Sobrevivendo no Rio de Janeiro.

Seja pelas Olimpíadas, seja por necessidade, seja por masoquismo, se você vem ao Rio de Janeiro, dá uma lida nisso aqui. Resolvi escrever um texto sincerão sobre o Rio de Janeiro. Não vou falar de pontos turístico nem das atrações que valem uma visita. Não vou falar de gastronomia ou noitadas. Aqui a proposta é sempre um novo enfoque, todo o resto você lê em qualquer guia de viagens. Aqui você lê o que dificilmente vai encontrar compilado em outro lugar: Desfavor Explica – Sobrevivendo ao Rio de Janeiro.

O Rio é uma cidade que transmite uma falsa segurança ao visitante. Essa gente bronzeada mostrando seu (des)valor faz parecer que tá tudo certo, que nos bairros “bons” você está seguro. Ilusão. Ao contrário das cidades comuns, aqui o perigo não está em guetos ou em áreas distantes, ele está por todos os lados. Sim, existem áreas onde ele é maior, na verdade, onde ele é certeza. Se virar com o carro no local errado, você vai ser metralhado, não vai ter conversa. Mas em nenhum ponto da cidade sua segurança está garantida. Nenhum. Tenha isso sempre em mente.

Vamos falar da sua chegada. Se puder chegar pelo aeroporto Santos Dumont, que é mais próximo da parte bacana da cidade, melhor. Porém, não pegue táxi ali de jeito algum. Aliás, não pegue táxi no Rio de Janeiro. Chame um Uber, mas marque com ele no setor de embarque, pois se ele te buscar no setor de desembarque, os taxistas podem hostilizar. Nenhum bairro “ficável” para um turista está a mais de meia hora de distância do aeroporto Santos Dumont.

Se só puder chegar pelo Galeão (vulgo Aeroporto Internacional Anotonio Carlos Jobim), leia meu texto sobre o assunto e nem pense em entrar em um táxi comum. Ou chama um Uber, ou contrata um táxi do próprio aeroporto, daqueles com valor fixo para deslocamento, assim o taxista não tem interesse em ficar te levando para dar voltinhas em trajetos mais longos. O deslocamento do Galeão para qualquer lugar do Rio é extremamente perigoso. Toda semana tem um baleado, mas, obviamente, só sai na imprensa quando a pessoa é alguém socialmente falando.

É que o trajeto é todo cercado por favelas perigosas, realmente perigosas, que deveriam ter sido removidas até as Olimpíadas, mas em vez disso o maravilhoso Poder Público local fez apenas um tapume para escondê-las. Essas favelas contam com constante vigilância de dentro para fora, “atiradores de elite” da criminalidade local que apontam com fuzil para os carros que passam, ainda que você não os veja. Portanto, o que quer que aconteça nesse trajeto do aeroporto para o seu destino, não tente nem reagir nem fugir pois você vai morrer. Além daquele que te aborda, tem um sniper com armamento pesado apontado para você.

Alugar um carro. Não recomendo. O trânsito no Rio é caótico, as pessoas dirigem de forma agressiva sem respeitar normas básicas de trânsito e, principalmente, o GPS pode te matar. O GPS, Waze ou o que quer que você use para determinar sua rota, não está ciente das fortes zonas de conflito em guerra civil no Rio. Não raro indicam o caminho mais curto ou com menos trânsito sem saber que é um caminho extremamente perigoso. Sem exagero, aqui, se você entra no local errado, você morre. Não tem conversa, não tem diálogo, não tem chance para você se explicar.

Vamos falar sobre os bairros do Rio. Pode se dizer que o Rio se divide em Zona Sul, Zona Norte e Zona Oeste. Na Zona Sul estão pseudointectuais, esnobes e riquinhos de esquerda. Na Zona Norte está o pessoal mais divertido, porém o lugar é tenebrosamente perigoso. Na Zona Oeste temos o pior dos dois mundo: esnobes sem berço emergentes e perigo juntos.

O ideal é ficar na Zona Sul, pois se você não tem a sagacidade local, vai ter mais dificuldades para se manter em segurança na Zona Norte ou Oeste. É bem simples: procure pelo Cristo Redentor: se ele está de frente para você, com os braços abertos para o seu bairro, ok. Caso contrário, você está fazendo isso errado. Os bairros que eu recomendo para turistas são: Copacabana (orla, e apenas orla), Ipanema, Leblon, Lagoa, Jardim Botânico, Gávea e Urca.

Nos bairros da Zona Sul procure se manter o mais próximo do mar que puder, pois quando mais próximo do mar, melhor a infraestrutura e a qualidade da hospedagem. Não importa em qual bairro você esteja, todos tem uma favela em algum lugar. TODOS. E não há favelas pacificadas no Rio de Janeiro, isso é mito. São barris de pólvora que podem explodir a qualquer momento. Não recomendo andar a pé após as 20h em lugar algum, e mesmo de carro ou táxi, seja rápido e atento quando estiver na rua.

Não ande de transporte público, pois dependendo do dia e da hora pode ser tranquilo, mas também pode ser tenebroso nos mais diversos aspectos, desde violência e crime, até higiene e assédio. Vá de Uber, que é seguro, confortável e muitas vezes até mais barato. Não se descuide da sua bolsa, mantenha-a rente ao corpo. Se sair à noite nunca, jamais, em tempo algum repouse seu copo de bebida em algum lugar. O copo tem que ficar sempre na sua mão, pessoas colocam coisas nas bebidas dos outros mesmo nas mais caras e badaladas casas noturnas.

Se for à praia, vá como o carioca vai: sem dinheiro, sem celular, sem nada de valor. Deixe até a aliança. E passe protetor solar, muito protetor solar, o Rio de Janeiro fica bem debaixo do buraco na camada de ozônio, 30 minutos ao sol podem causar queimaduras no nível bolhas. Muito cuidado com o mar também, além de ser tão imundo que em determinados locais pode te causar um problema de saúde sério e te mandar para o hospital, o mar do Rio é bravo. Puxa mesmo. Salvo engano, é um dos maiores índices de afogamento do Brasil.

E por falar em hospital… Não perca seu tempo indo a um hospital público caso precise de atenção médica. Quem não é daqui não consegue nem mensurar o nível calamitoso da saúde pública carioca. Você vai ficar abandonado em um canto esperando por atendimento e se for algo grave, confie em mim, você vai morrer e ninguém vai se importar. Na verdade, essa questão do abandono também acontece em hospitais particulares, só que a demora é um pouco menor. O único caso onde vale a pena ir para hospital público é se você tiver um ferimento por arma de fogo. Nesse caso, vá ao Hospital Miguel Couto, que é referência nesse tipo de socorro, de tanto baleado que recebe.

Ao transitar nos locais públicos, tenha a consciência que você está em uma selva urbana. Os carros não vão parar para você atravessar, aliás, muito pelo contrário, alguns até vão acelerar no melhor estilo Carmaggedon, só para te ver correr. Tente só atravessar no sinal e sempre, sempre, sempre espere por uma grande falta de civilidade em todos os setores, porque é quase certo que ela vem. Carioca, quando é educado, está querendo te roubar. Carioca, via de regra, só tem dois modos de funcionamento: inconveniente ou escroto.

Se você é mulher, vamos conversar. No ano passado, uma mulher sofreu um estupro a cada duas horas no Rio de Janeiro. E com isso, o que quero te dizer não é apenas que evite becos escuros à noite ou andar sozinha. Com isso quero te dizer que é possível que se você saiu, flertou com um carioca e entrou com ele em seu carro, tem grandes chances de que ele se ache no direito de fazer sexo com você, e que, mesmo você dizendo que não, ele interprete como “charminho” e prossiga mesmo assim. Então, você não está em casa, você está no Rio de Janeiro. Tome cuidado extra.

Tudo é caro. Tudo, tudo, tudo. Se estava pensando em vir sem dinheiro, na base da aventura, aborte essa ideia, você vai passar fome. Não dá para “se virar” no Rio de Janeiro, pois além de caro, aqui é a terra dos espertos. Venha com um mínimo de condições ou não venha. E guarde seu dinheiro naquelas bolsinhas de viagem, que ficam por dentro da roupa, tipo pochetes secretas. Dinheiro e documentos importantes.

Vamos falar da polícia carioca. Se você é leitor habitual, sabe muito bem do que a polícia carioca é capaz. Se você é uma pessoa sensata e não lê habitualmente o Desfavor, eu vou fazer um resuminho para você: psicopatas sádicos com licença para matar. Não brigue, antagonize ou irrite um policial carioca, por mais escroto que ele seja com você, pois, na melhor das hipóteses, você será torturado. Dê seu dinheiro, seus pertences, eles sempre estão em busca de bens materiais. Vai por mim, dá tudo que é melhor. Esqueça a noção de justiça e injustiça, afinal, foi escolha sua vir para uma terra sem lei.

Mesmo que você venha com todo o conforto e recursos, precisa saber uma peculiaridade sobre o Rio: aqui tem gente demais. Isso significa que todos os lugares estão sempre lotados nos horários de pico, sejam eles festas, boates, restaurantes, praia ou metrô. Se não quer fila e tumulto, se informa sobre os horários de pico e evite os programas mais visados naqueles horários.

Porém, tenho que te informar que independente de cheio ou vazio, a prestação de serviços no Rio de Janeiro é péssima, mesmo nos lugares mais caros. O carioca simplesmente não sabe atender bem. A informalidade, o jeitinho, a falta de planejamento se refletem a todo momento na prestação de serviços. Não espere muito.

Também não se programe esperando pontualidade, excelência ou respeito em elevados padrões. Não trabalhamos. Nivele por baixo suas expectativas e tudo será mais fácil. Ah, sim, Rio de Janeiro quando chove é uma bela duma merda, não tem absolutamente nada para se fazer, pois o único recurso que sobra, o shopping, é caro e fica intransitável.

Não quero de forma alguma desencorajar alguém a vir. É possível que, apesar destas peculiaridades, ainda queiram. Venham, venham sim, mas venham com o mindset correto.

Para perguntar se eu recomendo correr na ciclovia, para perguntar se eu recomendo que grávidas venham ao Rio ou ainda para dizer que um lugar que nos proporcionou o Rafael Pilha não pode ser ruim: sally@desfavor.com

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Comments (68)

  • Capitão Caneca

    Lembrei desse post e vim reler já que vou me mudar pra lá daqui uns meses. Espero que dê tudo certo e obrigado pelas dicas Sally. Você é demais.

  • Mais um texto para guardar para consulta, quando eu precisar…Excelente guia!

    Sally, você é bem versátil.

    Parabéns!

  • Vim morar no Rio há pouco tempo e vou ter que pegar o ônibus 600 todo dia pra ir ao trabalho em Jacarepagua. Passa pela favela, mas a proposta de emprego é boa. Devo rejeitar? É grande o risco? Alguém me responde, urgente!

    • Luiz, se você quer morar ou trabalhar em Jacarepaguá tem que comprar um carro. Mesmo que encare o ônibus passando por cima do perigo, ele vem lotado e demora a passar, sem contar o trajeto escroto e demorado que faz. Você vai perder horas do seu dia no trânsito.

  • Vixe, pelo seu texto, Sally, encontrei uma cidade ainda pior do que Valsador… Mas Valsador também não está pra brincadeira. Eu lendo este texto e me perguntando o que tanto turista de países como Itália, Grécia, França, Espanha, etc, com tantas praias maravilhosas, limpinhas e cristalinas a disposição pertinho de casa, na terra deles, resolvem vir a uma cidade infernal, achando que é o paraíso, pra viver com medo… Ou querem “emoção” porque acham que tá pouco ou é cegueira mesmo – ou ainda: O “mau e velho” turismo sexual, porque na terra deles, pegar “novinha” pode até dar cadeia.

    E o seu texto lembrou o daquela jornalista da folha, um fiel retrato da realidade decadente do Hell de Janeiro, é preciso que as pessoas tenham cuidado – ou etnão façam como eu: Juntem dinheiro e vão fazer turismo em terras e países muito mais belos e seguros.

    • Pior que Valsador não é, acredite. Aqui pelo menos algumas coisas funcionam. Mas é tenebroso, não recomendo ficar em nenhum dos dois!

      • Nem eu, hehehehe

        Aliás, nunca que eu recomendo Brasil pros meus amigos “gringos”… Prefiro juntar dindin pra visitá-los nos países deles, melhor do que eles virem pra cá, sinto que eu indicar pra que venham seria o mesmo que sentenciá-los a sofrer violência (ou à morte) porque isso aqui tá insuportável. Meu dever moral é avisar… Sempre que algum amigo meu quer morar em Valsador, porque ouviu dizer que tem praia (tudo poluída e cheia de coliforme fecal, vulgo bosta), porque tem isso e aquilo eu aviso 1827923726 milhões de vezes que não venha porque tá pesado – quem avisa amigo é, só torço pra que mudem de idéia antes que seja tarde demais… Sinceramenre não entendo porque tanta gente ainda tem essa vontade de viver em uma terra que há muito não corresponde expectativas geradas por uma visão romantizada gerada tanto por anúncios de turismo quanto pela própria literatura e uma visão de uma tal “cultura” (que sequer é valorizada pelos locais, aqui em Valsador, a falta de educação e o desprezo à verdadeira cultura imperam) que canta e encanta pelos cantos e artes, mas que hoje em dia está bem longe da realidade.

        • Quem se adapta ao Brasil é quem se beneficia dele: da bandalha, da corrupção, da incompetência. Quem é tudo isso e suprime esse impulso, se realiza quando cai no Rio de Janeiro ou em Salvador.

    • Sally, estou no Rio a trabalho. Por motivos que fogem à minha vontade, estou hospedado próximo à vila Valqueire. Não faço muita questão de passear ou conhecer a cidade, só quero encerrar meu período aqui logo. Alguma recomendação específica além do que já foi dito (no texto e nos comentários)?

  • Adriana Truffi

    Hoje saiu uma matéria na Folha de São Paulo, da Mariliz Pereira Jorge que diz: “A vida é muito curta para morar no Rio”. Não consegui ler a matéria, exclusiva para assinantes, só um trecho “O Rio é só uma cidade decadente que vive de um glamour passado, num presente melancólico.E parte de sua população sempre foi conivente com tudo que nos fez descambar para essa triste realidade.”

  • Eu sou carioca e realmente quem é nativo se vira melhor . Só fui assaltada em Belo Horizonte porque subestimei a violência local

  • Sally, se eu fosse dono de uma escola de idiomas (existe a Berlitz ainda?), pegaria esse seu texto (com sua devida licença, claro!) e o faria traduzir para uns 20 idiomas para ampla divulgação em sites para turistas mocorongos (pleonasmo). Sinto que ainda haveria muito a escrever (mesmo sem jamais ter sequer chegado perto da cidade), mas esse guia “básico” já tá de bom tamanho e caberia num folheto simples. Obrigado!

  • Alysson Ferreira

    Pelas qualidades descritas dessa maravilhosa cidade, podemos esperar muitos textos sobre os fails das olimpíadas? E como seria o perfil dos assaltantes aí do Rio? Aqui em Curitiba, a maioria é igual, roupas largas, boné aba reta, cara de crackudo. Até te oferecem um baseado durante o assalto…

  • Só vendo o noticiário, que não mostra quase nada disso, já dá pra ter uma noção de que essa cidade é uma amostra da Síria no Brasil. Depois de ler esse texto, tenho certeza que os gringos, ou vem desinformados, ou vem em negação, ou tem uns parafusos a menos…

  • Vou praí em novembro! E não ficarei nos bairros recomendados…. =(
    Vou ficar na Barra da Tijuca!

    Alguma dica extra?

    • NÃO ANDE A PÉ NA BARRA.

      NÃO ANDE A PÉ, a menos que fique na região do Jardim Oceânico.

      É extremamente desaconselhável andar a pé ou de ônibus, lá todo mundo tem carro.

      Bem, você estará na Miami carioca, um lugar brega que tem um shopping chamado New York City Center com uma Estátua da Liberdade gigante na porta. As pessoas tendem a ser fúteis e sem berço, pobralhada que subiu na vida mas não vai para a Zona Sul porque passa vergonha lá pela falta de cultura. É um verdadeiro horror. Eu tenho HORROR às pessoas da Barra, me chame para o inferno mas não me chame para a Barra da Tijuca!

  • amoeba metálica

    Eu concordo em gênero, número e grau. Cariocas são grosseiros, cafonas, arrogantes e o Rio só é bonito visto de cima. De longe um presépio, de perto uma presepada.

  • Esqueceu de falar para as pessoas trazerem a própria água e comida, por causa dos baixos níveis gastronômicos e sanitários.

  • Eu já acho que o Rio é uma cidade pra turistas. Quando tem eventos tem até polícia na rua. Turistas podeão usar bilhete único em ônibus e metrô, cariocas não tem pelo BUC, ouvi dizer que a linha 4 do metrô vai ser exclusiva pros turistas e parentes dos atletas. O metrô convencional anda sempre entupido, viajar sentado em nenhuma hora, nem no ponto final. Falei pros meus parentes pra se mudarem do RJ e voltarem só pra turismo.

    • Eu duvido que a Linha 4 fique pronta a tempo. Se ficar, vai ser uma temeridade, porque vai ser feita sem a segurança necessária.

  • Eu não recomendo sair pra rua sem nada pra prevenir assalto. Nem esse truque de andar com o celular bom e o “celular pro ladrão” se este não for razoavelmente moderno. O que ta dando de homicídio aqui no RS porque a vítima não tinha o que entregar pro ladrão ou porque ele não gostou do que tinha não ta no mapa. O governo esconde, mas aqui não ta muito melhor do que isso não. Celular a gente compra outro, o importante é sair vivo. Agora o RJ, tenho umas amigas da internet que são daí que contam CADA COISA, bem como descrito nos textos daqui: De taxista que assalta cliente a abandona pra matar numa favela pra baixo.

    • Karina você foi honesta. Esse país é violência de norte a sul.
      São Paulo é tão violenta como qualquer outra cidade. Os caras lá fizeram maquiagem na taxa de homícidio. A mídia é a mais bairrista do Brasil. O Rio tem muitos problemas mas em nada diferente dos outros grandes centros urbanos.
      O Rio foi capital muito tempo e os cariocas adoram falar mal da cidade. É esperto.

  • Dá pra ficar com medo mesmo, viu?

    “Sem exagero, aqui, se você entra no local errado, você morre. Não tem conversa, não tem diálogo, não tem chance para você se explicar.” (…) “Essas favelas contam com constante vigilância de dentro para fora, “atiradores de elite” da criminalidade local que apontam com fuzil para os carros que passam, ainda que você não os veja. Portanto, o que quer que aconteça nesse trajeto do aeroporto para o seu destino, não tente nem reagir nem fugir pois você vai morrer. Além daquele que te aborda, tem um sniper com armamento pesado apontado para você.”

    Já viram o que esse “armamento pesado” desses “snipers” das favelas pode fazer? Se for mesmo do tipo que eu estou pensando, algo assim: http://2.bp.blogspot.com/-0vx7JIsTiaQ/UBAahlgMmXI/AAAAAAAAAKg/WPIlT11T7uU/s1600/Falcon_den.gif, o negócio é feio mesmo…

    Se a bala pegar em cheio na cara, a cabeça da pessoa simplesmente desaparece num estrondo – com um som semelhante ao de uma bexiga cheia de carne explodindo após ser inflada demais – e, por causa do sangue que esguicha, a parede ou que estiver atrás da vítima vira um quadro de Jackson Pollock, só que vermelho. Tenebroso…

  • Sally, esqueceu de falar dos arrastões.
    Não estou falando de arrastões na praia não: arrastões na Linha Vermelha (caminho de entrada e saída para o Galeão), nos túneis (bandidos aqui adoram fechar um túnel), arrastões no metrô (9 da manhã já começa), na praia, no shopping, se bobear, fazem arrastão dentro do hotel onde você está.
    Outra coisa: NUNCA ESQUEÇA DA CAPACIDADE DO CARIOCA DE DESTRUIÇÃO OU DETURPAÇÃO DE ALGO. Nunca. Nunca! Se você acha que é impossível algo ruim acontecer, no Rio, acontece.

  • Alguns anos atrás, fui ao Rio de Janeiro com minha esposa e tenho alguns comentários a fazer:

    Por indicação da Sally, utilizamos o Taxi do aeroporto, com o preço fechado (na época R$80 até a zona sul). Ele pegou a tal da linha vermelha e a viagem foi bem tensa, passando pelas favelas locais, mas o taxista ficou tentando nos acalmar.

    Inicialmente iríamos para o centro, mas por indicação da Sally (ela praticamente nos salvou de uma baita viagem furada) e do próprio taxista, ficamos em um hotel próximo da orla de Copacabana. Devemos ter encontrado a pequena porcentagem de cariocas bacanas, pois o taxista era primo do dono do hotel e nos conseguiu um quarto para 3 dos 4 dias que ficamos lá. (a dária foi de R$220)

    Porém, no hotel não havia rampa para minha esposa, que era cadeirante. Entao todas as vezes que entramos ou saimos de lá, precisamos da ajuda de um tiozinho que ficava na portaria. Esse tiozinho devia ter uns 80 anos, no mínimo, mas era muito educado e sempre contava histórias dos bons tempos da cidade.

    Mais uma vez, por indicação da Sally (sim, ela é uma santa), eu só saí de sunga na rua. Imaginem uma coisa branca, parecendo um leão marinho albino, andando pelas ruas de Copacabana levando uma cadeirante pra cima e pra baixo. O dinheiro e os documentos minha esposa levava dentro do biquini.

    Notamos que a Globo impera em todas as tvs de bares, restaurantes, quiosques, etc. Um dia perguntamos para o dono de um bar se podia colocar em outro canal e ele nos olhou de maneira bem estranha, meio confuso, meio nos metralhando. Depois dessa, achamos melhor esquecer que existem outros canais durante a viagem.

    Em determinado momento, estavamos comendo no calçadao em um restaurante e de repente pararam alguns “artistas de rua” tocando samba. A música rolou solta e após uns 20 minutos eles pararam de tocar e EXIGIRAM que todos que tinham ouvido voluntariamente ou involutariamente pagassem um cachê de R$25 por pessoa. Como eram uns 8 caras, todos umas duas vezes maior do que eu, achamos melhor pagar. Depois dessa, passamos a comer apenas dentro dos restaurantes.

    Em um dos dias, me senti na obrigação de salgar a bunda no mar, já que até então havíamos nadado apenas na piscina do hotel. Entrei na praia de copacabana, fiquei acho que dois minutos e vi uma bosta boiando. Saí de lá com nojo e só faltou tomar banho com ácido sulfúrico para tirar a sensação de sujeira que fiquei no resto do dia.

    Pegamos um taxi com valor fechado novamente para as atrações principais, cristo, pão de açúcar, etc. Cada atração o valor do taxi vai aumentando, fora que há sempre um ingresso a ser pago antes de entrar nos lugares. Como ela é cadeirante, furamos todas as filas sem nenhum problema. Engraçado que todos conversavam com nós primeiramente em ingles (até os atendentes públicos) e respondiamos em ingles, achando que a pessoa era gringa. No final das contas, descobriamos que essas pessoas eram brasileiras achando que nós eramos os gringos.

    De qualquer maneira fizemos muitas amizades com argentinos, americanos e brasileiros (se bem que a maior parte da boa educação social ficava por parte dela, já que sou meio ogro). Achar carioca da gema foi bem difícil e os que conhecemos foram gentis. O tiozinho do hotel, por exemplo, sempre dava a situação do dia (hoje tá tendo arrastao perto de tal ponto da praia, vão em outra direção). Sempre respeitamos essa indicação e não tivemos problemas com marginais.

    No ultimo dia deixei ela no hotel e sai a esmo procurando vaga em outro lugar para passarmos a ultima noite, sorte ou nao encontrei um edificio residencial a uma quadra de distancia que locava alguns apartamentos para diária. Ficamos lá mesmo, mas era extremamente inapropriado para cadeirante e barulhento.

    Na volta pegamos taxi fechado e tudo correu bem. Foi uma viagem legal, sem nenhum trauma, mas com certeza ficamos atentos e tensos a todo momento, sempre alertas com as coisas ao nosso redor. Com dificuldade de nos locomover, ficamos mais em copacabana e ipanema. Para tristeza dela, não encontramos nenhum famoso global, mas nos divertimos bastante.

    Para a semana que passamos, creio que gastamos entre R$1.500 e R1.800, já contando hospedagem, taxis e as passagens de avião. Não é barato, mas acho que ficou numa média razoavel, já que esse mesmo período em sao paulo, por exemplo, teríamos gastado essa mesma quantia. De qualquer forma, é um lugar que não pretendo voltar nessa vida, mas vale a pena conhecer.

    • Nada mudou, com a diferença que vão sediar as Paralimpíadas. Para os coitados dos atletas, chegar no quarto vai ser pior do que a competição em si.

  • Morei a vida quase toda numa cidade relativamente próxima ao Rio e meus pais, até os meus 18 anos, nunca me deixaram ficar muito tempo por lá, só usar como escala pra pegar avião mesmo. E ainda assim era e é tenebroso. Já quase apanhei de taxista na rodoviária porque não quis contratar seus serviços pra chegar ao Santos Dumont. Só faltaram me pegar pelo braço e me jogar dentro do carro de qualquer jeito. Tanto que atualmente estou preferindo pagar a mais pra não passar pelo Rio quando estiver em trânsito para outros lugares.
    É uma cidade linda que pretendo conhecer direito um dia, mas esse dia só vai chegar quando eu tiver dinheiro sobrando e algum nativo local pra me ajudar.

  • Jacob Burckhardt

    Mais uma dica bacana, de quem morou apenas 30 anos no Rio: separe o dinheiro “do ladrão”. Você até pode andar com dinheiro escondido na meia, nas roupas de baixo ou num bolso secreto, mas nunca deixe de andar com pelo menos R$20 ou R30 guardados na carteira. Este é o dinheiro que você entrega pro ladrão, pois se você estiver com a carteira vazia no momento do assalto, você vai ser revistado.
    Jamais ande com celular no Rio, mas se não houver jeito, ande com dois deles; o mais valioso sempre escondido. Se for abordado e pedirem o celular, entregue logo o de menor valor e a carteira com aquele dinheiro maroto que você separou pro ladrão. Limpo e rápido, o ladrão ganhou, você ganhou e tudo acabou bem. Prontinho, agora você já sabe como ser assaltado corretamente no Rio de Janeiro.

  • E do Centro da Cidade vc não falou. Lá que é foda! Vê no Youtube o canal Rio de Nojeira. No Centro que não vou nem fodendo, nem de dia se tem paz.

  • Vc me bota medo, credo! Será isso tudo ou vc exagera um pouco? Tenho uma ficante carioca que trabalha até meia noite na zona norte e só foi assaltada duas vezes na vida! Dizem que o medo atrai, eu já tava quase legal e agora tô me cagando aqui.

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