Projeto HAARP
Recentes ruídos estranhos nos céus fizeram reacender uma antiga teoria: um projeto implementado pelos EUA para supostos estudos científicos que, na verdade, seria uma arma secreta capaz de manipular fenômenos naturais e causar catástrofes climáticas propositais em alvos do governo americano. Será? Desfavor Explica: Projeto HAARP.
A sigla HAARP significa “High Frequency Active Auroral Research Program” em português “Programa de Investigação de Aurora Ativa de Alta Frequência”. Foi desenvolvido pela Força Aérea, pela Marinha dos EUA e pela Universidade do Alasca, com a intenção de pesquisa como melhorar as transmissões de ondas de rádio nas camadas mais altas da atmosfera.
A Atmosfera terrestre, ou seja, a grande massa de ar que envolve a Terra, é dividida em camadas.
Camadas mais baixas, ou seja, camadas mais próximas à Terra, não requerem muito esforço para serem estudadas. Esse estudo pode ser feito, por exemplo, através de balões meteorológicos. Um pouquinho mais pra cima, o estudo pode ser feito por satélites. Mas, quando se quer estudar o que acontece muito mais pra cima (papo técnico: ionosfera), é preciso outro meio. O meio encontrado pelo Projeto HAARP foi através de antenas de emissão de ondas de frequência altíssima.
A Ionosfera, simplificando grosseiramente, fica na parte superior da atmosfera terrestre, ou seja, a parte mais distante do solo. Seu grande atrativo para a ciência é o comportamento que as ondas de rádio apresentam ali. Essas ondas, não custa lembrar, são necessárias para os principais sistemas de comunicação e navegação que o ser humano utiliza hoje em dia, e se comportam de forma diferente lá em cima.
Para estudar o comportamento dessas ondas na ionosfera, instalaram antenas emitem sinais para altitudes entre 100 e 350 Km, enquanto outros aparelhos fazem a recepção dos sinais, interpretando-os: o sinal enviado chegou igual? Chegou mais forte? Chegou mais fraco? Daí surge um relatório, para tentar mapear o funcionamento das ondas nesse local, nessas condições.
Qual seria a aplicação prática disso? Muitas, se você pensar bem, verá que hoje a maior parte da comunicação humana depende de emissão de ondas. Por isso, haveria a possibilidade de acelerar, tornar mais eficiente ou até ampliar o alcance dessas ondas, tornando a comunicação mais rápida e fácil.
Um exemplo simplificado: há frequências de ondas que são, quase, completamente refletidas pela ionosfera em determinadas condições. Os pesquisadores do HAARP buscavam provar que essa reflexão pode ser utilizada como um satélite para enviar informações entre localidades, facilitando as comunicações e também a navegação, melhorando, entre outras coisas, os dispositivos GPS utilizados atualmente.
Em um exemplo grosseiro, é como se você tivesse um sinal de wi-fi que pega muito bem na sala da sua casa, mas não chega de forma eficiente no quarto. Para direcioná-lo com mais eficiência para o quarto, você poderia criar um mecanismo que guie as ondas para o local certo ou até que as torne mais rápidas ou mais eficientes.
Então se conseguirem entender exatamente como as ondas de rádio se comportam nesse ambiente, talvez seja possível criar novas formas de comunicação e navegação, mais eficientes e mais seguras. O problema é que o Projeto HAARP é muito mal falado, desde sua criação, sendo acusado de ser, na verdade, uma forma de manipular fenômenos naturais, sendo usado pelos EUA para provocar catástrofes climáticas como furacões e tsunamis em países de sua conveniência.
O local escolhido como base para esse projeto foi o Alasca. A justificativa é que por lá a ionosfera é pouco estável, o que garante que todas as condições possíveis serão objeto de estudo. É como se você quisesse estudar cães e, em vez de ir a um canil que tem apenas determinada raça, fosse a uma exposição com exemplares de todas as raças. As chances do estudo com todas as raças ser mais assertivo e preciso é muito maior.
Há quem diga que escolheram o Alasca por questões de privacidade: várias partes do planeta possuem uma ionosfera pouco estável e essa variedade de possibilidades poderia ser obtida de qualquer lugar. Os responsáveis pelo projeto negam e afirmam que o Alasca era melhor opção, pois é um lugar pouco povoado, portanto, mais silencioso. O barulho e luzes de grandes cidades poderia gerar interferências nas leituras dos resultados. Além disso, um lugar ermo minimizaria o impacto ambiental que o projeto causaria.
O que se descobriu até agora: Há frequências de ondas que são, quase, completamente refletidas pela ionosfera quando aquecida pelas antenas HAARP. É um bom começo, mas não dá para fazer muita coisa em essa informação: ainda não se conhecem as reais propriedades da reflexão ionosférica e elas mudam com muita facilidade em determinadas condições, como por exemplo durante a noite (papo técnico: a altitude aumenta e as densidades ficam mais baixas). Essas variações tornam difícil uma padronização para o envio de ondas, independente do comprimento delas.
É como se você tivesse um espelho que sabe ser apto a refletir uma luz, que pode te ajudar a iluminar lugares que precisam de iluminação, mas não entende bem como essa luz vai refletir: com qual intensidade, para qual direção, etc. Basicamente, inútil no momento, mas, quem sabe, um dia seja muito útil. Tanto é que o projeto, criado em 1993, foi oficialmente encerrado em 2015, por não encontrar as respostas que pretendia.
Existem diferentes graus de desconfiança envolvendo o projeto HAARP. A mais branda diz que os EUA estão criando uma forma de comunicação paralela secreta, para ser usada só por eles, e que, em algum momento, quando lhes for conveniente isso pode ser utilizado como uma arma de guerra (por exemplo, bloqueando a comunicação do resto do planeta) ou de manipulação de massas (fazer com que determinado tipo de onde prejudique o cérebro humano em alguns pontos específicos do planeta).
As teorias mais pesadas dizem que essas antenas de alta frequência poderiam modificar a massa de ar que protege o planeta, algo que teria o poder de desencadear grandes alterações nas condições de temperatura e pressão, gerando catástrofes climáticas direcionadas para determinados países, de modo a prejudica-los sem que os EUA levem a culpa. Por essa teoria, aquele grande terremoto de 2004 na Indonésia, que provocou o maior tsunami da história recente, teria sido desencadeado pelo projeto HAARP.
De fato, se uma nação conseguisse total domínio dessa habilidade, seria possível sim provocar fenômenos climáticos tais como induzir movimentos das placas tectônicas, gerando terremotos violentos e grandes tsunamis, tempestades, furacões e muitas outras consequências climáticas desagradáveis. Também seria totalmente viável intervir ou até bloquear a comunicação do resto do planeta ou emitir ondas que afetem o cérebro e comportamento humano, ainda que inaudíveis.
Mas isso não quer dizer que alguém tenha chegado lá. Provavelmente ainda não chegaram.
Além do boca a boca, também existem acusações formais contra o projeto. Em 2002, o Parlamento Russo teria apresentado ao presidente Vladmir Putin documentos que comprovariam que o projeto era, na verdade, uma arma. Posteriormente, esse documento foi divulgado à imprensa, tornando-se do conhecimento de todos, o que aumentou ainda mais os rumores.
Ok, Putin a gente sabe que é meio maluco e paranoico, mas teve mais gente reclamando. Em 1999, o Parlamento Europeu emitiu uma resolução (de 28 de janeiro de 1999) onde afirmava que o Projeto HAARP manipulava o meio ambiente com fins militares.
Não apenas acusou, como ainda solicitou uma avaliação do projeto por parte de um órgão da União Europeia responsável por avaliar novas tecnologias (Science and Technology Options Assessment) sobre as possíveis consequências de seu uso para o meio-ambiente e para a saúde pública em geral.
A mesma resolução do Parlamento Europeu pediu a organização de uma convenção internacional com vistas à proibição em escala global do desenvolvimento ou utilização de quaisquer armas que possam permitir a manipulação de seres humanos. Quando a União Europeia reclama, acusa e pede por providência, a gente já começa a considerar a hipótese com mais carinho. Provavelmente tinha alguma coisa acontecendo, ao menos uma tentativa, mas no fim das contas, não deu em nada.
Se tem uma coisa que os EUA gostam de fazer é chamar a atenção para algo, para que todo o mundo olhe para aquilo e não para outras coisas realmente secretas que estão acontecendo. Um boi de piranha. Enquanto o Projeto HAARP era comido por milhões de piranhas, uma boiada de informações realmente confidenciais e projetos temerários passada ao lado, indetectáveis. Dá certo, sempre dá certo, é por isso que eles continuam fazendo, até hoje.
Quando não era mais necessário distrair o mundo, os EUA comunicaram que encerraram o projeto por estarem trabalhando em formas mais eficientes de controlar a ionosfera. Dessa vez, bem quietinhos. Nunca vazaram detalhes desse novo projeto, nem ao menos o nome.
Vamos combinar, é questão de bom-senso, dificilmente os EUA divulgariam a existência de um projeto desse tipo, ainda que fosse camuflado de atividade ambiental. Provavelmente o Projeto HAARP foi um enorme fiasco ou um boi de piranha. Talvez ambos: para não admitir o gasto de milhões em um projeto inútil, inflaram o que estavam fazendo e fizeram o mundo todo focar sua atenção nisso, e não em outras coisas.
Nunca nada foi provado, o que é um forte indício de que afirmar que os EUA provocam deliberadamente catástrofes climáticas de fato se trata de uma teoria da conspiração. Tem muita gente vigiando a ionosfera, alterações significativas poderiam ser facilmente detectáveis. É possível que os EUA ainda estejam estudando formas de controlar a ionosfera, mas não através desse projeto, e sim de outra forma mais sofisticada – e discreta.
Outro indício que indica que os EUA não tem tanto poder assim é a forma como o país vem se portando com seus desafetos. As últimas grandes catástrofes mundiais não aconteceram com países que estavam antagonizando com os EUA. Há quem diga que os EUA estão causando danos a países pobres e tidos como secundários (como por exemplo, o Haiti), para “testar” o projeto. Bem, se o projeto começou em 1993 e eles ainda estão testando, podem relaxar, o coordenador do projeto deve ser brasileiro e essa porra não vai sair do papel nunca.
Recentemente o assunto veio à tona, pois barulhos estranhos (parecidos com o da turbina de um avião) vem sendo escutados em diversos pontos do céu, por todo o mundo. Mas isso não aponta para o projeto HAARP, uma vez que ele não poderia ser escutado indiscriminadamente no mundo todo e esse barulhos não foram sucedidos por nenhuma catástrofe natural.
A explicação para esses barulhos parece ser muito mais simples do que estão especulando. Não são anjos tocando as trombetas do apocalipse, não são aliens invadindo a Terra e definitivamente não é o projeto HAARP. A explicação mais plausível é o efeito da quarentena massiva humana no planeta Terra.
Com mais pessoas em casa, o índice de poluição no planeta está diminuindo, melhorando a camada de ozônio, que normalmente é destruída pela poluição. Com esse “aumento” na camada de ozônio, torna mais difícil o “escoamento” ou movimentação de gases, gerando esse barulho. É como se você tapasse parcialmente o ralo da sua pia, fazendo com que a água faça aquele barulho constrangedor para descer.
Some-se a isso os inúmeros registros de que esses barulhos sempre aconteceram (há muitos vídeos antigos na internet), mas que só agora são percebidos nas grandes cidades, por causa do silêncio gerado pelo recolhimento de pessoas e indústrias na quarentena. Então, não é que esteja acontecendo mais, ao que tudo indica, está sendo mais escutado.
Mesmo que você não queira acreditar na teoria da camada de ozônio (tem muita gente boa defendendo, mas também tem muita gente boa contestando), saiba que esses barulhos não são de hoje, eles inclusive têm nome: Skyquake, uma espécie de “terremotos do céu”.
Há relatos destes ruídos desde 1824. O fenômeno pode ter causas muito variadas, desde fenômenos naturais como tempestades até algumas atividades humanas. Então, menos, bem menos, não é o Projeto HAARP, não vai ter um mega desastre climático nos próximos dias. Sinto informar, mas você não é uma pessoa especial detentora de uma informação privilegiada, é tão Zé Cu como qualquer outra pessoa.
É bem possível, eu diria até provável, que os EUA estejam de fato trabalhando para que, de alguma forma, possam controlar ou potencializar a comunicação pela ionosfera, bloqueando a comunicação do resto do mundo se assim o desejarem ou até mesmo interferindo no clima. Mas, podem ter certeza, estão fazendo isso de forma muito mais discreta, sem divulgar nada a ninguém, em uma atividade que em nada está relacionada ao projeto HAARP.
Então, vamos parar de explicar aquilo que se desconhece com o Projeto HAARP, um argumento obsoleto. Provavelmente a resposta é algo muito mais simples, ou muito mais complicado.
Para antagonizar dizendo que veremos grandes catástrofes climáticas nos próximos dias (os sons são do começo do mês, já expiraram), para dizer que as grandes catástrofes estão ocorrendo mas estão sendo ocultadas (como se pudessem esconder uma tsunami) ou para não responder por estar trancado em um bunker chorando em posição fetal: sally@desfavor.com
Anônimo
Acho mais provável que estejam realizando projetos paralelos discretamente, os Estados Unidos passam longe de serem um país confiável.
Daniele
Cade a semana anta?
Estou pagando minha assinatura blaster gold topzera e tenho direito de cobrar.
Somir
Por motivos de o mundo pegando fogo, achamos que seria arriscado fechar a semana toda com um tema só. Este ano, foi só uma lembrancinha com meu texto.
Fernando
Vou ali colocar o meu chapéu de alumínio e já volto…
Anônimo
#PartiuBunker
Sally
Vai lá, confia no seu potencial. Um dia a comida acaba.