Síndrome de Estocolmo

Você já ouviu falar de Síndrome de Estocolmo? Pois é, hoje vamos falar dela. Síndrome de Estocolmo é o nome dado a um estado psicológico no qual uma pessoa submetida a um tempo prolongado de intimidação passa a ter simpatia e até mesmo sentimento de amor ou amizade por seu agressor. Sim, isso existe e é mais comum do que a gente pensa. É uma variação do Transtorno de Estresse Pós Traumático. Vamos começar pelo básico.

Ganhou esse nome graças a um assalto ocorrido em um banco em Estocolmo no ano de 1973, onde os assaltantes mantiveram suas vítimas reféns por quase uma semana. A polícia traçou uma estratégia para libertá-los, mas, para a surpresa de todos, os reféns não apenas se recusaram a colaborar, como ainda atrapalharam a ação da polícia usando seus corpos como escudos para defender o assaltantes e responsabilizaram a polícia, aos berros, por tudo de ruim que estava acontecendo. Ficou todo mundo olhando com cara de bunda sem entender nada.

Quando finalmente os assaltantes foram presos, as vítimas insistiam em defende-los e não colaborar judicialmente para que eles sejam condenados. Chegaram a criar um fundo de arrecadação para custear a defesa dos criminosos. O ocorrido chamou a atenção e um psicólogo especializado em criminologia que havia orientado a polícia durante o assalto, chamado Nils Bejerot, que acabou apelidando este estado psicológico de “Síndrome de Estocolmo”. Com o tempo e a notoriedade do caso, o nome se popularizou.

As explicações são muitas, considerando a complexidade da mente humana, mas, como leiga, não me sinto no direito de aprofundar. Em termos bem genéricos, o que acontece é o seguinte: a vítima está sempre em uma condição de sujeição, não pode reagir a aquela intimidação, então, diante dessa impotência e do medo que essa sujeição à intimidação provoca, ela acaba por tentar ver o lado bom de seu agressor, por tentar se identificar com ele, jogando um holofote em pequenas “coisas boas” que ele faça, como lhe dar comida ou um cobertor.

Essa reação incoerente de se sentir grato ao agressor vem da dor e do medo de perceber a situação real de perigo e agressão que está sofrendo. A pessoa se convence que é normal, que não é tão ruim assim, que há uma motivação de alguma forma justificável para fazerem isso com ela, para não ter que lidar com o grau de violência que aquilo representa. Ela simplesmente não consegue lidar com a realidade e sua mente a transmuta ofuscando coisas ruins e ressaltando coisas boas, para que ela possa tolerar o trauma que está vivenciando.

Não é burrice. É um mecanismo inconsciente que nasce diante da impossibilidade de lidar com uma situação muito traumática, somado a um estresse físico e emocional desgastantes. É quase que uma estratégia de sobrevivência da vítima, pois se ela fosse obrigada a confrontar a realidade nua e crua, não aguentaria. Não é escolha, é um processo inconsciente para protege-la, a vítima não se dá conta do que está acontecendo. Há uma identificação emocional com o agressor como forma de negar a real agressão que está sofrendo e como forma de se aproximar dele em uma tentativa desesperada de mitigar os danos que possa sofrer.

Isso normalmente era associado a crimes violentos, como assaltos, sequestros e raptos, o que facilita seu tratamento, pois cessando a agressão, tendem a cessar os efeitos dessa síndrome. E se fosse só isso, eu provavelmente nem escreveria um texto, pois quais são as chances disso acontecer com vocês?Mas, de uns tempos para cá alguns estudos apontam que as relações humanas estão tão estressantes e desrespeitosas que episódios de Síndrome de Estocolmo estão começando a aparecer nas relações do dia a dia, como por exemplo uma relação com um chefe abusivo, pais abusivos ou cônjuges abusivos. Com a diferença de que um crime é pontual, uma relação pessoal é a longo prazo, o que provocaria uma dilação dos seus efeitos. Há quem chame isso de “Síndrome de Estocolmo Moderna”.

Pode reparar que geralmente filhos de mães abusivas ou rompem em definitivo com elas ou então são de uma submissão de dar pena: defendem as atitudes escrotas da mãe sempre com algum fator externo que as justifique: “Ela sofreu muito na vida” ou coisa do tipo. Como se fosse inerente a sofrimento descontar no próprio filho. O mesmo vale para esposas de maridos agressivos: “Ele estava estressado”, como se estar estressado te autorize a bater em alguém. A pessoa não consegue ver a realidade porque sua mente lhe prega uma peça, protegendo-a de algo que lhe seria doloroso demais. Se por um lado aquilo é necessário a ela, também a joga em uma armadilha de não conseguir reconhecer que vem sendo sistematicamente abusada.

O grande mecanismo que escraviza uma pessoa com Síndrome de Estocolmo é a necessidade de autopreservação: a pessoa acredita que não pode sair daquela situação e só se aliando ou simpatizando com o agressor pode conseguir minimizar os danos que vai sofrer. Por isso a vítima procura nunca desagradar seu agressor e ampliar pequenos atos que ele pratica tidos como atos de bondade, mas que na verdade não são mais do que obrigação: “Ele me deu comida” (óbvio, se não você morreria e não valeria nada como sequestrado), “Ela me criou” (óbvio, ela é sua mãe, é obrigação dela te criar) ou “Ele paga meu salário” (óbvio, você trabalha para ele, é obrigação legal fazer isso).

Então, a primeira parte do texto se encerra aqui: para que exista a Síndrome de Estocolmo,não é necessário um crime bárbaro, basta que exista uma relação de poder e coerção, ameaça de morte ou danos físicos ou danos psicológicos e um tempo prolongado de intimidação. E hoje em dia isso pode se dar em relação empregado/empregador, mãe/filho, marido/mulher e de muitas outras formas. Agora que vocês tem essa informação, de que é uma distorção involuntária, inconsciente e necessária para a pessoa, nunca mais quero ouvir ninguém dizer que “Fulana é burra, se ela continua com ele é porque gosta de apanhar”, combinado?

Infelizmente a gente tende a fazer isso. A chama a pessoa de babaca, otária e burra. Mas não é. É uma cegueira intelectual. A pessoa não “gosta” de apanhar como muitos costumam dizer. Não. Ninguém gosta de apanhar (bem, talvez os masoquistas, mas não vem ao caso). Se ela continua com ele pode ser porque sua mente bloqueou a noção real do que está acontecendo, por ser doloroso demais, e ela não pode ver com clareza a real dimensão dos fatos. Essa pessoa precisa de ajuda, não que você vire as costas e ache bem feito ela se foder porque não se mexe para sair dali. Ela não percebe, não muda, não se mexe, porque não consegue sequer mensurar o que está acontecendo. Não por ser burra, mas por um mecanismo inconsciente que pode um dia acontecer com cada um de nós.

A tentação de gritar a verdade na cara da pessoa é enorme. Dói ver alguém que gostamos se fazendo mal, fazendo escolhas erradas. Porém, esfregar a verdade na cara da pessoa tal qual se esfrega o focinho de um cachorro que fez xixi no lugar errado não ajuda, só atrapalha. Pense comigo: se a pessoa não tem condições de ver aquela realidade, a ponto do seu inconsciente precisar criar uma realidade paralela para que ela consiga sobreviver, é porque ela PRECISA daquele escudo e não tem condições de ficar sem ele, tal qual a pele queimada precisa de uma bolha para proteção.

Se você chega e tenta ajudar arrancando um escudo necessário, periga causar um dano enorme e a pessoa ainda vai identificar você como alguém que lhe faz mal, que lhe tira uma proteção necessária.Vamos ter um pingo de sensibilidade e aprender a ajudar os outros de uma forma mais elaborada? Gente não é cachorro, gente não se trata aos gritos nem com ordens nem com violência. Aliás, nem cachorro deveria ser tratado assim.

Daí surge a questão: nesse mundo moderno onde o ser humano se trata cada vez com mais descaso, onde empresas exploram de forma cruel seus funcionários, onde pais não tem mais tempo para criar seus filhos, onde os relacionamentos são de gosto duvidoso, até que ponto se adaptar a essa realidade é de fato uma adaptação ou um sintoma da Síndrome de Estocolmo Moderna?

Supondo que você tenha um chefe que pratique assédio moral regularmente com você, te destrate, te desrespeite, te esculhambe, até que ponto tentar focar nos aspectos positivos dele é uma forma de continuar funcional, mantendo seu emprego ou é um mecanismo negador? Difícil traçar a linha que divide a capacidade de adaptação de um problema psicológico quando o mundo está tão barbarizado. Nem me atrevo, isso é discussão para os comentários.

Até que ponto temos que nos conformar que o mundo não é um mar de rosas e que temos que criar mecanismos para conviver e tolerar pessoas ruins? Até que ponto é doentio para manter uma relação, qualquer que ela seja, nos iludirmos e iluminarmos apenas os pontos positivos e fechando os olhos para os pontos negativos? E, para fechar o parágrafo de perguntas, até que ponto essa adaptação é a única forma de lidar com a situação? Em resumo, quero te perguntar se hoje, você sabe dizer qual é seu limite sem se desrespeitar para dizer um “chega dessa merda”. Pense a respeito. Muitas vezes você está em uma situação tão estressante que te coloca em um erro grave de percepção, porque a realidade é dolorosa demais. Sempre se pergunte isso quando passar por uma situação difícil.

Esse olhar para dentro é muito pessoal, infelizmente não posso acompanha-los nessa jornada dado o grau de subjetivismo. É bem mais fácil identificar a Síndrome de Estocolmo nos outros, como por sinal o é com qualquer equívoco. Daí surge a pergunta do que fazer se uma pessoa com a qual você realmente se importa estiver nessa situação. Complicado, muito complicado.

Como eu disse, não se arranca das mãos de uma pessoa um escudo quando ela ainda precisa dele, sob pena de fazer mais mal do que bem. Entenda, não é que ela queira se esconder atrás de um escudo, ela PRECISA dele. Se você quer ajudar, fortaleça a pessoa até que ela não precise mais do escudo e o abandone voluntariamente, caso contrário a pessoa vai se voltar contra você, porque ao olhos dela, agressor é quem tenta lhe tirar um escudo indispensável para sua sobrevivência. Existem inclusive relatos de pessoas que foram forçadas “na marra” a ver essa realidade e que não seguraram o tranco por já terem uma tendência preexistente. Acabaram por desenvolver uma esquizofrenia ou ter um surto psicótico. Respeitem os escudos que as pessoas criam, se eles estão lá é porque são necessários.

O primeiro passo é acolher a pessoa. Afeto, compaixão, segurança. Uma pessoa que está vivenciando isso é uma pessoa fragilizada. Fique ao seu lado, seja um ombro amigo. Escute sem julgar. Deixe a pessoa desabafar, pode ser que ao se ouvir ela comece a perceber algumas coisas. Permita que a pessoa se sinta segura com você. Não confrontá-la não quer dizer ser cúmplice do que ela está fazendo e sim respeitar sua fragilidade. Ajude ela a se fortalecer primeiro.

O grande pulo do gato é desarmar esse mecanismo e fazer a pessoa ver que 1) Ela pode sim sair dessa situação ; 2) Não é aceitável ser tratado assim independente de qualquer fator externo e 3) O agressor não fez nenhuma bondade para com ela, o agressor é apenas um agressor. Veja bem, não é DIZER isso à pessoa, é fazer ela ver. Não adianta dar o 4, é mais indicado dar apenas o 2 + 2. E quem vai ter o timing certo e as palavras mais adequadas para isso é um psicólogo.

O ideal é a intervenção de um psicólogo e talvez de um médico em conjunto prescrevendo medicamentos, em um primeiro momento. Tudo vai depender do grau. Incentivar a procurar ajuda profissional é um primeiro grande passo, pois estes profissionais estão aptos a fortalecer a pessoa para que ela possa largar esse escudo em vez de arrancá-lo à força gerando ainda mais traumas. Então, se você quer ajudar, em um primeiro momento apenas acolha, em um segundo momento ajude a refletir e incentive a procurar ajuda profissional.

Para os que assistem a esse espetáculo deprimente na condição de amigos ou parentes, é duro lidar com tanta negação, mas o ideal é demonstrar afeto e compreensão para que a pessoa não te veja como uma ameaça. Depois que ela se tranquilizar e confiar em você, vá, aos poucos, incentivando um tratamento. A linha tênue entre permitir que a pessoa fique na inércia e impor um tratamento precocemente pode ser difícil de delimitar, pois na ânsia de ajudar tendemos a acelerar o tempo dos outros. Seja paciente, não force nada e se valha de muita conversa.

A Síndrome de Estocolmo costuma ser passageira, mas para isso é indispensável que a fonte de agressão ou intimidação seja suprimida, o que pode ficar bem difícil quando o agredido não percebe que é aquilo que lhe faz mal e até mesmo sente um afeto ou gratidão por essa pessoa. Mas agora que você sabe de onde vem e como funciona, tenho certeza que vai ficar mais fácil ajudar. Paciência e sabedoria.

Para dizer que isso não existe e é frescura, para perguntar se hoje não era dia do Somir ou ainda para dizer que não quer saber dessas coisas e só passa aqui para ler SiagoTomir: sally@desfavor.com

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Comments (58)

  • Meu namorado era agressivo. Eu sabia que era errado, mas um tempo depois, conseguia entender que ele havia tido um descontrole emocional e se arrependido. Apesar de não ser agressiva, conseguia me colocar no lugar dele, afinal, eu também o agredira com palavras e ele demonstrava me amar muito e chorava muito arrependido das agressões, eu sentia pena e voltava. Ele amadureceu, hoje sabe como agir, não consigo mais imaginar ele tendo aquele tipo de comportamento. Porém, seu texto me deixou em dúvida, pode ser que eu tenha a síndrome.

  • Sally , Sally, Nossa…………..
    Sério não sabia que vc escrevia textos sobre vários temas…
    Desconhecia o nome , mas sei que existe pessoas que passam por essa situação.
    Agora em relação a psicologa, temos que tomar cuidado, tem muitas psilocas soltas…
    Sem generalizar ok, assim como tem bons padres, tem os ……………….
    Não sou chegada em religiões, não vejo o Papa como um Deus…e fico passada quando li algo sobre
    uma garota que fez um aborto e o bispo, padre..algo do gênero escomungou …a menina ficou abalada por ter sido escomungada pelo bispo..padre…criou um trauma…tipo vou morrer e vou p o inferno!
    Independente de ter ou não religião a pessoa tem que usar seu Cérebro…a arte de pensar , fui criada na igreja católica, mas se um padreco vier me escomungar eu mando ele se…………..[
    Tolerância zero, simples assim não frequento nenhuma religião.
    Mas respeito todos os cristãos, desde que ele não venha ler a biblia e nem tentar me convencer de religião.
    Vc é Ateia e não acredita em nada?
    Em alguma coisa vc deve acreditar, mas não é da minha conta..sim Sally eu respeito .
    Vc me surpreendeu menina com esse texto, parabéns pelo tema!
    Desculpa alguma falha na escrita, sou meio Zen para abordar certos assuntos, mas entendi e compreendi, pq vc escreve de um jeito tão especial , que dá para interpretar o texto sem dar caimbra no cérebro.
    Tem textos que começo ler e desencano, é cansativo, e o seu vou voltar para reler!!!
    Abs

    • Escrevi tambem sobre esse caso da menina que foi abusada sexualmente e excomungada!

      Olha, eu não tenho certezas. Não acredito em nenhuma religião, mas não tenho a arrogância de afirmar que nada existe.

      • Religião tb não acredito.
        Vou procurar o texto da menina que foi excomungada, se não encontrar vou te pedir o link…
        Abs

  • Sally, aproveitando o post de psicologia, você já leu/lê sobre classificações de personalidade, como MBTI/ socionics/eneagrama? Sempre que pesquiso esses assuntos lembro de alguns posts aqui do Desfavor, como o de linguagem corporal.

  • Agora esta explicado porque muitas mulheres sofrem caladas, enquanto sao agredidas por seus maridos. Muitas ate voltam atras na decisao, quando denunciam. Ja tinha lido algo sobre a Sindrome de Estocolmo, mas t’aí uma informacao nova: um mecanismo de defesa; se a vitima nao o utilizasse, nao aguentaria. É sempre bom ter uma informaçao adicional.

    • Não é que ela veja tudo com clareza e decida ponderar e perdoar. Existem casos onde ela NÃO CONSEGUE MENSURAR o grau de agressão e desrespeito que existe porque não consegue lidar com isso. É um mecanismo involuntário, inconsciente. Ela não é burra nem gosta de apanhar, é uma “cegueira”, um “bug” cerebral. Temos que ser mais compassivos e tentar ajudar aos poucos em vez de virar as costas e dizer “se continua com ele é porque gosta, foda-se”

    • Já estava selecionada para o TOP DES. Ele está muito fodido, coitado. Mas isso até A GENTE, que posta anônimo, sabe que não se faz: piada com foto de uma pessoa real debochando de paralisia facial é tiro no pé certo!

    • Eu achei babaquice dele. O bom é zoar com quem merece, com quem é filho de puta. Só porque alguém tem deficiência, se não for um cretino pra que zoar?

      • Então, do seu ponto de vista, fazer piada com alguém está ligado a punição: só é válido fazer com quem é filho da puta, com quem “merece”?

        Muito triste que você pense assim, pois quem se ofende com humor tem sérios problemas de autoestima. Procure um terapeuta com urgência.

  • Ainda no caso da criança. Uma das coisas que essa ‘mãe de uma amigo meu’ fazia era esfregar os joelhos da criança com lajota de telhado até quase sangrar alegando que ali havia ‘cascão’. Então a criança ao invés de se revoltar com mais este detalhe cotidiano, quando ia tomar banho sozinho, ia escondido pegar a lajota, levar para o banho e sangrar seu joelho sozinho, pois acreditava na mãe…

    Como disse, texto bastante interessante.

    • A dor de perceber que a mãe, pessoa que deveria amá-lo e protegê-lo, estava fazendo algo nocivo era tanta que a mente se convence que de fato havia um “cascão” ali e que aquilo tinha sim que ser feito.

      A mente humana é poderosa e, por muitas vezes, incontrolável. Bobo e arrogante aquele que pensa que tem total controle de sua mente. Ela nos prega peças, nos engana e nos mostra uma realidade distorcida muitas vezes. Esperto aquele que sabe isso e leva isso em conta.

  • Tem casos até que a pessoa adere ativamente e à causa dos seus captores. Como Patty Hearst, herdeira de um dos maiores magnatas da mídia do seu tempo, que acabou presa pouco tempo depois roubando um banco com o grupo que a sequestrara.

  • Acho que eu estou sofrendo disso com o meu cachorro.

    Brincadeiras a parte, já conhecia na parte de reféns, nunca imaginei que relações do dia a dia poderiam sofrer disso. Vale a reflexão.

    • Vale sim, nenhum de nós está livre de passar por uma fase fragilizada onde não consiga lidar com a verdade nua e crua e desenvolver um mecanismo involuntário e inconsciente de camuflar a realidade.

    • Calma aí, porque alguns maus elementos cometem crimes isso não quer dizer que TODO imigrante seja criminoso e que se posicionar a favor da imigração seja se posicionar a favor do estupro da sua mulher.

      Tens aquário em casa?

      • Boa Sally! Pensei na hora sobre o aquário…. que lógica mais no-sense

        Uma sugestão: Criar o prêmio “Tens Aquário Em Casa” e premiar ao final do ano o comentário lógico mais ilógico/ ad absurdum. Por questões de justiça suas defesas do seus pontos de vista no Ed/Ed estão fora do páreo….

        • Fodeu, se criar esse prêmio vamos ter que parar nossas vidas para reler TODOS os estupros da lógica que fazem diariamente por aqui, porque vou te contar, é todo santo dia!

      • É uma questão de estatística, não de mera generalização. Se você vive numa vila homogênea que começa a ser invadida por pessoas de outras vilas e em seguida a criminalidade começa a aumentar e você descobre que 98% dos crimes hediondos (o que inclui estupros) são cometidos por estes “invasores” (o que não significa que 98% deles sejam criminosos, mas mostra uma evidente correlação), você ainda vai querer que eles continuem entrando e se reproduzindo na sua vila? Só alguém com síndrome de Estocolmo faria isso. Além disso, deixe de bobagens! Nem a Suécia nem qualquer país verdadeiramente civilizado precisa de imigrantes do terceiro mundo para nada. Nem o Brasil precisa de haitianos e cubanos, porque eles precisariam de muçulmanos? Para enfeiar as ruas?

        Pergunta para quem vive no Sul da Suíça se fica feliz ao ver uma horda de cariocas e baianos invadindo suas cidades e botando filho no mundo. Se sim, síndrome de Estocolmo (“Ah, eles vem trazer carnaval e samba!” – “Eles vem fazer o trabalho que nós não queremos”)

        Não entendi o aquário. Não tenho não.

        • Para constar, lembro de ter lido que pelo menos metade da população carcerária de Portugal são de… brasileiros!!! Alguém está surpreso?

        • Não concordo com esse raciocínio e certamente não se aplica a Síndrome de Estocolmo. Síndrome de Estocolmo não é uma escolha errada que faz você se ferrar, e uma situação de sujeição a outra pessoa que vai minando seu discernimento por conta de um abuso sistemático feito COM VOCÊ.

          • Sabe aquele caso quando a pessoa fala algo errado, tenta explicar e piora? Então, está acontecendo….
            P.S: É muito engraçado quando a pessoa responde a questão do adorno em casa…..
            P.S 2: Impressão minha ou aumentou muito o número de comentários anônimos/ desconhecidos que estão antagonizando com vc?

            • Estão aumentando cada vez mais. Isso aqui está virando um inferno. Isso porque todo santo dia vem comentário onde o ÚNICO assunto é ofender Danilo Gentili, como se isso de alguma forma me chateasse.

            • Pois é. Também notei o aumento desses comentários… Tu nota até pela forma deles escreverem que não acompanham o desfavor ou que não partilham das mesmas ideias…

  • O Dinamarquês

    Muito bom o texto. Não tinha muita noção sobre o assunto e não entendia bem o porque da pessoa abusada desenvolver algum tipo de afeto pelo abusador. Acho que o Somir poderia entrar naquela parte onde você não entraria pelo grau dela.
    Ps: O Somir furou de novo?

    • Sim, o Somir furou mas avisou (ontem à noite, mas avisou), então não fica sujeito à punição. Acho que a última punição foi tão traumática que ele se lembrou de avisar.

      • haha, eu estava pensando que este texto já estava pronto mas aí surgiram novidades sobre o Pilha e ele teve que esperar.
        Eu achei o texto muito interessante! Acredito que isto ocorra no dia a dia sem as pessoas perceberem. Mas será que se consegue convencer a pessoa a ir ao psicólogo? Tem gente que tem medo de psicólogos, alegam que não são malucos. Eu não entendo isso, se sentem algo errado com o corpo procuram um médico, mas na hora que tem algo errado dentro de suas mentes querem economizar, pensam que podem resolver tudo sozinhas.
        Não tem nenhum psicólogo por aí para ampliar o debate?

      • Religião deve te remeter a algo…. mas não que isso não seja bom…. aliás cada vez mais as religiões se encaixam no exemplo da Síndrome de Estocolmo, principalmente pelo porque de ainda ter tantos seguidores….

        • Mas na religião a pessoa tem a OPÇÃO, quero dizer, ela entrou lá porque queria. É diferente de você estar em posse de um sequestrador ou ter nascido com uma mãe abusiva. No caso da religião a pessoa escolhe.

          • Mas se uma pessoa é criada dentro de uma religião “rígida” (vamos pegar o exemplo dos evangélicos, porque eles me parecem serem os que mais fazem ameaças de inferno), como que ela vai sair de lá se toda vez que esboçar uma dúvida a respeito da religião/de Deus vai surgir uns cinco crentes dizendo que o diabo está tentando-o, que ele vai queimar no inferno se não seguir a Bíblia, que ele nunca mais será aceitou no rebanho de Deus e que ele viverá sozinho para sempre? Rola uma pressão pra pessoa não desistir da ideia de Deus, daí ela continua doando 30% do salário para o pastor todos os meses, mesmo que isso signifique não pagar a conta de luz. Como forma de conforto, essa pessoa vai dizer que Deus quer assim, que o pastor sabe o que está fazendo…
            Tô viajando demais?

            • Não sei te dizer porque foi criada no ateísmo. Mas eu conheço pessoas religiosas que conseguiram refletir e sair da religião. Acho que depende da estrutura emocional da pessoa.

              • Era esse meu ponto Priscila, obrigado por esclarecer. Não é bem uma síndrome de Estocolmo, mas se enquadra em uma variável dela, a pessoa muitas vezes não escolhe a religião, ela é imposta quando pequena a isso, quando chega na puberdade percebe os males da religião e mas não abandona, procura ver o lado bom da coisa e entra nessa onda de negação, como você muitas vezes diz Sally, a pessoa precisa e é mais fácil levar a vida acreditando em um ser benevolente superior e justo pois se a pessoa descartá-lo o mundo real com todas as suas desigualdades, injustiças e crueldade se torna um fardo muito pesado de se encarar.
                Bom, viajei um pouco mas ficou bem explanado o paralelo que quis fazer sobre os dois temas e uma possível correlação.

                • Acho válida a discussão.

                  Que nem petista que sempre foi petista e mesmo o PT fazendo milhões de cagadas procura justificar tudo. Mas daí eu te pergunto: é porque a pessoa está emocionalmente rendida por muito tempo de abuso ou é porque a pessoa não quer admitir que perdeu tanto tempo sendo otária e se dedicando a algo que não era verdade?

                  • Poderia ser também medo de perder o suporte social em torno da religião ou de um conjunto de valores da sociedade, por mais que lhe seja(m) ofensivo(s) a partir de um certo momento. Fez lembrar de Abram Fischer, afrikaner, jurista, filho de ministro do Supremo da África do Sul, que, um dia, decidiu lutar contra o próprio regime em que nasceu e ascendeu ao defender Mandela e seus companheiros. Causou tanta raiva que não deixaram ir ao enterro da mulher morta num acidente e, morto de câncer na prisão, preferiram jogar suas cinzas no esgoto a entregá-las aos familiares. Nisso, Mandela o considerou um herói ainda maior do que ele, pois ele havia lutado apenas por liberdade e não contra o próprio povo também. Ou mesmo os judeus que relutaram em deixar a Alemanha até que fosse tarde demais…

                    • Sim, quando um sistema age como uma pessoa, oprimindo e agredindo, talvez seja possível

                  • Interessante questão que envolve os 55 milhões que eu citei abaixo…..
                    Vejo as duas questões com mais ou menos o mesmo peso, mas não acho que é um misto de arrogância com burrice….. vejo como o Estocolmo mesmo, a mente tentando amortizar o sofrimento e a dor causada por um agressor externo, com a diferença que os Petistas escolheram seu agressor, mas no começo o agressor era um bom homem depois ele se transformou em vil explorador, mas deve aer difícil ver seu melhor amigo, que tinha as mesmas ideias que você virar aquele monstro contra o qual vocês lutavam e pra piorar é uma mudança gradual e não radical, você é um sapo dentro da agua fria na panela ao fogo.

  • “Essa reação incoerente de se sentir grato ao agressor vem da dor e do medo de perceber a situação real de perigo e agressão que está sofrendo. A pessoa se convence que é normal, que não é tão ruim assim, que há uma motivação de alguma forma justificável para fazerem isso com ela, para não ter que lidar com o grau de violência que aquilo representa. Ela simplesmente não consegue lidar com a realidade e sua mente a transmuta ofuscando coisas ruins e ressaltando coisas boas, para que ela possa tolerar o trauma que está vivenciando.

    Não é burrice. É um mecanismo inconsciente que nasce diante da impossibilidade de lidar com uma situação muito traumática, somado a um estresse físico e emocional desgastantes. É quase que uma estratégia de sobrevivência da vítima, pois se ela fosse obrigada a confrontar a realidade nua e crua, não aguentaria. Não é escolha, é um processo inconsciente para protege-la, a vítima não se dá conta do que está acontecendo. Há uma identificação emocional com o agressor como forma de negar a real agressão que está sofrendo e como forma de se aproximar dele em uma tentativa desesperada de mitigar os danos que possa sofrer”

    Sem querer ser, mas já sendo, monotemático….. eu vejo isso com 55 milhões de brasileiros….

  • Antes de mais nada. Gostei muito da forma abordada ao tema.

    Não gostaria de voltar ao assunto, mas me ajudou até mesmo a entender minha relação com minha mãe. 14 anos de abusos sistemáticos e ainda hoje eu ainda tento defender e entender o lado dela…

    Ps.: Off: Mas não podemos esquecer das variações mais simples como quando eu prendo minha muié em casa pra ela não ter contato com essa sociedade feminista opressora, e quando um partido te mantem num regime dito democrático durante 12 anos, roubando e te maltratando como nunca, mas soltando algumas pequenas benesses de vez em quando. E vc ainda vota pra continuar neste mesmo regime.

  • Achei interessante você buscar um exemplo ‘mãe que abusa filho’. Dadas as circunstâncias, até imagino o porquê de você utilizar este exemplo.

    • É algo que pode acontecer com todos nós. É algo que deve ser sempre considerado, questionado, pois é mais fácil impedir que aconteça do que sair disso depois que já aconteceu

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