Pega no meu pau!

Não fosse algo muito mais nefasto surgindo para tomar o posto de Desfavor da Semana, eu teria sugerido essa pérola do jornalismo tupiniquim: mulher trans se revolta após segurança feminina se recusar a revistá-la. Como estamos na semana da baixaria, eu acho super válido falar sobre esse tipo de trans “pega no meu pau”.

Tempos atrás uma dessas figuras ficou famosa no Canadá por processar uma depiladora que não quis trabalhar com alguém com todas as partes masculinas ainda. Ela dizia que era transfobia uma mulher que só trabalhava depilando mulheres se recusar a manusear sua genitália masculina, afinal, ela se identificava como mulher.

A maior parte das regras sociais que temos não são baseadas em gente educada e com bom senso, são feitas para criar algum freio nos elementos mais malucos e abusados da espécie. Existem pessoas trans que se integram bem na sociedade, existem pessoas trans “pega no meu pau”. Enquanto pensarmos no grupo todo como uma parte ou como outra, não vamos chegar num meio termo positivo.

Se você é do time da lacração, nenhuma mulher trans tem motivos escusos para querer interagir intimamente com outras mulheres; se você é do time do conservadorismo, todas só querem abusar sexualmente de mulheres indefesas. É tão difícil assim entender que os dois casos são possíveis?

E mais: esses nem são os dois únicos casos possíveis. Todo mundo tem alguma memória de pessoa que fala coisas extremamente vergonhosas e tem atitudes impensáveis em convívio social. Essa gente existe, e até onde eu entendo, muitas vezes mal tem controle sobre os seguidos suicídios sociais que comete. Tem gente que não tem noção mesmo. Pode ser algum problema mental, pode ser convivência com mais gente sem noção, mas nunca duvide que quem fala uma asneira incrível estava certo de que era uma coisa boa para falar no momento.

Você nunca vai ajudar a causa dos transexuais se ignorar os abusos daqueles que são maliciosos ou… malucos. Não tem como desviar do problema, no caso de revistas de seguranças e policiais é padrão a pessoa não tocar em corpos diferentes do seu. Por causa do revistado e por causa do revistador. Num mundo ideal todo revistador seria respeitoso e todo revistado confiaria no profissionalismo do outro, mas no mundo real as coisas são separadas por sexo para que pessoas escrotas não tenham tanta oportunidade de fazer… coisas escrotas.

Sem reconhecer que toda minoria também é composta por gente que quer fazer as coisas do jeito errado e sacanear o próximo, não conseguimos gerar suporte suficiente para nenhuma causa. Sempre vai ter uma notícia dessas para “provar” o ponto de quem afirma que toda mulher trans quer abusar de mulheres biológicas.

Não adianta tapar o sol com a peneira, tem muita gente nesse mundo que só quer forçar os outros a pegar no seu pau. Não faz sentido afirmar que esse é o caso da mulher trans que aparece na notícia, mas para quem enxerga de fora a coisa vem sem contexto. É falta de noção uma pessoa com um pênis achar que está sendo oprimida porque uma mulher não quer passar a mão no seu corpo. Isso tem que ser dito.

Leis são feitas para não dar brechas, pensando em gente que quer burlar e gente que mesmo que não queira, acabaria escapando da consequência e por tabela, tirando o valor dela. A mentalidade de apoio a qualquer preço que muita gente coloca no tema da transexualidade é um veneno para normalizar o tratamento dessas pessoas. Um afago momentâneo que incentiva linchamento futuro.

Curiosamente, a direita conservadora se enfiou no mesmo buraco, talvez até antes dos lacradores: tamanha era a vontade de agradar novos membros que deixaram todo tipo de maluco que acredita em Terra plana e que canta hino para pneu participar. O movimento está infestado de gente maluca, incapaz de perceber que estão falando de aborto enquanto seus políticos ficam idênticos aos populistas de esquerda nas questões de utilização de recursos públicos.

Toda comunidade que abre as portas para gente torta da cabeça acaba tomada por essa gente. O maluco dá muito trabalho, faz muito barulho e se dedica de uma forma incrível para a causa. Não sobra tempo ou disponibilidade mental de avançar qualquer questão que não seja de estimação dos malucos. Uma quantidade assustadora de mulheres trans vivem de prostituição e a conversa mundial está em cima de banheiros femininos e similares.

Isso é sequestro ideológico. É trans “pega no meu pau” tomando conta de um movimento que não existe para satisfazer seus caprichos e/ou fetiches. E quando alguém que é do campo progressista fala sobre isso, a parcela maluca e histérica dos lacradores grita tanto que força seus caprichos e/ou fetiches sobre a discussão real de inclusão social.

São camadas de malucos se protegendo e traindo qualquer ideal que pessoas com mais neurônios ou capacidade de adequação social começaram. Ambos os lados do espectro político moderno estão infestados desse povo sem noção, que acha que tem que forçar sua religião ou orientação sexual goela abaixo de todo mundo. Porque sim, tem conservador “pega no meu pau”.

É normal mandar gente sem noção calar a boca e obedecer às regras básicas de convivência. Não é opressão controlar comportamentos nocivos de outras pessoas, é lógica básica de vida em sociedade. Em algum lugar dessa jornada rumo ao Século XXI perdemos a mão sobre como controlar os excessos do lado que defendemos. Talvez seja medo dos exageros do outro lado, a ideia de que se você ceder um milímetro, tomam um metro.

Eu sei que a frase “moça, você tem um pinto” ainda não é algo que sai normalmente das nossas mentes, mas se a pessoa não achar que vai ouvir isso quando reclamar num desses casos, ela vai continuar achando que está tudo bem continuar empurrando essa narrativa.

E sim, eu imagino que deva ser dolorido para a pessoa que ouve, eu também não acho bacana ter que ser a pessoa que fala isso, mas esse joguinho de troca de biscoitos enquanto não fere a gente diretamente não vai levar a nenhum resultado construtivo. Grupo sem autocrítica fica maluco que nem gente sem autocrítica.

Não existe apoio sem crítica. E não existe movimento saudável que não bota limite nos seus malucos. Eles pode até ser divertidos ou inspiradores, mas são malucos e esfregam essa imagem em cima de você. A gente isola gente agindo de forma maluca/obsessiva aqui no Desfavor se forem críticos ou defensores da gente. Tem gente que entra em fases maníacas e achamos até humano não deixar passar para não incentivar.

O outro time não pode ser a única forma de proteção do seu grupo contra quem passa da linha do aceitável. Controle decente começa em casa. Não resolve quase nada se todo mundo que for falar dessa notícia, por exemplo, estiver claramente defendendo valores cristãos e chamando a pessoa de monstro para baixo. Crítica de “inimigo” é esperada e até pode ser tratada como incentivo.

Direita que não bota limite em criacionista antivacina e esquerda que não critica trans “pega no meu pau” terminam mal do mesmo jeito. A pressão seletiva tem que vir de dentro do movimento, senão o movimento fica degenerado ao ponto de afastar pessoas mais estáveis mentalmente, justamente as que podem organizar as coisas e negociar para conseguir vitórias.

Até porque esse povo descompensado nunca trabalha em equipe. Quanto mais gente assim você tiver do seu lado, mais sozinho está.

Para dizer que eu estou muito erudito para o tema da semana, para me mandar pegar no seu pau, ou mesmo para dizer que a pior opressão é discordar de você: comente.

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Comments (10)

  • Abri a notícia e a frase marcante é “Ela ficou insinuando que éramos homens só por ter pênis gente?” essas pessoas são descoladas da realidade. Muitas delas já vão com intenção de fazer circo mesmo.

  • Eu lembro de ter lido em outro blog certa vez um texto com uma premissa parecida: todo movimento tem que saber “tirar o lixo” de vez em quando.

    Caso contrário, você fica só com gente dodói da cabeça, repelindo quem tem mais de dois neurônios.

  • Eu sou sapatão e não pego em pintos. Se fosse depiladora também não iria atender mulher de tromba e se me chamasse de transfóbica eu chamaria de lesbofóbica pra empatar a discussão. Quer ser mulher então corta o pinto.

  • Outra coisa que esteve acontecendo graças aos militantes trans é ódio às pessoas que se destransicionam.

    Essas pessoas frequentemente falam sobre suas experiências com transição que não deveria ter feito, seja por erro de diagnóstico psicológico ou psiquiátrico, erro médico ou questões pessoais, e estão sendo acusadas, por exemplo, de minar os diretos e a autoestima da população trans.

    Alertar as pessoas sobre riscos, efeitos colaterais ou consequências caso você se arrependa também não é transfobia.

  • Se não me engano, no Brasil teve um caso parecido com o do Canadá com um tal de “Duda” Salabert em BH, mas em um lugar de fazer sobrancelha.

    O cara com o layout da Dona Máxima do Hermes e Renato e querendo obrigar mulher a atender pqp

  • “Sequestro ideológico” é um ótimo termo. Aliás, conheço algumas pessoas trans e não são nem de longe essa caricatura de esquerdista tóxico. São mais socialmente funcionais do que muito incel que fica na internet xingando eles…

    “tem muita gente nesse mundo que só quer forçar os outros a pegar no seu pau.”
    Pelo menos dois terços dos problemas da humanidade só existem por causa disso.

  • Pega no meu pau

    Aguardem que a policial e a própria publicação vão ser acusados de transfobia pela forma que agiram na questão.
    Acharam ruim? PEGA NO MEU PAU

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