A Centelha da Vida.

Hoje vamos criar uma religião. Mas não vou fazer isso em tom de crítica às atuais: vou exercitar minha imaginação para tentar produzir uma comercialmente viável. Ok, talvez surjam críticas inconscientes no processo… evidente que este texto é uma prova do crime e deverá ser destruído e esquecido caso a coisa vá para frente. Já aviso que considero todos os impopulares meus cúmplices. Vamos lá?

É de praxe começar com uma ‘história de tudo’, mas estamos falando de negócios aqui: antes de qualquer coisa, precisamos definir o conceito central dessa nova fé. O que as pessoas querem numa religião? Sim, eu até entendo que elas querem basicamente lidar com a própria mortalidade, mas isso já é garantido. Nenhuma religião vai para frente sem prometer continuidade da nossa existência. Pra quê reinventar a roda? Já sabemos que ninguém pode morrer de verdade numa religião que se preze!

Ah, escolhi o nome de ‘Centelha de Vida’ porque achei interessante e comercial, mas ainda estou aceitando sugestões. Bom, foco!

Eu estou tentando definir uma postura… nem muito restritiva como a muçulmana, nem muito permissiva como o budismo. As pessoas gostam de regras, hierarquia e um tanto de previsibilidade. Os evangélicos acharam um ponto bacana nessa escala de severidade: regras estritas com pouca ou nenhuma supervisão. Ser ‘divino’ só da boca para fora parece mesmo algo atraente para a maioria das pessoas. Mas temos que fazer melhor do que isso… não é bom para os negócios ter um concorrente famoso que faz as mesmas coisas, não?

Que tal… que tal se as nossas regras parecessem muito sérias, mas incentivássemos sua análise de forma mais subjetiva? Não seria brutal como a dos islâmicos, não seria confusa como a dos budistas, e não seria esculhambação como a dos cristãos! Por exemplo, podemos ser completamente contra o sexo antes do amor. Amor, não casamento! Punições horríveis para aqueles que se engajassem no sexo promíscuo, mas uma bela escapatória para as pessoas racionalizarem sua inocência. Não é errado se você amar a outra pessoa, seja lá a definição rasteira de amor que esse povão tem. E quando a igreja for falar de amor, faz daquele jeito ‘psicográfico’ de dizer as coisas mais genéricas possíveis para todo mundo acreditar que se encaixa no que estão sentindo.

O pulo do gato é deixar a religião mais parecida com a evangélica para os mais pobres e mais parecida com o espiritismo para os mais ricos. Dá para distorcer as palavras para adequar mais aos diferentes públicos. A base é a mesma, a intolerância e o senso de superioridade muda de acordo com quem reage melhor a cada um deles. O fiel mais pobre acredita estar evoluindo se deixar de bater na mulher, o fiel mais rico acredita que está batendo na mulher por um motivo alheio à sua vontade. Sim, somos contra bater na mulher, mas mais contra ainda perder seguidores.

Mas, claro, estou me prendendo a pormenores. Definimos as regras depois, com uma linha-guia mais resistente! Outra vantagens das ‘estritas regras subjetivas’ é que fica fácil para um fiel se sentir superior ao outro, e definitivamente muito mais simples para se acreditar melhor que os incrédulos. Não tem graça participar de um clube se você não se sente especial nele! Acredito que precisamos de um grande foco no componente da auto-ajuda. Nossos cultos serão palestras motivacionais sem as amarras da pretensa humildade incutida em nossas concorrentes.

Eu sei que umas patadas eventuais fazem os fiéis se sentirem mais motivados a servir sua religião, mas estamos vivendo num novo mundo: as pessoas estão muito acostumadas a ter o que querem do jeito mais fácil e serem elogiadas por qualquer porcaria. As novas gerações vão ser ainda mais mimadas! Se as crianças querem doce, daremos doce para elas! Todo nosso corpo de funcionários treinado para dizer que até a merda dos nossos fiéis é perfumada. Eles tem que sair do culto com expectativas irreais de felicidade e sucesso e ficarem desesperados para voltar para mais uma dose. Uma vantagem das religiões é que elas podem te prometer o que quiserem e raramente são consideradas culpadas quando não acontece. Vamos seguir o que funciona: qualquer problema a pessoa é que não teve fé o suficiente. Vai culpar uma divindade perfeita? Não, né?

Sim, eu sei que muitos sacerdotes espertos das mais variadas religiões já trabalham assim, mas a maioria ainda é muito ruim nisso. Na nossa só vai ter profissional pregando a palavra. Sem escrituras sagradas feitas por criadores de cabra e esquizofrênicos de passados imemoriais para atrapalhar. Só gente inteligente e focada nos objetivos da igreja vai encostar no nosso material ‘sagrado’.

Sobre nossos preceitos morais: temos que dar uma atualizada. O que era costume há milênios atrás soa muito estranho hoje em dia. E para falar a verdade, o povo mal entende isso mesmo. No cristianismo homossexualidade é muito menos terrível que menstruação, mas os fiéis escolheram se concentrar nas relações entre o mesmo sexo. Francamente, quase ninguém entende os conceitos de moralidade por trás das religiões que seguem. É sempre um misto do que a família e os vizinhos acham razoável interpretado livremente em cima das escrituras sagradas que dizem seguir. Se o povo não gosta de gays, sua religião não gosta de gays, azar do que estiver escrito de verdade.

E eu não estou aqui para trazer o bem para a humanidade. Estou criando uma religião, oras! Precisamos ter um compasso moral altamente ligado com as opiniões do nosso público alvo, mas sempre daquela maneira esperta de deixar tudo aberto a interpretações. Nosso compasso moral passa pela santidade da reprodução (esse povo adora fazer filho) sem responsabilidades muito severas na criação (vulgo faça seu filho seguir a mesma religião e está tudo bem). Também devemos dar suporte para a insegurança sobre a própria orientação sexual tão comum por aí. Cidadão precisa de algum suporte místico para não buscar ‘novas experiências’.

Mas entendemos isso! Não pode virar bagunça porque as pessoas ficam confusas… e pessoas confusas não se sentem felizes. Vamos ter segregação na nossa igreja, mas com algumas soluções criativas para permitir maior influxo de fiéis: nossa história da criação prevê hetero, bi e homossexuais. Tecnicamente, colocamos os heterossexuais no topo da pirâmide de evolução espiritual, mas acolhemos as outras orientações com uma explicação mística para seu comportamento. Podemos dizer que na próxima vida eles voltarão a ser heterossexuais e que devem praticar o amor mais ‘puro’ possível nessa e se dedicar ainda mais à religião. Ou seja: tem que formar pares com outros fiéis. Perceberam a jogada? Ganhamos o público GLS e ainda criamos uma ‘vantagem’ (venderemos assim) para eles: lugares para se encontrar. Isso vai dar dinheiro! Sim, vamos nos alimentar da culpa e da inadequação desse público, mas eu nunca disse que éramos bonzinhos. Infelizmente temos que separar os cultos. Os heteros tem que se sentir superiores.

Como vocês perceberam, moralidade tem muito a ver com os costumes relacionados à reprodução e ao sexo. O resto é só copiar: não pode roubar, não pode matar, não pode estuprar… o de sempre. Se bem que criar algumas exceções pode ser vantajoso. Se for para proteger a igreja e a própria fé, podemos criar um conselho para julgá-los separadamente. Ainda vai preso, porque não somos tontos de esconder bandido, mas ele pelo menos acredita que ainda vai ser salvo no final. Não podemos deixar os evangélicos roubarem nossos fiéis na cadeia!

Falemos de minorias! Tivemos que ser mais severos com os gays, mas podemos aplicar o mesmo conceito de naturalidade divina aqui puxando ainda mais a sardinha para os oprimidos e os ‘oprimidos’. Cada minoria vai ter uma semi-divindade própria. Uma para os negros, uma para as mulheres, uma para os gordos… sério, seja sua causa séria ou não, vai ter alguma figura cósmica para olhar por você. Como o povo gosta de hierarquia, a principal ainda precisa existir. Os outros são intermediários. Vamos aproveitar o que de bem feito a Igreja Católica tem (pelo menos comercialmente). Vamos tentar evitar que nosso deus principal seja um homem branco, contanto. Mas sem exageros: chocaria muito se fosse uma mulher negra, por exemplo. Sim, seria bacana, mas temos que saber lidar com o povão, eles respeitam mais figuras de autoridade masculinas e caucasianas. Precisamos de um meio termo…

Vamos copiar os islâmicos nisso: não pode criar representações do nosso deus. Vamos ter um símbolo para * (ele, ela, isso, vamos deixar livre de propósito) e só podem usá-lo. O resto é blasfêmia. Acho válido que ninguém saia matando por isso, mas se acontecer… não custa dar uma moral de leve para o ‘mártir’. Escroto, mas funciona. Fica sendo mais uma daquelas regras duras livres para interpretação. “Nunca disse para matar, mas também nunca disse o que era para fazer”. Se a imprensa perguntar achamos absurdo, se um fiel perguntar, deixamos em aberto… Feito?

Ah, e batendo na tecla da hierarquia: tem que ter uma. Pode começar devagar, mas a ideia é ter etapas de evolução dentro da fé. Sem muita segregação, não queremos algo como o os maçons. Mas uns segredinhos para os mais envolvidos seriam interessantes. E tem a questão de poder cobrar mais de acordo com o tempo de casa: nisso queremos algo como os maçons. A pessoa normalmente quer estrutura e propósito ao procurar uma nova religião, daremos isso a ela! Teremos hierarquia entre os fiéis e entre os sacerdotes.

E é claro, itens! Tipo num RPG de videogame. A Igreja Católica e a Universal são excelentes nisso, mas nós vamos além! Vamos dar muito mais atenção aos amuletos vendidos: cada um com um objetivo, escalas de efetividade, interações benéficas, níveis desbloqueáveis através de tarefas banais e repetitivas. Pode parecer estranho agora, mas as novas gerações vão PIRAR nisso. Óleo da Cura Elevada, Pingente da Fortaleza Moral, Anéis da Proteção contra Acidentes Automotivos… Eu sei que é um risco, mas só vamos vender esses mais específicos para quem estiver mais ‘evoluído’ na igreja. Sabe aquela pessoa que teria que reconhecer que desperdiçou anos da sua vida e muitos recursos numa bobagem e engole qualquer coisa? Pro povão fazemos os clássicos genéricos. E se der errado, culpa de quem? Exato, da própria pessoa.

Ainda nessa pegada ‘jogo online’, os fiéis receberão missões, a maioria envolvendo redes sociais. É mais fácil! Repasse essa mensagem para 100 pessoas, conte a nossa palavra num grupo de evangélicos, coloque um avatar com nosso símbolo. As pessoas não gostam mais de tarefas complexas que envolvam o mundo real. E é claro, elas ganham pontos imaginários por fazer isso. Junte pontos suficientes e você sobe de nível na igreja! Claro, elas eventualmente terão de gastar mais dinheiro com doações por nível evoluído, mas novamente, quanto mais envolvida, mais sapo a pessoa engole.

De tempos em tempos teremos atores simulando intervenções divinas físicas, imitando um pouco das religiões africanas, como os evangélicos já fazem com muito tino comercial. Nas sedes em locais mais humildes, pode ser uma catarse espalhafatosa, mas nos círculos mais abastados imitaremos o caráter mais blasé do espiritismo. É fácil explicar: dizemos que nos lugares mais pobres existe mais energia ‘natural’ acumulada pelo número de pessoas e pelas agruras que passam cotidianamente.

Sobre nossos mitos, o plano é simples: seremos vagos o suficiente para concordar com a ciência quando alguém quiser fazer esse exercício mental, mas teremos as ‘figurinhas’ para os mais ignorantes ou preguiçosos creditarem tudo à passes de mágica celestial: “Tudo se fez na explosão da vontade do criador, o plano completo inserido nas menores partes do todo.” Quer encaixar o Big Bang e a evolução nisso? Pode! Quer acreditar que o criador disse palavras mágicas e construiu cada um de nós conscientemente numa mesa nos céus? Pode!

Mas está faltando um vilão, né? Eu sei, eu sei… é aqui que eu estou com mais dúvidas. Sei que temos que bater nos ateus e nos fiéis de outras religiões, mas não sei se o conceito de um demônio é tão útil. No islamismo, principalmente no radicalizado, é mais sobre dominar o mundo em nome de seu deus do que derrotar o diabo. Claro que as coisas se misturam ao chamarem todos os outros de diabos, mas… não é tão personificado numa criatura quanto prega a mitologia cristã, por exemplo. O budismo então… o pior vilão de todos: a própria pessoa.

Temos que ser contra alguma coisa, e essa coisa tem que parecer popular o suficiente para os fiéis sempre se sentirem perseguidos e heróicos ao professar suas crenças. Como vocês podem ver, eu estou muito perto de chegar no modelo ideal, mas… falta isso. Abraçamos tanta coisa para monetizar o negócio que não sei quem ficou de fora. Quem pode ser o nosso vilão? O que as pessoas querem detestar mas nunca tiveram uma boa desculpa?

Essa resposta pode nos deixar ricos. Pensemos…

Para dizer que não entendeu nada, para dizer que já se imaginou num culto recolhendo o dinheiro, ou mesmo para dizer que não trabalha de graça: somir@desfavor.com

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Comments (24)

  • Mas falando serio agora:

    Pastor/Sacerdote/Anciao/Bispo/ Somir, voce, irmao amado, pode me designar como tesoureiro? O nome da igreja poderia ser…Igreja Capitalista do Reino dos Ceus.

    Texto do ano (Para ser exposto numa placa reluzente no altar): “O senhor Somir, é meu pastor e rebanho nao nos faltará.”

    Alias, voce ja leu isto?

    http://www.mortesubita.org/jesus-freak/cristandades/jesus-e-um-bom-negocio-guia-rapido-para-abrir-uma-igreja

    Incrementa seu texto, pois da dicas juridicas(se é que iremos precisar. Temos a irma amada Sally). Nao esqueça, irmao, eu cuido do Tesouro da Casa do senhor. Amém?

    Muita paz para todos…

  • Sally gostaria que um dia voce falasse sobre o Niobio e porque nossos governantes fecham os olhos para algo que poderia beneficiar varias areas..tratando a situação como inexistente.

  • Tem que pensar em mídias novas e comunicação. Cultos e confissão pelo facebook ou whatsapp, por exemplo. Dá até pra receber o dízimo pelo site.

  • Tínhamos que encontrar um vilão não tão óbvio.
    Um novo tirano.

    Quem sabe um ser bem poderoso que tenha nos criado e nos dado o amargo fardo da consciência da própria finitude. Um ser que nos deu livre arbítrio, mas nunca tolerou ser contrariado. Um ser que nunca aparece para cumprir as promessas que dizem que ele fez. Um sádico que assiste crianças inocentes serem estupradas, assassinadas e torturadas e não FAZ NADA pra impedir.

    Um ser que expulsou do céu o anjo que ousou questioná-lo e do paraíso o homem e a mulher que desobedeceram seus caprichos. Um ser que, se existir, é um sádico que nos condenou, a todos, a obedecê-lo ou a sofrer no inferno, mas finge que a culpa e a escolha são nossas, porque nos deu a ilusão de livre arbítrio.

    Pior: Um ser que, se existir, é um sádico psicopata egocêntrico e mala. E que, se não existir, será a nossa traição maior. Porque, se ele não existir, não somos imortais. Vamos morrer MESMO! E assim ele terá roubado da maior parte da humanidade a chance de ser feliz HOJE, AGORA, JÁ.

    É ele o inimigo que você está procurando, Somir. O pior de todos. O que todo mundo odeia secretamente.

    • O que você propõe permite uma trollada espetacular… mas antes disso, permite também alcançar um público ainda maior. O segredo agora é disfarçar tudo isso dentro da linha mitológica da igreja…
      Você me deu muito no que pensar.

      • Isso já existe, Somir. Procure os Gnósticos. Para algumas dessas seitas, Yaveh era um demiurgo mau, que se comportava desse jeito genioso e fez um mundo imperfeito, ao contrário do verdadeiro ser superior, Abraxas, que é puramente espiritual e não se mete nessa sujeira material.

    • Mas esses inimigos já são usados e abusados por todas as religiões. Todo mundo quer ser especial. Nada prova mais a nossa importância do que a inveja, o recalque a a energia ruim dos inimigos. Porque, ao contrário do ódio, a inveja não pode ser provada. É mascarada, inofensiva e silenciosa. Os “especiais” sabem disso e se deixam levar pela ilusão de que são muito importantes. A inveja não pode ser provada, mas todo invejado tem certeza absoluta de que é invejado.

      O problema, Hugo, é que quase toda religião explora essa fraqueza dos fiéis que querem não apenas ser imortais, mas, acima de tudo, especiais. Somir não vai ficar rico com esses vilões batidos e fraquinhos.

  • Gladiador da RID

    Não sou covarde e já tô pronto pro combate. Keep calm e deixa de recalque Eu me habilito a combater toda obra maligna da concorrência! A Bíblia da RID a mim dada, será missão cumprida.

  • Mas é tão claro. O vilão pode ser tudo e todos que não sejam do seio de nossa amada religião.
    O povão odeia tudo que não coaduna com seus gostos e costumes.
    Os Centelhas serão o novo povo escolhido e o restante serão os cegos, que devem ser convertidos ou combatidos.
    Bem ao estilo Sith: se não é aliado é inimigo.

  • Uma proposta comercial: tal qual a Cientologia, a pessoa terá acesso a alguns ensinamentos (e templos) gratuitamente, mas, caso queira aprofundar-se na fé, terá que pagar para ouvir novos ensinamentos (e ter acesso a templos mais suntuosos).

    De todo modo, que tal uma religião customizada, tipo coaching mesmo? Afinal, as pessoas se acham tão especiais e únicas que não sei se seguiriam algo padronizado…

  • Igreja Gentilista do Desfavor Universal

    Gentili merece todo o culto aqui, afinal, ele conseguiu fazer tanto sucesso quanto o Luciano Huck sem dispor do PAItrocínio que o global tem. Ambos são apreSENTAdores do mesmo calibre, dando canseira em qualquer um com o mínimo de cérebro.

  • Está meio sem foco ainda.
    Primeira coisa: qual a missão do crente para alcançar a imortalidade? Levar a centelha de vida (conhecimento científico e dúvida sistemática) aos seus irmãos. Tem que ter espírito messiânico, senão ela não se difunde.
    Como ganhar dinheiro com ela? Vendendo bugigangas sagradas e tendo missões de evangelização (dinheiro pro novo templo, para difundir a centelha de vida).
    Princípios morais e proibições aleatórias:
    – Comerás batata frita pelo menos três vezes na semana;
    – Não cagarás fora de casa (isso dá direito de sair do trabalho para cumprir este ritual);
    – Jamais perguntarás se és corno(a);
    – Só trairás teu (tua) companheiro(a) com um(a) pastor(a), pois ele(a) porta a centelha da vida;
    – Jamais perturbarás um Nerd;
    – Todo crente assistirá pelo menos uma vez na vida às três sagas da centelha divina: Guerra nas Estrelas, Jornada nas Estrelas e O Senhor dos Anéis, onde se encontram resumidos os demais princípios morais da religião da centelha da vida;
    – Os crentes do sexo masculino só mijarão na pia, no chuveiro e na rua;
    – As crentes do sexo feminino só mijarão no vaso sanitário da própria casa ou no urinol sagrado, que levarão sempre consigo na bolsa (toda religião que se preze tem que ter uma pitada de misoginia); o urinol sagrado é bento e só pode ser comprado diretamente da igreja;
    – No culto haverá uma comunhão da centelha da vida, com hóstias de chocolate sagrado (sim, não pode ser chocolate comum e é cobrada uma taxa dos crentes para a confecção das hóstias, evidentemente superfaturada);
    – Os crentes gays não poderão falar Pajubá (chega dessa modinha irritante).

    • Adorei, J. M. de S. A. Muito criativo! Menos a parte do urinol sagrado, que é um pouco deprimente. Imagina carregar a própria urina na bolsa???

      Imaginei o Edir Macedo dizendo isso: “Só trairás teu (tua) companheiro(a) com um(a) pastor(a), pois ele(a) porta a centelha da vida”

      PS: Se o demônio existisse, ele teria exatamente aquele olhar do Edir Macedo. E exatamente aquela cara e aquela voz. Mas o olhar seria “mais exatamente” ainda. Se o diabo fosse homem, ele olharia para a gente exatamente como o Edir olha para suas ovelhas. Olhar de lobo que se alimenta da dignidade alheia. Olhar de sociopata.

      • Os pacientes ostomizados carregam bolsa com coisa pior…

        P.S.: O demônio existe e tem exatamente a cara, a voz e o olhar do Edir Macedo.

    • Será que dá pra adaptar alguma brecha pra o Dia do Senhor mudar de sábado pra segunda? Porque não é de Deus ter que trabalhar segunda feira! Os adventistas escolheram sábado e foi bem aceito, podemos então folgar toda segunda?

  • ih, mano, vc meteu muitas paradas de crente nessa bagaceira então não vou te pagar dízimo não. Eu quero parecer fino, mas se vcc quiser um pastor, me chama no whats. Meu negócio é ganhar dinheiro, se me pagar eu finjo que tô endemoniado e vc me dá gratificação.

  • A inveja (ou enveja). É o que o povo já acredita, podemos dizer que é uma manifestação do mal no ser humano é que todas as coisas ruins acontecem por causa dela.

    podemos classificar muitas coisas como inveja e tornar impossível que alguém não sinta, afinal, ninguém pode derrotar o vilão…

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