Stuck in a Rut

Você já sentiu que está preso em um ciclo vicioso do qual não consegue sair? Sabe que tem que tomar algumas atitudes, providências ou implementar mudanças na sua vida, mas simplesmente não consegue? Frequentemente se sente mal por isso? Se sente prisioneiro da sua inércia? Gostaria de fazer algo a respeito, mas não sabe por onde começar ou simplesmente não consegue?

Temos duas boas notícias: a primeira é que isso é comum e todo mundo passa por isso alguma vez na vida e a segunda é que todo mundo pode sair dessa situação e nós vamos dar algumas dicas de como, de forma gratuita.

Classificamos como “boa notícia” o fato disso ser normal e todo mundo passar por isso em algum momento da vida por um motivo muito simples: quem está preso nessa situação frequentemente se sente mal, se sente fracassado e chega a ter vergonha da própria inércia, que credita como sendo incompetência ou preguiça. A pessoa acha que só ela passa por isso e que deve ter algo de muito errado com ela. Negativo. É normal do ser humano passar por esse tipo de fase.

Essa situação é tão comum que tem até um nome para defini-la: rut. O termo vem do inglês, e, se traduzido literalmente, seria algo como “rotina”. Mas a expressão que se usa muito “stuck on a rut” não é bem sobre rotina, é ficar preso em uma solução que demanda uma atitude da pessoa para que se possa sair dela e esta atitude é protelada. A pessoa adia, não consegue começar, não faz o que tem que fazer.

Se você está em uma situação assim, preso, querendo sair, mas aparentemente incapaz de fazer o que precisa ser feito para sair, podemos dizer que você está em uma “rut” (se pronuncia “rât”). E, como já foi dito, isso é perfeitamente normal, acontece com todo mundo alguma vez na vida.

Se encontrar nessa situação não significa que você é fraco, é um perdedor, não tem força de vontade, é um merda, um preguiçoso, um acomodado, um incompetente ou um idiota. Significa que você é humano.

E não é só você que passa por isso, pense na pessoa mais foda que você conhece: ela passa por isso também. Só que, justamente por ser interpretado como sinal de fraqueza, poucas pessoas compartilham quando estão em uma “rut”, o que faz com que todo mundo pense que não é algo normal. É sim. Eu mesma já passei por isso várias vezes.

Não é necessário que seja algo grandioso. Pode ser uma pendência pequena, que a pessoa protela, protela e nunca tira da sua vida, como por exemplo tirar carteira de motorista ou pagar uma multa. Não importa o tamanho ou a relevância, é o não conseguir agir o grande problema – e como a pessoa se sente mal quando pensa nisso.

Alguns se sentem tão mal que acabam se anestesiando com outras coisas para não ter que lidar com isso ou com a sensação de fracasso que gera. O meio pelo qual se anestesiam pode ser o mais variado, desde bebida até pornografia, desde drogas até videogame, desde dormir excessivamente até redes sociais. Qualquer coisa que tire a pessoa daquela realidade na qual ela não está conseguindo dar conta do que tem que fazer e a leve para outra realidade paralela que a faça esquecer disso.

Outros negam o problema: inventam sucessivas desculpas para sua inércia, o que dificulta ainda mais resolver a questão, já que quem não sabe que tem um problema, não procura por uma solução. E se essas desculpas forem usadas por muito tempo, periga até da pessoa desenvolver um apego por elas e nunca querer deixá-las ir.

O problema dessa situação de “rut” é que se cria uma bola de neve: a inércia, o não fazer, o protelar vão gerando cada vez mais impactos negativos na vida da pessoa, até que a coisa se torna insuportável e não agir passa a ser mais doloroso do que agir. Só que esperar chegar nesse ponto não é o ideal, pois pode gerar consequências negativas irreversíveis para a vida da pessoa inerte e ainda obriga a pessoa a agir na pressa, sem uma boa estratégia.

Mas, felizmente, existem muitos recursos para resolver essa situação antes de chegar a um ponto crítico e alguns deles você pode até colocar em prática sozinho e sem pagar um centavo. Aqui segue uma compilação de alguns deles.

A principal característica desse estado “rut” é a dificuldade ou incapacidade de tomar a iniciativa. O primeiro passo é ter bem claro isso na sua mente: a dificuldade é no pontapé inicial, não na tarefa toda, como muitas pessoas pensam.

Então, é nisso que você deve agir: alguma forma de te incentivar a dar esse pontapé inicial, a começar, a quebrar a inércia. Não pense na enormidade da tarefa completa, fracione. A meta é apenas começar.

E existem muitas opções para conseguir isso, porém, sem fórmulas mágicas: o que motiva um pode desmotivar o outro. Por isso, de forma alguma você deve procurar por ajuda de coaches e outros charlatães que prometem fórmulas mágicas ou aderir a uma fórmula que deu certo com um conhecido. Tem que ser algo que funcione para VOCÊ.

“Mas Sally, eu não sei o que funciona para mim, como faço para descobrir?”. Você tenta e vê o que dá certo. Se não der, pesquisa mais opções, conversa com quem já passou por isso, busca por novas ideias. Mas, se você não está nem com forças para tentar, aí a solução está ao final do texto.

Muitas vezes essa dificuldade de iniciativa surge por uma construção da pessoa, que acredita que a tarefa como um todo é muito para ela e ela não vai dar conta, então, pode medo, receio ou insegurança, ela adia o pontapé inicial. Você sabe que sua inércia tem raiz no medo quando, ao se imaginar solucionando a pendência, cenários ruins vem à sua cabeça: passar vergonha, não fazer direito, não conseguir concluir, etc.

Pessoas assim são capazes de passar horas investidas em tarefas que sabem que vão performar bem (como por exemplo jogar videogame ou fazer vídeos para redes sociais) e serem incapazes de fazer uma obrigação que precisa ser feita. E provavelmente vão “apanhar” por isso: “para jogar videogame você tem tempo, né?”.

Não é sobre tempo, é sobre medo de iniciar a tarefa. É sobre insegurança. É sobre autoestima. Quem não tenta, nunca fracassa. Pais, amigos, cônjuges, se quiserem ajudar, não devem atacar e sim retirar a culpa, elevar a autoestima e ajudar a preparar a pessoa para encarar a tarefa que a está deixando reticente. Crie uma rede de apoio, não uma rede de linchamento psicológico.

Sendo este o caso, a melhor forma de criar forças para quebrar esta inércia é se preparando, estudando, praticando. Hoje existem infinitas possibilidades que podem ser acessadas de forma gratuita: vídeos, cursos, tutoriais, livros, artigos, depoimentos, mídia e até conversar com pessoas que já fizeram com êxito aquilo que você quer fazer. Ao se preparar você fica seguro para fazer o que quer que seja e se torna mais fácil quebrar a inércia.

E não estamos falando apenas de trabalho acadêmico, pode ser insegurança em terminar um relacionamento ou medo de mudar de carreira. Tem sempre alguém que conseguiu, que chegou lá e que está disposto a compartilhar sua história. E nessas histórias tem sempre algum elemento que é capaz de te inspirar ou de te ajudar. Pesquise!

Quando a inércia não vem do medo e sim do apego, ou seja, você gosta da situação como está e acha que uma mudança não vai ser tão legal como sua atual realidade, uma boa saída é tentar quebrar essa inércia entre dois ou em grupo. Se não pelo incentivo de construir algo em conjunto, pela gamification que isso gera, pela competitividade de ser o melhor do grupo a fazer isso ou pela vergonha de ser o único do grupo que não fez.

Durante algum tempo Somir e eu fizemos uma “competição” de vida saudável: todos os dias tirávamos foto do que comíamos e mandávamos um para o outro, tirávamos fotos dos treinos e “tarefas” nesse estilo. Cada uma valia um ponto. Quem somasse menos pontos semanalmente perdia e tinha que fazer algo pelo outro, e muitas vezes esse algo era bastante vergonhoso. Deu certo. Criou-se um mecanismo no qual não quebrar a inércia tinha consequências piores do que quebrar a inércia.

Outro problema comum é meramente conceitual: dar o primeiro passo é tão difícil, mas tão difícil, que a pessoa presume que a jornada toda será igualmente difícil. E não é. Quebrar a inércia é a parte mais difícil, depois, o resto fica fácil ou ao menos, mais fácil.

Nesse caso, uma ajuda para quebrar a inércia até a pessoa ver que a jornada é bem mais fácil do que ela imaginava é fundamental. Alguém de sua confiança que a pegue pela mão é dê esse primeiro passo com ela pode fazer toda a diferença. “Mas Sally eu não vou executar tarefa para marmanjo!”. Você é uma pessoa horrível. Ninguém está te pedindo para assumir responsabilidade do outro para sempre, só ajudar a quebrar a inércia. Parceria significa, eventualmente, carregar o outro no colo quando ele não consegue caminhar sozinho. Sendo algo pontual e combinado, é um gesto de amor.

Mas, para isso, a pessoa que está presa em sua inércia tem que pedir, pois quem está à sua volta não tem bola de cristal e não vai saber que a inércia é fruto de dificuldade e não de escolha. Seria invasivo se meter a ajudar na quebra da inércia se não fosse solicitado. Portanto, pessoas inertes: peçam. Verbalizem. Não é vergonha pedir ajuda.

Mais uma dica que pode ajudar nesse problema e na vida: organização. Não, não é discurso de mãe que reclama de quarto bagunçado, é científico, a desorganização drena energia.

O ideal é que quando você vai começar seu dia, esteja tudo pronto para você se sentar e começar a executar suas tarefas. Os objetos ou ferramentas que você usa com mais frequência devem estar todos juntos, em um lugar próximo e de fácil alcance. Seu dia deve estar esquematizado na véspera, de modo a que você já o inicie com um cronograma minimamente desenhado (ainda que ele acabe sofrendo alterações), e desenhado com critérios, colocando em primeiro lugar o que é urgente e importante.

Se você começar o dia com tudo bagunçado, tendo que arrumar seu local de trabalho, tendo que procurar por coisas, tendo que pensar no que fazer primeiro, isso vai drenar uma energia enorme. Pensar é o maior dreno de energia do corpo, mais do que esforço físico. Um dos maiores gastos energéticos do corpo é o cérebro. Então, é uma boa estratégia reservá-lo para as tarefas em si e não para a preparação delas, procura de ferramentas e logística. Tente se organizar assim e as chances de ter mais energia e disponibilidade aumentam.

Acabou seu dia de trabalho? Organiza tudo para o dia seguinte, desde objetos até o cronograma, de modo que você só use seu cérebro para trabalhar, não para atos preparatórios.

Outro ponto a ser considerado: tarefas cumpridas geram bem-estar no corpo (papo técnico: dopamina), como já explicamos neste texto. Isso é um mecanismo para te impulsionar a fazer o que é preciso. Porém se você recorre a outras fontes para obter estímulos dopaminérgicos (como redes sociais ou atividades online, por exemplo), seu corpo vai se acostumar com essa grande liberação constante e você não vai sentir os benefícios da dopamina da tarefa cumprida, te deixando desmotivado.

Muito além dessa situação de “rut”, uma pessoa viciada em estímulos dopaminérgicos precisa fazer um detox se quiser ter qualidade de vida. Pare de encharcar seu cérebro com boost de dopamina o tempo todo e a motivação para realizar tarefas pode voltar a ser atraente.

Agora, a parte mais importante deste texto (e a menos falada): pode ser que você faça tudo certo, faça o seu melhor, se esforce de verdade e, ainda assim, não seja possível quebrar essa inércia e sair dessa prisão sem grandes. E tá tudo bem. Até para isso tem saída.

Nesse caso, você vai precisar de ajuda profissional. Tem muitos motivos de saúde física e mental que podem levar uma pessoa a não ter forças, a não ter disponibilidade emocional, a não ter ânimo para quebrar a inércia e começar a fazer o que precisa ser feito. E não há qualquer demérito nisso.

É o que sempre dizemos aqui: quando o estômago dói, ninguém tem constrangimento de ir ao gastro, fazer exame e tomar remédio para gastrite, certo? O cérebro é um órgão como qualquer outro, se ele de alguma forma não funcionar como esperado, é preciso procurar ajuda e, se for o caso, medicar. Um remédio para ajudar seu cérebro a funcionar melhor é o mesmo que um remédio para ajudar seu estômago a funcionar melhor. Então, primeiro passo, deixar o preconceito de lado.

Se a pessoa tentou de várias formas e não consegue quebrar a inércia, se libertar dessa incapacidade de fazer o que precisa ser feito, vale uma consulta a um psicólogo ou um psiquiatra. Mas atenção: apenas a estes. Nada de terapeuta holístico, nada de coach, nada de astrólogo, nada de ninguém que não seja psiquiatra ou psicólogo. Psiquiatria e psicologia são ciências, que demandam uma formação criteriosa. É uma forma de peneirar o profissional e assegurar que ele tenha o conhecimento científico necessário para te ajudar.

Recorrendo coach e cia, você recorre a alguém que não tem formação para identificar eventuais problemas de saúde física ou mental que estejam te impedindo de levar uma vida funcional como você queria, então, periga você pagar caro para receber soluções empíricas que não vão te ajudar em absolutamente nada e ainda vão retardar a descoberta do real problema que está te paralisando. Sério mesmo gente, coach não. Coach nunca. Coach é terraplanismo da mente humana.

Já chega desse pensamento que psiquiatra e psicólogo é para maluco, né? 2024. Vamos ser melhores. A pessoa pode ter algum transtorno de déficit de atenção ou de ansiedade, por exemplo, que a paralise. E nem precisa tanto, muitas vezes até mesmo algum problema na tireoide ou a falta de uma vitamina no organismo pode gerar um cansaço, uma inércia e uma grande dificuldade para começar novas tarefas. Já vi casos de pessoa que suplementou com determinada vitamina (não vou falar aqui se não vai ter maluco tomando) e conseguiu quebrar essa inércia.

Mas isso você só vai descobrir indo a um médico (psiquiatra é médico) ou a um psicólogo que, percebendo essa possibilidade, te encaminhe para um médico. Não é vergonha, não é demérito, não é reprovável. Vergonha é ficar estagnado sem fazer o que precisa ser feito por preconceito em procurar ajuda.

E nunca é demais deixar beeeem claro: se você tem algum problema de ordem psiquiátrica, o que não significa ser maluco, você sozinho e sua força de vontade ou religião nada podem fazer. Assim como força de vontade ou Deus não curam uma cárie/dor de dente, também não curam um desequilíbrio bioquímico no cérebro. Depressão, só para citar um exemplo, não se cura com esforço pessoal.

Muito pelo contrário. A pessoa tenta, tenta, tenta e “fracassa” (pois reverter um desequilíbrio bioquímico não é algo que esteja ao seu alcance) e fica se sentindo cada vez pior consigo mesma. Fica se recriminando de como ela é uma bosta por não conseguir. Fica caindo em falácias como aquele pensamento errado de que “se todo mundo consegue eu também tenho que conseguir”. Todo mundo come alimentos ácidos, uma pessoa com gastrite não consegue, enquanto não tratar a gastrite.

E, também é importante deixar claro, que transtornos de saúde mental nem sempre são estereótipos extremos. Depressão não é necessariamente ficar na cama o dia todo, existem graus. Existem modalidades muito leves, como a distimia, no qual a pessoa consegue fazer quase tudo. Transtorno do Espectro Autista não é necessariamente olhar para o nada enquanto se balança, existem graus, muitos deles próximos o suficiente do que se convenciona chamar de “normalidade” e que podem passar despercebidos por quem olha de fora, mas podem dificultar muito a vida de quem o vivencia.

Então, UMA consulta com um médico, com um psiquiatra ou uma consulta com um psicólogo é algo que excluí outros problemas sobre os quais você não tem nenhum controle ou responsabilidade e deve ser o ponto de partida para traçar seu planejamento se você não conseguiu melhoras sozinho, caso contrário você pode passar meses ou até anos se obrigando a agir quando não tem condições para disso.

Se você está hoje nessa “prisão” de falta de iniciativa, o que eu te sugiro: primeiro tente coisas diferentes para se motivar (pode inclusive testar as sugestões deste texto) e observe se algo funciona para você, mas se coloque prazos. Siga seu plano diariamente e se, em três meses nada melhorar (ou se você não conseguir seguir seu plano), consulta com psiquiatra ou psicólogo para descartar motivos físicos para o que está acontecendo.

O que não fazer: tomar remédio por conta própria ou por indicação de conhecido, recorrer a coach, guru, astrólogo ou holísticos no geral (apenas recorra a psiquiatra e psicólogo), se punir de alguma forma por não conseguir (pode ser que não esteja ao seu alcance conseguir antes de tratar os problemas que te impedem de agir), sentir culpa, raiva ou qualquer sentimento ruim fruto disso (use qualquer sentimento como propulsor para buscar ajuda) e, por último, mas não menos importante, se entregar, se acomodar nessa situação, acreditar que ela não tem jeito e que será sempre assim. Não, não será. Mesmo que com ajuda é possível sair disso.

Todo mundo pode sair disso. Se convencer que você não pode sair disso é uma forma de se permitir ficar na merda sem sentir um incômodo. Todo mundo pode sair disso. Eu te garanto.

Se quiserem compartilhar experiências ou trocar uma ideia sobre problemas que estão empacando suas vidas, os comentários podem ser feitos de forma anônima. Este é um espaço seguro e vamos fazer o que estiver ao nosso alcance para ajudar.

Para dizer que isso é coisa de vagabundo mesmo (não é), para dizer que isso foi falta de porrada na infância (não foi) ou ainda para dizer que isso não acontece com todo mundo (acontece): comente.

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Comments (18)

  • Sally obrigado pelo texto, apesar de ter lido “só agora” não podia ser mais providencial do que no momento que estou vivendo. Tenho um problema, que ja sei, relativo a “evitar situações de conflito” o que no meu caso significa, não saber dizer não. E aí você tem uma esposa que “usa e abusa” de voce, pede separação e depois de 2 anos (e ter quebrado a cara), te procura “querendo voltar” no melhor estilo “como se nada tivesse acontecido nos ultimos 2 anos”. Aí voce começa a lembrar tudo que aconteceu e ver a pessoa do outro lado com o mesmo comportamento de antes, e se pergunta por que esta acontecendo tudo isso de novo comigo? Por que eu estou permitindo. O problema é conseguir sair da sua boca tal do NÃO…

    • Cris, se você quer mudar um padrão de comportamento e está difícil sozinha, pode procurar terapia, pode estudar autoconhecimento, pode conversar com pessoas que também se sentem assim e pode fazer muito mais coisas para te ajudar a entender de onde isso vem. Quando a gente entende de onde vem, fica mais fácil desarmar essa bomba. Fortalece essa autoestima e não aceite menos do que ser tratada como a pessoa mais incrível do mundo!

  • Pessoas inertes HAHAHA inerte é o gás Xenônio Sally!!!

    Enfim, brincadeiras à parte, o que me ajuda muito é fazer listas (elas são enormes) e escolhas (algumas bem difíceis). Mas escolhendo um, dois ou três problemas mais importantes para resolver, a coisa vai. Quando estou muito empacado escolho um só.

    Uma das dificuldades da minha carreira é que os problemas são às vezes muito complicados e grandes, raramente é coisa que se resolve em um dia só, muitas vezes são necessárias várias jornadas, às vezes meses ou anos, para chegar a uma resolução. Então a estratégia é dividir para conquistar, quebrar o problema em pedaços pequenos, “realizáveis”, mas para isso é fundamental localizar e registrar os pontos de parada. Tudo bem que às vezes algum filho da puta come os pedaços de pão que a gente usou pra marcar o caminho, mas com o tempo a gente aprende a usar marcos melhores.

    Tem aquela frase bonita do Emerson, de que a gente deve se acostumar a fazer coisas que não quer todo dia, uma vez por dia, para fortalecer o hábito de resolver problemas. A propósito, Emerson é um baita filósofo, com muitas observações práticas que são valiosíssimas para o ser humano inerte. Sugiro a todos a leitura do seu ensaio sobre a Autoestima.

  • Tem uns textos aqui que as vezes me sinto a própria irmã da igreja dizendo “hoje a palavra foi pra mim”… estou em um momento assim depois de muita resistência comecei a usar medicação e tenho observado diferença no meu dia a dia.
    Ter uma rotina ajuda muito e por mais que deteste atividade física também teve um impacto positivo, ainda longe do ideal, por vezes ainda sem coragem de sair da cama, mas melhorando aos poucos. E fica mais fácil a medida que fazemos.

  • Estou assim há anos…q meleca.
    Não consegui fazer nada do que me propus, nadaaaaa.
    Os anos estão passando sem que eu consiga sair da inércia, já tentei várias maneiras para me motivar, e nada…só procrastinação + culpa + inércia + raiva num ciclo sem fim :(
    Psicólogo? Sim
    Cursos e temas de gestão de tempo? Sim
    Organização antecipada? Sim
    Cronograma e agenda?Sim
    Aquisição de itens para facilitar o processo? Sim
    Auto motivação? Sim
    Auto bronca pra tomar vergonha na cara? Sim
    …e nada resolve essa pura e desconcertante inércia.
    Socorro!!
    Texto bacana Sally, não tinha todas essas informações.

    • Vamos na tentativa e erro até algo te tirar dessa inércia?

      Primeira tentativa: coloque metas bem pequenas diárias. Pense no longo prazo mas atue no curto prazo.
      Metas bem pequenas mesmo. Por exemplo: se você quer fazer uma tese de doutorado sobre um tema, sua meta diária será ler uma página de um livro relacionado por dia. Só isso. Apenas isso.

      Depois de vários dias, quando essa meta bem pequena já fizer parte da sua rotina e não gerar mais nenhum esforço, você aumenta ela um pouquinho, exemplo: duas páginas por dia.

      Vai assim, bem devagar, até que você esteja realizando tudo que precisa em um ritmo bom para alcançar seu maior objetivo.
      Se não funcionar, volta aqui que a gente tenta outro caminho!

  • Uma das coisas que mais me ajuda a sair desse estado é remover o que percebo como obstáculo ou dizer a mim mesma que não preciso fazer de forma perfeita. Mas a gente também acaba procrastinando muitas coisas de um jeito que nem imagina, né? Minha pior forma de procrastinar até hoje foi ficar falando de amenidades com a psicóloga porque não queria me abrir com ela.
    Tive uma colega de escola que era extremamente organizada com o material de estudo, passava o dia todo estudando. Eu treinava na mesma academia, e uma vez a mãe dela disse estar preocupada porque a menina não largava os livros nem nas férias e estava tomando medicação contra ansiedade. E mesmo assim, as notas dela eram medianas. No fim, percebeu que passava muito tempo organizando material como uma forma de procrastinar os estudos, e na hora de começar a estudar, já estava mentalmente esgotada pela ansiedade que isso gerava.

    • É muito comum pessoas que demoram a começar uma tarefa e, quando começam, já começam exauridos. Pena que não se converse mais sobre isso, para que todos aprendam a priorizar.

  • Uma ideia que me alivia bastante nesses períodos da vida é que a vida é impermanente. Querendo ou não, em algum momento, mesmo que demore anos, ela vai mudar alguma coisa que me forçará a acompanhá-la. Até em coisas que eu procrastinei por anos evitando fazer achando que não ia conseguir ou ia falhar, tive de ir lá e fazer e me saí surpreendentemente bem.

    • Mas vale a pena ficar esperando a vida nos forçar a mudar? Não seria isso se colocar nas mãos do destino? Não seria melhor que nós mesmos observemos nossas questões e mudemos? Pergunto isso por ter a impressão de que, quando a gente protela algo, a vida não é muito gentil ao nos tirar da inércia. Ao menos comigo, costuma ser muito mais suave e menos traumático quando eu começo a agir por conta própria, antes da vida me obrigar…

      • Sim, iniciativa própria definitivamente é a melhor forma de se mudar algo mesmo que os planos sejam frustrados depois.

        Como uma pessoa que já levou muito na bunda da vida, realmente, essas mudanças quando acontecem por mais que sejam profundas, dói pra um caralho. Pode ser muito melhor, de fato.

  • Texto interessante, Sally, nem sabia que tinha termo pra isso… Me fez pensar e lembrar de algumas situações aqui: há um tempo atrás, diria que, num estagio “mais avançado”, eu procrastinava bastante, não tinha iniciativa pra nada, nem mesmo pra me levantar da cama e ir simplesmente lavar uma louça. Daí eu ficava fazendo mil coisas outras, ou as vezes ficava na cama mesmo, pensava em mil coisas, dava mil desculpas pra simplesmente não ir lá lavar a bendita da louça. Só quando dava um estalo assim, uma louca, é que eu ia lá de vez e lavava tudo, meio que na base da força do ódio.

    Hoje não to tanto assim, mas as vezes percebo essa leve tendência em querer começar as coisas, relutar para iniciá-las e tal. E isso não vale só pra pequenas coisas de casa, mas também para propósitos profissionais, como iniciar um novo curso, mesmo que seja online, assistindo vídeos. Toda essa inércia, falta de vontade, aliada a outros sintomas e sentimentos me fizeram pensar justamente que eu estava com alguma depressão leve, distimia, algo do tipo…

    Mas, se vale uma dica pra tentar sair disso, aí vai: fazer as tarefas parcelado, mas se comprometer a fazer tudo de fato. A louça tá grande? Lava aos poucos, lava só os pratos primeiro, faz uma pausa, vai lá e lava os copos depois, enfim…

    • Sim, fracionar tarefas costuma funcionar muito bem, pois executar algo menor parece mais “possível”. Comigo não funciona, mas com a maior parte das pessoas sim.

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