Mandhi começou a organizar marchas da sua panelinha e pedir que eles se recusem a trabalhar, sempre com base na Satyagraha, que significa “chantagem” em suíço. Muito estresse depois, deram um “cala a boca” para a panelinha dele, como quem dá um biscrok a um cachorro, e isso fez Mandhi pensar que podia conseguir tudo que queria na base da chantagem! Decidiu que o hit era a desobediência civil somada ao uso da não violência. Voltou para a Suíça e começou o marketing pessoal de sua teoria. Fez uma ceninha dizendo que iria morar nas ruas, mas uma doação “anônima” (mentira, negociava com poderosos Suíços para pentelhar quem lhes convinha) garantiu dinheiro e conforto a nosso tanga-frouxa.

Na base da Satyagraha, que significa “malcriação” em suíço, os trabalhadores conseguiram alguns “cala a boca” e ficavam se sentindo vitoriosos. Quando a chapa esquentava muito, Mandhi fazia greve de fome (Seria Anthony Garotinha uma encarnação de Mandhi?). Chegou a um ponto que Mandhi estava se achando tanto (nove em dez na escala Lohn Jennon de arrogância), que decidiu convocar uma greve geral. Viu que ia passar vergonha e voltou atrás, cancelando tudo. Nada contra os manipuladores, desde que eles tenham competência para tal. Que vergonha, hein? Amarelou.

Seu maior factóide foi a Marcha do Sal. Havia uma lei que proibia as pessoas da panelinha dele de fazer seu próprio sal, obrigando-os a comprar sal e pagar taxas. Mandhi mandou todo mundo desobedecer, mas sem violência. Conclusão: neguinho marchou grandes distâncias para pegar água do mar e fazer seu próprio sal, apanhando no caminho, sem poder reagir. Muitos foram presos. Alguns tomaram muita porrada. Vocês conhecem alguém que cumpra uma ordem assim? “Vai lá, desobedece e apanha calado, sem reagir”. Isso é motivo para ser endeusado? Se apanhar que nem um filho da puta e entubar é um grande feito histórico, eu prefiro morrer no anonimato.

Mesmo quando eclodiram grandes guerras nosso amigo saco-de-pancada continuava pregando a Satyagraha, que em suíço significa “bunda-mole”. Chegou a recomendar aos britânicos que utilizem métodos não violentos para combater Hitler (alguém fumou muita maconha por aí?). Se um ditador sanguinário invadir sua casa e levar geral para um campo de concentração, para torturar e matar, dê flores!

Com essa mania de jejuar quando queria alguma coisa, ele emburacou muita gente. Em 1942 ele foi preso com outros líderes e decidiu que todo mundo ia jejuar. Resultado: todos morreram e só ele sobreviveu (será que ele também escondia presunto na caixa da privada que nem o Garotinho fez?). Muito bacana essa Satyagraha, que em suíço significa “mate os amigos de fome, mas não mate os inimigos”. Tocou a coisa no jejum por muito tempo, sempre que queria algo, jejuava. Algumas vezes funcionava, outras não.

Onde está o “grande líder”? Batalhou por uma panelinha de seu país, na base da chantagem e da incolumidade física de seus seguidores, porque quando a porrada estancou para cima dele, fugiu disfarçado, lembram? Que tipo de demente idealista acha que pode combater tudo com PASSIVIDADE? Pior, a passividade DOS OUTROS! Qual é o valor de apanhar calado? Na minha terra, tem valor quem arregaça as mangas e faz acontecer, quem batalha, quem argumenta, quem rala.

Para quem endeusa esse imbecilóide, eu pergunto: se o seu filho apanha feito um condenado no colégio e volta para casa lhe perguntando o que fazer, você responde que ele continue apanhando calado e que não ataque as pessoas, que as ame e ataque o sistema? Você pode até não mandar seu filho bater de volta (eu mandaria, com um taco de baseball), mas com certeza vai orientá-lo a tomar alguma providência para que isso não se repita.

Alguém me explica ONDE ESTÁ O MÉRITO desse sujeito! Não consigo ver mérito no Rei da Inércia Contemplativa. Não consigo ver mérito em um líder que expõe os seus a uma série de violências impedindo que eles se defendam!

E para você, leitor hipócrita, que dizer que segue os ensinamentos de Mandhi, lhe informo que ele resumia sua sociedade ideal em cinco pontos: igualdade, nenhum uso de álcool ou drogas, unidade, amizade e igualdade para as mulheres. Por isso, meu Camarada, se quiser dizer que segue os ensinamentos de Mandhi, primeiro cancele aquele chopinho com os amigos.

Se algum hippie idealista cabeça oca quiser defender essa tripa se tanga, fique à vontade, mas já aviso que faço questão de não responder.

Para tentar me convencer que a Suíça é um país com rica cultura milenar em vez de um chiqueiro humano imundo, para me acusar de incitar a violência e para sugerir nomes para o próximo Processa Eu!: sally@desfavor.com

NARRADOR: Diretamente de Genebra para o mundo, aqui começa mais uma edição de Soooomiiirrr Eeeeentrevistaaaaaa!!!

*palmas*

SOMIR: Bom dia, boa tarde, boa noite! É com imenso prazer que voltamos à Suíça para continuar com nosso trabalho. E vamos acelerar o começo do programa porque hoje entrevistaremos um dos grandes ídolos do automobilismo suíço, Burrens Rabichello. O qual todos chamamos carinhosamente de Burrinho.

Táxi!

SOMIR: E com vocês… BURRINHO!

*palmas*

SOMIR:

PLATÉIA:

SCHUMACHER: Olá!

*platéia vem abaixo*

SOMIR: Eu que não vou perder essa chance! Vamos começar logo a entrevista! Schumacher, é um imenso prazer tê-lo aqui hoje. Mas… Eu posso saber como você veio parar neste nada humilde programa?

SCHUMACHER: Eu estava indo para a minha casa aqui na região e vi um rosto conhecido no carro ao lado enquanto esperava o sinal abrir. Era o Burrinho. Ele acenou para mim, eu respondi. Assim que o sinal abriu, eu não sei o que deu em mim, enfiei o pé no acelerador e comecei a seguir meus instintos. Acabei aqui no estúdio.

SOMIR: Bom, isso explica porque Burrinho ainda não está aqui.

SCHUMACHER: Isso e a batida que eu dei no carro dele para ultrapassar.

SOMIR: Já que temos tempo, vamos logo às perguntas. Você é o maior vencedor da história da Fórmula 1, com sete títulos mundiais e praticamente todos os recordes da categoria. Mas sempre vão se lembrar de outros pilotos como as verdadeiras lendas das pistas. Você se sente o Pete Sampras do automobilismo?

SCHUMACHER: Sim, quando eu volto para minha mansão, para os braços da minha esposa modelo e para meus milhões de euros, eu fico preocupadíssimo com isso.

SOMIR:

SCHUMACHER: As suas piadinhas só afetam perdedores. Sugiro que você…

BURRINHO: PAREM ESSA ENTREVISTA AGORA!

SOMIR: Se eu ganhasse um euro para cada vez que ouço isso…

BURRINHO: A entrevista é minha, Schummy!

SCHUMACHER: Calma, Burrinho! Eu só cheguei antes em nome dos velhos tempos. Você pode se sentar aqui no chão ao meu lado e responder algumas perguntas também. Nós já somos ex-corredores agora. Estamos no mesmo nível.

BURRINHO: Eu ainda estou na ativa!

SCHUMACHER E SOMIR: Sério?

BURRINHO: E eu sou o convidado! Exijo minha própria poltrona, não vou dividir mais nada com você, chucrute! Cadê a minha poltrona?

SOMIR: Produção?

*A produção traz outra poltrona e coloca ao lado da onde está sentado Schumacher*

BURRINHO: Ei! A minha é mais baixa do que a dele!

SCHUMACHER: Para você não perder o costume de me ver no lugar mais alto.

*risos*

SOMIR: Vamos continuar a entrevista então. Schumacher, você poderia nos dizer qual foi a sua corrida mais…

BURRINHO: Não vai perguntar nada pra mim? Eu acabei de ficar em segundo lugar na primeira corrida do ano, na frente das Ferraris, das McLarens…

SCHUMACHER: Ok, eu deixo você responder primeiro.

SOMIR: Tudo bem. Burrinho, como era a sua relação com o Schumacher na Ferrari?

BURRINHO: *suspiro* Tínhamos uma ótima relação, enquanto ele ganhava as corridas, eu tinha um papel muito importante…

SCHUMACHER: Papelão…

*risos*

BURRINHO: Olha lá! De novo! Ele não me deixa nem terminar as frases antes dele! Ele deveria me agradecer por tudo o que eu fiz e ao invés disso, me sacaneia.

SOMIR: Burrinho, você tem mania de perseguição.

SCHUMACHER: Ficou vários anos me perseguindo.

*risos*

BURRINHO: *bufando e dando uma golada de sua caneca*

SOMIR: Não vamos perder o pique. Burrinho, o Brasil inteiro te pediu para bater no carro do Hamilton na última temporada e ajudar Felipe Massa, e eu sei que você tem uma relação muito boa com os brasileiros. Pediram demais para você?

BURRINHO: Eu sou um corredor ético, Somir. E além disso ele nunca entrava na faixa da direita.

SOMIR: Faixa da direita? Na Fórmula 1?

BURRINHO: É, o Schummy me aconselhou a usar a faixa de ultrapassagem só quando necessário. Pelo menos uma boa coisa ele me ensinou!

SOMIR: Burrinho, não existe isso em automobilismo.

SCHUMACHER: *segurando o riso*

BURRINHO: Hã? Eu fiquei esses anos todos dando farol alto para os outros carros à toa?

SOMIR: Farol alto?

SCHUMACHER: *caindo na gargalhada*

BURRINHO: É POR ISSO QUE EU NUNCA CONSEGUIA ULTRAPASSAR!

SCHUMACHER: Eu só estava brincando com você, Burrinho! Você sabe que você é meu corredor predileto, não é mesmo? *rindo*

BURRINHO: EU TE ODEIO! EU TE ODEIO! EU TE ODEIO!

SOMIR: Calma! Burrinho, vamos continuar a entrevista, ok?

BURRINHO: Ok…

SOMIR: Schumacher, nós conhecemos o piloto, mas sabemos muito pouco sobre a pessoa. Conte-nos sobre sua família.

SCHUMACHER: Eu tenho uma esposa linda e três filhos.

BURRINHO: Dois filhos, Schummy.

SCHUMACHER: Anh… Sim, dois filhos. Não tenho muito o que falar da minha família, Somir, eles me deram todo o apoio que eu precisei nesses anos de domínio total e absoluto sobre a Fórmula 1.

SOMIR: E você, Burrinho, está com a sua família aqui?

BURRINHO: Sim, minha mulher e meu filho estão ali na platéia. Diz oi para o papai, campeão!

FILHO DE BURRINHO: Vrrruuummm… *com uma Ferrari de brinquedo nas mãos*

SOMIR: Qual o nome dele?

BURRINHO: Eduardo. Eu ia chamar de Burrens Rabichello Segundo, mas…

SCHUMACHER: Percebeu que era pleonasmo?

*risos*

BURRINHO:

SOMIR: E aí, você acha que ele vai seguir sua carreira?

BURRINHO: Ele quer ser piloto que nem o pai. Ele é muito competitivo, quer ganhar tudo o que disputa e tem talento para isso. Foi campeão de um torneio de kart-mirim vencendo todas as etapas de ponta a ponta! É o orgulho do papai!

SCHUMACHER: *tomando um gole de sua caneca* E bota orgulho nisso! Ele é de uma linhagem de campeões e…

BURRINHO:

SOMIR:

SCHUMACHER:

PLATÉIA:

BURRINHO: Porra Schummy, chegou antes até nisso?

SOMIR: É melhor terminar por aqui. Até semana que vem!

*créditos*

Você precisa ter aquela conversa com o Zé Ruela (ou com um Zé Ruela). Aquela conversa que será desagradável para ele (quase todas o são quando envolve discussão de relacionamento). Existe forma de tornar ele mais receptivo e mais aberto a escutar o que você vai dizer? Não custa tentar. Após anos de guerrilha amorosa, aprendi algumas coisas sobre estas conversas. Lição 1: melhor não tê-las e induzir veladamente ele a fazer o que você quer. Caso não queira seguir a Lição 1 e ainda tenha esperanças de conseguir alguma coisa de um Cueca na base da honestidade, ficam alguns conselhos da Tia Sally (perco o homem amado em três dias, beijosmeliga)

NÃO CONVERSE AO ACORDAR – Eu sei que quando tem um sapo entalado na nossa garganta é muito difícil não cuspi-lo na primeira oportunidade, mas temos que ser fortes. Pela manhã eles não costumam funcionar muito bem, além disso, a idéia de começar o dia com pentelhação já os deixa predispostos a escutar o que quer que seja de má vontade. Deixe o Zé Ruela acordar, ir trabalhar, viver o seu dia, e só depois comece a preparar o terreno. Você vai precisar desse tempo para preparar o terreno, confie em mim. Até porque, depois de um dia inteiro, pode ser que você reavalie o motivo da sua irritação e ele pareça menos grave.

GLAMUROSA, RAINHA DO FUNK – Nem pense em ter essa conversa com uma roupa qualquer, descabelada ou ainda com a cara inchada de tanto chorar. Um amigo gay me ensinou isso: DR se tem de salto alto! (“a-gu-lha”, nas palavras dele). Se você entrar em campo mostrando o quanto está abalada e vulnerável por aquilo que ele te fez, já perdeu. Vá ao salão ou se cuide em casa. Unhas feitas, cabelo deslumbrante, maquiagem a prova de água (pro caso do arrombado escroto te fazer chorar – nunca se sabe), perfume e tudo mais que seja agradável ao Cueca em questão. Homens são mais receptivos a belas mulheres. Quanto mais atraído ele estiver por você na hora, mais atenção ele vai prestar (ou fingir que vai prestar) e mais chances de você ter seus pedidos atendidos (ou fingir que serão atendidos).

NÃO AVISE – Já falei sobre isso aqui. Não se anuncia DR. Anunciar DR é a mesma coisa que anunciar chifre: vai dar merda. Jamais, eu disse JAMAIS solte a frase “Precisamos conversar”. Isso causa arrepios em um Cueca e faz ele querer correr para o bar mais próximo com os amigos e te evitar pelas próxima duas semanas. Seja ninja: silenciosa e mortal. Nem mesmo no momento em que você efetivamente começar a DR eu recomendo anunciar. Pode ser que ele nem perceba que é uma DR, ao menos no começo. Se puder, conduza a conversa até um ponto próximo ao que você quer falar, e introduza o assunto com um “já que você tocou no assunto…”. Se ele se aborrecer no meio do caminho, você faz cara de indignação e diz “Porra! Mas quem puxou o assunto foi você, eu não ia falar nada…”.

A ISCA – Convide seu Cueca para um programa que seja do agrado dele. Pode ser um jantar na sua casa, pode ser uma viagem, pode ser qualquer coisa, desde que seja possível conversar (já vou avisando que se fizer DR no cinema as pessoas reclamam, já fiz isso uma vez e jogaram pipoca em mim). Apareça linda, maravilhosa e sorridente. Sim, você pode estar querendo pendurar ele no varal pelo saco, mas não vamos transparecer isso, vamos? Não, não vamos. Se precisar, recomendo uma colher de Maracujina ou um comprimido de Passiflorine. Não precisa ser artificialmente carinhosa com ele, apenas não chegue entrando de sola. Exemplo mal sucedido de um evento onde entrei de sola: “Boa noite, Sally!” R: “Só se for para você!”. Isso não se faz. A pessoa se fecha, se arma e fica na defensiva.

SÓ LOVE, SÓ LOVE – Faça o programa combinado. No meu caso, tenho uma predileção por jantar. Dou fora nos outros jantando, faço declarações de amor jantando, conto segredos jantando, etc. E gosto de fazer em restaurantes, o que costuma impedir que o Zé Ruela se porte de forma vergonhosa, pois há outros seres humanos olhando. Pois bem, tomemos o jantar como exemplo. Você está lá, jantando com o Cueca. Sorria, converse, seja agradável. Deixe o jantar transcorrer. Tente conversar sobre coisas agradáveis. Uma coisa que costuma funcionar é falar sobre o começo da relação e as boas lembranças. Faça um “recordar é viver”, relembrando com nostalgia episódios legais e engraçados sobre vocês (nota: não cometam o mesmo erro de avaliação que eu já cometi, uma broxada não é um episódio engraçado, mesmo quatro anos depois – fica a dica). Faça ele ter a sensação de que estão se divertindo muito, mesmo que você queira tacar cocô de girafa na cara dele.

O INÍCIO DOS TRABALHOS – Como eu já disse no tópico sobre não avisar, você pode tentar conduzir a conversa de modo que ELE puxe assuntos relacionados com o que você pretende abordar. Quando ELE trouxer o assunto, você solta o “já que você está falando nisso…”. Observe que agora vem uma tarefa que requer grande concentração e controle: manter seu tom de voz baixo e falar devagar. Nós mulheres costumamos elevar o tom de voz e metralhar palavras quando estamos putas. Isso detona um mecanismo de auto-proteção neles que fecha seus ouvidos e os faz pensar em outras coisas e não escutar uma palavra do que dizemos. É quase que um stand by cerebral. Fale lenta e pausadamente, em voz baixa. Use muitas metáforas, eles entendem melhor casos concretos. Sorria, para que ele não se sinta atacado, ainda que sua vontade seja enfiar o pãozinho do couvert no meio do brioco desse filho da puta. É pro seu bem.

RETÓRICA – Tem uma postagem (ou mais de uma?) minha sobre isso no Sally Surtada, então, vou falar por alto. Use muito “eu me sinto” em vez de “você fez”. Fale no plural (estamos mais calmos?), faça parecer que não é de forma alguma uma cobrança, que você apenas está tentando entender a cabeça dele. Depois de um jantar agradável com uma mulher que desperta seu desejo, ele estará relaxado e a verdade sairá mais fácil porque ele estará desarmado (para garantir, não custa fazer ele beber umas taças de vinho também). Claro que ele vai mentir para você, EVIDENTE, eles sempre mentem, está no DNA, mas a conversa será mais produtiva, porque ele vai mentir menos e vai entrar mais coisa na cabecinha oca do Zé Ruela. Se tiver estômago para isso, repita frases de admiração e carinho no meio das frases de DR.

PEQUENOS SUBORNOS – Quando falar com ele, procure o contato corporal moderado. Alise a mão dele, alise a perna dele com a sua por baixo da mesa e outros pequenos toques de carinho que dão a (falsa) sensação de que aquilo não é uma briga e que você não quer matá-lo de forma lenta e dolorosa. Lembre-se, se ele se fechar na defensiva, acabou a noite ali mesmo: ele não vai mais ouvir nada, ele não vai mais atender porra nenhuma do que está sendo pedido e vai começar a ter faniquito de dizer que você sufoca ele, que ele quer espaço (quer espaço? Vai ver Guerra nas Estrelas…) e que está cansado de aborrecimento (mesmo que seja a primeira DR em cinco anos). Adote a postura “um casal joga no mesmo time” e se mostre carinhosa e compreensiva. E aos poucos faça-o refletir sobre o que ele está fazendo (de errado) dizendo que não é necessariamente errado (é) mas que te faz mal, por questões pessoais suas (questões pessoais = não gostar de babaquices escrotas como as que esse imbecilóide faz).

EM ABERTO – Cheguei a uma conclusão depois de perder muitas batalhas por colocar homem contra a parede: o pequeno cérebro de caroço de uva que habita a caixa craniana masculina tem um “delay” no funcionamento. Quando você diz alguma coisa a um Cueca, não deve esperar uma resposta instantânea. Você apenas planta uma sementinha, que poderá ou não (sendo o mais provável o “ou não”) germinar após alguns dias. Não sobrecarregue o minúsculo cérebro, porque o disco rígido deles está ocupado com futebol, gostosas e trabalho. Plante a sementinha e espere germinar. Se você pedir uma resposta, uma decisão ou um feedback imediato, vai tomar um “não” preventivo ou um “sim” impensado que dificilmente será cumprido. Vai tomar qualquer coisa, só para ele se livrar dessa situação agoniante de cobrança. Diga o que tem que dizer e peça para ele pensar no assunto e imediatamente depois MUDE DE ASSUNTO para algum outro assunto agradável, assim o animalzinho não se sente cobrado nem pressionado. A resposta virá tempos depois, vai por mim.

FECHE COM CHAVE DE OURO – Se tiver estômago, termine a noite com ele, de preferência com sexo de boa qualidade. Isso vai fazer com que ele queira te agradar. Veja bem, não é para fazer sexo para conseguir o que quer, é só se você tiver vontade. Se não tiver, vá para casa, mas com um bom pretexto. Nada de sair cuspindo “depois da merda que você fez, não tenho a menor vontade de passar a noite com você”. Sejamos espertas, sejamos ninjas. No confronto não se consegue nada. Temos uma arma poderosa no meio das pernas, não temos que ter medo de usá-la. Enfim, depois de uma boa noite de sexo, agradável e relaxante, é provável que ele se sinta generoso e atenda seu pedido, ainda que parcialmente. Não que ele vá achar por um segundo que você tem razão… Entenda, você é uma maluca histérica que faz pedidos sem propósito, ELE é que será GENEROSO de atender seu pedido despropositado. Quem se importa? Se conseguir o que quer, que se foda se ele não achar que você tem razão. A luta não tem que ser por ter razão e sim por ter o pedido atendido. Foco, Meninas, foco!

REGUE A SEMENTINHA – A memória seletiva dos Cuecas funciona que é uma beleza, então, só para garantir, alguns dias depois da DR Camuflada, faça o assunto ressurgir de uma forma muito sutil. Não é para discutir o assunto, é apenas para relembrar. E logo depois mude de assunto novamente. Eles adoram se sentir compreensivos e piedosos e nos fazer um agrado, só não o fazem quando compramos briga e puxamos um cabo-de-guerra, porque se for para medir forças, eles tem que ser os mais fortes. Mas se for para ser provedor e atender ao pedido de uma donzela indefesa e louca por ele, a boa vontade será maior (cuidado para não cair na linha da chantagem, que é fracasso na certa, pior do que o cabo-de-guerra). Solte no ar algo que seja a deixa para ele virar herói do dia se der aquilo que você insinuou na DR Camuflada e veja o Zé Ruela cair como um patinho.

Pode ser que você não consiga o que quer assim. Pode ser que no fim das contas, você tenha que brigar mesmo. Mas ao menos tente, porque se servir para evitar algumas brigas, já está de bom tamanho.

Não perca a calma. Use a inteligência. Eu sei que muitas vezes dá vontade de dar com o prato na cabeça do animalzinho e que por outras dá vontade de tirar as orelhas e guardar na bolsa para não ouvir os desfavores que os Zé Ruelas falam, mas respire fundo e pense “Eu sou inteligente, eu vou ganhar isso na inteligência”. Como dizia um ex-namorado meu: “Os fins justificam os meios – Negresco”

Para me chamar de manipuladora e se explicar porque merda vem ler meu blog se eu sou uma manipuladora e você condena isso, para dizer que amor de verdade não comporta esses joguinhos e para me perguntar quantas vezes já fiz isso com o Somir: sally@desfavor.com

Muito mais do que uma disputa de opiniões, como já é tradicional aqui na coluna, hoje veremos uma disputa de estilos de vida. Sally é organizada e responsável, Somir tem a capacidade de concentração de um peixe dourado.

Ambos gostam de ser como são e conseguem conviver um com o outro. O que não quer dizer que não vivam discutindo sobre o assunto.

O assunto de hoje é: Até onde a organização é importante na vida de uma pessoa?

Sim, foi culpa minha novamente o atraso do texto.

Estava com saudade de escrever sobre alguma causa perdida. Muito embora só para variar eu esteja escrevendo esse texto com pressa por ter esquecido de prepará-lo com antecedência, aposto que vai ser um ótimo exercício de argumentação.

E se eu falo de causa perdida, eu tenho meus motivos: Para mim nada ajudou mais a humanidade até hoje do que a desorganização, com uma “saudável” dose de irresponsabilidade.

Parto do pressuposto que em um sistema organizado, tudo o que acontece de errado acaba sendo corrigido. A anomalia vira problema e precisa ser resolvida. O sistema organizado sempre espera voltar ao seu estado original.

E não foi voltando ao estado original que as grandes realizações da humanidade floresceram. O processo criativo é essencialmente caótico, ele PRECISA da anomalia, do problema. A resposta é sempre algo simples e sem graça. Se você se organiza muito bem, vai perceber que fatalmente vai dar duas respostas iguais para problemas diferentes. Organização gera padrão. E padrão leva ao erro quando se encontra uma situação inesperada.

“ZZZzzzZZZzzz…”

Ok, ok. Vamos logo ao assunto. Eu defendo que a desorganização tem efeitos benéficos, e que esses efeitos compensam e muito os aspectos negativos quando se quer nortear sua vida pelo lado puramente criativo. Eu sou uma pessoa terrivelmente desorganizada, com dificuldades sérias com prazos, horários e metas. Não vou ser cara-de-pau a ponto de dizer que isso torna as coisas mais fáceis, mas é parte integrante do meu processo de criação.

Respostas são simples, problemas são complexos. Eu não vou ser o primeiro a dizer que o mais difícil na vida é enxergar o problema, fazer a pergunta certa.

E a pergunta certa só aparece depois que você observa as coisas saindo do padrão. Quem decide que as regras e a rotina valem mais do que o improviso acaba perdendo uma boa parte de sua criatividade, e por um motivo: Responde problemas distintos com idéias similares.

Para manter sua ordem, seu padrão, uma pessoa muito organizada enxerga os problemas apenas como coisas a serem resolvidas. Parte do pressuposto errado e começa pela resposta.

“Rrrrooonc… Hã?”

Uma pessoa desorganizada precisa responder de forma diferente a cada problema, já que tem dificuldades de enxergar uma resposta geral. Como eu sei muito bem, isso gera muito trabalho inútil e frustração, mas ao mesmo tempo permite que eventualmente você perceba coisas que ninguém mais percebe, ou mesmo que ninguém mais acha importante.

E é aí que as grandes idéias nascem. Grande parte das grandes invenções da humanidade surgiram de confusões e erros causados por desatenção ao problema principal. Situações que permitiram que a mente em questão percebesse algo que não estava no planejamento inicial.

Eu prefiro uma chance em um milhão de encontrar uma dessas idéias em meio ao caos do que fechar as portas para o inusitado e ser um pouco mais bem sucedido. Entendo que é uma escolha difícil e não pretendo defendê-la como a melhor de todas. Mas quero explicar nesse texto que É uma escolha e todos podem fazê-la. Essa convenção social de responsabilidade e produtividade é mais uma das inúmeras formas de garantir que as coisas funcionem e que todos trabalhem sem reclamar.

E um dos pontos mais importantes dessa convenção é que pontualidade é mais importante do que originalidade. Como se uma coisa valesse mais a pena do que a outra no final das contas.

Não concordo que a pontualidade tenha mais peso do que a originalidade. Na verdade, NADA pode ter mais peso do que a originalidade. Nunca, em tempo algum. O que acontece é que sem essa presunção de que as pessoas são mais eficientes quando respeitam prazos e horários, as pessoas que não trabalham em ambientes que permitem respostas criativas se sentiriam enganadas, traídas. E nosso sutil equilíbrio social viraria caos.

A maior opressão social não é a econômica. É a criativa. A diferença é que ninguém (além da religião) bate palmas para você quando você não tem o que comer no final do dia. Agora, quando você passa o dia todo se matando de trabalhar fazendo exatamente a mesma coisa e sem espaço para criar, sempre vai ter alguém para te dizer que você está indo muito bem. E que tem mais trabalho na sua mesa…

Percebam que eu não digo que uma pessoa organizada não pode ser criativa. Sally é uma pessoa certinha e é a pessoa com a qual eu mais me identifiquei até hoje nesse aspecto. (Ela mais pragmática, eu mais subversivo.) Mas para provar que eu estou certo, perguntem para ela os momentos nos quais nós dois fomos mais criativos até hoje. Sempre no improviso, sempre reagindo a situações inusitadas… Sempre fruto da desorganização.

Sally é criativa APESAR da organização e disciplina. O que me faz imaginar quanto ela seria capaz de fazer se resolvesse relaxar um pouco mais…

E se você que está lendo acha que estou defendo anarquia e falta de noções básicas de civilidade, está na hora de parar de ler palavras e começar a ler idéias. Sabia que a maioria das pessoas não entende muito bem o que acaba de ler? Plavraas sõa apneas iédias, tnato qeu vêoc etsá ledno nroalmemtne.

Enxergue o problema, a solução é só uma conseqüência.

Desorganize-se.

Para dizer que eu sou o reacionário mais anárquico do mundo, para dizer que eu nunca vou ser um gênio ou mesmo para mandar uma foto da zona que é a sua casa: somir@desfavor.com


Qualquer pessoa que me conheça minimamente sabe que eu não sou um primor de organização. Para algumas coisas sou até muito desorganizada. No entanto, minha desorganização é controlada, eu me entendo dentro da minha bagunça. Não perco coisas, não deixo de cumprir minhas obrigações e não atrapalho quem convive comigo. A bagunça encontra um limite muito claro: pode ir até o ponto em que não atrapalhe sua vida pessoal e profissional.

O discurso de “Gênio Indomável” que a Madame deve ter feito sobre a ZONA que é sua casa e seu trabalho pode parecer muito bonito na teoria, mas na prática, quando a pessoa perde as chaves e não consegue sair de casa por causa disso, ou perde a carteira de motorista e fica semanas a pé, não é nada bacana.

Não venho aqui defender uma organização doentia, de separar roupa por cor. Isso é TOC e não organização. A organização que eu defendo é estabelecer critérios mínimos e pessoais para conseguir viver e trabalhar de forma produtiva (e não gastar três horas do seu dia procurando as chaves do carro).

Meu dia é cheio, e por isso mesmo é todo cronometrado. Começa às cinco da manhã. Se algo der errado, atrasa um cronograma que só termina às onze da noite, e me ferra por completo. Pessoas como a Madame aqui de cima, que tem horários mais flexíveis, podem até se dar ao luxo de gastar uma hora do seu dia procurando aquele documento que precisam e não sabem onde guardaram. Eu não posso. E se você tem uma vida corrida, também não pode.

Existe um mito equivocado de que a criatividade apenas brota de uma mente e uma casa desorganizadas. E eu estou aqui para ilustrar o contrário. Quem me acompanha desde sempre de outros blogs e de aventuras orkutianas sabe que eu sou uma pessoa extremamente criativa e não preciso ser desorganizada para isso.

Está na hora de parar de romantizar a desorganização. Desorganização é um DEFEITO, ok? Sem essa de tentar fazer parecer que é uma característica inerente aos gênios ou uma coisa imutável. Qualquer pessoa pode ser organizada caso se esforce para isso. O problema é que as pessoas parecem achar bonito abrir a boca para dizer “Ah, eu sou muito desorganizado mesmo!” ou então “Ih, minha mesa é uma zona!”. É aquela gracinha de ficar ostentando coisas feias como se fosse bacana, a mesma merda de quem diz “Ihhh… ontem eu bebi moooi-to” – dá vontade de falar: Parabéns, quer uma medalha?

O foda é que os desorganizados não se mancam que é um defeito, que isso prejudica e atrasa a vida não apenas deles, mas de todos que estão à sua volta, e pior ainda: tentam diminuir quem é organizado. Cansei de ouvir Madame dizendo que eu sou “toda organizadINHA”. Sentiram o diminutivo pejorativo? Quer dizer, além de ME prejudicar com sua bagunça (atrasos, perder coisas, etc) ainda me menospreza por uma QUALIDADE (sim, lamento, mas SABER ser organizado é uma qualidade). Mando tomar no cu agora ou mais tarde?

Cada um pode criar mecanismos próprios para se organizar, tudo questão de força de vontade e tentativa e erro. Claro, desde que a pessoa admita que sua desorganização é um defeito e causa uma série de transtornos e não um “traço de genialidade criativa inevitável”. O primeiro passo é admitir que bagunça não é bonito e não é motivo de orgulho.

Vejam bem, eu não sou uma certinha neurótica. Existe um meio termo entre a pessoa que perde tudo e a pessoa que organiza Cd por ordem alfabética. Só defendo que UM MÍNIMO de arrumação é necessário para um bom desempenho profissional e para uma convivência harmônica a dois. Uma bagunça no armário, uma toalha molhada, um roupa no chão… tudo normal. Mas aquele caos, que dá a idéia que passou um tornado pela sua casa, começa a ser patológico. E, me desculpem, mas beira à falta de higiene.

Aparência desorganizada não quer dizer desorganização. Se tudo estiver zoneado mas você souber exatamente onde está cada coisa, não tem prejuízo. Mas a partir do momento em que você perde coisas importantes como chaves, documentos e prazos, o discurso “eu me entendo na minha bagunça” cai por terra.

Para me chamar de neurótica, para chamar o Somir de gênio e para sugerir temas: sally@desfavor.com