Brasileiros Médios.

O ocorrido na última semana me fez pensar e repensar algumas coisas. Nada como repensar, nem que seja para constatar que desde sempre estávamos certos. Infelizmente não foi o caso. Eu, que sempre ataquei o Brasileiro Médio, começo a perceber que talvez uma sociedade sem ele seja inviável, até mesmo em tese. Não tenho nenhuma opinião definitiva formada, muito pelo contrário, gostaria da opinião de vocês para conseguir formar a minha. Para isso, compartilho com vocês meu pensamento.

O Brasileiro Médio, aquele elemento acomodado, medíocre, sem inteligência, sem cultura, sem a menor ambição intelectual vem sendo marretado por mim faz tempo. Critico sua incapacidade de produzir algo de bom para a sociedade em maior ou menor escala (seja uma vacina contra o câncer, seja um post que preste em uma rede social) e também critico sua incapacidade de reconhecer/apreciar quando algo que presta lhes é apresentado.

Cito como exemplo, o texto sobre o lado negro da gravidez. Dois anos se passaram, tive tempo para reler, refletir, e ainda continuo sem ver qualquer problema neste texto. Muito pelo contrário, do meu ponto de vista, não é um texto “contra as mães” como foi massivamente acusado em rede social. Eu o vejo como um aviso do que PODE ocorrer em matéria de desdobramentos desagradáveis que tem uma utilidade prática: preparar a mãe para que ela não seja pega de surpresa e se sinta um lixo achando que aquilo só acontece com ela, que o resto do mundo tem gravidez de comercial de óleo Johnsons.

Entretanto, esse é um dos textos campeões de ofensas: “sua mãe não gosta de você por isso você escreveu isso”. “Você não pode ter filhos por isso escreveu isso”. “Você não tem homem porque é gorda” e muitos outros argumentos nesse estilo permeiam os cerca de 1.500 comentários que foram despejados por lá. Fora os que não foram parar lá, como por exemplo uma famosa blogueira me chamando de “lixo humano” no Twitter. Pessoas incapazes de produzir um texto com a qualidade que eu produzi e incapazes de apreciar um quando lhes é proporcionado. Assim é o Brasileiro Médio.

Durante muito tempo isso me revoltou profundamente. Não as ofensas do texto, que são risíveis, meras projeções do que a pessoa tem de mal resolvido dentro dela. O que me incomodou era a existência destas pessoas no mundo e o fato delas serem maioria. Isso tornava o mundo um lugar desagradável aos meus olhos. Além da sensação de injustiça e inadequação, havia o grande nojo dessa gente intelectualmente inferior. Eu não posso mudar o mundo, mas posso mudar o MEU mundo, o mundo que eu construí aqui. E assim o fiz.

Depois de promover uma grande faxina que cortou para menos da metade nossa audiência, observar e refletir, comecei a me perguntar até que ponto essas pessoas não são “necessárias”. Não para o Desfavor, (para cá esses filhos da puta não voltam nem fodendo!) mas para a sociedade. Porque um blog espelha a sociedade, mas não a emula com perfeição.

Um exemplo: ninguém tem que desentupir latrinas no Desfavor. Nem limpar banheiro público. Nem recolher o lixo. Nem limpar o cocô da jaula do elefante no zoológico. Nem fazer qualquer trabalho para a comunidade que seja considerado pouco nobre ou desestimulante intelectualmente. No mundo real, existem demandas nada sofisticadas que devem ser supridas.

Daí eu me peguei pensando uma coisa ideologicamente horrível: os idiotas, os medíocres, os brasileiros médios são necessários para fazer o serviço que nós não queremos fazer. Aquele jumento que senta ao seu lado na mesa do trabalho tem uma função no “ecossistema” social. Isso me incomodou bastante. E quando uma coisa te incomoda, é hora de cavar fundo, porque tem mais coisa enterrada.

Minha primeira reação foi me repreender por esse pensamento. É um pensamento feio achar que idiotas são necessários para fazer serviços desqualificados. Certamente eu estava partindo de alguma premissa errada. A solução, que é uma constante na minha vida: estudo. Comecei a estudar o assunto. Sociologia, antropologia, psicologia e outras “logias” me deram muitas explicações e me ajudaram a formar uma convicção, que pode ou não estar correta. É apenas minha percepção de tudo que li. E é sobre ela que quero conversar. Trocar ideias. Hoje o pensamento é livre, sem certo e errado, sem amarra do “tema da coluna”. Hoje e brainstorm.

Para melhor compreensão deste texto, vamos pegar um país imaginário para tomar como parâmetro. Vamos imaginar que nós invadimos o Suriname e começamos uma nação do zero. Vamos classificar as pessoas em dois grupos, para fins didáticos: os acomodados, burros, sem ambição e medíocres chamaremos de BRASILEIRO MÉDIO. Os gênios, criativos e inovadores chamaremos de IMPOPULARES.

Meus estudos me revelaram que uma sociedade qualquer precisa de duas coisas para se manter: estabilidade social e progresso. Aparentemente, desde sempre é assim. É preciso uma força motriz que puxe o freio de mão e outra que eventualmente impulsione a sociedade para frente. Evidentemente que a força que freia tem que ser mais forte, se não, não consegue parar quem acelera.

Uma sociedade, por mais evoluída que seja, não sobrevive sem estabilidade social. Meus estudos me indicaram que se todos os membros do Suriname forem gênios, inovadores, o país seria um caos. Confesso que isso me causou um tremendo mal estar. Como assim? Uma sociedade funcional PRECISA dos imbecilóides? Dos medíocres? Do Brasileiro Médio? Eu não quero precisar dessa gente. Mas daí eu pensei… eu quero limpar latrina?

Quem iria trabalhar nas fábricas? Quem iria limpar banheiros? Quem iria entregar cartas do correio? Quem limparia os esgotos? Quem lavaria os pratos de restaurantes? Ninguém faria isso em uma sociedade de gênios. Seria necessário pagar uma fortuna para que um gênio criativo se preste a fazer algo assim e, infelizmente, esses “algo assim” são trabalhos/funções que abundam na sociedade moderna, existem em mais quantidade do que o trabalho intelectual. Não haveria economia que bancasse esse país de gênios.

Por outro lado, um país só de medíocres não evoluí. São as poucas cabeças pensantes que rompem barreiras e impulsionam uma sociedade para frente. Mas, para isso, para ser o acelerador, costuma ser necessário antagonizar com o freio. Não por luta de classes, mas porque são funções implícitas opostas. Os Brasileiros Médios, por sua concepção, sempre tentarão frear os Impopulares. É quase que um papel evolutivo para assegurar a existência da espécie humana. Seriam os Impopulares Siagos Tomires, geniais, mas que precisam de um freio?

Existem pessoas inteligentes, existem pessoas estudiosas, existem pessoas boas. Mas gênios, inovadores, gente que faz a roda da sociedade girar, que apresenta inovações, que abre sua cabeça, que faz a diferença na sua vida, existem poucos. E, historicamente, se você reparar, vai ver que quase todos os gênios foram hostilizados em seu tempo.

Pessoas que não se conformaram com o que lhes era apresentado e por isso foram além. Fizeram o que ninguém fazia na época. Lindo. O problema é que quando você não se conforma e está inserido no meio de uma massa de conformistas, você apanha, tal qual o cachorro que faz bagunça no meio de uma matilha: fica quieto, isso é necessário para nossa sobrevivência. Já pensou se “todo mundo não se conformar”?

Pois é, de fato, “se todo mundo não se conformar” teremos um seríssimo problema. Mas se todo mundo se conformar também. Aparentemente para uma sociedade sobreviver e evoluir esta equação de massa de Brasileiros Médios burros, medíocres e conformados somada a poucos Impopulares é necessária. E no mundo todo, pelo que li, funciona mais ou menos assim.

O que varia é o grau de burrice, conformismo e mediocridade da massa, mas ela sempre está lá. E quanto menos burra, medíocre e inconformada é a média da população, mais a minoria tem que se destacar para conseguir se tornar gênio. Isso deve explicar a quantidade de prêmios científicos que países evoluídos alcançam. Lá a massa não é acéfala, então, para se destacar, você tem que alcançar um grau de genialidade ímpar.

Para existir uma sociedade é preciso organização. Para existir organização é preciso uma série de regras e uma engrenagem que faça essa máquina funcionar. Essa engrenagem é movida por muitas pessoas, que devem desempenhar funções quase que mecânicas e ter um grau de conformismo muito grande, que lhes permita fazer toda a vida a mesma coisa, sem nunca pensar em inovar, pois gente burra quando tenta inovar faz merda.

Por sinal, a maioria dos burros tem consciência disso e é por isso que defendem a estagnação, o conformismo. Eles se usam como parâmetro mundial e depreendem que nunca é bom “inventar moda”. Assim impulsionam a sociedade para a estagnação. Inovação representa um risco em potencial para os conformistas, porque mesmo que dê certo, os obriga a se mexer. Um acomodado nunca gosta de se mexer.

Em uma sociedade capitalista, e aqui falo sem qualquer crítica ao sistema, apenas uma constatação, o Brasileiro Médio é muito bem vindo. Ele é um consumidor fácil, manipulável, dócil. Capitalismo é uma merda mas… você conhece outra forma melhor que efetivamente dê certo na prática? Pois é, para que um país se sustente financeiramente, no contexto atual, uma massa de mão de obra e uma massa de consumo parecem ser requisito. Se alguém conseguir, por favor me desminta, quero muito estar errada.

O Brasileiro Médio é bom para o sistema. Porque produz roboticamente sem questionar e sem se importar em realizar trabalho que não desafie seu intelecto. Também consome facilmente, atendendo a apelos da mídia e modismos. Ele faz sua parte ativa e passivamente para a engrenagem do sistema funcionar. Como são muitos, sustentam a economia.

Talvez por isso, o sistema educacional seja moldado para formar mais e mais Brasileiros Médios. Todo mundo com o mesmo uniforme, todo mundo desempenhando as mesmas tarefas, foda-se a aptidão pessoal de cada um. Todo mundo obedecendo. Todo mundo nivelado igual na hora da prova em vez de tentar tirar de cada um o que tem de melhor. É assim em quase todos os países. Um convite a não ser diferente. Vale a ressalva do brilhante sistema de ensino da Finlândia, um dia ainda falo sobre ele.

A cultura também corrobora: o que é mostrado nos meios de comunicaçãoinduz à inspiração de vida das pessoas. A mensagem é “se mate de trabalhar para virar o chefão não sei da onde, para ter dinheiro para comprar o carrão tal e o celular tal”. Sabe-se que 99% nunca vai chegar lá, mas se incute essa vontade para fazê-los trabalhar feito camelos para o sistema.

O que vestir, o que usar, o que comprar, tudo isso é programável quando a maior parte da sociedade e de Brasileiros Médios. Caso contrário, não haveria moda, não haveria bestseller, não haveria consumo de massa. Como ficaria a economia? Provavelmente cagada, não sei, me digam vocês economistas.Assim como o sistema não quer autenticidade, diversidade, o Brasileiro Médio não quer individualidade, ele quer um mundo de padrões que lhe diga o que vestir, o que comprar, como ser igual a todos, como ser aceito. Não quer pensar, quer que pensem por ele. É mais fácil assim. Junta-se a fome com a vontade de comer.

Para ser Impopular é preciso insatisfação, não necessariamente no sentido de revolta. É a insatisfação que nos impulsiona a melhorar, a ir além. É o inconformismo que nos leva ao questionamento, que faz surgir novas ideias, novas formas de execução. Enquanto o Brasileiro Médio é um conformado, o Impopular é um inconformado.

Seria possível construir uma sociedade de inconformados? Infelizmente, dentro de tudo que foi “inventado”, me parece que não. Mas eu sou uma inconformada e não pretendo aceitar. Bem, independente da resposta, o inconformismo incomoda o conformado, pois ameaça-o na sua zona de conforto. O conformado se hiper-adapta a qualquer merda, não quer pensar, não quer questionar, quer fazer seu papel e se divertir nas horas vagas. Parece evidente que o Brasileiro Médio tenda a se voltar contra o Impopular. O que o Impopular propõe antagoniza com o que ele quer.

É lucro tentar calar a boca de quem é mais inteligente que você, por diversos motivos. Primeiro para que não percebam a burrice, no padrão comparativo. Mas também para evitar uma mudança, que poderá implicar em mais trabalho, em mais adaptação, em mais investimento que o Brasileiro Médio está disposto a dar. Seu papel, que acaba promovendo estabilidade social, é justamente o de tentar parar os Impopulares. E o papel dos Impopulares, que é promover o avanço, é vencer os obstáculos colocados pelo Brasileiro Médio.

Por isso as pedradas. Claro que o Brasileiro Médio dificilmente vai ter uma vaga noção de todo esse mecanismo. Ele dá as pedradas nos Impopulares quase que instintivamente. “É diferente? É criativo? É inovador? É um trabalho bem feito? Me incomoda de forma visceral, não sei porque, mas bate uma fúria e eu dou pedradas”.

O sentimento de incômodo é tão verdadeiro e tão profundo (talvez pela raiz evolutiva do papel que desempenham) que não pode estar errado! Eles sentem aquilo muito vívido e agem. Vai lá, bate no Rafinha Bastos que fez piada com grávida, bate no Danilo Gentili que fez piada com amamentação, bate em qualquer um que esteja ameaçando a estabilidade social.“Isso não se faz!”. Desculpa mas… o que não se faz está no Código Penal. O resto é convenção social, que eu me permito desafiar. Quem você pensa que é para me dizer o que não se faz?

Guardiões da estabilidade social, eles responderão. Tem que bater em quem esteja fazendo algo diferente do que é socialmente aceito, que esteja inovando, que esteja trazendo questionamento. Vai lá e xinga de tudo quanto é nome a filha da puta que ousou quebrar a convenção social de que gravidez é uma bênção que só tem coisas boas, porque ela é um perigo. Tem que silenciar quem não entoa coro com a multidão. Estabilidade social.

E eles sabem que podem bater, eles sabem são maioria eque a maioria vai se juntar a eles e bater junto. A facilidade com a qual se bate é maior quando você sabe que a multidão está do seu lado. Eles não sabem racionalmente porque aquilo os deixou tão bravos, tanto que as explicações são as mais truncadas e contraditórias possíveis, mas o sentimento é tão forte, que eles batem convictos.

Assim o mundo parece caminhar, nessa minha nova visão: os medíocres em esmagadora maioria o tempo todo atacando os inovadores, tentando sufoca-los, desmerece-los, pressioná-los para que eles se ajustem ao padrão, porque o padrão é seguro, o padrão gera estabilidade social. Uma frase do escritor Jonathan Swifft (spoiler: Gulliver) escrita em torno de 1700 sintetiza muito bem a questão: “Quando surge um verdadeiro gênio no mundo podemos reconhece-lo pelo seguinte sinal: todos os medíocres conspiram contra ele”.

A triste conclusão que cheguei é a de que no modelo social que eu conheço, a presença de Brasileiros Médios é inevitável, pois de uma forma muito cagada, eles trazem estabilidade social. Eles desempenham papéis que os gênios jamais aceitariam desempenhar por toda uma vida, eles mantém a engrenagem funcionando, eles aquecem a economia. Bem ou mal, colocam freio na siagotomirice inerente à genialidade. Ao que tudo indica, isso é necessário evolutivamente.

Talvez possa ser elevado um pouco o grau de ignobilidade dessa massa, mas sempre será necessária uma massa medíocre. Não gosto da ideia, mas a outra opção que me vem à cabeça e a escravidão, que também não me agrada. Se vocês puderem me ajudar a pensar em algum modelo social que possa ser desenvolvido apenas com gênios, eu vou ficar muito, mas muito feliz.

Como bons inconformados que somos, como elite intelectual selecionada a ferro e fogo, acho que podemos debater o assunto e CRIAR um novo modelo social onde não precisemos dos medíocres. Sim, esse é meu grau de arrogância, esse é o grau de desafio que estou apresentando a vocês. Vamos criar um novo modelo social que subsista sem os medíocres. Não é uma pergunta, é uma afirmação. Reflita e comente, a contribuição mas boba pode ser o fio da meada para uma ideia brilhante. Tenha fé em você, reflita e comente.

Para dizer que escravidão nem é tão ruim assim, para sugerir tudo automatizado por robôs ou ainda para tirar a poeira do cérebro e coloca-lo para funcionar: sally@desfavor.com

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Comments (180)

  • Eu não sei se entendi direito o conceito de “gênio” nesse exercício de imaginação, mas vamos lá.

    Primeiro que a pessoa pode saber montar um robô, ter doutorado na pqp mas mesmo assim falhar como ser humano. No Brasil mesmo, quanta gente com educação formal mas a mente é cheia de preconceitos, insensibilidade social e egocentrismo. Okay, usando um exemplo melhorzinho, o Japão. Sociedade bem educada e instruída, religião pouco relevante, mas ainda muito conservadora e desigual com as mulheres.
    Como seria a cultura de uma sociedade de gênios? Aceitariam de boa outros povos, com outras mentalidades? E quanto as pessoas que, por um acaso, fossem mais ou menos gênios que a média? E os “diferentões”? Se até em sociedades e países que (supostamente) deram certo surge um rebeldinho pra atazanar… vide jovens europeus natos, sem nada de muçulmano, indo pro Estado Islâmico.
    Outro ponto é a reposição populacional. Alto índice de instrução está ligada à baixa natalidade. Como e quem faria novos habitantes? E quem estaria disposto a criá-los? Pois via de regra quem não quer filhos também não se interessa em educar crianças e adolescentes. Quem preencheria espaços vagos? Mesmo se todo mundo repartisse as tarefas, como sugeriram nos comentários, a idade chega um dia. Eu também penso na possibilidade cruel deles gerarem pessoas em laboratórios apenas pra trabalhos “indignos”, o que causaria outras consequências…
    E supondo que esse povo de gênios seja tolerante e aberto a tudo, pode acontecer o que já vemos por aí: apesar de ter estrangeiros que acrescentam bastante ao país, também há estrangeiros medíocres não instruídos bagunçando todo o sistema, atormentando a população nativa e a mesma dividida em relação à opinião sobre eles. Além disso, idiotas procriam mais. A menos que seja obrigatório fazer uma prova pra entrar no país, mas ainda seria algo falho.
    E só eu vejo a possibilidade de uma ditadura nisso aí? Um povo controlado é um povo mais homogêneo. As trocas culturais podem mudar muito um país a longo prazo e tolerância é um conceito muito cinza. Pra evitar essa “metástase estrangeira”, provavelmente esse país gênio se tornaria bem fechadinho depois de uns tempos.

    A minha conclusão: um país genial é viável sim, mas não duraria muito. Acho que os países nórdicos, o Japão e a Alemanha são os exemplos mais próximos existentes.

  • Se livrar dos BM’s não chega a ser assim tão difícil numa sociedade utópica, mas manter a sociedade só de gênios funcionando é que seria complicado. Uma sociedade automatizada retira essa necessidade de gente pra realizar trabalho braçal, mas como manter a sociedade de gênios? Maior parte deles não estaria interessado em ter filhos, o que exigiria um sistema de geração in vitro de novos seres humanos para manter a sociedade viva. Existe também o problema de que nem todos esses novos membros terão capacidade de se adequar a nova sociedade (nem todo mundo nasce capaz de adquirir raciocínio lógico) o que de quebra exigiria algum tipo de sistema pra lidar com esses “erros” de cálculo.

    O bom de uma sociedade com gente inteligente, a meu ver, seria a falta de necessidade de se adequar a papeis sociais, até mesmo, de gênio. Quem não quisesse passar a vida em pesquisa ou outra atividade intelectual poderia facilmente dedicar a vida a qualquer outra atividade BM se é isso que a faz feliz. Mas existe sempre o problema, o q seria mais importante, felicidade pessoal ou intelectualidade? Imagino que existiria um certo embate entre aqueles que valorizam inteligência acima de tudo e aqueles que embora não sejam burros, não sentem necessidade ou não querem seguir atividades intelectuais.

    A questão é, se livrar dos BM’s e dos problemas inerentes a eles apenas gerariam outros problemas inerentes ao comportamento e modo de pensar de gênios. É possível uma sociedade sem BM’s, mas será que a dinâmica da sociedade de gênios é realmente melhor? Existiriam limites mínimos de inteligência para continuar na sociedade? Como lidar com crianças/adolescentes que ainda não tem a maturidade de entender a dinâmica da nova sociedade?

    Parece-me um exercício imaginativo fascinante tentar manter essa sociedade funcional haha

    P.S.: porque sugestões de mudar a ordem mundial/social são sempre vistas como arrogantes? o q exatamente faria alguém “qualificado” pra se dizer “não, realmente fulano pode teorizar sobre uma sociedade utópica”? existem tópicos proibidos no mundo agora é?

    • Pelo visto existem. Detalhe que eu não cheguei com uma resposta pronta, apenas abri o tema para debate porque no meu sentir a sociedade está uma bosta.

    • Primeiramente: não se escreveria BMs ao invés de BM’s. Pelo (pouco) que sei, ‘s seria indicativo de propriedade na língua inglesa. Assim, se queremos usar uma sigla e pluralizar seu significado, não deveríamo abrir mão do ‘ ? Admito que estou divagando, mas me incomoda propagar um (possível) erro.

      Outra questão: se admitirmos que em uma sociedade de gênios “a maior parte deles não estaria interessado em ter filhos”, como implementar um “sistema de geração in vitro de novos seres humanos para manter a sociedade viva” se a procriação continuaria dependendo de GESTORAS (isto é: mulheres dispostas a engravidar, gestar por aproximadamente 9 meses um feto e se submeter ao parto)? In vitro é um método de fertilização, mas para haver NASCIMENTO/PROCRIAÇÃO, é indispensável uma gestora.

      Último ponto: quando pensamos na hipótese de “quem não quisesse passar a vida em pesquisa ou outra atividade intelectual poderia facilmente dedicar a vida a qualquer outra atividade BM se é isso que a faz feliz”, podemos trazê-la pra realizadade atual: (1) Quantas pessoas potencialmente brilhantes não “desistem” de um caminho mais árduo e solitário pra simplesmente se ADEQUAR a sociedade “nivelada por baixo” que se apresenta e ainda encontra meios de LUCRAR com isso? (2) Ou, opostamente, quantas pessoas PSEUDO-INTELECTUAIS discutem VAZIAMENTE grandes autores, obras, teorias políticas, sociais etc, mas, mesmo com tanta “bagagem cultural”, nada tem a oferecer pra sociedade em que vivem, como por exemplo aqueles “artistas” que são leitores contumaz e curtem muito discutir filosofia e literatura enquanto enchem os cornos de maconha numa roda de amigos (igualmente maconheiros) e “sobrevivem” vendendo artesanato mal-feito pelas cidades, mas EM NADA contribuem pra sociedade?

      • Não há regra gramatical clara para formar o plural de siglas, mas acrescentar o s no fim é considerado o mais aceitável. Alguns gramáticos defendem também que não se denote o plural de siglas formadas apenas pelas primeiras letras das palavras (por exemplo, o plural de ONG seria denotado ONG mesmo, pois a sigla continuaria válida com as palavras no plural: Organizações Não Governamentais). Mas realmente, não há consenso. O uso do apóstrofo de fato é o menos indicado.

  • Busque informações sobre GBI (guerra de baixa intensidade), Guerras Silenciosas, Engenharia Social (no ramo da ciência política, não da TI) e você vai ver que, além de necessários, os “médios” são inseridos no sistema de forma calculada, a fim de que jamais ultrapassem a linha da média intelecual, social e econômica.

    Creio que a proposta de um mundo sem “médios” é bem utópica, mas não é nova. Uma resposta a ela talvez seja realmente a automação, com a consequente redução da mão de obra obsoleta e das “castas” menos privilegiadas, através da fome, doença, guerras, até que se alcance sua erradicação. Acerca disso, vale conferir informações sobre as pedras guia da Geórgia (Geórgia Guidestones).

    Sobre engenharia social, um documento muito bom pode ser encontrado nesse link: http://www.bevolution.org/Silentwaragainsthumanity.pdf (não encontrei ainda uma tradução imparcial para o português)

  • Ótimo texto.
    Eu já parei pra pensar em coisas similares, mas mais voltado pra parte econômica (capitalismo) do que pra parte social (BMs). Não consigo imaginar sistema melhor do que o capitalismo, pois na teoria ele oferece bastante liberdade e a oportunidade necessária para qualquer pessoa acumular riquezas da maneira que quiser. Só que a parte ruim do capitalismo é que ele tem uma dependência muito forte da desigualdade financeira/social entre as pessoas. É só com essa desigualdade que você vai encontrar gente aceitando empregos mais braçais e/ou menos estimulantes: porque a pessoa não tem qualificação ou oportunidades suficientes para conseguir algo melhor. É aquilo ou passar necessidade. E essa necessidade consumista de ter tanta coisa supérflua (não julgo pois também tenho) é o que mantem o sistema: quem ganha pouco vai ralar e aceitar um trabalho ruim pra poder comprar aquele iPhone novo e quem ganha melhor vai querer continuar mantendo o status quo de poder comprar o que quiser e ter uma vida mais confortável e cheia de bugigangas.

  • Não chego a ser uma pessoa “inovadora”, nem gênio. Apenas não sou “buga-buga” como muitos ao meu redor, rs. Acho q o que aconteceria é q seriam novamente relativizados os melhores, porém nivelado por cima. Os melhores pegariam os melhores trabalhos…

      • Creio que sim, e é até bem simples de imaginar: se você retirar os valores mais baixos (BMs e gente pior, se é que existe) da equação, ainda vai ter a média, mas agora ela vai ser bem mais alta pois só terão gênios. Enquanto atualmente ser BM é o normal, nessa utopia o normal será ser gênio, então quem conseguir se exceder e ser ainda mais inteligente, vai se destacar dos demais e terá as melhores oportunidades. Imagino que isso já aconteça de certa forma em países mais desenvolvidos que possuam um sistema educacional decente.

  • Não vou poder aprofundar, sinto muito por isso. (1) No sistema capitalista, it’s all about money. Boa parte do valor que damos às profissoes é indissociavel do seu rendimento financeiro. A maioria dos JENIOS tambem tem contas pra pagar, filhos, etc. Antes de ficar famosinho, Einstein trabalhava em um escritorio, só pra dar um exemplo. Muito da distorção de valores que ocorre aqui é por causa da história do povo e da distribuição de renda patética. (2) Genetica comportamental é uma área cheia de problemas, muita correlação e pouquíssima causalidade. Estudos com gêmeos eram considerados top, mas hoje em dia sabe-se que o material genético também é modificado e regulado de acordo com a historia de vida do sujeito (estou falando de padrões de metilação do DNA e alterações na expressão gênica, vulgo epigenética). Cuidado com isso, é uma armadilha que já pegou muita gente e dependendo da abordagem hoje em dia é vista pela comunidade acadêmica como uma curiosidade histórica infeliz. Genes da felicidade, genes da inteligência, genes da burrice…IT’S A TRAP!

    • não tem essa frase? ‘o ser humano nasce puro e é corrompido pela sociedade’? por isso que nunca acreditei em ‘genes BM’

      • Rousseau pregava isso, mas é bastante questionável. A maldade está no ser humano e está nos animais. Tem um texto aqui só sobre isso

      • “Nem tanto ao céu, nem tanto ao inferno…”

        Nem é só o MEIO e nem só a GENÉTICA constituem o HOMEM. São as chamadas INFLUÊNCIAS, advindas de diversas formas, que o caracterizam. Sejam influências do ambiente, da herança genética, dos familiares, das experiências adquiridas etc.

      • Eu acho que o Rousseau é o precursor desse pessoal que fica pondo a culpa de tudo na sociedade, como se fosse uma entidade maligna.

        Se o ser humano nasce puro e a sociedade o corrompe, mas essa mesma sociedade é composta de seres humanos, quem é o “ponto zero” disso aí?

  • Muito interessante o texto , mas não consegui chegar a uma conclusão. Não sei se é por não me incomodar com essas atitudes ou se por fazer parte dos BMs . Mas posso afirmar que se não fosse por blogs e a internet talvez eu nunca tivesse saído da comunidade. E mudar é muito difícil, é como se não fosse mais do mundo em que nasci e tbm não sou do mundo que almejo chegar. Respeito quem não quer comprar tal briga com o mundo e veio a passeio. Acho que uma sociedade só com gênios seria bem chato. Só acho… mas não conheço ninguém que seja mais que inteligente e articulado.

    • Não acho que você faça parte do grupo de brasileiros médios, na nossa concepção, caso contrário não teria lido quatro páginas do texto e muito menos teria a postura de dizer que não conseguiu chegar a uma conclusão, pois BM sempre tem um monte de certezas.

      Também não acho que você seja brasileiro médio com base na concepção do texto, um medíocre incapaz de reconhecer a excelência, que jogue pedras em quem apresenta inovações para não sair da sua zona de conforto.

  • Nao. Ainda nao analisei profundamente o tema. Mas, lendo os comentarios, lembrei que os dois paises citados, Japao e Finlandia estao entre os paises com maior numero de ateus. O primeiro com 65% e o segundo com 60% de descrentes em Deus. Dai, me veio a questao: seria o ateismo a solucao? Ora, é sabido que pessoas crentes num deus, tendem a ser mais racionais e porque nao dizer mais inteligentes? Também, países com alta taxa de alfabetismo tendem a ser mais descrentes e mais ricos.

    • Ateísmo não é a solução, é a consequência natural de um povo instruído, com alto IDH, com dignidade e acesso à informação. Pessoas que precisam menos de um amigo imaginário, pois sabem que se seu filho adoecer, vai ter hospital, médico, remédio e atendimento de qualidade, então, não se sentem tão desamparados.

      • Este é o ponto. Eles arregaçam as mangas e vao à luta. Por isso, sao mais produtivos e desenvolvidos intelectualmente. Nao ficam esperando por outra pessoa agir em seu favor, como os religiosos que, por serm assim passivos, contribuem para a estagnação e/ou lentidão em todos os sentidos. Duvido que na Suecia (85% de seus habitantes sao ateus) existam tanta gente querendo ferrar com os inovadores.

        • Escolhi a Suíça como contraponto nos Processa Eu justamente por sua sociedade representar, para mim, uma das formas mais evoluídas de aglomeração humana.

          Certamente o Suíço Médio é bem acima do Brasileiro Médio. Para mim a Suíça é uma das sociedades que mais se assemelha a um lugar utópico cheio de gente intelectualmente dotada. EU, SALLY, não acho que gênios destratariam pessoas “menos gênios”, acho que seria possível uma vida em pé de igualdade. Tiro isso pela minha relação com o Somir: nenhum de nós é burro, mas certamente ele é muito superior a mim intelectualmente e nem por isso eu era a BM da relação. Gênios sabem reconhecer a excelência. É isso que os difere dos medíocres: reconhecem a excelência, se encantam com ela e a respeitam.

  • O tema exige reflexão profunda. Nao ouso comentar algo novo agora, mas apenas vou endossar o conceito de que é possível um país somente habitado por impopulares. Neste caso, o rodízio, bem como a idéia apresentada em muitos comentários, de cada um fazer o seu serviço. Bem, lerei este texto novamente para apresentar novas soluções.

    Interessante analisar este ponto. No entanto, acho exagerado levar isto tao a serio a ponto de abandonar o blog ou parar de contribuir. Vejo este post como um convite à reflexao, ao debate. Nada além disso.

      • Ainda bem. Afinal, os leitores que mencionaram a possibilidade do auto-banimento, ao meu ver, acrescentam bastante às discussões e deixariam lacunas, caso se retirassem por conta própria.

        • Isso fica a critério de cada um. Acho que acrescenta enquanto a pessoa se interessar pelo local, a partir do momento em que ela o repudia, acho que tem mais é que sair mesmo.

          • Acho que alguns ficam com tanto medo de serem banidos, que já avisam que vão sair.

            O medo da rejeição faz o ser humano, muitas vezes, rejeitar antes.

            Isso é delegar muito poder pra vocês.

            • Que saiam. Isso diz muito sobre a pessoa. Cada um reage de uma forma quando está sob pressão. Tudo isso está sendo levado em conta.

  • Por isso que países mais evoluídos enfrentam problemas hoje. Japoneses não gastam, têm uma tradição muito grande de poupar e isso é ruim para a movimentação de capital. França envelhece e não tem como sustentar os velhos.

    Eu já tinha feito essa analogia do BM com a pobreza no mundo. Se todos fossem tão industrializados, desenvolvidos e gastassem tanto quanto os EUA, não haveria terra suficiente. Então será que a África pobre e subdesenvolvida é necessária?

      • Interessante… ouvi um programa de rádio com essa temática recentemente.
        Não sei se poderia afirmar que a África subdesenvolvida é necessária. Mas o planeta não comporta nossos 7 bilhões de pessoas vivendo no modo american way of life, os recursos se esgotariam num piscar de olhos.
        O jeito pra que todos vivessem minimamente bem, seria vivermos todos com muito menos do que aspiramos. Queremos isso?

  • Não tenho nenhuma resposta pra situação no momento, mas me surpreendi porque nunca havia parado pra pensar nisso e me peguei concordando com o texto quase todo.
    E assim como pedi para o Somir terminar o fragmento dele, te peço pra fazer esse texto sobre o sistema educacional finlandês. É um dos meus países preferidos e sempre gosto de ler a respeito, mesmo já sabendo de algumas coisas (até gostaria de ler mais sobre, mas o problema é achar fontes confiáveis que não pendam nem pro lado fanboy da coisa nem demonize outros aspectos). Não sou otária pra achar que existem países perfeitos, mas existem países melhores.
    E quero aproveitar o espaço pra manifestar uma opinião que nem é lá essas coisas, mas no meu meio é impopular: “Brasil, para de copiar as merdas inúteis e o lado violento ou fútil dos outros países. Copia aquilo de positivo que já foi demonstrado que funciona. Obrigada, de nada.”

    • Vou escrever sobre a educação na Finlândia sim. Aliás, acho até que o Somir falaria melhor do que eu.

      O problema de copiar coisas boas dos outros países é que se der educação para esse povo, ele nunca mais vota nesses canalhas

      • Pois é, já abandonei minhas esperanças de ver algo do tipo acontecendo por aqui. Uma nação de BMs é fácil de manipular.

  • Olha, eu não comentei antes porque tenho lido os comentários anteriores e refletido bastante sobre tudo. Mas acrescentando minha contribuição, digo duas coisas: primeiro, mesmo que tenhamos uma suposta sociedade perfeita, composta só por gênios, acho que ainda assim, em algum momento haveria conflito. Não adianta, é meio que inato ao ser humano criar conflitos. Mas daí fica a questão: para além de intelecto, há que se ter maturidade pra conseguir lidar bem com esses “conflitos”. O que nem sempre é tarefa fácil, eu sei. Segundo: como a Sally mesmo falou no texto, invariavelmente a sociedade é formada por bms e por intelectuais. Não adianta, somos obrigados a conviver com eles. Entretanto, e apesar de tudo, acho que dá pra minimamente tentar ter uma boa convivência com eles. O que também não é tarefa fácil. Enfim, viver e conviver com os outros nunca é tarefa fácil, mas fazer o que? É o desafio que resta às nossa vidas…

      • “Então você acha que conviver com os medíocres que ficam atacando quem ousa inovar é algo inevitável?” – SALLY

        Não diria INEVITÁVEL. Diria TOLERÁVEL. Em parte.

        Ao longo da vida, adquiri a indispensável capacidade de IGNORAR e DESPREZAR os BMs e suas opiniões (se é que podemos chamar de “opinião”, porque se não há atividade intelectual envolvida, não é opinião, mas isso é outra discussão…). Mais ou menos como o Dr. Cox fazia quando era obrigado a “dialogar” com gente desinteressante: ouvindo, mentalmente, o som de ondas…

        O grande problema, que eu NÃO CONSIGO abstrair é a FALTA DE EDUCAÇÃO GALOPANTE que parece ser inerente aos BMs. E não somente a eles… Muita gente intelectualmente interessante é INSUPORTÁVEL de conviver pela falta de educação e grosseria que apresentam. Pra mim, ser INTELECTUAL/GÊNIO conta menos do que ser EDUCADO/CORTÊS.

        Incrível como a vasta maioria das pessoas apresenta um comportamento deselegante, sem educação, reprovável: pessoas gritam ao invés de falar, não pedem “com licença” pra passar, esbarram e não pedem desculpas, não se cumprimentam no elevador ou outras áreas comuns e BILHÕES de outros comportamento cotidianos que sou obrigada a TOLERAR todo santo dia…

        Já disse e repito: a sociedade FALIU! Por vários motivos. Mas a cultura dos BMs (nivelar por baixo) e a falta de educação são os piores motivos pra mim, com os quais sou obrigada a conviver cotidianamente.

          • Peraí, eu deveria elaborar mais sobre o “não”… Mas tá difícil. Exaustão mental “full throttle” hoje. Vamos lá…

            Li algo similar num comentário abaixo e concordo: se todos os “medíocres” fossem banidos/exterminados, sobrariam os “médios”, “bons” e “geniais”. A hierarquia se manteria, mas subiria um degrau: os médios se tornariam os medíocres e assim por diante. Haveria uma alteração de papéis, mas não uma mudança significativa na sociedade.

            Mais ou menos se exterminássemos as pessoas “feias” e “horrendas”: as “arrumadinhas”, “normais” e “bonitinhas” desceriam na escala e assumiriam o lugar.

            (Olha eu nem me considero tão assertiva nesse momento. Capacidade de raciocínio falhando já…)

  • P.S: Esse texto ilustra bem do porque o Somir não gosta de Off-Topics…
    Meio broxante observar 95 comentários com 10 respostas pra solucionar o problema proposto… acho legal a subjetividade e relatividade que se pode ter de um tema, mas não o desvio da proposta.

    • Discordo.

      A proposta de um tema não significa que devemos nos ater EXCLUSIVAMENTE a ele. Mesmo “desviando” ligeiramente do foco, achei os comentários interessantes e instigantes, como há tempos não acontecia.

      Ficar PRESO ao tema é limitar debates correlatos que poderiam engrandecer a discussão principal.

  • O lado negro da gravidez…. parece que foi até uma premonição do que teríamos nesse post. Este texto também não está sendo um sucesso de critica… embora eu leia e não me incomode com os termos citados, entendo quem está reticente quanto ao tom do texto. Inclusive se o texto for parar em rede social pode ser o mesmo inferno…. coincidência ou não ambos contém um tom ditatorial imperativo que pode ser confundido com arrogância se misturarmos as opiniões neles presentes com o referido tom; Pra causar indignação o precedente básico é não diferenciar o que é opinião do que é fato. Parece tudo tão jogado na cara, que fatos, possibilidades e opiniões viram verdades absolutas do autor e aí fica autoritário e arrogante, não por culpa do autor e sim do leitor que não fez a correta distinção do que estava sendo-lhe apresentado.

    • Tudo depende do filtro com o qual você lê o texto, e esse filtro diz muito sobre você. Uma pessoa arrogante acaba lendo dando o tom de arrogância. Uma pessoa insegura acaba lendo com tom ofendido. Este texto não está aqui por acaso, hoje, porque sim. Este texto foi pensado, escolhido e escrito para refletir dentro de vocês e me mostrar do que cada um é feito. Se consegui isso ou não, nunca saberemos. Mas a intenção foi essa.

      • É bem isso que aconteceu com o texto do lado negro, eu li e não achei nada de anormal, mas consigo ver como elas se revoltaram, só que pra isso tive de querer pensar com a cabeça delas, reler o texto inteiro procurando pelo em ovo, e os pelos estão lá, mas é necessário uma boa lupa e doses de distorção pra se indignar.

        • Todos nós fazemos isso: projetamos um pouco de nós naquilo que avaliamos. O problema é que algumas pessoas são mas frágeis e se deixam tomar por isso, comprometendo o bom senso, a interpretação e até mesmo a coerência dos argumentos. Centenas de mulheres passaram lá para me dizer que maternidade é a melhor coisa do mundo e ao final me desejavam, em tom de quem roga praga, que eu tivesse muitos filhos. Resta rir de como as pessoas se expõe, expõe suas fraquezas, seus complexos, sem nem perceber.

  • Não sei se alguém já leu “A elegância do ouriço” (Muriel Barbery)… a personagem do livro é uma zeladora com uma mente afiada, observadora, crítica, e escondida no visual e profissão de BM ( no caso francês médio)… Acho sim que pessoas altamente intelectualizadas são capazes de executar serviços braçais com melhor qualidade inclusive e com criação de soluções mais inteligentes. Entretanto e apesar do “orgulho intelectual” que temos ( vou me incluir nessa) por diversas vezes me sinto BM… Sempre tem algum momento que por mais que eu observe e pense e reflita sobre um fato ainda acho que poderia ter ido além, que faltou um pouco de raciocínio. A sociedade é feita por todos. Acho que a questão atual é que a ignorância parece estar vencendo. Toda propaganda nos coloca representados como retardados e a gente só consegue ver isso agora (tudo tem o Carlinhos Brown!)… mas tem muita gente por aí questionando e tentando mudar… talvez estejamos chegando no ponto mais alto do pêndulo da história e por isso essa sensação.

    • No conceito proposto no texto, onde o termo BM é usado apenas para fins didáticos, tenho certeza de que você não é: pessoas que se acomodam e tentam foder com quem não se acomoda junto com elas. Pessoas medíocres que não sabem reconhecer a excelência e jogam pedras em inovações. Pessoas que tumultuam o progresso e evolução em função se seu comodismo individual.

      Certamente uma pessoa capacitada faz QUALQUER COISA melhor. Desde vender churros até construir uma nave espacial. A questão é que gente capacitada, criativa, pensante e indagadora costuma se aborrecer e se frustrar nesses empregos monótonos massificados. Até que ponto conseguiria ser feliz fazendo isso da vida?

      • O livre pensar e o ateismo são caminhos sem volta… onde trabalho tem uma moça na porta cuja função é a de colocar garfo, faca e guardanapo em um saquinho. Tenho inveja dela. Profunda. Quanto ela erra alguém come com 2 garfos… Ou não limpa a boca… Quando eu erro… bem… Tenho inveja de sua felicidade quase bovina… Quase queria ser BM… mas entendo que somos peças do mesmo quebra-cabeças… talvez a sociedade não possa existir sem ela! A minha tese é que estamos sofrendo o excesso dela… credito um pouco disso a era pós 9 dedos em que há uma valorização do informal, da ignorância e da falta de dentes. Estamos cansados.

        • Certamente esses 16 anos de bolsa esmola, de gente sem preparo fazendo filho para ganhar dinheiro (e de fato ganham mais do que muita gente com diploma) contribuiu para meu asco e exaurimento dessa massa que além de não contribuir para o progresso, ainda joga pedras em quem tenta fazer a diferença. Mas, sinceramente, sempre me incomodou. Só que no mundo real, de cara limpa, não dá para falar.

          Se apoiam na religião para dizer que “somos todos filhos de Deus”, mas vai desculpar, eu não vou entrar no mesmo saco dessas pessoas não.

      • Li, reli, li os comentários e ainda não tenho certeza se cheguei a alguma conclusão.

        Numa mistura de comentário com depoimento, me policio para não cair na zona de conforto de ser uma BM, pois sim, já fui em maior e menor grau e é muito fácil ser BM, difícil é parar, questionar, estudar e refletir sobre as coisas.

        Há alguns anos lá estava eu em trabalhos braçais por forças das circunstancias (quando o bolso aperta, não tem jeito), porém, aconteceu exatamente isso que foi comentado. Tentei levar algumas mudanças, me atormentava ver tanta gente fazendo exatamente a mesma coisa por tanto tempo (aqui estamos falando de anoooos) sem nenhuma perspectiva de querer mudar, fazer a roda girar ou qualquer outro movimento. Isso me aborreceu, me fez muito mal, afetou minha saúde de tanta aflição que me dava. Não deu. Saí. Consegui me recolocar em minhas funções e deixei o serviço braçal para quem sente prazer em fazê-lo.

        Hoje, luto contra certos preconceitos. Quando vejo pessoas acomodadas em suas funções, quando a pessoa permite dou minha contribuição mas não sofro mais. Tento respeitar e tenho exatamente esse pensamento: Precisamos de alguém para fazer. Se todos forem inconformados, quem o fará? Mas aí vem a reflexão – e por isso minha falta de conclusão sobre o assunto – se fossemos todos inconformados, não teríamos os mesmos serviços realizados de maneira muito melhor? (para me limitar apenas ao quesito serviços).

        Ainda estou refletindo….

      • “A questão é que gente capacitada, criativa, pensante e indagadora costuma se aborrecer e se frustrar nesses empregos monótonos massificados. Até que ponto conseguiria ser feliz fazendo isso da vida?” – SALLY

        #lágrimas

        • Nesse modelo de sociedade em que estamos hoje, aqui no Brasil, acaba que muito medíocre sobe para cargos que requer intelecto por contatos e muito gênio fica em cargo burocrático automatizado e ali é mantido para bancar esses medíocres no poder, para que eles se apropriem intelectualmente do seu trabalho.

  • Eu li em algum comentário da Sally por aí que essa semana era para filtrar os leitores por interesse. Acho que sou a primeira a cair fora, então.

    Eu acompanho o Desfavor desde 2008, na época do Orkut ainda. O que sempre me agradou em vocês é que vocês eram politicamente e socialmente incorretos, mas nunca politicamente e socialmente incorretos DE GRAÇA. Sempre tinha uma razão bem lógica. Vocês não criticavam a histeria punitiva porque sim, por exemplo. Sempre tinha uma razão por trás da crítica. Hoje não tem mais.

    O texto de hoje tinha tudo pra ser ótimo: “Como lidar com os trabalhos menos recompensadores numa sociedade baseada no mérito intelectual onde os seus cidadãos sejam intelectualmente dotados?”. Porém, como dá pra ler um texto onde saltam frases como “havia o grande nojo dessa gente intelectualmente inferior”? Onde é construído um maniqueísmo tão gritante que eu fiquei com medo do último parágrafo ter uma conta bancária para depósito do dízimo ou um Heil RID.

    Talvez daqui há uns dias os ditadores daqui revelem que todos esses textos tinham um sentido em especial e a opinião deles aqui não revela o que eles REALMENTE pensam, já que essa seria a única maneira da Sally não parecer incoerente na minha cabeça ao criticar a tentativa do PT de construir uma luta de classes na sociedade brasileira e fazer exatamente o mesmo aqui, nessa “sociedade de mentira”.

    Mas talvez você realmente pense tudo isso, Sally. E tudo bem se for assim, afinal você tem o absoluto direito de pensar como quiser. E se for esse o caso (juntando com a temática de faxina da semana), parece óbvio que eu não me encaixo aqui. Então eu saio.

    Mas obrigada pelos anos de postagens e compartilhamento de ideias.

    • Jurema, o que você entende por INTERESSE?

      Mesmos interesses, na minha concepção, não é pensar igual nem concordar com o que o outro diz. Acho possível discordar de uma pessoa ou de alguns de seus pontos de vista e ainda assim ter os mesmos interesses dela. Creio eu que em CINCO ANOS não deve ser o primeiro texto meu que você discorda, não acho que isso seja motivo para se retirar, mas enfim, a escolha é sua.

      Você pinçou uma frase minha e tirou do contexto. Realmente, assim parece que eu sou nazista do intelecto. Meu nojo é de pessoas que não QUEREM melhorar e ATACAM o que há de melhor à sua volta para conseguirem se manter na mediocridade. Releia o texto como um todo e talvez você consiga ver isso. O tempo todo falo das pessoas que antagonizam, que tentam frear a criatividade, a liberdade de expressão, que recriminam o pensamento, o raciocínio. Sim, eu tenho nojo dessas pessoas e as acho um atraso intelectual. Agora, pintar isso como preconceito, como algo classista ou de intelecto, está na sua cabeça e não na minha.

        • Vamos lá. Quando eu disse no texto que chamaria dois grupos PARA FINS DIDÁTICOS, como BMs e Impopulares, eu realmente quis dizer isso. PARA FINS DIDÁTICOS, ou seja, para ajudar na compreensão.

          O conceito de BM que eu tenho, que você tem ou que cada um tem é variável e ele NÃO ENTRA EM QUESTÃO neste texto. Neste texto, PARA FINS DIDÁTICOS, eu optei por CHAMAR DE brasileiro médio um grupo que defini claramente: gente que atrapalha o progresso da sociedade. Gente que joga pedra em inovações. Gente medíocre, que detalhei em diversos momentos. ESSES, que PARA FINS DIDÁTICOS ESTÃO SENDO CHAMADOS de brasileiros médios, eu acho que dá para delimitar sim. Claramente. Dei informações de sobra no meu texto.

          MAAAAASSS, COMO SEMPRE, FALHA A COGNIÇÃO EM UM, e todo mundo vai atrás da premissa falsa. Querem tratar o texto como se eu estivesse falando do conceito geral de BM? Vão enfrente. Apenas fico decepcionada.

          • Ah. por que não explicou antes?!

            Quando diz “Como bons inconformados que somos, como elite intelectual selecionada a ferro e fogo…” e nos impele a pensar sobre como nos livrar dos “medíocres”. Devemos hipoteticamente nos limitar a esse maniqueísmo apontado no texto para então ‘PENSAR’ numa solução de uma sociedade ‘melhor’.

            Sair um pouco do texto e pensar sobre uma possivel dificuldade em se separar notáveis de bm’s é falta de cognição…

            Ok então. Façamos assim.

            • Sim, não perceber que no texto o conceito tratado é de medíocres que tentam frear cabeças pensantes é falta de cognição sim senhor. Não “façamos assim”, É ASSIM.

              Achei que podia usar uma analogia, mas pelo visto até isso gera entraves.

  • Essa da burrice de nascença eu duvido muito… preciso que alguém me esfregue na fuça pra entrar na mente. A menos que a pessoa tenha algum retardo mental (que é doença e não burice) só não aprende quem não quer…. mas o quanto esse querer é genético? Precisamos de especialistas, já que no achometro eu fico com os fatores externos como causa da falta de cultura e do seu causador, a falta de estímulo intelectual. Inclusive essa “preguiça” de aprender atribuo a forma disciplinar de criação e não genética.
    Nessa (e em outros pontos) fico com o Hugo.

      • A distribuição da capacidade intelectual das pessoas (populações) segue um formato chamado de “curva do sino”, ou em termos técnicos segue uma distribuição normal: poucas pessoas muito burras, poucas pessoas muito geniais, e a grande e esmagadora maioria orbitando em torno da média. Tem um livro bem interessante, e extremamente polêmico de dois pesquisadores dos EUA chamado “The Bell Curve”. Vale a pena dar uma lida. Com relação à parte genética, o que se sabe, no geral, no meio acadêmico é que existe sim um efeito forte dos genes na inteligência (vide as pesquisas com gêmeos monozigóticos), mas que o efeito do ambiente é bastante decisivo. O fato é que não existe, ainda hoje, ferramentas para separar o efeito dos genes e o efeito do ambiente… Talvez no futuro cheguemos à algumas técnicas de como fazer isso matematicamente ou estatisticamente. Da mesma forma que a distribuição da capacidade intelectual das pessoas segue uma distribuição com formato normal, há uma série de evidências de que os países possuem diferenças entre si em termos intelectuais, sendo que a distribuição da inteligência das nações é, também, normalmente distribuída. Poucos países com média intelectual bastante elevada, poucos países com média intelectual bastante baixa, e a maioria orbitando a meiuca. Bom, é importante salientar que a inteligência das pessoas tende à crescer ao longo das gerações. Nas ciências cognitivas isso recebe o nome de efeito Flyinn. No entanto, em casos específicos de tragédias (como o terremoto do Haiti há alguns anos) ou guerras (ex. Iraque), pode ocorrer o efeito anti-Flyinn, ou seja as gerações posteriores vão perdendo capacidade intelectual, mais por uma questão de privação cultural gerada pela tragédia/guerra.

        Quem tiver interesse no tema, sugiro ler alguns artigos/livros do Robert Plomin, um dos maiores especialistas na chamada Genética Comportamental, que dentre outras coisas estuda os efeitos dos genes na inteligência humana.

        A questão do texto é bastante pertinente, e eu fico me perguntando isso com uma certa frequência: daria certo um lugar habitado apenas por pessoas altamente inteligentes? Não sei a resposta, seria interessante fazer algum experimento “proibido”, tipo um reality show só com pessoas muito inteligentes, para se ter uma idéia do que poderia acontecer. De qualquer forma, existem sociedades em que o nível intelectual médio é muito alto, por exemplo a Finlândia! No entanto, a inteligência lá também segue um padrão normal de distribuição… ou seja, eles têm pessoas para lavar banheiros e outros serviços congêneres.

        Eu chutaria que, em um local só habitados por pessoas muito inteligentes, os trabalhos ruins seriam desempenhado por pessoas de fora, o que retro-alimentaria a roda, voltando com o tipo “brasileiro-médio” novamente para o convívio.

        • Ótimo comentário… um teste que poderia ser feito seria jogar um bebê geneticamente superior em um ambiente BM e tirar um bebê de um lugar onde ele teria tudo pra se tornar um BM e inseri-lo na Finlândia. Qual seria o resultado? Acho que o dilema ambiente x genética teria uma boa resposta. Seria uma interessante experiência, mas exigiria o sacrifício de um ser geneticamente superior. E a reposta do teste, qual seria? Chutaria um BM acima da média, que absorve muito rápido as coisas que lhes são apresentadas mas que fica limitado pela falta de ferramentas prévias pra decifrar o novo conteúdo.

          • Esse teste bastaria para avaliar o quanto é genético e o quanto é do ambiente?

            Existe como mensurar em um exame se a pessoa tem propensão à inteligência?

            Acho que o resultado seria mais preciso se separassem vários gêmeos a os distribuíssem entre imbecilóides e gênios. Mas claro, isso é uma monstruosidade que não será feita jamais, ao menos assim espero.

            • É… exigiria um grande estudo genético ao ponto de pegarmos humanos ainda bebês e executarmos o teste. Uma alternativa pra testar isso seria pegar 10 finlandesinhos e jogar em um mundo BM…. eles seriam preguiçosos? Ou isso é coisa que se aprende? Eles seriam inteligentes ou o ambiente os limitaria a ponto de serem Bms como os de cá? Em todo caso seria uma experiência falha, já que não conseguiríamos testar essa “burrice de nascença” a qual vocês se referem, pra isso precisaríamos do mesmo avanço científico e jogar o bebe geneticamente burro na Finlândia e aguardar os resultados….

          • Poderia ser uma boa mesmo. Há tantas concepções erradas em genética comportamental, que talvez um desfavor convidado calharia bem. Não trabalho com genética não, mas parte do meu campo de estudo é na área de desenvolvimento cognitivo e estatística.

            Eu acho que pegar 10 Filandesinhos e jogar em um ambiente BM não responde nada. O interessante seria se tivéssemos uns mil gêmeos monozigóticos da finlândia, em que 50% fosse criado lá e 50% aqui em um lar BM. Aí daria para tirar algumas conclusões sobre o impacto do ambiente BM…

            • O que VOCÊ acha que aconteceria no caso dos gêmeos? Sei que não dá para ter certeza de nada, mas no seu achismo, o que você acredita que aconteceria?

              • A privação cultural ou a falta de estimulação cognitiva adequada pode enterrar um potencial grande. Minha aposta é que os Filandesinhos desenvolveriam-se menos vivendo em uma casa de BM, do que eles poderiam desenvolver estando na Finlândia!

                • Essa é a conclusão óbvia que eu chego também, mas você acha que eles seriam preguiçosos? Acomodados? Ou seriam limitados com força de vontade? Realmente gostaria da sua opinião pois tem mais propriedade que nós sobre o assunto.

  • O esquema de rodízio parece o mais próximo da realidade, seria uma questão de equacionar o tempo com que cada um ocuparia esses postos.

    Minha proposta seria baseda em um sistema de troca; Troca essa se daria entre investimento individual a troco de trabalhos pouco nobres. Sempre sonhei em um mundo onde você possa financiar seus estudos com trabalho próprio, no nosso caso pro governo bancar seus estudos você teria de fazer o que fosse necessário. Assim na sua fase de estudante você aprende a dar valor ao trabalho e aprende os valores de contribuir com a sociedade. Já que falaram no rodízio, me parece funcional que os estudantes fossem fixos na função (enquanto estiverem usufruindo das benesses do eficiente governo impopular) e as outras pessoas compusessem o quadro de trabalho forçado respeitando a rotatividade a ser adotada.
    E a segunda-feira poderia ser o dia da limpeza das praças públicas e não dia de expediente… sou favorável ao trabalho ser 4 dias semanais e um 5 de bônus pra afazeres domésticos então isso seria mão na roda: Cada um cuida da sua casa e depois vai todo mundo contribuir em conjunto com algo maior e de interesse público.

    • Bacana isso de pagar estudo com trabalho.

      Temos que começar a pensar nas universidades e nas novas carreiras, porque essas que existem não me parecem ideiais

      • Não só estudo seria pago com trabalho pesado, nesse mundo ideal algumas dividas com a sociedade poderiam ser pagas com um bom tempo de trabalho braçal. Correríamos o risco de estigmatizar estes trabalhos? Sim, mas quem desdenhasse disso já seria uma pessoa a ser cortada do Suriname, afinal destratar pela inferidade é algo bem burro e babaca.

      • Realmente esse sistema não só de carreiras como de promoção dentro das carreiras é algo que me incomoda bastante, para mim o ideal seria que existissem projetos, você se inscreveria neste projeto e contribuiria nele com todo o seu conhecimento em diferentes áreas. Isso não só faria que nossas vidas não fossem condicionadas ao trabalho como acabaria com essa alienação por especialidades.

        • Sim. Criança de 20 anos presidindo algo que não tem noção, profissional com 30 anos de carreira estagnado em cargo de ralação. Injusto, desmotivante. Tinha que ser meritocracia, um plano de carreira onde a medida que a pessoa fosse ralando muito também fosse aprendendo muito. Com isso, quem não quisesse ralar nem aprender não subiria.

    • “Sempre sonhei em um mundo onde você possa financiar seus estudos com trabalho próprio, no nosso caso pro governo bancar seus estudos você teria de fazer o que fosse necessário”

      De novo, o Japão banca intercâmbio de seus estudantes no exterior. Em troca, além de comprovar efetivamente o conhecimento adquirido nesse intercâmbio, exige também que esse estudante realize algum trabalho, pesquisa, estudo de interesse no governo nesse país, não necessariamente do interesse nem da área desse estudante. Palavra de alguns estudantes japoneses que estudavam conosco Direito, mas que entregavam pesquisas de marketing no consulado.

      • Quando eu falo “eu sonho” quero dizer que sonho com isso aqui no Brasil, onde se tem cotas em universidades federais mas nenhum apoio próprio do governo pra ajudar de imediato o jovem a se manter…

          • Olha que legal, taí uma coisa positiva que eu não conhecia. Quem implantou esse sistema? Deveria ser difundido e virar regra no Brasil inteiro pelo governo federal e pra todos os cursos e universidades sobre a batuta do Estado. Ah que falta faz o investimento em educação… Quantas mentes brilhantes poderiam ser desenvolvidas com um plano desses? Sem que o estudante dependesse de suporte dos pais ou pior se desdobrar pra se sustentar e estudar em tempo integral? Certamente muitas mentes não foram aproveitadas por falta dessas facilidades. Sei que parece (e talvez seja) muito paternalismo, mas, no meu entendimento, todos os recursos investidos pro PLENO desenvolvimento intelectual ajudam na formação de uma sociedade melhor.

  • Eu sou a favor de rodízio em tarefas menos nobres, mas não me parece que o fenômeno sociológico da pressão por conformidade se altere em uma sociedade de gente mais inteligente. O que sobe é a média, mas mesmo dentro de uma sociedade mais educada e evoluída as caraterísticas das pessoas vão tender a seguir uma curva normal. Para um gênio, um superdotado é um BM. Aí, os superdotados vão findar por ter um pensamento mais homogêneo e os gênios os acharão limitados, medíocres. No Suriname, os pontos fora da curva reclamarão do IM (impopular médio).

    • HAHAHAHAHAHA

      Impopular Médio

      Se você analisar só pelo aspecto de QI sim, mas eu levaria outras coisas em conta. Por exemplo: Somir é absurdamente, gritantemente, descaradamente mais inteligente do que eu. Se fizer um tese de QI nos dois, o meu vai parecer o de um orangotango comparado ao dele. Mas eu tenho uma inteligência emocional que ele não tem: observação, percepção de pessoas, articulação de pensamentos. Em alguns pontos eu sou superior a ele e em outros ele é superior a mim, sem que nenhum dos dois seja BM.

  • Não, não. Ninguém devia limpar fossas e caca de elefante. Acho que nem meu inimigo merece. Concordo com a Lichia a respeito de cada um limpar a própria sujeira (até as escolas japonesas ensinam isso) e sermos um pouco mais polímatas. Na verdade eu tenho um pouquinho de compaixão desses profissionais “indignos”. Para que empacotadores de supermercado se eu posso muito bem ensacar minhas compras sozinha? Em outros países, como a Alemanha, essa profissão nem existe, você mesmo que empacota o que comprou. Lá há mais oportunidades. Além disso nessas áreas nem sempre o BM é competente, só está lá porque não quis/não pode estudar.
    Com uma peneiragem é possível encontrar pessoas inteligentes que por azar nasceram numa família/num habitat BM. Não é muito certo julgar a capacidade de uma pessoa pelo seu berço, quantos pobres estão estudando que nem loucos pro ENEM? Quantos ricos não estão nem aí pra nada porque sabem que vai ter papaizinho pra sustentá-los a vida toda?
    O ideal seria melhorar a qualidade da educação e estimular as crianças. Com boa educação as crianças aprenderiam a pensar por si próprias e até refletiriam a respeito dos costumes BM das pessoas próximas ao invés de segui-los e se autoestragarem (eu sei que não existe). Exemplo: dizer para os pais que jogam lixo no chão que fazê-lo é errado. Mesmo que não os convença, pelo menos terão cérebro o suficiente para não concordarem em fazer isso só porque os pais fazem. Eu mesma discordo de alguns pensamentos BM dos meus pais pois tive acesso a bons colégios e consequentemente me interessei em buscar conhecimento (Et Bilu feelings) e refletir, usar essa coisa que fica entre as orelhas.
    Com boa educação é menos provável que as pessoas se deseduquem no futuro só pra serem aceitos numa panelinha, por exemplo, pois saberão que não é a coisa certa a se fazer.
    Já os BMs adultos é caminho sem volta, BM é cabeça-dura e intolerante a opiniões diferentes. É melhor manter distância para evitar a fadiga. Mas ao menos vão sofrer desaprovação social das novas gerações evoluídas, envelhecerão e morrerão. O BM seria reprimido e não teria pra onde correr, se extinguiriam.
    Só falta o Governo se interessar em investir na educação, né… O problema todo é convencer o Governo.

    • Certamente tem rico BM, tipo Thor Batista, aliás, é o que mais tem.

      Mas não sei se concordo que educando todo mundo se resolve. Algumas pessoas simplesmente não querem se esforçar para nada, não tem sede de conhecimento, não estudam para se aprimorar mesmo que lhe seja dada a oportunidade. Acredito em algum componente genético no medíocre. Não que seja SÓ isso, mas acredito que ele contribua.

      • “Acredito em algum componente genético no medíocre”. Não sei se a causa seria exatamente genética, Sally. Talvez seja algo ainda mais profundo que nem saibamos ainda o que é ou como explicar. Mas que tem quem realmente seja “medíocre por natureza” ou “de nascença”, ah, isso tem mesmo…

        • Sim. Pessoa que não tem o menor interesse em melhorar, em se aprimorar em aspecto algum e que ainda detonam quem o faz. Eu acho que vai além da cultura ou da criação.

      • “Acredito em algum componente genético no medíocre.”

        Ótimo. Isso tudo esta indo pra um caminho cada vez melhor.

        Onde já vi isso antes?…

        • Mas isso independe de raça e também não é fator determinante. Como eu disse, uma pessoa não é BM por ser burra, conheço muitos burros que se esforçam e estão procurando sempre aprender, por mais que tenham dificuldades para tal

      • “Algumas pessoas simplesmente não querem se esforçar para nada, não tem sede de conhecimento, não estudam para se aprimorar mesmo que lhe seja dada a oportunidade. Acredito em algum componente genético no medíocre.” – Sally

        Ai, GEZUIZ! Me identifiquei! Mas, no meu caso, é exaustão mental mesmo…

        • NAONDE que você não tem sede de conhecimento? Qualquer novo projeto seu você estuda! Você estuda até sem ter necessidade de estudar, só para saber mais do assunto… Eu hein…

            • Otária. Já te vi estudar tanta coisa sem estar sendo obrigada a isso. Deixa de ser otária de ficar repetindo isso que você tem sede por conhecimento!

              • É por isso que eu não acredito muito em auto-avaliação. Se tem algo que a Mary-RJ passa longe de ser é medíocre, por tudo que tenho lido dela aqui.

                • Admito que tenho tendência a autodepreciação (em certos aspectos). Me condeno fortemente por estar ACOMODADA a uma realidade confortável, mas desestimulante, e não tenho me esforçado para mudá-la e buscar algo mais gratificante. Enquanto isso, o tempo tá passando…

                  Muito se deve justamente ao que Sally comentou sobre a atual sociedade que DESVALORIZA o esforço e premia o parentesco, o “networking”, a bajulação e outros métodos nada nobres de “crescer” profissionalmente. Fora a desvalorização das profissões intelectuais que são pouco (pouquíssimo) recompensadas – situação que fica GRITANTE quando as comparamos com “trabalhos” pouco ou nada intelectuais como o combo “modelo/atriz”, atletas em geral e jogadores de futebol em específico e tantas outras, cuja remuneração mensal não chega a ser alcançada pelo montante ANUAL de muitas profissões mais intelectuais…

                  P.S.: Obrigada por suas palavras J.M. de S.

                  • De nada! As “impopularas” são demais! Você nos representa!
                    Eu não uso chapéu, mas se usasse, tiraria para você! Já sunga, eu uso…

      • *Voltando aqui por motivos de auto análise*

        Minha opinião foi um tanto utópica, vendo agora, talvez eu seja esperançosa demais.
        Isso é intrigante. Por que algumas pessoas tem o desejo de melhorar a si mesmas ou onde vivem, e por que algumas preferem ficar estagnadas numa mediocridade infinita e nociva? Tipo, apesar da escassez de oportunidades, alguns continuam remando contra a maré e muitas vezes conseguem êxito, ainda que leve tempo, e até promovem uma revolução em sua época. Outras, preferem apenas pensar “É assim que sempre foi e é assim que sempre será, desencana”. Será mesmo genética? Personalidade? Se Rousseau estiver certo, o que leva o ser puro a escolher caminho X ou Y pra sua vida?

    • infelizmente tem pessoas que são burras de nascença não por influência. mas acho que essas pessoas são minoria e que essa ideia pode dar certo, o BM seria desprezado.

      • Mas uma pessoa apenas burra, para mim não é um BM. Conheço gente burra que procura conhecimento, e mesmo que entre muito pouco na sua cabeça, ela está sempre tentando melhorar. Não é uma questão de QI e sim de postura, de escolhas.

        • eu quis dizer BM, me expressei mal. mas acho que a maioria a MAIORIA é BM por questões culturais. não tenho boas ideias, mas estou concordando com vários comentaristas abaixo.

  • Tirando limpar banheiro, as tarefas chatas e que demandam pouca especialização deveriam ser feitas pelos aprendizes, o melhor exemplo seriam os pratos do restaurante, que deveriam ser lavados pelos aprendizes de chefe, assim como é comum que a eles sejam delegadas tarefas mais maçantes como cortar legumes e manusear carnes cruas. Seria uma tarefa a mais no aprendizado.

    Quanto ao problema do limpar banheiro proponho que seria feito por todo mundo pelo menos uma vez na vida, uma espécie de serviço social obrigatório, nos moldes do serviço militar obrigatório: se não fizer trava os documentos e o desenrolar da vida fica inviável. Dos 17 aos 19 anos por exemplo, todo impopular trabalharia com essas coisas desagradáveis e tiraria disso uma lição para toda a vida, não me refiro a ser humilde (credo, longe disso!), mas saber dar valor ao que tem e respeitar aos outros.
    Idealmente este serviço seria prestado no local de trabalho que o respectivo impopular deseja ocupar. Se eu quero ser diretora financeira de uma empresa importante, nos dois primeiros anos de faculdade eu vou fazer estágio na empresa limpando os banheiros. Poderia ter uma regra moral instituindo que quem não passou por este estágio não pode ocupar cargos elevados.

    Ninguém gosta de limpar privada dos outros mas eu vejo isto como sendo melhor do que conviver com os BMs.

    • Essa ideia de escalonamento, de tarefas menos nobres como escada para alcançar um lugar melhor, é sensacional. Isso bem equacionado pode dar certos sim!

      • Sugiro como leitura esse livro aqui: Start-up Nation: The Story of Israel’s Economic Miracle. O que dá para extrair dele para o tema é o fato de todos os cidadãos lá, homens e mulheres, prestarem serviço militar obrigatório por alguns anos dentro desse contexto de escalonamento de tarefas, numa cultura marcada pela adversidade, que achata a hierarquia e fomenta a informalidade diante dos perigos constantes e urgentes.

        Isso faz com que as pessoas acabem por ser criativas na vida civil, redundando em um alto grau de inovação e busca constante pelo aprimoramento.

  • A questão é realmente difícil, MAIS TARDE volto pra tentar propor soluções. O tema tem uma série de relatividades, acho que o mundo ideal da Sally é impossível de ter lógica (utópico infelizmente é fato) mas nem por isso vou ficar aqui tentando convencer da impossibilidade das propostas…. É pra funcionar o cérebro então vamos nos reter ao difícil, se for pelo fácil nós temos a nossa realidade.
    Agora não é porque vou encarar a tarefa de entrar no jogo que vou deixar passar soluções utópicas para o que foi proposto. Gente, o mundo é muito além de cada um limpar a sua sujeira, isso aí já beira a inocência.

  • Nossa, isso é que eu chamo de texto abrangente. Está padrão Somir de qualidade+profundidade, aliás remete ao último Dés Potas escrito por ele.

    Já tinha feito esse exercício de reflexão sobre os postos de trabalho em uma sociedade de pessoas inteligentes. Por ser uma idealização a primeira coisa boba e ingênua sobre quem ocuparia esses postos que vem a mente são os robôs. Depois que caí pra um plano mais realístico vem o desconforto…. tirando o fator ego e arrogância é fato que algumas pessoas são superiores a outras em diferentes ramos e diferentes funções (se ela não está ocupando essa posição superior no momento não vem ao caso). Mas e em uma sociedade só de pessoas inteligentes? Quem garante que você não estará no limite da nota de corte? A preparação e capacidade surgem como respostas fáceis, mas até que ponto seria ideal um mundo onde pessoas inteligentes limpam latrinas só porque existem pessoas mais inteligentes que elas? É a hora de cortar na própria carne e imaginar um mundo de Siagos Tomires e que, você sendo inferior, seria o Bm da vez e acabaria destinado aos serviços pesados necessários ao funcionamento da sociedade. Embora seja uma questão de “pelo bem maior (nosso suriname intelectual)” me parece bem injusto gente inteligente relegado a esse destino. E te faz refletir também se o que te faz gênio não é a mediocridade a seu redor (IDIOCRACY!!!); visão reforçada no exemplo da Sally do quanto maior esforço é necessário para se destacar em países desenvolvidos.
    Partindo da idéia que não, você não é gênio pela mediocridade e que sim, é injusto você limpar as latrinas dos Siagos Tomires temos uma questão bem difícil a resolver hein? Chegamos ao impasse do texto, a necessidade do BM, seres que queremos exterminar, mas que são (ou parecem ser) imprescindíveis pro funcionamento da sociedade.

    Lançadas as perguntas vamos as respostas (tenho por mim que se você quer impressionar uma platéia inteligente de a ela respostas de perguntas que impressionaram as pessoas comuns)…

    • Eu nem classifico os medíocres como aqueles burros ou com falta de cultura. Eu os classifico como sendo aqueles incapazes de reconhecer a excelência. Aqueles que quando você apresenta algo bom, não o reconhecem como bom e ainda metem o malho.

      Me recuso a aceitar que uma sociedade precise desse câncer para funcionar.

  • Adorei o texto. De verdade. Por favor, permitam-me reverenciá-los. Aliás, você e o Somir bem que poderiam dar palestras sobre este assunto e o do post “Sensação Artística” em algum lugar como o Café Filosófico que a TV Cultura exibe por aqui nas noites de domingo. Eu iria lá pra ver vocês ao vivo e participar do debate – ou até só pra ouvi-los – sem pestanejar.

    Bom, quanto ao post de hoje, temo que estejamos diante de um “cul-de-sac”. Acho que simplesmente não é possível existir uma sociedade só de gente inteligente. Assim como uma “Idiocracy” na vida real seria uma versão piorada da realidade que, em maior ou menor grau, nós já vivenciamos; uma sociedade só de seres inteligentes também teria problemas. Não só faltaria gente para fazer serviços braçais monótonos, repetitivos, desagradáveis e perigosos – um problema cuja solução talvez fosse mesmo automatizar tudo – como também certamente haveria constantes choques de egos entre esses gênios.

    Lembram do episódio dos Simpsons em que a Lisa se revolta contra a estupidez de seus vizinhos e família e é convidada a entrar na Mensa? Na ausência do prefeito, ela e seu grupo de pessoas de alto QI assumem o comando de Springfield com a intenção de formar uma sociedade ideal. De início, tudo parece uma maravilha; mas, com o tempo, o ego de cada um e as picuinhas entre os membros do grupo da Mensa acabam por colocar tudo a perder.

  • A primeira coisa que me veio à cabeça enquanto lia o texto foi um sistema de divisão de trabalhos rotativo. Algo que mudasse, por exemplo, de dois em dois anos, variando os cargos intelectuais e braçais. Daí o impopular pode passar de gênio para carteiro, para gênio, para limpador de latrinas, seguindo um padrão de nunca ter o mesmo trabalho “ruim”. Pode sair disso grandes inovações por uma pessoa excepcional estar num ambiente diferente, sob outro ponto de vista, e aplaca a tristeza de não estar fazendo algo mais produtivo porque seria um período de tempo limitado. Todo impopular ia ter seus anos de brasileiro médio, mas sem a limitação de ficar assim pra sempre.

    • Isso seria bastante possível. Adoreia a ideia. Pensando aqui, eu prefiro amargar alguns anos da vinha vida sendo carteira do que ter que conviver diariamente com a falta de educação do BM.

      Talvez não um rodízio de anos, porque isso deprime uma pessoa. Que seja uma vez por semana a pessoa ter que fazer um trabalho escroto. Será que uma vez por semana supriria a demanda?

      • Também gostei da idéia. Não tenho certeza se seria mesmo possível, mas seria muito interessante. Algumas sociedades indígenas até têm algo semelhante a essa “divisão de trabalho rotativa”, mas o critério para a distribuição das tarefas nesse caso, até onde eu sei, não tem nada a ver com intelectualidade.

      • Me metendo (porque hoje é dia de debate)… gostei muito da idéia, acho que semana não funcionaria pelos cargos de alto padrão e exigência, é preciso tempo pra desenvolver medidas visando governar uma sociedade, o ideal para esses cargos seria períodos de ano ou biênio, mas limpar latrina tanto tempo realmente seria frustrante. Teríamos de conciliar a alta rotatividade com uma preparação que exige tempo em cargos importantes para colher os frutos do desse bom trabalho no alto escalão. Sem contar que teríamos posições que simplesmente não podem mudar, indústria do entretenimento, serviços essenciais, para não haver queda de qualidade ou mesmo ineficiência.

        • Poderia haver um sistema de recompensas: cada pessoa ocupa dois cargos, um legal e um escroto. Quanto mais escroto fosse o cargo escroto, mais legal seria o cargo legal.

      • Uma vez por semana equivale a cada um limpar sua própria casa e assim não precisariamos de empregados para estas tarefas e o melhor de tudo, cada um limpa sua própria privada e não teria que ter contato com a merda de quem não mora na mesma casa.
        Será que todos os impopulares se contentariam em abrir mão de ter alguém limpando seu banheiro?

        Mas e os lugares comuns, banheiros coletivos de lugares que todos frequentamos, do banheiro do trabalho ao do shopping?

        (tenho mais ideias, vou abrir um comentário próprio).

        • Pois é, existem galerias de esgoto que de tempos em tempos precisam ser desentupidas. Existem infinidades de serviços públicos desagradáveis.

          • Usam máquinas pra desentupir essas galerias… já escutei umas histórias de que sai uma bola de cabelo do tamanho da bola do Kiko.
            Estes serviços de manutenções poderiam ser feitos em esquema de rodízio, uma vez a cada período (1, 3 ou 6 meses) os impopulares tiram um dia do trabalho normal para atuar nestas tarefas.

            Muito interessante este depoimento da Suelen sobre o Japão… país civilizado é outra coisa.

        • “Mas e os lugares comuns, banheiros coletivos de lugares que todos frequentamos, do banheiro do trabalho ao do shopping?”

          No Japão já funciona algo assim. Trabalhei em meia dúzia de empresas lá, entre fábricas e escritórios, e sempre há uma rotatividade mensal, desde o chefão até o estagiário, para um em cada dia limpar todos os banheiros. Nas escolas, as crianças limpam a sala em que vão estudar. Nas ruas, os moradores se organizam (ao menos nas cidades em que morei lá) todo domingo para cuidar, eles mesmos, da limpeza e da manutenção das praças. Assim, o número de garis e de encarregados de limpeza é bem diminuto. Morei lá anos e nunca vi um gari na rua, nem mesmo em Tóquio, onde só há lixeiras nas saídas das lojas de conveniência…

          E não é por uma questão meramente de educação. Também é econômica, para evitar desperdício de recursos e de pessoas, pois o país não poderia se dar ao luxo de desperdiçar tanta gente muito bem educada no geral nesses empregos menores diante da mão-de-obra necessária para o crescimento industrial no pós-guerra.

          • Muito bacana. Até estádio de brasileiro eles limparam sem nenhum constrangimento. Mostra que quando é cultural, todo mundo faz.

          • Caramba! Esse é o tipo de vivência que eu gostaria muito de ter. Só o que me entristece é que algo assim para muitos de nós ainda seja uma surpresa, um deslumbre, uma novidade incrível, uma coisa de se admirar; enquanto que para eles é algo quase tão natural quanto respirar. Tudo porque são educados dessa forma diferente – e melhor – desde muito pequenos há gerações…

  • Isso me fez lembrar a história e toda a contribuição histórica dos gregos, tomando como referência o período antes de cristo. Como foram uma população muito a frente do seu tempo, evoluídos tecnologicamente. E pra minha surpresa, eles tinham sistema de esgoto, diferente de outras populações onde cagavam em penicos e jogavam seus excrementos janela afora e abaixo. Há histórias de que quando foram escravizados foram colocados para ocupar cargo de médicos, cientistas, tamanho avanço de conhecimento que tinham.

    Achei um desavio a proposta do texto de hoje, vou tentar.

    Uma sociedade dessa iria exigir um trabalho mental e social muito grande da não hierarquia de importância de trabalho ou função, pois todos os trabalhos seriam niveladas num mesmo patamar. Uma opção que eu só consigo ver para uma sociedade só de impopulares dando certo, seria com um modelo social onde todos assumam responsabilidades e que trabalhem suas cabeças para compreender que devem fazer todos os tipos de trabalho, sem delegar para terceiros. Além da exigência de produção intelectual, cada uma lava sua própria latrina, lava sua roupa, e lava sua louça…

    • Seria uma boa ideia, cada um se responsabilizar pelo seu e tecer redes de amizade para eventualmente realizar trabalhos mais árduos em grupo. O mesmo grupo trabalha para todos os envolvidos, sem fins lucrativos, porque aí vira indústria.

    • Um dos traços de inteligência seria também buscar, de certa forma, algum grau de auto-suficiência. Muito bem pensado, Lichia. E também adorei seu exemplo dos gregos…

      • Eu estou apaixonada pela história dos gregos, Grécia Antiga… Lamento não ter estudado isso à fundo, mas ainda encontro tempo pra isso.

  • Grande desafio.

    Bom, acredito que os gênios podem desde novinhos ser condicionados a serem em alguns momentos apenas meros trabalhadores. A população pode se alternar nessas tarefas mais “insalubres” como se fosse pagar um imposto, obrigatório, mas com a segurança que poderão na maior parte do tempo exercer suas tarefas de escolha. Já nasceriam se acostumando a ser os 02, mas sempre sendo estimulados para não perder o foco e querer apenas fazer o básico. Poxa tenho que pensar mais sobre o assunto.

    • Tem isso também… aqui no Brasil tem os trabalhos dignos e os trabalhos “indignos”, que é uma distinção muito escrota que não existe em países civilizados. Em outros países não é demérito ser babá, ser caixa, lavar louça, são todos trabalhos dignos e te sustentam. Talvez se desde pequenas as crianças tivessem essa visão não se incomodassem tanto com isso.

      • Pensando sobre esse assunto, algumas considerações iniciais (com uma ressalva: para um brainstorm eficiente, estou desconsiderando qualquer filtro moral e ético):

        – O BM original (from Brazil) realmente discrimina alguns trabalhos: os que exigem esforço, seja ele intelectual ou físico. O negócio é ganhar dinheiro fazendo o mínimo possível: jogador de futebol (de preferência sem treinar) ou modelo/atriz (de preferência sem malhar).

        – Todo o trabalho em um país capitalista se dá em forma piramidal -> muita gente embaixo botando a mão na massa, uns outro tanto coordenando o operacional, uns poucos criando estratégias e pensando no processo como um todo. Não há espaço estratégico para todo mundo.

        – O problema do conformado não é ser conformado. O problema do conformado é querer barrar o não-conformado. É ocupar cargos de poder e decidir pelo não-progresso do país em nome de sua confortável estabilidade. E, principalmente, a multiplicação coelhística, que domina cargos por força de voto e gasta recursos.

        Dados esses pontos, mais algumas considerações:

        ¨ BM não serve para nada e pode ser eliminado. Temos outros povos conformados e mais educados, gentis e engajados. Algumas culturas valorizam o trabalho, talvez possamos aprender com elas. Gente que tem uma vida confortável e repetitiva pode ser bem útil. Ganha-ganha: eles passam a vida em confortáveis rotinas e os “pensantes” podem gastar tempo e esforços em assuntos que “mudarão o mundo”.

        ¨ Aviso: sim, eu sou capitalista, acredito na livre iniciativa, em governo mínimo (para regulamentação de mercado) e livre concorrência. Mas uma ideia embrionária é dar o mesmo rendimento financeiro para QUALQUER trabalho. Eu fiz essa pesquisa-experimento social onde trabalho e o resultado foi interessante: somente uns 2% trabalhariam em cargos de liderança. Um outro tanto preferia trocar o atual por empregos estáveis (em horário). Coisas como vendedor de loja ou analista de MIS (quem faz relatórios). Um monte deles gostaria de fazer coisas como ser bombeiro, mecânico, marceneiro. Dois (duas pessoas, não 2%) queriam ser garis (surpreendente). Sem a pressão do salário, provavelmente teríamos uma separação natural de conformados e não-conformados.

        ¨ Dado o item anterior, teríamos que garantir que somente os Não-Conformados, aqueles que aceitaram trabalhos intelectuais e responsabilidades, seriam elegíveis aos cargos estratégicos e com poder de decisão.

        Por fim, só para voltar à realidade:

        § Adorei o exercício mental de imaginar um país livre de imbecis (poderíamos deportar todos, com incentivo do governo brasileño).

        § Não creio que consigamos livrar um país inteiro de gente idiota. O ser humano é uma merda e vai achar subterfúgios para criar picuinhas pessoais e ganhos secundários.

        • “O problema do conformado não é ser conformado. O problema do conformado é querer barrar o não-conformado!”

          Essa frase resumiu perfeitamente a premissa do texto. Essa gente é uma praga e por mais que muitos aqui surpreendentemente estejam recriminando meu nojo ou vontade de me livrar deles, eu gostaria de uma sociedade sem eles.

          A ideia de nivelar o mesmo salário para qualquer função é muito bacana, porque as pessoas escolheriam o trabalho pela APTIDÃO, pela vocação, e seriam menos infelizes, pois fariam aquilo que gostam. Adorei.

          • Se o único problema for as barreiras que os conformados colocam aos não-conformados, é só ensinar a não fazerem isso. Como são massa manipulável, acho que uma pequena mudança cultural ia ser suficiente pra fazer eles pensarem “aquela pessoa não te interessa em nada, afaste-se e volte pra sua rotina” em vez de “aquela pessoa é uma ameaça, jogue pedras nela!

            • E a questão da estabilidade social como uma necessidade para a sobrevivência da sociedade como a conhecemos, como fica?

              • Não tinha pensado nessa parte, porque nunca vi os impopulares (no sentido do texto, pessoas inovadoras e não acomodadas) como uma ameaça tão grande à estabilidade social. Mas como toda mudança cultural é lenta, dá tempo da sociedade se adaptar como um todo à nova situação e criar novos mecanismos (menos destrutivos) pra evitar que tudo desande.

                • Nem sei te dizer se isso procede. Pelo que pesquisei, para uma sociedade sobreviver é preciso um grupo de medíocres que garantam a estabilidade social. Mas quem disse que isso tem que ser uma regra fixa, eterna? Quem disse que não se pode pensar em algo inovador e tentar desafiar isso?

              • Andei pensando nesse problema da estabilidade social, e agora ele me parece mais ilusório do que real.

                Primeiro essa divisão entre “BMs” e “impopulares”, não acho que seja tão simples separar as pessoas em dois grupos distintos, de forma absoluta e irrevogável. Pode ser que exista muita gente que faz parte de um desses grupos e nunca mude, mas acho (ênfase no “acho”, opinião minha) que a grande maioria das pessoas alterna o tempo todo, agindo de uma forma e de outra. Aqueles que jogam pedra em quem tenta algo novo, cada um deles pode amanhã ser o louco a ser apedrejado da vez, e aquele que não entende porque é tão atacado pode daqui 5 minutos estar atacando alguém que defendeu uma idéia que ele não concorda…

                E segundo porque acho que esses “gênios loucos sem noção de limites” que poderiam supostamente abalar as estruturas da sociedade se não fossem contidos pelo muro de ignorantes, não são tão loucos assim, eles só brincam com os limites porque sabem que os limites existem. Lembrei daquele teu texto sobre os pseudovalentões, homens que numa primeira análise parecem ser muito violentos, agressivos e brigões mas prestando mais atenção se percebe que eles só são assim porque sabem que na hora H vão ser contidos, assim também acho que são a maioria dos “gênios inconseqüentes” (ou seria pseudoinconseqüentes?). Uma coisa é eles serem inconseqüentes e sem noção quando sabem que logo ali tem alguma coisa que vai impedir eles de irem longe demais, outra coisa bem diferente é eles fazerem isso sabendo que não tem. Panela de pressão só explode se tiver tampa.

                Mas claro, tudo isso são suposições, difícil comprovar na prática…

          • E se nao houvesse herança? E se todos nascessem com um salário mínimo de “cash” apenas? E se todos estudassem desde o início em escolas niveladas? Condições iguais…

  • Eu não tenho que desentupir latrinas, nem limpar banheiro público, nem recolher o lixo, nem limpar o cocô da jaula do elefante no zoológico. Só que isso não faz de mim uma impopular. Não é exatamente um mérito meu ou da minha inteligência. É uma questão de sorte.

    Esses serviços degradantes não são feitos necessariamente por pessoas medíocres, mas também por pessoas que não tiveram SORTE na vida. Não puderam estudar, não tiveram a oportunidade de ter uma vida mais digna, não tiveram uma boa alimentação, nem uma boa educação. Muitos, inclusive, tiveram mães que usaram drogas durante a gravidez, o que comprometeu o desenvolvimento de seus cérebros. Outros, sofreram traumas, abusos na infância, foram abandonados em orfanatos, foram abandonados em mansões pelos pais ricos, mas ausentes, foram vítimas de pedofilia, tiveram que viver na rua, ou simplesmente tiveram o azar de nascerem deficientes.

    Os brasileiros médios que são medíocres no pensamento e na falta de capacidade de questionar, que são aceitam ser contrariados, que acham que suas opiniãozinhas são muito mais importantes do que as dos outros, que passam o dia na Internet dando atenção ao que detestam, que não conseguem ver nada além do que querem ver… não estão, necessariamente, limpando banheiros públicos. Eles estão também em altos cargos. Alguns são presidentes de empresas… outros são presidentes de seus países. São artistas e intelectuais medíocres, mas milionários e famosos…

    Nem mesmo a posição intelectual determina quem é ou não é brasileiro médio. Há muitos escritores medíocres ganhando prêmios. E cantores com músicas ruins (na MPB, por exemplo) sendo chamados de gênios pelos críticos.

    A linha que separa o brasileiro médio do impopular e do gênio é muito tênue. Talvez ela nem exista. E, se existir, ela não é estática: está em movimento, é instável… Não há uma forma segura de afirmar quem é e quem não é genial. Não há espaço para o maniqueísmo nesse caso. Até porque, a humanidade só chegou até aqui porque soube se adaptar. É inteligente se adaptar. Os inconformados promovem mudanças, sim, mas os que se adaptam sobrevivem mais em todos os sentidos. Vivem com menos angústia, com menos solidão e são acolhidos pelo grupo, o que traz muitas vantagens, inclusive na vida profissional.

    Não quero generalizar: gênios e medíocres estão em todos os lugares, em todas as profissões, em todos os cargos, são ricos e são pobres, são sortudos e são azarados, são mendigos e são reis.

    Diante disso, a resposta para o seu desafio de criar um novo modelo social onde não precisemos dos medíocres é: SIM, É POSSÍVEL. Só que não nos sentido de eliminar os brasileiros médios, mas de ajuda-los a evoluir. Se todos tiverem acesso à educação de qualidade, se todos tiverem uma infância digna, uma alimentação adequada, acesso à saúde e ao conhecimento, estímulo, atenção, respeito e amor, poderíamos criar uma sociedade em que os lixeiros não seriam necessários, pois todos seríamos capazes de limpar a própria sujeira e de reciclar e de não poluir.

    É só comparar a limpeza das ruas do Japão com as do Brasil. Eles não são mais limpos porque mais gente limpa as ruas, mas porque menos gente suja. As escolas poderiam estimular o respeito entre as diferenças e as religiões poderiam deixar de ter tanta importância. A justiça poderia ser realmente justa e as cadeias, mais humanas.

    Não seríamos todos geniais, mas seríamos mais civilizados e menos violentos. Pelo menos a maioria de nós. Uma sociedade sobreviveria com uma maioria de pessoas inteligentes e inovadoras? Sim. Não haveria guerras estúpidas, nem preocupações com coisas sem importância como a sexualidade dos outros e as religiões não teriam tanto poder, pois cada um seria capaz de questionar os dogmas e os interesses de quem inventou os dogmas.

    Para isso, seria necessário haver uma revolução muito profunda, que modificasse os alicerces da humanidade. E isso é utópico demais. De qualquer modo, poderíamos começar olhando para nós mesmos: será que somos mesmo impopulares? Eu vejo em mim muitas características de brasileiros médios, muita mediocridade e muita falta de coragem para promover mudanças. Por isso, minha sugestão é deixarmos, aos poucos, de sermos brasileiros médios e ajudarmos os outros medíocres que queiram evoluir, estudar, crescer, questionar e mudar.

    • Concordo com tudo que você falou, inclusive com a questão da sorte e da genialidade. Mas não acho viável educar todos os Brasileiros Médios. No Brasil, isso não vai acontecer nunca, porque não interessa a ninguém. Daí surge um novo desafio: como tornar interessante para o Poder Público investir no BM?

      • Só se no poder público estivessem pessoas que pensassem da mesma maneira. Ou seja: só com mudanças coordenadas (ou na base, através de educação voluntária, ou através de “invasão” dos cargos de decisão – mesmo que seja necessário “jogar o jogo” por algum tempo).

        Mesmo assim, tenho uma questão que eu nunca consegui “fechar”: por que MESMO com educação formal, mesmo com exemplos, carinho, etc etc etc, uma parcela da população brasileira ESCOLHE o caminho mais fácil e confortável??? Por que isso é diferente em outros países??? Seria uma questão de cultura??? De “genética”??? De onde vem a falta de vontade de trabalhar e aprender???

        Eu vejo tantos exemplos de gente que poderia ser “tão mais” mas que se conforma com o mínimo, que eu não sei se haveria realmente uma mudança muito profunda apenas com educação… Já acreditei mais nesse hipótese, mas com tanto exemplo contrário, começo a considerar com mais carinho a hipótese da influência do clima.

        • É justamente sobre essas pessoas que eu falava no outro comentário: meu achismo é que tem um componente genético, porque todo o resto está presente (capacidade, recursos, estímulo, etc). Não sei se já foram realizados estudos nesse sentido, vou pesquisar.

        • “Eu vejo tantos exemplos de gente que poderia ser “tão mais” mas que se conforma com o mínimo, que eu não sei se haveria realmente uma mudança muito profunda apenas com educação”

          Achismo meu: creio que se fôssemos um país que historicamente fosse acometido por adversidades como Israel hoje, Alemanha e Japão mais recentemente, e outras nações hoje de ponta ao longo da História, em guerras civis ou em mundiais, não teríamos tanta gente assim que se conforma com o mínimo…A falta de recursos naturais, a devastação sofrida em conflitos no passado, a miséria coletiva logo após a destruição em uma guerra, essas coisas poderiam ser um dos fatores que impeliriam a nação para a busca do aprimoramento…

    • Clap! Clap! Clap! Clap! Essa foi pra aplaudir de pé, Marina! Comentário mais lúcido e preciso que vi até agora….

      • “A linha que separa o brasileiro médio do impopular e do gênio é muito tênue. Talvez ela nem exista. E, se existir, ela não é estática: está em movimento, é instável… Não há uma forma segura de afirmar quem é e quem não é genial. Não há espaço para o maniqueísmo nesse caso. Até porque, a humanidade só chegou até aqui porque soube se adaptar. É inteligente se adaptar. Os inconformados promovem mudanças, sim, mas os que se adaptam sobrevivem mais em todos os sentidos. Vivem com menos angústia, com menos solidão e são acolhidos pelo grupo, o que traz muitas vantagens, inclusive na vida profissional. ”

        Sensacional, Marina!

  • De todas as fases que o Desfavor já teve, esta é a que menos concordo. Houve uma época que pensava igual a vocês, que a humanidade devia sofrer uma faxina para ver se melhorava o nosso nível social, intelectual, político, etc. Isso não era consequência de um preconceito meu, já que odiava a humanidade como um todo e achava que negros, brancos, ricos, pobres, ocidentais, orientais, todos deveriam morrer por uma causa qualquer. Pensava que o apocalipse era a única maneira de colocar nosso mundo no seu devido eixo.

    Eu também já fui cético, também já falei que não queria colocar um filho nesse mundo, também achei que os brasileiros médios não mereciam atenção e que não passavam de massa de manobra política. Aliás, o brasileiro médio foi treinado para ser macaquito, para servir apenas aos ideais de pessoas que hoje em dia governam nosso país e tomam decisões que afetam nós, cidadãos críticos e afoitos por mudança. Nesse contexto, excluir o brasileiro médio de nossas vidas serve como uma grata vingança, correto?

    Então alguma coisa mudou quando minha filha nasceu e alguma coisa mudou mais ainda quando minha amiga teve o AVC. Comecei a notar a fragilidade da vida e a temer pela saúde de meus entes queridos. Percebi que muitas pessoas são motivadas pelos seus medos, seus anseios e suas ignorâncias. Entrei para a Umbanda e vi de perto o quanto nosso povo sofre, o quanto quanto é ignorante, o quanto é manipulado e também o quanto sore por causa de tudo isso.

    O brasileiro médio foi manipulado, mas poucos deles se importam com isso ou querem mudar. Isso não é motivo para odiá-los, já que isso nos separaria mais ainda. Se queremos comentários mais dignos de nossa comunidade, devemos resgatar os brasileiros médios, trazê-los à nossa convivência e não expulsá-los. Fazer isso seria nos assemelhar aos nazistas, fascistas ou aos governos xenófobos e autocratas.

    Sei que o Desfavor nunca foi uma democracia, mas sei também que isso aqui não nasceu para ser parte de uma pequena panelinha. O teor desta última postagem me pareceu manipuladora demais e algo parecido ao filme “A onda”. Se continuarem nessa pegada, perderão mais leitores do que simples brasileiros médios e poderão fechar a porta para futuros colaboradores do blog.

  • Primeiro ainda acho nebulosa a definição de brasileiro médio. A pouco tempo até estava me denominando assim, pois apesar de perceber, e me revoltar com muita coisa, não tenho mais saco, idade e energia para efetivamente mudar algo. Prefiro ao invés de ficar gritando contra o sistema, me aproveitar o melhor possível de suas brechas e levar minha vida.

    Acho até que teria muita gente neste mesmo limiar, e que estes brasileiros médios a quem sempre se refere estariam em uma categoria até menor; algo como brasileiros ‘abaixo da média’…

    Dito isso, vamos a sua questão: Uma sociedade somente de gênios ou pelo menos de mentes inconformadas onde se tenham excluídos os medíocres. Bem…ao meu ver tudo é relativo e precisa de parâmetros de comparação. Em uma sociedade utópica nestes moldes logo os ‘menos brilhantes’ entre tantos brilhantes, seriam os medícres de quem hoje ‘nos destacamos’. E estes seriam escolhidos naturalmente para as tarefas menos qualificadas.

    Claro, sempre existe a opção mais utópica ainda, mas muito mais divertida de todos estes brilhantes entrando em uma guerra civil e todo mundo se exterminando pondo fim a raça humana.

    No fim acerta em uma coisa: É preciso sim, um bom grau de arrogância para propor algo assim.

    • Não sei a sua idade (eu tenho 24 anos) mas também não me sinto com saco nem energia pra querer ou tentar mudar algo. Tem muita coisa que me deixa puto ou me revolta, mas a sensação de impotência e desmotivação pra fazer qualquer coisa é muito forte. Muita coisa que precisa mudar, se mudar, vão ser coisas que ou eu estarei velho demais pra aproveitar ou já morto, e não sou tão altruísta a ponto de me preocupar com o que vai acontecer com gerações futuras tanto assim.

      • Engraçado que eu, com 23, também me sinto assim as vezes. Bate certa frustração e daí eu penso: bahh? Vale a pena mesmo gastar energias com isso? ohh vida…

      • “Tem muita coisa que me deixa puto ou me revolta, mas a sensação de impotência e desmotivação pra fazer qualquer coisa é muito forte.” – Everton

        #tamojunto
        Triste isso.

      • Sendo bem mais jovem que você, concordo muito. Por isso que eu me classifico como “inconformada conformada”. Não tenho carisma, não tenho paciência pra lidar com gente medíocre e tentar “salvá-las”, pois eu também estou longe de ser uma gênio revolucionária.
        Gosto de ficar no meu canto, despercebida pela multidão, sem ninguém cutucando. Prego que se destaca leva martelada (literalmente, dependendo do país), e eu não sei se estaria disposta a receber essas marteladas pra mudar algo pra gerações futuras (gente que eu não conheço e não me importo).

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